Segredos Reais escrita por Lena


Capítulo 10
Oito, parte II




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/129794/chapter/10

O homem afagou meus cabelos, enquanto eu o prendia com o abraço.

Por um momento, me senti reconfortada, meu pai estava ali, o homem que minha mãe havia amado, aquele que tinha o coração dela para sempre, a quem ela pertencia.

Desta vez, eu prometera a mim mesma que não iria chorar e não estava. Separei-me de meu pai por um momento, lembrando-me que talvez ele não saberia quem eu era.

— Desculpe, senhor – eu disse e fiz uma pequena cortesia (mensura, cortesia e reverência são a mesma coisa).

— Isabella, é você?  - perguntou Charlie, com o uniforme militar azul marinho, as insígnias no peito, o broche da Ordem da Imperatriz. Eu sorri. Mamãe criou um pequeno grupo de pessoas importantes para a Imperatriz.  Incapaz de olhar para ele, eu fiz outra mensura, dobrando bem os joelhos e virando o rosto, para que o batom não sujasse meu vestido. Fiquei ali por um tempo, até que vi uma mão estendida para mim, eu peguei-a e me levantei. – Bells?

— Sim? – perguntei. Então, olhei para trás e notei Rosalie e Edward totalmente confusos. – Ah, Lorde esse são Edward Cullen, meu noivo e Rosalie, minha dama de companhia.

— Seu noivo? – Charlie franziu o cenho com a sobrancelha arqueada.

— Sim, senhor – respondeu Edward por mim – noivo da Imperatriz de Swan.

— Imperatriz? E sua mãe, quero dizer, como a Imperatriz-Mãe está?

— Podemos conversar em um lugar reservado, Lorde? – Charlie me deu a mão  me levou para uma sala reservada.

Charlie indicou uma poltrona para eu me sentar, alisei as saias e sentei, esperando pelas perguntas.

— Charlie... minha mãe ela... ela...

— Eu só queria saber por que ela não me respondeu a ultima carta que mandei. Nós mandávamos cartas um para o outro a cada 15 dias.

— Ela não respondeu porque Casmir a matou. Ela e a Thalis. Eles morreram! Faz quase um mês! – eu disse passando a mão pelos olhos.

— A Reene morreu? – ele parecia desolado, sentou-se numa poltrona ao meu lado, com um lenço retirado do bolso do casaco. Cobriu as mãos com o rosto.

— Me desculpe, pai. – Charlie levantou a cabeça devagar e me ocorreu que talvez ele não soubesse que era meu pai. – Eu deveria tê-la salvo, mas não fui forte o suficiente...

— Você me chamou do quê? – ele olhou longamente para mim.

— Eu chamei o senhor de pai, Lorde de Castela. – achei impossível mamãe nunca ter contado a ele. – mamãe nunca mencionou o fato de... Quero dizer, olhe nos meus olhos, olhe nos seus olhos. Eles são iguais, não há como negar! 

— Reene nunca me disse que ficou grávida, nunca me contou que tinha uma filha. E muito menos que você era minha filha. Por que ela fez isso se ela sabia que eu queria um herdeiro, um filho que seja!?

— Pai, muito mais coisas estão envolvidas. Eu gostaria de poder lhe contar, mas tenho um pedido muito especial a lhe fazer. Daqui a oito dias vou me casar com Edward e agora que descobri que é meu pai gostaria que me levasse para o altar, como deve ser.

— Mas Bells, você nem me conhece direito e o que as outras pessoas vão pensar?

— Pai! Você me chama de Bells sem ao menos ter ficado comigo agora em uma hora. E quanto aos outros... Eu sou a Imperatriz, posso decidir quem me leva ao encontro de meu noivo.

— Está bem Bells. Eu nunca gostaria de ter lhe deixado.

— Quando você foi embora? – eu perguntei triste, mas ciente de que precisava saber.

— Foi em uma visita que fiz a pedido de meu pai. Conheci sua mãe oficialmente e me apaixonei por ela. Nós ficamos juntos por uma noite, e depois ela me contou que estava noiva de Thalis. Foi horrível saber que teria que deixá-la para trás Bells. Eu amava tanto a sua mãe e agora, que você veio até mim, pensei que poderia vê-la de novo e agora sei que nunca mais vou vê-la.

— Pai, eu disse, mamãe nunca gostaria de vê-lo triste. Ela só se casou com Thalis porque eram as regras da corte, mas quem ela amou era você, sempre foi você! Ela nunca me disse quem o senhor era, mas eu sabia que ela o amava em silencio. Quando estava com Thalis era com você que ela queria estar na verdade! Por favor, pai, acredite em mim!

— Eu acredito, querida. Acredito mesmo, mas mesmo assim, as coisas não se mudam tão fácil. Nesses dois dias que ficará aqui eu gostaria que fosse mesmo tratada como minha filha, mas sei que nenhum de seus acompanhantes sabe mesmo que você é minha filha. Bem, mas, afortunadamente, fui convidado para uma festa e preciso levar uma acompanhante. Pode ir comigo?

— Depende, pai, alguém irá me reconhecer?

— Não, será um baile de mascaras. Edward pode ir com a sua dama de companhia se quiser. Eu digo que são sobrinhos de longe e ninguém vai negar nada ao Lorde de Castela, não é mesmo? – ele perguntou para mim sorrindo.

— Está bem, eu sorri, irei sim. Obrigada pelo convite. Agora, acho que seria necessário voltarmos, pois podem estranhar nossa demora.

— Filha – sussurrou Charlie meio relutante – posso te dar outro abraço?

— Claro, pai – eu sorri e me levantei, esperando. E esse abraço que ele me deu foi diferente de todos os outros. Tinha um significado e um calor único. Era tudo o que eu podia desejar, senti-me em casa novamente.

Nós saímos da saleta e encontramos Rosalie e Edward esperando por nós.

— Vocês demoraram um pouco, Bella. – disse Edward.

— Eu só estava me familiarizando com a rotina da casa. Não quero ser um incomodo para o Lorde de Castela. E, Edward, ele me disse que vai haver uma festa amanhã e me convidou para ir com ele. Será um baile de mascaras e vocês também estão convidados.

— Está bem. – ele respondeu simplesmente.

— Emmet, por favor, mostre a senhorita onde será o quarto dela e de seus acompanhantes.

— Sim, senhor. – disse o tal Emmet. Ele era alto, cabelos pretos bem cortados e musculoso. Muito musculoso. – Por aqui senhoritas, senhor.

Ele nos guiou até os quartos, que ficavam no segundo andar, por ordem de Charlie, meu quarto e o de Rosalie eram ao lado e o de Edward ficava do outro lado do corredor.

XXXXXXX

Desta vez eu pude tomar um banho sozinha. Como eu gostaria que fosse sempre assim.

Duas batidas na porta me sobressaltaram. Eu estava de toalha.    

— Com licença, Isabella. Posso entrar? – perguntou uma voz que eu não reconheci.

— Quem é? – eu perguntei, me escondendo atrás da parede do cômodo acoplado ao quarto.

— Sou a primeira-copeira, Sueli. Por ordem de Lorde Charlie, vim para ajudá-la a se trocar, já que sua dama de companhia também está se banhando.

— Só um momento, Sueli. Estou em trajes inapropriados. – soltei a toalha e me vesti. As meias 7/8 finas e brancas, a pantaloon (é como se fosse uma bermuda, na verdade. Mas, nessa época seria como uma calcinha), cor de pele, que ia até meus joelhos e era bastante fofa, por fim segurei o corselet com as mãos, sendo impossível que eu o fechasse. – Pode entrar, se quiser. – ela foi até onde eu estava e começou a fechar o corselet, sem nada dizer.

— Está bom assim, senhorita, ou quer que eu o aperte mais? – perguntou ela, a pressão não era favorável.

— Sim, está bom Sueli. – nós voltamos ao quarto. Calcei os sapatos de salto, brancos. Sueli pegou minhas anáguas, que eu havia deixado separadas e passou por cima de meus braços estendidos para cima. Desceu-as até a altura de minha cintura.

— O que você vai vestir, senhorita? – perguntou a moça. Eu fui em direção às malas e abri a primeira. Ali estavam os vestidos. Peguei um azul claro, que tinha um laço de cetim para ser amarrado atrás e a barra terminava em renda creme. – Esse? – eu assenti. Ela habilmente passou o vestido por meus braços, eu coloquei-os nas mangas longas do vestido, que assim como a saia, tinham o detalhe da renda creme. Sueli ajeitou a saia por cima das anáguas, e fechou o zíper do vestido, por fim amarrou o laço de cetim, do mesmo tom do pano do vestido, apertado atrás.

— Obrigada, Sueli, pode deixar que eu arrumo meu cabelo. – então a moça saiu, me deixando sozinha novamente. Sentei-me na cadeira da penteadeira, coloquei os cabelos para frente e os penteei com a escova. Dividi-os ao meio, horizontalmente, prendi a parte de cima com um elástico e comecei a fazer a trança por essa parte. Prendi uma parte dela com o resto do cabelo sem tranças e continuei de onde havia parado. Quando meu cabelo estava todo trançado, alguém bateu a porta. 

— Sim?

— Bells, sou eu, Charlie, todos já estão prontos. Só estamos esperando você para jantar.

— Já vou pai. – levantei-me e abri a porta, logo depois a fechei atrás de mim. Charlie me ofereceu o braço e eu passei minha mão pelo meio dele sem problemas.

Edward estava perto da escada, conversando com Rosalie, quando ela disse alguma coisa a ele, e ele se virou para olhar, meus olhos se cruzaram com os dele e eu corei, desviando para a direita.

— Bella – disse Edward, curvando-se um pouco.

— Majestade – disse a Duquesa.

— Venha Isabella. Nossos convidados estão à espera.

— Convidados? – eu perguntei para Charlie, que continuou andando.

— Sim, o meu braço direito aqui, que levou vocês para o quarto, Emmet, ele sempre janta comigo, porque não tenho muitas companhias aqui, e a Baronesa, uma viúva, de Newton. Ocasionalmente ela se junta a nós nos jantares, sua propriedade fica aqui perto, o filho dela ainda tem 17 anos, então até que complete a maioridade a mãe vai administrando as finanças.

— A minha preocupação é: você disse a ela quem eu era? – perguntei, pedindo que ele não tivesse feito isso.

— Não, querida. Na verdade, ela pensa que só eu vou estar lá. Emmet é o único que sabe.

— O filho dela estará conosco? – Charlie assentiu.

— Naturalmente. – as portas foram abertas para nós, que entramos na sala de jantar. Ela era grande e havia uma mesa para oito pessoas.

— Então será melhor que ela pense que eu sou uma amiga distante e que sou apenas uma senhorita.

— Como quiser, querida. – Charlie sorriu e colocou a outra mão por cima de minha mão. – Olá Laura, Mike, como estão?

— Bem, Charlie – respondeu a mulher, levantando-se da cadeira onde estava sentada. O filho ao lado fez o mesmo – e quem é sua nova acompanhante?

— Essa é Isabella, uma amiga distante, chegou hoje para uma visita.

— Olá Isabella. – Charlie me soltou e eu me aproximei, a mulher de meia-idade estendeu a mão e eu fiz uma mensura, exageradamente grande, pegando a mão dela e beijando.

— Baronesa. – eu disse com voz polida. Levantei-me e andei novamente ao encontro de Charlie.

— E quem são seus outros amigos?

— Edward Cullen e a Duquesa Rosalie, dama de companhia de Isabella.

— Dama de companhia? Mas a moça nem ao menos tem um titulo de...

— Mãe, - disse o filho interrompendo-a. Eu não queria que ele falasse o que iria falar, eu tinha certeza, mas era sabido que a Imperatriz estava noiva de Edward Cullen, tinha uma dama de Companhia chamada Rosalie e se chamava Isabella. – creio ter que te desapontar e dizer que e moça é pelo menos uma senhorita. Senão, onde ela teria dinheiro para comprar roupas volumosas desse jeito?

— Você tem razão querido – disse a mulher, percebi que ela tinha um ar muito arrogante; e agradeci mentalmente ao tal Newton por não ter dito que eu era a Imperatriz.

— Isabella, eu sou Mike Newton – o garoto de cabelos claros disse. Era claramente para que eu fosse à direção dele. Eu fiz uma mensura menor, ele pegou minha mão direta com a aliança de noivado e beijou-a, depois que voltei ao lugar, ele suspirou com um olhar derrotado.

— Bom, agora que todos já se conhecem, vamos jantar. – Charlie foi a ponta esquerda da mesa e sentou-se. Edward me seguiu e segurou a cadeira ao lado direito de Charlie para que eu sentasse. Emmet segurou a cadeira para que Rosalie se sentasse e pediu licença para sentar-se ao lado dela. A Baronesa estava ao lado de Emmet e seu filho estava ao lado de Edward.

XXXXXXXXX

Depois que todos haviam ido se deitar eu sai do quarto. Não estava nem um pouco com vontade de ficar nele. Desci as escadas, segurando o vestido e encontrei tudo calmo. Desci as escadas laterais do castelo, por onde havia entrado mais cedo, sentei-me do lado de uma árvore e comecei a tirar as casquinhas soltas, para passar o tempo.

Isabella – eu ouvi a voz vinda do escuro e eu tinha certeza de que essa voz não era aquela voz penetrante do salão, não para me dar ordens.

— Quem está ai? - olhei a floresta, mas de nada adiantou, não consegui enxergar nada. – responda! Eu estou mandando.

Sim, Majestade. – ouvi o som de passos vindo em minha direção. Levantei-me por instinto e já estava preparada para dar um golpe de direita.

— Ah, é você, Mike. – eu disse aliviada.

— Sabe, Isabella, - disse ele caminhando até mim – eu até faria de você uma boa cortesã, mas para mim você tem outra serventia. – Mike se aproximou de mim, encostou-me violentamente na árvore, segurando meus pulsos e me beijou.  O alivio dava lugar ao nojo e a uma pontada de medo. Juntei toda a força que eu ainda tinha e empurrei-o para longe e passei a mão pelos lábios. Mike era um bruto, eu tinha certeza que tinha um corte ali e o resto provavelmente estava roxo.  – O que você pensa que está fazendo, Isabella? – ele riu sínico. – eu não deixei você livre. – segurei as minhas saias na intenção de correr.  E consegui, até certo ponto. Perto o suficiente da janela do quarto de Edward.

— EDWARD! EDWARD! SOCORRO... – eu esgoelei, sabendo que se usasse meus poderes eu iria machucar Mike e muito. E, ser responsável por isso não me deixaria nada feliz.  Mike me agarrou pela cintura, com os braços fortes, apertando muito. Por mais que o corselet já apertasse, eu não estava acostumada com essa pressão. Eu esperneei quando ele me levantou do chão. Tentava empurrá-lo da forma que dava, mexendo os braços para trás, tendo cotovelar o rosto de Mike. – EDWARD!!! Edwar... – Mike tampou minha boca com a mão.

http://www.youtube.com/watch?v=WES8V7iO1Z4> Lifehouse – Take me Away

Dessa vez, o que eu quero é você

Não há mais ninguém

que possa ocupar seu lugar

Dessa vez você me queima com seus olhos

Você vê superadas todas as mentiras

Você se livra de tudo isso

Eu já vi tudo isso

E nunca é o suficiente

Isso continua me deixando precisando de você

— Fica quieta, gracinha. Ou eu juro que vai ser pior pra você. – ele me colocou com tudo no chão, levando-me de volta para a parte escura da floresta. Se ele já havia me machucado antes, ele estava conseguindo me machucar mais. Mike colocou-se sobre mim, e com habilidade subiu minhas saias. – Quem diria que Vossa Majestade iria trair o noivo alguns dias antes de se casar? – disse ele com voz sínica.

Edward, Edward, Edward eu estava gritando para mim mesma.

— Você tinha que dificultar as coisas, não é Isabella? Por que você simplesmente não podia ter descido de camisola?

— Porque eu não sou uma prostituta dos bordéis que você frequenta.

Cortesã, querida, cortesã, prostituta é um termo muito feio, você não concorda? – Mike passou a mão livre pelos meus lábios.

— Por que você está fazendo isso? – perguntei, tentando distraí-lo, Edward estava vindo por trás, correndo, para me salvar. 

— Ora! Por quê? Porque você é bonitinha demais Isabella. Você não tem noção de como você me deixa. – ele desceu a mão na altura de meu decote e puxou o pano com força. Eu ouvi quando o tecido rasgou.

— E você não tem noção de quando parar de falar. – disse Edward atrás de Mike. Edward puxou o homem pela gola da camisa, mas ele não me soltou tão fácil assim. O tecido que ele estava segurando na mão, rasgado, foi quebrando mais ainda, ponto por ponto, enquanto Edward levava Mike para longe de mim. – Sabe, Mike, ela está noiva, não deve dizer isso para uma senhorita e pior, para a Imperatriz. Eu acho que a Baronesa deve ter lhe ensinado muito bem, mas a culpa é de quem não aprende, não é mesmo? – Edward virou Mike de frente para ele e deu-lhe um soco de direita. A boca de Mike sangrou. Sentei-me no chão, assistindo a luta. Mike deu um soco no abdômen de Edward, que cambaleou para trás. Mike aproveitou para vir em minha direção, mas Edward o segurou, jogando-o longe. Pelo jeito que Edward desferia os golpes, ele estava nervoso, muito nervoso.

Leve-me embora

Leve-me embora

Não tenho mais nada a dizer

Apenas me leve embora

Eu tento seguir meu caminho em direção a você

Mais ainda me sinto tão perdido

Não sei o que mais posso fazer

Eu já vi tudo isso

E isso nunca foi o suficiente

Isso continua me deixando precisando de você

Edward seguiu jogando Mike na grama e pulado em cima dele, dando outro soco. Os dois rolaram na grama. Mike deu um soco em Edward, que gemeu. Eu coloquei as mãos na boca. Podia fazer aquilo parar, mas quando se começa uma luta, quem perde, perde também a honra e o direito de encostar um dedo na moça pela qual estava lutando e eu tinha certeza que Edward estava determinado a não perder.

Mike tentou dar outro soco em Edward, mas ele desviou e pegou a mão que Mike havia tentado usar para dar o soco e colocou nas costas dele. Mike estava ajoelhado na grama, com as mãos para trás.

Edward abaixou-se e começou a falar perto do ouvido de Mike, em alto e bom som.

— Primeiro: eu não vou te matar em respeito a minha noiva, mas era o que você merecia por isso. Porque nenhum homem encosta o dedo nela se ela não deixa e estava claro para mim que você estava tentando corrompê-la. Segundo: eu tenho muita pena da sua mãe, que vai ter que passar os dias sozinha, porque tentar fazer aquilo com a Imperatriz, ah, Mike – disse Edward com voz sarcástica – é muito errado. E terceiro e mais importante: Isabella Marie Swan já tem dono e eu garanto a você que enquanto ela estiver sobre minha responsabilidade nada vai acontecer a ela. – Edward rosnou a ultima parte. – Agora você vai comigo lá pra dentro. – Edward tirou a faca do bolso de Mike e colocou-a contra o pescoço dele. – Andando! – disse. Eles desapareceram e eu soube que Mike havia sido entregue a um guarda, e que seguiria para um quarto.

Edward voltou poucos minutos depois e olhou para mim com a expressão desolada. Eu ainda respirava ofegante. O corselet, em dias normais, não me deixava muito confortável e agora, que eu quase fora – bem me recuso a dizer a palavra, a ideia é horrível – você-sabe-o-que, estava muito pior.

Bella – disse meu noivo a minha frente, com as mãos balançando no ar. Edward era um cavalheiro e por isso não havia me tocado ainda, ele não sabia o que fazer.

— Oh, Edward! – eu disse, colocando as mãos sobre o rosto. – Por que é que todos me perseguem? O que vocês homens querem comigo? Por que eu? Já tenho tantos problemas... E agora! Mais um! Já passei por Jacob, por Casmir, e agora, por Mike, que me viu apenas duas horas atrás.

Bella – disse ele novamente. – Eu sinto muito... eu deveria ter... me desculpe, Bella. Por favor, diga que me perdoa. Eu não consigo te manter em segurança, eu estou falhando o tempo todo.

Leve-me embora

Leve-me embora

Não tenho mais nada a dizer

Apenas me leve embora

Não desista de mim ainda

Não esqueça quem sou

Eu sei que ainda não cheguei até lá

Mas não me deixe ficar sozinha aqui

— Edward! Pare de se culpar! A culpa não é sua... sou eu quem não deveria estar andando desacompanhada a noite. Eu deveria ter ido ao seu quarto e batido na sua porta, mas talvez você pudesse estar dormindo e... eu não sabia o que fazer! Nunca sei o que fazer quando está tão perto de mim assim. – eu admiti, corando. Edward caiu de joelhos em minha direção, a expressão destorcida. Ele mexeu os joelhos duas vezes andando para frente, estendeu os braços em direção ao meu corpo e me abraçou. Eu fui para frente, de encontro ao peito dele, aqueles músculos moldando meu corpo frágil. Edward passou a mão pelos meus cabelos, tentando me acalmar.

Isabella Swan – sussurrou Edward em meu ouvido de uma forma sedutora. Uma corrente elétrica passou por meu corpo, fazendo meus pêlos se arrepiarem. – você é linda demais para a sanidade de todos nós, homens, que tenham um pouco de juízo. Bella, você é minha e só minha.

Sou sua – eu respondi para ele.

Você é tudo. – continuou Edward. Ele me soltou para me beijar. Eu gemi, porque Mike realmente havia acabado com meus lábios. – E, a simples ideia de você pertencer a outro homem me deixa fraco, sem chão, porque tudo o que me importa é você. Bella, eu não vivo sem outro propósito desde que tinha cinco anos de idade, porque você já era linda nessa época e ainda continua linda. – Edward me beijou de novo e eu puxei a nuca dele para mim, desejando que ele tirasse a sujeira de meu corpo, que ele  acabasse com o nojo que me consumia. Desejando que ele me fizesse dele, para sempre.

Dessa vez o que eu quero é você

Não há mais ninguém

que possa ocupar seu lugar

Eu já vi tudo isso

e nunca é o suficiente

Isso continua me deixando precisando de você

Leve-me embora

Leve-me embora

Não tenho mais nada a dizer

Apenas me leve embora

Eu sentia torpor, como se estivesse dopada.

Edward colocou-se sobre mim, deitando-me devagar, enquanto me beijava, bati minhas costas no chão, mas não doeu.

 Infelizmente, parecia que ele não estava sobre efeito da mesma droga que eu – chamada desejo.

— Bella, eu não posso – disse ele, parando antes que aquilo fosse mais longe. E eu suspirei, derrotada.

— Entendo seus motivos. – eu disse por fim, sabendo que não adiantaria discutir.

— Vem, Bella, vamos para dentro antes que você pegue um resfriado. – eu franzi o cenho.

— Por que?

— Você ainda pergunta, Isabella? Mike Newton acabou com seu vestido, ou você não percebeu que está praticamente só de corselet e anáguas? – eu corei. – perdão, não deveria ter dito desta forma.

— Não tem problema Edward. Vem, - eu concordei – vamos para dentro. – Edward me deu a mão e nós seguimos para o castelo.

Olhei o relógio da parede, eram pouco mais de meia-noite.  

— Edward, - eu o parei, antes que subíssemos a escada – deixe-me cuidar de você... quero dizer, seus machucados.

— Bella, você parece estar precisando mais de cuidados do que eu. – eu sorri.

— Então cuidaremos um do outro. – eu ia em direção ao meu quarto, mas Edward puxou minha mão, levando-me para o lado contrário, em direção ao quarto dele. Eu não disse nada.

— Tem água oxigenada e algodão em cima da pia do banheiro. – ele me disse, quando fechou a porta atrás de si.

— Está bem. – eu peguei o vidro transparente com a água e o outro potinho com os chumaços de algodão. Edward estava sentado na cama, passando a mão por um corte. As janelas do quarto estavam abertas, deixando o ar frio da noite entrar. Coloquei o vidro transparente na cômoda, peguei um pedaço de algodão, encharquei-o com a água e comecei a trabalhar no rosto e nos ombros de Edward, que estavam muito machucados.  – Edward, tire a blusa, senão não tem como eu terminar.

— Bella – disse ele – é inapropriado. – os olhos verdes-esmeralda encaravam-me, eu sabia que ele tinha algum machucado ali e sabia que ele queria que eu cuidasse. Só que havia um único problema: Edward era cavalheiro demais, cortês todo o tempo. Criei coragem para pegar a blusa dele e levantá-la, como eu sabia que Edward não me impediria eu continuei, fascinada a cada centímetro que erguia a mais. Ele terminou de tirá-la por mim. Os machucados se estendiam por todo o peito dele e apesar do arroxeados ele continuava magnífico.

 Quando terminei, Edward murmurou um “obrigado”. As velas acessas deixavam um penumbra do lado oposto em que estávamos. Ele queimou os algodões usados nele e pegou outro chumaço limpo, banhou-o em água oxigenada para começar a trabalhar em mim.

Ele limpou primeiro os arranhões em meu rosto e depois desceu para meus ombros nus. Eu olhava na direção de onde ele passava o algodão, que formava um rastro de fogo, queimando lentamente minha pele; só que Edward fazia isso com devoção, amenizando qualquer outro tipo de dor. Os olhos verdes compenetrados, certificando-se de que tudo estava devidamente limpo, que todo o sangue estava estancando.

— Bella – ele sussurrou numa voz rouca. Eu levantei-me.

— Abra – virei de costas para ele, referindo-me ao zíper do vestido.

— Tem certeza? – eu assenti e ele começou a descer o zíper lentamente. Algo começou a se formar dentro de mim, totalmente diferente da dor, era um desejo irrefreável. Controle-se, eu sussurrei a mim mesma, baixo demais para Edward ter ouvido. O vestido deslizou por meu corpo e caiu no chão. Estar semi-nua na frente dele chegava a ser natural. Tirei os sapatos, observando meus dedos roxos, minhas meias estavam sem salvação; estavam desfiadas e em alguns lugares cortadas, e vermelhas, muito vermelhas. Voltei a me sentar na cama.

Edward pegou minha perna direita e tirou as meias 7/8 dela, olhando horrorizado para os arranhões. Passou o algodão por todas as áreas, evitando ficar muito tempo olhando para ela. Fez o mesmo com a perna esquerda.

— Realmente, me desculpe. – Edward desviou de meu olhar, fixou os olhos no chão.

— Não se culpe – eu passei a mão pelo rosto dele. – teria sido pior se você não tivesse ouvido. Obrigada por me salvar, de novo. – eu sorri e inclinei-me para dar um beijo na bochecha dele. Bocejei.

— Você quer que eu pegue uma camisola pra você no seu quarto? – perguntou Edward.

— Não precisa. Não vou fazer você ir do outro lado do corredor. Me empreste uma camisa sua. – Edward caminhou até a mala hesitante e pegou de lá uma camisa branca, com a gola que descia aberta até um pedaço do peito. Ele estendeu-me a camisa, eu peguei-a. – Edward, você pode por favor, soltar o laço do meu corselet?

— Eu só vou soltar, está bem? – eu assenti, ele caminhou até mime soltou o laço. O corselet não desgrudou do meu corpo.

— Passe as mãos por baixo da parte debaixo dele e abra. – eu disse. Os dedos de Edward roçaram na pele de minhas costas, a corrente elétrica estava ali de novo. – Obrigada. – eu segurei o corselet na parte da frente.

— Eu vou sair. – disse Edward desconcertado. Ele fechou a porta, me deixando sozinha. Eu tirei o corselet, jogando-o no chão, e coloquei a camisa de Edward. Senti o cheiro dele nela. Embriaguei-me com a sensação. Peguei o corselet, as meias, e o vestido e coloquei-os na cadeira. Tirei as anáguas e peguei os sapatos. Coloquei-as na cadeira, junto com o resto da roupa e coloquei-o no chão.  

Olhei mais uma vez para a cama. Era de solteiro. Droga!

— Bella, - disse Edward do outro lado da porta – eu posso entrar? – eu sussurrei “claro”. Ele abriu a porta e me viu, corou e desviou o olhar.

— Anh, eu estava pensando se poderia dormir aqui? – embaralhei-me. Edward riu de meu embaraço.

— Está bem. Eu vou me trocar. – Edward pegou a roupa e seguiu em direção ao banheiro. Eu puxei as cobertas da cama, não era tão pequena assim. Sentei-me nela e por fim deitei-me esperando Edward que apareceu logo depois.

— Boa noite, Bella – disse ele dando um beijo em minha testa.

— Onde vai? – eu perguntei quando ele se distanciou.

— Vou dormir no chão. – ele respondeu como se fosse a coisa mais normal do mundo.

— Edward, vem aqui. – eu disse a ele, então ele voltou-se e caminhou até onde eu estava. – Dorme aqui comigo?

— Você tem noção do que está me pedindo, Isabella?

— Edward, escute-me. Vamos estar casados daqui sete dias. Que diferença faz? E, além do mais, ninguém vai saber. Vem. – eu o puxei pela mão, dando espaço para que ele se deitasse. Fui para a beira da cama.

— Isso não vai dar certo – disse ele, e por um momento pensei que ele fosse levantar-se e ir em direção ao tapete, para dormir lá. Mas, então, ele passou a mão por mim cintura e me levou as encontro de seu peito. Uma de minhas pernas ficou no meio das pernas dele e minha cabeça ficou encostada em seu peito. Nesta noite, eu adormeci facilmente e não tive pesadelos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu não consigo ficar sem postar, okay... Então, segunda não vai ter post porque eu adiantei esse capítulo (:
Obrigada pelos reviews do capítulo passado e obrigada pela recomendação (: (já falei que eu quase tive um treco lendo aqui). Então, a tia aqui também gosta de recomendações, certo? E reviews. ♥ Bem, todos querem a Bella, não é mesmo? :/
Próximo capítulo tme PDV do Eddie. E ai sim o capítulo 8 chega ao fim.
Espero que tenham gostado, beijos, Lena ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Segredos Reais" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.