Dor

Era só nisto que eu podia pensar enquanto minha mente mantinha-me presa entre a consciência e a inconsciência.

“Sakura...”

Eu podia ouvir a voz de Sasuke soar fracamente aos meus ouvidos.

- Sasuke ... – Tentei respondê-lo, mas era como se eu não possuísse voz. Meus olhos o buscavam, mas só enxergavam escuridão.

- Fique comigo... – O ouvir dizer, ou talvez, pedir... Mandar, não sei.

Era como se eu estivesse perdida... Sem chão.

Como se nada fizesse sentindo, somente a dor era real naquele momento.

Ela era tão forte.

Queimava-me como fogo e gelo.

Era como se arrancassem minha pele deixando-me somente em nervos.

Eu queria gritar, implorar, mas, nada do que eu queria era atendido.

Meus olhos não viam nada. Mas ainda assim eu o procurava.

- Sakura... – Sua voz soou novamente em minha mente se misturando ao meu desespero. – Olhe para mim... – Mandou. A voz dele parecia tão irritada e tão... Angustiada que me fez
querer atende-lo.

- Olhe para mim...

Eu quis atendê-lo com uma ânsia desesperante.

Por que em sua voz ele parecia tão desesperado.

Tão diferente de si mesmo.

Sem a frieza tão habitual.

Sem indiferença e sarcasmo.

E em meio aquele caos cheguei a pensar que talvez ele estivesse com... Medo.

Medo de me perder.

Então a dor se intensificou de uma maneira insuportável e eu só desejei que ela cessasse.

É estranho como podemos lutar pela vida em um determinado momento e depois desejarmos a
morte com a mesma intensidade.

Eu estava entre os dois lados.

Por um lado eu queria atender o chamado de Sasuke e por outro eu só queria esquecer toda a dor

A inconsciência seria um descanso naquele momento.

Mas, por mais que eu quisesse sucumbir ao cansaço.

A voz dele não me permitia.

“Sakura...”

“Olhe para mim”

“Fique comigo”

E depois não havia mais a voz dele.

Havia eu. Somente eu.

E o eu que eu havia sido em outra era.

Em outra vida.

Havia meus sentimentos por Sasuke.... Ou os sentimentos que uma vez á muito tempo havia tido por ele.

Sentimentos fortes e... Confusos.

E eu soube que ali eram os sentimentos da Sakura que havia abandonado Sasuke.

Da sakura que havia tirado a própria vida em prol de seu clã... De sua família.
E eles eram tão intensos.

Ela o amava.

Ela o amou.

Mas, também havia um dever.

Um dever com seu clã.

Sangue

É estranho por que tudo que envolve vampiros tem a ver com sangue.

O sangue os mantém vivo.

Mas, os fazem morrer também.

Então a minha historia havia sido um sacrifício.

Tão comum que chega a ser ridículo.

Me sacrifiquei por um motivo tão clichê.

Acho que ninguém pode me culpar.

Eu mesma me culpei... Eu mesma me culpava.

Eu o abandonei.

Eu me matei.

Todo o meu sangue pela vida do meu clã.

Mas, os sentimentos eu os entendi.

E apesar do amor que ela sentia por ele.

Do amor que eu senti por ele.

Ela não podia lutar contra o destino.

Eu não pude lutar contra o destino.

Ela o deixou.

Eu o deixei... E parecia que o deixaria de novo por que havia tanta dor e tantas vozes.

Havia tantas vozes em minha mente.

E elas pareciam ser tão reais... Como se realmente os donos das vozes se encontrassem bem próximos a mim.

E ao mesmo tempo em que eu queria ouvi-las eu desejava que elas se calassem por que aquilo
doía.

Doía tanto.

“Ne- chan” A voz de Chiraru era tão alta que me fazia querer tampar os ouvidos.

“Hime...” A depois havia a voz da minha mãe suave e contida.

“Testa...” Ino

“Saky...” Tenten

E todas aquelas vozes ecoavam impedindo-me de me entregar á dor.

E eu sabia que não poderia desistir por elas.

E quando finalmente os olhos rubros de Sasuke se fizeram visíveis aos meus olhos. Eu me entreguei.

E foi como se eu existisse e não existisse realmente.

Não havia mais dor.

Havia somente um estado de torpor e a voz de Sasuke me chamando e seus olhos me
mantendo.

Tão vermelhos.

Aqueles círculos rubros eram minha vida.

Era como se eu fitasse o céu.

Um céu de sangue vivido.

Meu céu de sangue.



Continua...