The Soul escrita por CaahOShea, Bellah102


Capítulo 20
Separados


Notas iniciais do capítulo

Oi amoras do meu coração! Tudo bem com vocês?

Mais um capítulo fresquinho de The Soul! * Pulando de Alegria *

Espero que gostem! E agradecemos de coração a todas vocês que acompanham a fic e deixam reviews tão L-I-N-D-O-S!

Sem mais, boa leitura e aproveitem o capitulo, e até lá em baixo!



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POV Ian:

Senti minha mente recuperar a lucidez, aos pouquinhos. Tento abrir os olhos, mas eles teimam em se manterem fechados, queimando fortemente. Quero levantar, caminhar, mas não posso, algo me impedia. No meu despertar, a primeira coisa que percebi era que a minha cabeça dói. Doí muito, como se um enorme peso estivesse pressionando minha mente ainda entorpecida.

Ah, eu também não conseguia me mover. Eu tentava encontrar forças para mostrar que eu estava aqui, forçando minha mente a obedecer, mas nada parecia adiantar. Afinal, o que diabos estava acontecendo?! Eu quero uma coisa, mas meu cérebro reage de forma diferente. Abra os olhos, abra os olhos, eu insistia.

Então, como num flash back, tudo passou a fazer sentido. Envoltas por algumas névoas, algumas lembranças acordaram dentro de mim, fazendo meu coração palpitar.

#Flash Back#

– Com licença, deixem comigo. - Disse uma voz feminina do outro lado da porta. O golpe foi dado por apenas uma Buscadora, mas foi mais forte do que qualquer um deles havia sido. As dobradiças estouraram e foram bater na parede oposta com um tinido metálico. A porta caiu em cima de mim com imensa força me derrubando, senti uma dor lancinante no braço. Meus olhos viram pares de botas desgastadas e sujas de areia entrarem e pararem a minha frente. Outros dois se abaixaram para me ajudar, levantando a porta e me tirando debaixo do meu braço machucado.

Vi o teto branco a minha frente até que um rosto entrou na frente, de pele oliva e cabelos castanhos escuros. Ela olhou em meus olhos e me cegou temporariamente com uma lanterna. Manchas ficaram na minha visão depois que ela a desligou.

–Muito bem Max, capturou seu primeiro humano!

#Flash Back off#

Oh não, oh não, oh não. Eu tinha sido capturado. Eu era um deles agora. Não, não! Eu queria espernear, mas eu permanecia imóvel. Inseriram uma alma em mim, assim como fizeram com Mel inserindo minha doce Peg.

Ah Peg, gemi seu nome mentalmente.

Eu tudo tão confuso, tão estranho agora. Queria com todas as minhas forças gritar, arrancar aquela alma de dentro de mim. Ela parecia ainda adormecida dentro de mim, alheia a toda a revolução que se passava em minha mente. Eu não tinha domínio de nada que envolvesse o meu corpo. Não era mais ninguém. Eu havia falhado miseravelmente. Era apenas um fantasma, aprisionado em meu próprio corpo.

''Eu prometo Peg, eu vou voltar.'' — Pensei categoricamente. Eu tinha prometido, iria voltar para minha amada. Eu não tinha nenhum plano, mas o que eu sabia, era que não iria sucumbir.

— Hora de acordar, Espectro de Fogo. — Disse uma voz masculina, afável.

Oh merda... Foi a única coisa que pensei.

POV. Espectro de Fogo:

Era quente ali. Era um começo. Um bom começo na verdade. Um bom segundo começo. Eu como uma típica Alma nascida e criada em um Hospedeiro do Planeta do Fogo, sempre adorei coisas quentes, flamejantes. Porém, aquele corpo sentia o calor de um jeito diferente, mas ampla. Era grande, mesmo para um humano, era evidente. E, surpreendentemente, eu não estava sozinho na minha própria nova mente. Alguém estava emburrado no canto da minha nova cabeça enevoada e quente.

“-Você não devia estar aqui.”

Disse uma voz. Voz... Isso era algo novo para mim, algo que costumava ser diferente no meu planeta natal. Porém, parecia ser normal ao meu corpo aquele timbre e aquele idioma. Que planeta fascinante eu escolhera!

“-E porque não devia estar na minha própria mente?” - Perguntei à curiosa emburrada na minha cabeça. Ele deu uma investida contra mim, como se colocasse um a barreira entre nós. Ele ficou algum tempo em silêncio, quieto atrás de sua muralha sem portas, nem janelas pelas quais eu pudesse espiar. Humanos eram tão antipáticos e fechados! Se não fossem tão interessantes, eu voltava naquele instante ao meu doce planetinha quente. Porém, eu nascera com o horrível impulso da curiosidade. E naquele momento, nada era mais curioso do que aquele ser humano construtor de muralhas mentais.

“-Essa mente não é sua, esse corpo não é seu, e esse mundo não é o seu lugar.” - Ele disse, baixando sua barreira por alguns segundos. Sem querer, ele deixou escapar uma memória. Uma imagem de outro ser humano, que fez meu corpo todo responder, o coração se acelerou e as mãos suaram. Uma voz veio atrelada à lembrança. Tilintada, doce e macia, proferida sempre com um sorriso meigo no rosto. O rosto mais lindo que aquele corpo conseguia se recordar de jamais ter visto.

''Eu te amo Ian'' – Dizia a voz, apaixonada e sorridente, nos lábios rosados sob o nariz pequeno pontilhado de sardas e os olhos tempestade e... Prateado.

Meu hospedeiro bloqueou a imagem quase que imediatamente e dessa vez senti um leve medo vindo dele, como se temesse o que eu faria com aquilo.

'' - Quem... Quem era ela?'' – Perguntei. Eu nunca tinha sentido uma sensação como aquela.

'' – Não te interessa ’'– Ele pareceu na defensiva.

“- Se você a aceita, porque não pode me aceitar?”– Perguntei a ele sinceramente. Ele baixou a barreira novamente por mais alguns segundos, me encarando com os imaginários olhos feitos de escuridão da mente.

“- Porque você não é ela.” – Ele disse, amargo. Eu sabia que ela era alguém e que era muito importante pra ele. Mas o que uma alma estaria fazendo ao lado de um humano selvagem? Aquilo era mais improvável pra mim. Mas do que impossível, chegava a ser inaceitável. Não deveria haver mais do que distância entre eles.

Tentei novamente quebrar a barreira imposta pelo meu hospedeiro, tentando obter mais alguma informação sobre aquela garota... Tão frágil... Tão linda. Mas ele novamente me bloqueou, agora com mais força ainda.

‘’- Esqueça você não vai ter acesso!''– Resmungou ele na minha cabeça. Suspirei.

Descobri como abrir meus olhos novos e estranhos para encontrar cores novas e estranhas, diferentes. Eu sabia como eu me parecia, ‘’ ele ‘’ havia deixado escapar essa imagem também. Tinha olhos de um azul, segundo ele, incomum. Cabelos negros e feições grossas e rudes que, porém sempre sorriam, pois sempre estavam na companhia do anjo de olhos prateados.

“-Eu estaria sorrindo com ela, se não fosse por você.”

“-Nem tente me fazer sentir culpado. Sabe muito bem que a culpa de você ter sido pego foi integralmente sua. E, além disso, se ela tem o direito de estar aqui eu o tenho também!”

“-Ela mereceu o corpo que tem, e não o está roubando de ninguém. Ela quis se matar para libertar a Hospedeira e proteger quem ela amava. É tão humana quanto cada um de nós.”

“-Acredite no que quiser.”

Outro rosto humano entrou em foco, de jaleco branco por sobre o corpo idoso, as costas curvadas sob o peso do tempo. Tinha um rosto gentil, preocupado e cauteloso. Olhos verdes leitosos espreitavam por trás de grossos óculos retangulares de armação pesada. As palavras humanas agora estavam mais fáceis para mim, desde que eu começara a conversar com Ian. Sim, esse era o nome dele. Ian O’Shea. Eu já me sentia em casa, afinal, era quente novamente!

– Espectro de Fogo? Pode me ouvir? - Perguntou o homem, arrumando os óculos no nariz. Procurei os músculos para mexer a boca. Descobri que minha nova voz, era a voz de Ian em minha mente. Forte, decidida e constantemente, irrevogavelmente presente.

–Sim. - Respondi, ainda confuso com o timbre da minha própria voz, afinal eu nunca tivera uma voz daquele jeito.

“-E ainda não tem. Essa voz é MINHA!”

“-É nossa agora.” – Respondi a ele com tranquilidade. O homem a minha frente sorriu e pegou ma prancheta e anotou algo.

–Está confortável? Como é o corpo?

– Grande – Respondi com um sorriso – Muito receptivo. – Acrescentei com sarcasmo.

‘’ Pode tirar o seu cavalinho da chuva, por que eu não vou desistir tão fácil! Não vou sucumbir!’’ – Ele disse, parecendo determinado a lutar até o fim.

‘’- Eu também não vou desistir!’’ – Falei petulante – ‘’Não quero deixar de existir, esse planeta é realmente fascinante! Então, sugiro que agente se dê bem, vai ser melhor para os dois.‘’

Estranhamente, Ian se aquietou, se espremendo num cantinho do crânio. Senti uma onda de tristeza e saudade cortar o seu coração. Ou melhor, o meu coração agora. Eu arquejei sentindo meus olhos arderem. Eu nunca havia sentido nada nem parecido com aquilo. Um terrível sentimento de perda encheu meu coração e eu senti algo molhado escorrer dos meus olhos. Levei a ponta dos dedos o meu rosto, sentindo o liquido morno neles. Eram lágrimas.

'' - Eu nunca mais vou vê-la de novo.’’ – Ele disse para si mesmo, com a voz carregada de dor. ‘’- Nem ela e nem o nos...'' – Ele não completou a frase. Algo o estava incomodando, eu sabia, só não sabia o que era, mas estava disposto a descobrir.

POV. Peg:

Fiandeira de Nuvens abriu a porta do carro e estendeu a mão para me ajudar a levantar. Fora do carro, me vi de frente para uma casa no subúrbio de Tucson. As janelas eram adornadas com cortinas vermelhas e flores cor-de-rosa nas floreiras. As paredes eram laranja, do jeitinho que eu... Que Pet se lembrava. A grama estava bem aparada ao redor da casa e das pedras que davam acesso a porta, assim como as trepadeiras que cresciam rente a parede, colorindo com desenhos intrincados, uma rede de verde perdida no meio do laranja chocante.

–Está tudo do jeitinho que você deixou meu amor. Lembra-se da casa?

Não tente se explicar

Eu sei o que está acontecendo

Fiz que sim.

–Lembro sim, mamãe. Eu me lembro da casa.

Abrindo a porta de madeira escura o cheiro de incenso do Hall trouxe ao meu corpo memórias antigas. O sofá vermelho e a mesa de centro de madeira escura, assim como o armário e as prateleiras também de madeira escura, estavam cobertas com delicadas rendas. Havia retratos de Pet por toda parte nos mais variados cenários de Seattle e Tucson, espalhados por entre velas aromáticas e animaizinhos de cerâmica de aspecto muito simpático. Um delicado conjunto de chá com rosas pintadas repousava sobre a renda da mesa de centro e taças de cristal estavam guardadas por trás dos vidros do armário.

Fiandeira de Nuvens guiou-me pela escada ao lado da cozinha com azulejos de cores-pastéis. No andar de cima depois de uma porta branca com uma guirlanda de rosas de plástico, o quarto continuava do jeito que estava em minhas memórias. A penteadeira cor-de-rosa, com todos os perfumes e cremes que Pet costumava usar. O conjunto de pentes de prata repousava ao lado do vaso branco com uma orquídea cor de rosa. A cama era coberta por um dossel branco e delicado e colchas floridas cobriam o colchão. Uma cômoda sob a janela tinha mais retratos meus. Senti as mãos da minha mãe acariciando meus ombros.

– Precisa de alguma coisa, querida?

–Queria tomar um banho. - Revelei. Ela fez que sim e pegou a toalha na cômoda.

O burburinho do chuveiro sempre queria dizer que havia algo de errado na minha vida.

Minhas mãos atadas sem nada

Ah não, ás vezes subimos tão rápido para cair de novo

Por que tenho que acreditar agora

Primeiro eu possuía Mel, depois nas eventuais incursões, na praia de Gil... E agora. Sempre longe de casa, sempre distante, quase sempre sozinha. O chuveiro era ótimo, mas não era o que eu gostava, não era o que eu precisava. Tudo o que eu adorava e desejava naquele momento era estar imersa em água escaldante no escuro profundo, com o som da cachoeira me acalmando. Perto daquilo a ducha parecia leve demais, seca, não parecia me limpar por completo.

Sequei-me e vesti um pijama antigo e bem confortável que Pet costumava adorar. Mamãe me trouxe uma tigela de sopa enquanto eu penteava o cabelo na penteadeira com um dos pentes de prata, me olhando sem realmente me ver no espelho rodeado por flores de prata. Comi sem realmente sentir o gosto dos legumes. Mais tarde quando Fiandeira de Nuvens veio buscar o prato, eu já estava sob as colchas de luz apagada, mas estava longe de estar sonolenta.

Se eu pudesse morrer antes de acordar

É porque você levou meu fôlego para longe

Fechei os olhos e me revirei na cama tanto quanto pude, mas era impossível. Não havia nada em que me apoiar. Ninguém para passar os braços pela minha cintura e me puxar para perto para dormir de conchinha e sussurrar no meu ouvido que me amava.Não havia nada lá. Apenas espaço vazio e frio. A escuridão e o dossel branco pálido e fantasmagórico onde a luz do luar o tocava. Os soluços que irradiaram do meu peito foram tão fortes e ininterruptos que eu quase não pude mais respirar.

Te perder era como

Viver em um mundo sem ar

Eu não podia lidar com aquilo tudo de uma vez. Ian era meu chão e a pilastra mais forte que segurava meu teto. Sem ele, nada mais parecia certo e tudo desmoronava em cima de mim, soterrando-me sob seus escombros. Sufocando-me.

Mas como, você espera que eu viva

Sozinha?

Meu mundo gira ao seu redor

E é tão difícil de respirar...

Por quê? A vida ia tão bem antes. Cassie tinha ido embora, Austin estava morto, Benji tinha nascido saudável, meu filho estava a caminho, Ian e eu estávamos juntos, assim como Mel e Jared e Jamie e Alysson, ninguém corria riscos. Tudo estava bem, tudo. Minha décima vida estava perfeita, melhor que a encomenda. Em questão de uma noite, tudo virou 180º graus, derrubando tudo sobre mim para que eu segurasse no lugar. Seria essa minha sina? Viver um tempo de felicidade para depois compensá-la com um temporada inteira de tristeza torturante?

Uma palavra transforma em guerra

Porque são as pequenas coisas que nos desmontam?

Meu mundo não é nada sem você

Eu estou aqui sem proteção,

Não posso voltar agora

Porque amor sempre parece um campo de batalha?

Eu queria minha vida de volta. Queria minha casa, minha família, meus amigos, meu quarto, MEU IAN. Acima de tudo meu Ian. Era tudo o que eu queria naquele momento.

Me diga como deveria respirar sem ar

Não posso viver

Não posso respirar sem ar

É como eu me sinto quando você não está aqui

Em algum momento enquanto eu derramava litros de água no travesseiro de Pet – Não o meu. – Eu milagrosamente dormi. Um sono frágil e cheio de sonhos e pesadelos. Em um deles, eu nadava em direção a Ian. A água salgada fazia arder meus olhos abertos e querer penetrar minha garganta como se tivesse vida própria e quisesse me estrangular com ela. Ian estava caindo, e caindo, e caindo e afundando cada vez mais. Bolhas de ar subiram de sua boca. Ele estava se afogando! Eu tinha que salvá-lo! Apressei minhas braçadas minúsculas para tentar alcançá-lo mas mal me aproximei dele e algo me levou para longe nada mais do que de repente.

Eu estou em águas profundas

Me diga, como você ficará sem mim?

Sem você aqui, simplesmente não consigo respirar

Não há ar...

Sem ar...

Tentei lutar contra o tubarão que me raptara batendo em seu focinho, mas ele parecia feito de metal. Metal oliva para ser exata, como o 4X4 que eu capotara, porém ele estava enferrujado, como se ele estivesse sangrando. A ferrugem era o sangue do tubarão, percebi. Não consegui mais segurar o fôlego e o soltei, espalhando por onde o tubarão me levava, um turbilhão de bolhas brancas que me cegou temporariamente.

Chega

Estou sem ar, baby

Não há ar

Como posso respirar sem ar?

Quando voltei a enxergar, ainda estava sonhando. Prados verdejantes se estendiam a toda a minha volta como eu só havia visto no grande e colorido planeta das Flores. E acima da colina gramada estava Ian, vestido como sempre. Os mesmo tênis surrados, bermuda jeans e camiseta. Era ele mesmo, não qualquer alma que podia o estar possuindo nesse momento. Era o meu Ian, minha reserva pessoal de Neve, Safira e Meia-Noite. Ele, quando me viu, abriu um sorriso, os braços e me chamou, com a voz nítida em minha mente.

–Peg? Peg, meu amor, é você? Não consigo te ver direito... Venha mais perto. Deixe-me ver você.

Dei apenas alguns passos, hesitante que o tubarão me levasse para longe novamente. Na percebeu e deu um passo para frente, me chamando novamente.

–O que foi? Está com meu amor? Sou eu. Seu Ian.

Diante daquelas palavras, sem mais hesitar e sem mais pestanejar corri em sua direção.

Eu andei, corri, pulei, voei

Do chão para flutuar para você

Não há gravidade para me segurar

Afinal, eu não tinha nada a perder. Era apenas um sonho.

Se nós não nos rendermos então ambos vamos perder o que nós conquistamos

Seus braços me envolveram inteira como sempre. Não importava se era um sonho, uma ilusão cruel da minha mente. Aquilo me manteria viva. A lembrança dele, de quem era, de quem costumava ser, do quanto me amava, do quanto nos amávamos. Acordei com o coração pesado, com o luar filtrado pelo dossel a derramar-se sobre mim.

Mas, de alguma maneira

Eu ainda estou viva por dentro

Você tirou meu fôlego

Mas eu sobrevivi

Eu não sei como, mas eu nem me importo.

– Eu te amo, Ian. – Confessei ao meu travesseiro baixinho, olhando para a lua. O reflexo prateado em meus olhos flutuou no teto acima de mim – Para sempre.

Sussurrei por fim, em enrolando sob a colcha para voltar a dormir um sono pesado e sem sonhos. Eu iria encontrá-lo nem que fosse minha última ação da minha última vida. Eu o encontraria e o salvaria e seria logo. Eu podia sentir em meus ossos. Podia sentir em todo o meu corpo que nossa história não tinha acabado.

POV ESPECTRO DE FOGO:

Um pequeno apartamento no centro de Tucson. Era bem aconchegante e para mim era um bom lugar para começar minha nova vida na Terra. Era meu novo ‘lar’.

Ian estava quieto. Não falava desde que saímos da Estação de Cura. Mas eu sabia que ele estava preocupado com alguma coisa, ou melhor, alguém – a garota de olhos prateados, que Ian continuava a proteger fervorosamente.

Eu não tinha conseguido quaisquer outras informações concretas sobre a vida de Ian antes de eu chegar a esse planeta, apenas detalhes desconexos. Às vezes um rosto ou um lugar se desenhava na minha mente, mas sempre sumia rapidamente, quando Ian me via analisando a imagem. O rosto da menina loira, como percebi, era um dos mais bem guardados, embora eu quase pudesse sentir meu hospedeiro pensando NELA.

O sol já estava a ser pôr, deixando um misto de cores alaranjadas no céu. Era lindo! O primeiro pôr do sol que eu via!

Senti um enorme cansaço emanar do meu corpo. Há dias ele não tinha um bom descanso, uma boa noite de sono. E segundo as lembranças em minha mente, ele costumava dormir profundamente, como uma pedra. Bocejei. Decidi tomar um banho relaxante, para aliviar o cansaço e a tensão do meu novo corpo.

Passei as mãos pelos meus cabelos e entrei em contato com a água morna que já caia pelo meu corpo. Gotas acertavam minhas costas rapidamente, fazendo uma leve pressão. Era tão relaxante, depois de uma longa semana, eu precisa mesmo disso.

''- Você não vai me contar quem é ela não é?'' – Perguntei, franzido o cenho.

''- Não... Sinto muito.'' – Ele respondeu. Então, Ian distraidamente deixou escapar uma lembrança:

Ela repousou delicadamente à cabeça em meu peito, suspirando.

– Eu te amo tanto , minha pequena.

Ian murmurou baixinho em seu ouvido, então um sorriso brotou de seus lábios pequenos. Ela passou a mão por volta do seu pescoço e me beijou, lenta e apaixonadamente.

Seus lábios eram macios, sua boca era doce como mel, à língua fazia movimentos sincronizados junto com a minha. Ela sussurrava “Eu te amo” em meu ouvindo enquanto eu acariciava suas costas. Ela pressionou novamente os lábios nos meus, a boca, agora, mais apertada junto a minha. Eu retribui pressionando ainda mais com a força a boca contra a minha. Não resisti à vontade de morder delicadamente aqueles lábios doces. E foi o que eu fiz. Mordisquei e estique-os carinhosamente. Ficamos abraçados por um longo tempo.

Meus olhos saltaram em órbitas, completamente pasmo. Podia sentir Ian revirar os olhos dentro de mim, incomodado. E havia também um traço de culpa, por ter perdido que a lembrança escorregasse em sua mente.

Aquilo era impossível! Não era?! Aquela doce garota era uma alma, uma de nós. De nossa espécie. E até pouco tempo Ian era um humano. Eles nem sequer deveriam se conhecer! No entanto, eles pareciam muito intimos. Mais intímos do que a minha mente de Alma pudesse processar.

As palavras de Ian voltaram a minha cabeça e eu senti um frio que nada tinha a ver com a temperatura invadir minhas células. Ele a amava. Amava uma alma! Como isso poderia ter acontecido, eram de espécies diferentes!

Eu tantos dúvidas, tantas questões em minha mente. O pior era o silencio que Ian mantinha, fechado em sua muralha. Cansado,  desliguei o chuveiro, no mesmo instante em que a campainha tocou, chamando minha atenção. Me sequei rapidamente, vestindo a roupa mais próxima.

Franzi o cenho, quem viria me visitar a uma hora dessas? Afinal, eu ainda não conhecia ninguém.

Abri a porta e tive uma grande surpresa. Uma mulher baixinha, de pele oliva e cabelos castanhos escuros para a porta. Maya? Maya era o nome dela. Era ela que tinha capturado meu hospedeiro. Era a minha Buscadora. Senti um gelo percorrer minha medula espinhal.

‘’- Medo’’ – Ian disse – ‘’Você está sentindo medo’’.

– Maya?

– Olá, Espectro de Fogo. Posso entrar?

– Claro! – Falei, enrugando o nariz, já que Ian começou a professar palavras que prefiro não repetir.

– E então, como está se saindo com seu novo corpo hospedeiro?

– Bem! Estamos nos dando muito bem! – Falei sarcástico.

’- Ah claro, com certeza’’ – Ian resmungou.

– Ótimo, mas não foi isso que me trouxe até aqui. Achei que você gostaria de estar a par da situação.

– Situação? – Perguntei confuso. Ian também não estava entendendo o rumo daquela conversa, mas continuou escutando atento.

– Seu hospedeiro, foi encontrado roubando remédios numa Estação de Cura abandonada e... ele não estava sozinho. Havia outro humano com ele. O outro humano conseguiu escapar. Por isso acreditamos que seu hospedeiro vivesse numa Colônia de Humanos Selvagens.

– Uma Colônia de Humanos?!?- Falei assombrado. Meu coração pareceu bombear o sangue ainda mais rápido.

– Sim! E acredito que entre eles... haja uma alma TRAIDORA. Uma alma que tenha revelado nosso segredo.

Ian deixou uma memoria escapar.

‘’ Eu não estava sozinho. Haviam alguns humanos, a maioria homens, circulando uma das macas (E entre eles Ian), porém antes que eu pudesse olhar para baixo uma voz feminina atraiu minha atenção.

– Doc, cadê o sem dor?- Eu me virei em direção ao som e me surpreendi ao ver Melanie ao meu lado. Não, era Peg na verdade, a julgar pelo brilho prateado em volta das pupilas.

Vou pegar para você – Respondeu um homem alto e de meia idade se virando para uma das prateleirinhas e pegando um pequeno frasco de vidro que continha vários quadradinhos finos e esbranquiçados.

Peg escorregou um dos quadradinhos pela língua da humana inconsciente deitada na maca. Perguntei-me se estaria doente.

Peg fechou a boca da humana gentilmente e depois a olhou hesitante, como se não tivesse certeza sobre o que fazer a seguir. Virou um pouco o rosto na direção do humano que eu reconheci como Jared, mas seus olhos nunca deixaram à humana.

– Jared, poderia virá-la de barriga para baixo? - Ele se curvou para frente imediatamente e, gentilmente, mover a humana para a posição pedida por Peg.

Outro humano, que eu reconheci como Jeb, pegou uma lanterna e a acendeu, apontando seu facho de luz para o pescoço da mulher da maca. Peg olhou em volta um pouco confusa antes de voltar sua atenção para a mulher de novo.

Sua respiração acelerou e ela hesitou novamente. Ela engoliu em seco e se virou para o homem que havia chamado de Doc antes.

– Doc, eu preciso do Curar, Limpar, Fechar e Suave. – Disse com a voz trêmula. O que mais aqueles humanos tinham do nosso povo?

– Bem aqui – Disse Doc empilhando os frasquinhos ao lado de Peg.

Ela os analisou por meio segundo e depois moveu suas mãos trêmulas para os cachos escuros da humana, removendo-os da base da nuca. Pude ver uma fina cicatriz rósea separar a base do crânio da humana de sua nuca e, se fosse possível, meu queixo teria caído.

Por Deus, era outra alma! Quantas mais viveriam ali, naquela colônia humana e clandestina no meio do nada?

– Doc, você pode... Eu não quero fazer. – A voz baixa e trêmula da Peg voltou aos meus ouvidos, os ouvidos de meu hospedeiro e, com alguma dificuldade, eu tirei os olhos da linha que definia o meu povo do deles.

– Sem problemas, Peg – Respondeu Doc, pegando uma faca fina e movendo até o pescoço da humana-alma. Eu quis gritar, perguntar o que ele ia fazer com aquela faca tão próxima ao pescoço de uma alma. Peg não permitiria que eles a matassem. Permitiria?

Para meu alivio, Doc congelou por um momento e murmurou algo que não consegui entender, ainda segurando a faca a centímetros da nuca da mulher.

– Não é necessário, nós temos Limpar – Respondeu Peg gentilmente. Meus olhos se moveram até suas mãos morenas e vi que seguravam o cabelo da mulher devidamente afastados da nuca para que Doc pudesse fazer seu trabalho sujo. Seja lá qual fosse ele, eu não duvidava que fosse ruim.

– Eu sei – Ele suspirou – De quanto espaço você precisa?

Senti meu hospedeiro dar um passo para mais perto da mulher, curioso.

– Só o comprimento da cicatriz. É o suficiente. – Respondeu depois de calcular por meio segundo. Ele levantou uma das sobrancelhas, pouco convencido.

– Tem certeza?

– Sim. Oh, espera.

Eu estava totalmente confuso. O que eles estavam fazendo? Por que iriam reabrir o caminho pela qual a alma tinha se acomodado naquela hospedeira?

– Jared, você poderia pegar um daqueles tanques para mim? – Pediu sem tirar os olhos escuros do pescoço da mulher.

Por sorte, meu hospedeiro virou o pescoço para olhar a que ela se referia e eu pude ver os brilhantes criotanques encostados na parede rochosa. Eu quis soltar uma exclamação, um grito de surpresa, de indignação, porque agora eu entedia o que aquela alma faria.

Assisti escandalizado enquanto Jared abria o criotanque, deixando-o pronto para a alma que em breve teria seu hospedeiro roubado, provavelmente contra sua vontade, por uma de sua própria espécie. Pura fúria se derramou sobre minhas veias como veneno. Ela nos traíra! A todos nós, a sua própria espécie!

Eu mal reparei quando Peg tateou pela nuca da mulher, abaixo da pele. Minha raiva estava deixando minha visão embaralhada. Uma luz prateada escapou por entre os dedos de Peg e meu hospedeiro esticou o pescoço para poder olhar mais de perto.

Uma pequena criatura, prateada e aveludada, se torcia nas mãos de Peg como se soubesse que estava sendo removida de seu hospedeiro sem sua autorização. Peg se curvou e deixou que a alma escorregasse até a base do criotanque.

– Durma bem, pequena – Disse Peg, docemente'‘.

Claro! Agora tudo fazia sentido! A garota de olhos prateados, a tal Peg, ela revelara nosso segredo aos humanos! Ela nos traíra! Estava do lado dos humanos!

‘’ - Espera! Não é nada disso que você está pensando! Deixa-me ex... ‘’ – Ian balbuciou tentando explicar, mas não permiti.

‘’- Não há o que explicar! Eu já entendi TUDO! Aquela garota nos traiu!’’

‘’- O que vai fazer? – Ian perguntou assombrado. ’’

‘’- O obvio. Vou contar a verdade para Maya! Ela tem que saber! ‘’

BattlefieldJordin Sparks

No Air (Chris Brown feat. Jordin Sparks)


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Notas finais do capítulo

E ai, ai? Gostaram? Reviews? Recomendação?

Lindas,esperamos que tenham gostado e que tenham ficados felizes pelo nosso Ianzinho não ter sucumbido!

Ah lindas, tenho uma ótima noticia pra vocês! A Bellah e eu postamos um nova FIC no Nyah! à sobre o Jamie e ficaríamos MUITO felizes de deixassem seus lindos reviews nela também

Aqui vai o link: http://www.fanfiction.com.br/historia/166367/Wanted_-_Dead_Or_Alive

Aguardamos voces ok?

E ai, serÃÃÃá que o Espectro irÃÃÃá mesmo falar a verdade para Maya? OMG! Como o Ian irÃÃÃá reagir? Isso, sÃÃÃó no prÃÃÃóximo capÃÃÃítulo, nÃÃÃão percam ok!

Bom lindas, ÃÃÃé isso! Espero que tenham gostado do capÃÃÃítulo e caprichem no reviews ok? E nÃÃÃão se esqueÃÃÃçam de dar uma passadinha na outra FIC.

Bjus e AtÃÃÃé o prÃÃÃóximo post.