Demi estava muito feliz pelas coisas que estavam se encaixando e mudando o rumo dos planos de todo mundo. Mas ela tinha que fechar a ultima lacuna e a que mais importava pra ela naquele momento. Sterling.

Depois da festa em que invadiram a escola, ela não falou mais com ele. Bem, não como Demi e Ster, mas como pessoas que se conheciam vagamente. Foram só bom dia, oi e tchau, tirando os comentários sobre a vida alheia, eles não se falavam mais.

Ela ouvia Joe, Selena, Nick e Tiff falarem pra tentarem uma reconciliação, mas naquele ponto parecia que não ia acontecer. E não aconteceu, até no dia que sucedeu a formatura. Tudo estava correndo bem e Demi saiu pra encontrar Joe e Tiff que estavam no shopping. Chegando lá resolveram comer alguma coisa e minutos depois Sterling sentou-se à mesa.

— Amém. — Joe agradeceu — achei que não viria mais.

Demi olhou para os dois e depois para Tiff que estava... Tensa.

— Não viria. — Ele afirmou consciente. — O que foi isso?

Demi notou que ele estava um pouco nervoso. Seu cabelo estava bagunçado.

Joe riu.

— Ai meu amigo. Você não queria mesmo estar aqui?

Sterling socou a mesa, mas manteve o tom de voz

— Eu achei que estavam me sequestrando.

Demi olhou para todos.

— O que está acontecendo?

— Situações extremas requerem atitudes extremas. — Joe parecia um mafioso falando e Demi riu

— O que vocês fizeram? — Aquilo estava engraçado

— A gente trouxe o Sterling pra cá pra vocês poderem conversar, já que não fizeram por espontânea vontade. — Ele ainda falava de um jeito estranho.

Sterling cruzou os braços e bufou de raiva.

— Não era só me pedir pra vir pra cá? Precisava me algemar, colocar um capuz na minha cabeça, me jogar num porta malas e me largar aqui?

As meninas riram e Joe coçou a cabeça.

— Assim não teria graça.

Tiffany levantou-se e puxou Joe.

— A gente só quer que vocês conversem. — ela saiu dizendo

–--------------------------*------------------------*---------------------------

— Quem te “sequestrou”? — ela fez aspas com os dedos

— O time dele — falou inconformado — Mas eles querem que a gente converse, então vamos conversar, ok?

Ela assentiu.

— Não sei o que falar. Acho que nada do que dissermos vai resolver alguma coisa.

— Olha, aconteceu muita coisa em muito pouco tempo. Não fomos capazes de lidar com isso, mas pra mim serviu de muito aprendizado. — ela concordou com ele e ele continuou — Aprendi a não ser tão impulsivo e quero que você me perdoe por isso.

— Não tem que me pedir perdão. — ela interrompeu — Eu errei também. Não consegui te entender; na verdade eu te entendi, mas não queria aceitar. Queria só que você me dissesse que tudo ia ficar bem e que iríamos ficar bem, entendeu? E sei que você esperava o mesmo de mim, mas não tínhamos...

— Certeza — ele completou

Ela concordou e aproximou-se dele.

— No fim erramos por causa do nosso orgulho e te peço desculpas também.

Ele sorriu e estava tudo bem. Ela sabia que estava tudo bem

— Vamos ser sinceros? — ele perguntou — Me magoou muito quando disse que não desistiria da França pra ficar comigo. Você acha que foi eu quem terminou o namoro, mas na verdade foi você.

— Eu sei. Me arrependo de ter dito aquilo. Estava tudo muito fresco ainda na minha cabeça, não tive maturidade pra lidar com você. Mas você me magoou muito quando disse que não iria pra lá comigo.

Ele olhou desconfiado.

— Não disse isso.

— Disse sim. — ela riu sem graça

— Não. Não disse. Perguntei se era brincadeira. O que é muito diferente. — ele segurou as mãos dela — Você acha que eu não tinha pensado nessa possibilidade? Acha que sou tão egoísta que não pensei em todas as hipóteses de ficar com você? Eu tenho minha mãe, Demi, e ela só tem a mim. Quem cuidaria dela? Eu daria tudo pra ir pra Paris com você e mudar o curso das coisas, mas ela precisa de mim e a única coisa que posso dar a ela é minha atenção depois de tudo o que se passou. Entende?

Demi se sentiu a pessoa mais idiota do planeta. Dizem que em uma relação alguém sempre ama mais e agora ela tinha certeza de que era ele. Era ele quem dava tudo por ela, não o contrário. Então entendeu. Finalmente.

— Me perdoa... — parecia que alguém havia lhe dado um soco no estômago — Esse tempo todo te culpando, quando na verdade tudo isso foi culpa minha.

Ela não sabia mais o que dizer. Ele estava lá, parado com aquele olho azuis a encarando, vendo até onde ela conseguia enxergar.

— Eu tive culpa também, isso é obvio. Não deveria ter deixado acabar do jeito que acabou. Poderia ter tentado contornar a situação, mas... — ele coçou a cabeça — Tive medo.

Ficaram em silêncio durante alguns minutos, pensando no que fariam e como fariam. Se ficariam juntos de novo ou seguiriam com suas vidas cada um para um lado.

— Não posso te obrigar a nada, Ster! — ela finalmente falou — No mês que vem irei pra outro país, outro continente, outros costumes. Não sei como vai ser lá. Não sei como vai ser aqui. E a única coisa que importa aqui é o que você quer? — ela frisou o “você” — O que você quer fazer?

Ele sorriu faceiro. Pela primeira vez ela o deixou na função de escolher o rumo das coisas. Pela primeira vez ele não precisaria implorar e nem tomar atitudes idiotas pra conseguir o que queria. Pela primeira vez a decisão era ele quem tomaria.

— É impressão minha ou você está caidinha por mim e me quer pra você? — ele provocou e ela riu sem graça — Você está me pedindo pra eu decidir se quero ou não namorar com você? É isso?

— Para, Sterling! — ela pediu

Ele sorriu mais ainda.

— É isso! — concluiu — Está me pedindo em namoro?

— Não ­— ela não deu o braço a torcer

— Então o que é? — ele queria mesmo brincar

— Quero saber se você... Ah, que droga! — ela percebeu que realmente estava pedindo para voltarem.

Ele gargalhou. Faz tempo que não o via rir daquela maneira.

— Você vai ter que falar. — ele apelou — Fala o que você quer me falar.

— Não vou falar nada.

Ele deu de ombros ainda rindo.

— Ok. Acho que já nos entendemos e assim faremos nossos amigos felizes. — ele se levantou e ajeitou a jaqueta que estava vestindo — Vou indo agora, porque tenho que passar no banco pra sacar dinheiro e pegar um táxi pra voltar pra casa. A gente se vê.

Demi ficou encarando pra ver se ele realmente iria embora e acabar com aquela conversa daquele jeito. E ele foi. Saiu andando rumo à saída. Foi então que seu celular tocou e o nome de Selena estava na tela. Ela nem apertou o botão para atender direito e já ouviu Selena gritar.

— O QUE ESTÁ FAZENDO? VAI ATRÁS DELE.

Ela olhou pra trás pra ver se Selena estava lá, mas não a viu.

— Como você...?

— VAAAAAAI!

Demi saiu correndo e o alcançou alguns metros dali.

— Hey, escuta! — depois que ele se virou ela continuou — Você lembra daquele dia em que você tinha terminado o namoro com a Vitória e eu estava decidida a ficar com você, daí a gente se beijou e começamos a namorar? Você até me deu um balão em forma de coração depois que a gente discutiu.

— Claro que eu lembro. — ele concordou

— Lembra que você entrou no meu quarto e descobriu que eu escrevia nossos nomes nos livros que eu estava lendo? — ela continuou falando, mas agora a voz estava engasgada

— Lembro — ele se aproximou

Ela respirou fundo

— Eu ainda escrevo — ela confessou já chorando — Nunca deixei de escrever. Parece que os livros ficam mais bonitos quando nossos nomes estão neles.

— Não chora, por favor — Sterling pediu

— Não entende que eu ainda te amo? Não quero te perder. — ela secou em vão as lágrimas — Você é um idiota, mas eu gosto de você. Então me diz o que eu tenho que fazer pra gente ficar junto e eu faço, droga!

— Dois minutos atrás você teria que me pedir em namoro, mas eu aceito essa declaração de amor também. — ele falou rindo e a fez rir também — Eu te amo.

Ele se declarou também e a beijou. Depois de meses separados pensando que conseguiriam ficar longe um do outro, resumidos naquele momento. Não eram capazes de tamanha burrice de nem ao menos se darem uma chance de mudar as coisas e terem seu final feliz. Depois do beijo é claro que a turma juntou em cima e não tiveram mais sossego até o fim da tarde.

Joe confessou que tudo estava arranjado, planejado, arquitetado e que havia um microfone que ele deixou na bandeja em cima da mesa por isso poderiam ouvir tudo o que falavam. E se gabou por ter feito tudo aquilo sozinho. Os outros só ficaram sabendo quando as coisas já estavam acontecendo.

— E você dizendo que eu era péssimo com planos — Disse para Demi. — Sem contar no quanto sou persuasivo. Convenci boa parte do meu time a “sequestrar” o loirinho e com tudo o que ele tinha direito. Até a boca dele mandei tapar com fita.

Sterling bufou e Demi riu

— Cara, você é doente! — ela respondeu

— Mas é esperto. — Sterling rebateu — Obrigado, irmão! Se não fosse por você eu Demi não estaríamos juntos novamente.

Joe abriu os braços e rodopiou.

— Não falei, Selena — ele apontou na cara dela — Quem é o líder desse grupo aqui?

— É você, Joe. — todos disseram juntos.