—Mamãe! — Demi chegou gritando em casa com Dallas logo a trás dela — Volto pra escola amanhã.

Dianna se levantou do sofá onde segundos antes assistia uma de suas aulas

—Ótimo! — Dianna sorriu e abraçou as filhas — Estou feliz por nós.

—É eu também. — Dallas fez uma cara engraçada — Sabia que essa garota já estava querendo ir pra balada, mãe!? Não pude acreditar.

—A fofoca chegou e parou em você, né Dallas? — Demi disse já correndo para seu quarto

Ela não sabia ao certo o que sentia, mas não era felicidade. Se sentia culpada pela demora em ir atrás da filha de Sean e por ter passado tudo aquilo com Wilmer, afinal ele era um bom homem antes de tudo isso.

Ela fechou os olhos depois que se deitou e tentou respirar aliviada, coisa que não fazia a mais de um mês. Antes os problemas com sua vida amorosa pareciam tão grandes, mas agora, perto do que lhe tinha acontecido eram simples de superar. Lembrou-se que não cogitava uma conversa com Sterling há muito tempo, talvez fosse melhor assim pensou de novo. Ela abriu os olhos e olhou uma foto que Joe lhe dera depois do sequestro, uma que eles haviam tirado em uma boate onde se encontraram uma vez e não se lembrava de como ela foi tirada, só que seu semblante era feliz apesar de estar bêbada o suficiente para ter vomitado nele depois. Ela sorriu e rolou na cama para alcançar a foto que estava no criado mudo, e quando ela prestou atenção na fotografia percebeu que ele era o melhor amigo que alguém poderia ter.

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Ela saiu da Mercedes de Dallas com um ar de medo. Como as pessoas a olhariam depois do que aconteceu? Será que iam trata-la diferente? Com Indiferença? Tudo o que ela queria era que tudo voltasse ao normal o mais rápido possível.

—É claro que seria eu quem viria te recepcionar senhorita Lovato. — Joe falou estendendo a mão para que ela segurasse — Sei que está nervosa então, quando se sentir pressionada é só apertar minha mão, ok?

—Você sabe que eu te amo, né? — Demi sorriu e deu-lhe um abraço e depois pegou sua mão

—É... eu sei sim.

Eles foram andando e só escutavam cochichos como : “É essa garota que eu te falei que foi sequestrada”; “Essa é a tal Lovato que tinha um namorado psicopata”; “É, parece que ela está melhor”. Demi ignorou todos e seguiu em direção a sua sala. Muitos já estavam presentes e receberam ela com boas vindas.

—Cara, que saudade de você! — Tiffany a abraçou e depois Nick que pela primeira vez parecia comovido. — Eu preciso chamar a Selena — Tiff saiu correndo

—Demi, nós sentimos muito a sua falta, sério — Joe começou a falar depois que ela havia se sentado — Você acredita que não tivemos mais reuniões nas sextas e muito menos aos sábados?

—Nossa, é um sacrifício em tanto. —Demi sorriu

—Não seja irônica, princesinha, porque se você quiser hoje podemos fazer festa. — Joe rabiscou alguma bobeira no caderno dela.

—To dentro — ela concordou

—Demi sua filha da... — Selena segurou a fala e automaticamente seus olhos se encheram de lágrima — Você me assustou.

Demi se levantou e abraçou sua melhor amiga

—Desculpa — Demi pediu

—Você não me deu noticias, quando me ligava não falava quase nada, não me respondia como estava se sentindo. — Selena apertava seus braços ao redor de Demi — Ai meu Deus. Que bom que você está aqui.

Depois que Selena secou as lágrimas e que os ânimos se acalmaram, todos voltaram aos seus afazeres escolares. Nick e Selena foram para suas respectivas salas e a aula Biologia começou. Demi olhou seu caderno pela primeira vez e viu o que ele havia rabiscado; era a palavra “linda” e sorriu sem se preocupar em apagar e apenas virou a página. Depois de vinte minutos Sterling entrou na sala pedindo desculpas ao professor e ficou perplexo quando viu ela ali, não sabia se dava um oi ou se sentava sem dizer nada, ele optou pela segunda opção embora todos tenham percebido sua hesitação.

Demi queria conversar, mas ao mesmo tempo ela não tinha nada pra falar, tudo já havia sido esclarecido. Ela vai pra França e é decisão tomada; ele só não conseguia aceitar o fato de vê-la só uma vez no ano e ela meio que entendia isso. No intervalo, ele não veio falar com ela nem ao menos olhou pra ela depois que saíram da escola e ela não entendeu o porquê.

Naquela noite eles acenderam uma fogueira e Sterling pegou um violão e tocaram musicas alegres. Demi apenas assistia admirada com senso de humor deles.

— Sua vez de pedir uma musica. Qualquer uma. — Sterling falou

—Compus várias musicas durante esse tempo desde que você me deu o violão. — Demi falou tentando parecer normal

—É? Então toca pra gente — Sterling lhe entregou o violão

—Ok. Mas se eu errar, me perdoem eu ainda estou aprendendo a tocar. — Ela respirou fundo e continuou falando — Essa eu compus baseado no que aconteceu comigo e com o Wilmer, enfim...

Ela dedilhou um sol e um dó e começou...

Os céus estão chorando, eu estou assistindo

Recolhendo lágrimas em minhas mãos

Somente o silêncio como seu fim

Como nunca tivemos uma chance

Você tem que me faz sentir como

Não há mais nada de mim?

Você pode tomar tudo o que tenho

Você pode quebrar tudo o que sou

Como se eu fosse feita de vidro

Como se eu fosse feita de papel

Vá em frente e tente me puxar para baixo

Eu vou estar me levantando do chão

Como um arranha-céu

Como um arranha-céu

Enquanto a fumaça se dissipa, eu desperto

E desembaraço você de mim

Te faria se sentir melhor

Assistir enquanto eu sangro?

Todas as minhas janelas ainda estão quebrados

Mas eu estou de pé

—Tem mais uma parte, mas prefiro não cantar agora.

—Isso foi tão profundo — Tiffany estava com a mão no coração

—Você é uma cantora, sabia? — Joe falou

—Que isso! Eu apenas canto, tudo sai naturalmente. Mas mudando de assunto, me digam as novidades. O que mudou enquanto estive fora da vida de vocês.

Todos pareceram pensar, e Joe começou

—Tiffany está namorando o novo capitão do time de futebol

—É pra contar as novidades da sua vida, não da minha, seu mané. — Tiffany falou de um jeito engraçado e todos riram — E eu não estou namorando, nós estamos nos conhecendo.

—Resumindo, vocês estão namorando — Sterling se intrometeu — Já vi vocês se pegando várias vezes.

—Não fala assim Sterling, foram só beijos. E você está namorando também então não tem muito que falar de mim.

Demi cerrou os olhos assimilando aquela informação, ela tentou não parecer confusa, mas todos perceberam.

—Mas pelo menos eu admito estar namorando. — Sterling riu e abriu mais uma lata de refrigerante

Se fez um silencio constrangedor. Demi encarava Sterling que fingia nem notar e ninguém tinha o que falar até que Nick decidiu continuar a conversa

—Eu gosto de uma garota, mas ela não gosta de mim, eu acho. — ele abaixou a cabeça — Não tinha necessidade de falar isso, mas só queria quebrar o gelo.

Demi olhou para Selena que estava com os olhos arregalados e riu baixinho

—Você já falou isso pra ela? —Demi perguntou

—Não. Acho que no fundo ela sabe disso.

—Mas ela não vai tomar a iniciativa, se você gosta, você vai atrás.

—Mas e se ela me der uma fora?

—Esse é um risco que você corre — Sterling respondeu

—Não gostaria que isso acontecesse. — ele tomou mais um gole do seu energético com vodka

Demi fez um sinal pra Selena falar alguma coisa

—Porque você não tenta? —Selena falou — Nunca vai saber a resposta dela se não perguntar.

—Ok — ele respirou fundo — Sel, você quer sair comigo?

Todos esperavam ansiosamente a resposta embora a vontade de rir fosse grande

—Porque não? — ela respondeu

—Isso foi um sim? — Nick perguntou

—Foi — ela riu assim como todos

—Quer saber de uma coisa — Joe falou — Eu adoro nossos encontros, já estava sentindo falta.

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Depois que a turma se espalhou Demi teve a oportunidade de ficar um pouco sozinha com Joe e pode agradecer a ele por toda a ajuda dele no sequestro.

—Se precisasse eu faria de novo e você sabe disso.

—É, eu sei que sim. — ela respondeu e olhou Sterling falando ao telefone e abaixou o olhar

—Você ainda gosta dele? — Joe perguntou

—Já nem sei Joe. Por um lado eu acho que ele tem razão em seguir em frente, mas por outro eu fico triste por ter acabado como acabou, não precisava ser daquele jeito. Mas eu o entendo.

—É? Então me explica porque eu não entendi. — Joe cruzou os braços esperando uma resposta

—Eu vou pra França. Só veria ele uma vez por ano. É como ele disse, não somos tão inseparáveis a ponto de viver cinco anos distantes um do outro.

—E você acha isso certo?

—Ah! Fala sério Joe? O que você faria no lugar dele?

—O que eu faria? Eu iria com você pra lá. Se é seu sonho, é o meu também.

O semblante de Demi congelou, ela não sabia o que dizer. Foi uma das coisas mais bonitas que ela já ouviu e ele pareceu ser bem sincero na resposta.

—Você faria isso? Largar tudo aqui pra ir pra um lugar desconhecido com costumes diferentes do seu país?

—Claro. Ainda mais na situação dele. Ele tem dinheiro e faz aulas de francês a um bom tempo, seria até bom pra ele.

—Você não existe, cara. Você é a melhor pessoa que eu conheço — Demi falou e segurou sua mão

—Idem. — ele a abraçou

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—Quem? — Demi perguntou para Sterling depois de alguns dias imaginando. Ela não tocou no assunto com ninguém, pois queria ouvir dele.

—O que? — Sterling perguntou não entendendo

Eles acabaram aceitando fazer um trabalho juntos e estavam na casa dela agora fazendo slides para o seminário

—Quem você está namorando? — ela perguntou de novo

—Vitória. A gente voltou um pouco antes de aquela loucura acontecer com você.

—Um pouco antes? — Demi sentiu um incomodo repentino — Mas o sequestro foi umas duas semanas depois que a gente terminou. Quer dizer que em menos de duas semanas você já estava com outra?

—Falando desse jeito, você faz parecer ser grave.

—É grave. Eu nunca ficaria com outra pessoa em tão pouco tempo assim. Não é nem por respeito, mas porque eu amava você. Não me sentiria feliz com outra pessoa em tão pouco tempo.

—A gente não daria certo — ele disse friamente

—Mas você nem ao menos tentou. — ela estava elevando o tom de voz — Você gostava mesmo de mim? De verdade?

—Mas é claro que sim. — ele parou o que estava fazendo — Só que do mesmo jeito que você não desistiu do seu futuro por mim, eu não desistiria do meu por você.

Demi fez um sinal afirmativo com a cabeça, mas no fundo ela não estava entendendo nada.

—O motivo pelo qual você terminou comigo, não foi porque tinha medo de eu encontrar outra pessoa lá enquanto você esperava por mim como você me disse na época; foi porque você sabia que não iria conseguir ficar sem alguém aqui.

—Você está insinuando que eu te trairia?— ele se levantou pra encarar ela

—Insinuando não. Eu tenho certeza. Você não consegue ficar sem mulher. Você é um estúpido sem vergonha.

—Ei! Você está me ofendendo.

—Mas é pra te ofender que eu estou dizendo isso. Você fez eu me sentir culpada quando o culpado era você. Você não me amava porra nenhuma. Você nem ao menos cogitou a hipótese de tentar. Que amor é esse Sterling? Tenta me responder?

—Olha pra mim — ele disse e apertou os braços dela com suas mãos — Nunca duvide do que eu senti por você. Você pode até ter razão quando diz que eu não conseguiria ficar sem alguém aqui. Pode até ter razão em dizer que não tentei achar uma solução, mas eu te amei como nunca amei ninguém antes. É melhor a gente sofrer agora do que esperar pra ver não vai dar certo.

Ela não tinha mais o que falar e nem ele. Ambos queriam um tempo a sós pra pensar em tudo aquilo.

—Eu termino esses slides. Só decora a sua fala e na sala a gente resolve os detalhes. — Sterling guardou o notebook na mochila e foi saindo, mas ela ainda precisava saber de mais uma coisa.

—Você iria comigo para a França? — ela perguntou tentando tirar algumas dúvidas.

Ele a encarou.

—Você está brincando comigo? — ele deu um sorriso sarcástico e saiu pela porta e ela desabou no sofá prometendo pra si mesma que aquela seria a ultima vez que choraria por ele.