Uma semana para a grande festa. Fazer 17 anos era o sonho de sua vida. É a idade do ‘eu não sei o que faço’, ‘eu não sei se vai dar certo’, eu não sei, eu não sei. Ela largaria pra sempre a escola e se aventuraria numa faculdade que achava ser legal. Embora ela soubesse que muitas coisas mudariam, não estava com medo do caminho que sua vida seguiria, estava com medo disso lhe afastar de Sterling.

Ele estava sentado na cama dela. Não é isso o que você está pensando, deixa-me explicar. Dallas, mandou ele subir. Não foi culpa dele, ela estar conversando com Derek no telefone e não querer que ele esperasse por Demi lá na sala. Então ele se sentou na cama, enquanto escutava o chuveiro ligado no banheiro. No criado-mudo ele viu que ela lia “Um amor para recordar” e numa prateleira encostada na parede do lado esquerdo, vários livros de romance. Nicholas Sparks tinha um lado inteirinho para as obras dele. Será que ela já leu todas? — ele pensava

Viu em sua cômoda ‘infinitos’ acessórios de maquiagem e num canto do espelho uma marca de beijo, dado com um batom rosa forte. Abriu um pequeno livreto que em sua primeira página estava escrito com canetas coloridas DEMI E STER, e não pode evitar um sorriso. Ao lado da porta do banheiro tinha cabides onde ela pendurava os vestidos (muitos vestidos), o primeiro da direita ele reconheceu, ela usara no jantar na sua casa há alguns meses atrás. Perdido em seus pensamentos, não notou que Demi saíra do banheiro enrolada em uma toalha, ela assustou e deu um grito.

—Que susto Demi! — ele reclamou deixando cair de suas mãos o livreto

—Que susto digo eu. O que você está fazendo aqui? — ela perguntou segurando a toalha que não estava bem presa, pelo menos ela estava usando as roupas intimas

—Dallas me mandou subir. — ele respondeu envergonhado

—Ok. Espera um minuto, que eu vou vestir roupa no banheiro, mas fique a vontade. — ela disse pegando uma muda de roupa que estava separada em cima da sua cama, mas antes de entrar ele comentou

—Quer dizer que você fica escrevendo nossos nomes em livros?

Ela o encarou com o livrinho nas mãos e revirou os olhos

—Quando não tem nada pra fazer sim. — ela respondeu e caminhou até o criado-mudo para pegar o livro que lia todas as noites antes de dormir e mostrou a ele seus nomes escritos na primeira página.

Ele riu e apontou para o vestido preto

—Lembro dele. Você estava linda naquela noite. — ele se aproximou

—Eu estava linda? — ela perguntou se fingindo de ofendida — Eu sou linda, Sterling. Até de toalha eu sou linda. — ela apontou pra si mesma para que ele percebesse

—Ok, desculpa — ele lhe deu um selinho que logo depois se transformou em um beijo desesperado — Aposto que fica linda sem a toalha também

Eles continuaram se beijando e ela o ajudou a tirar a camisa e deixou que a toalha caísse, mostrando um sutiã e calcinha cor de rosa. Ok, a situação estava quente, mas volto a repetir que a culpa é toda de Dallas. Ela o empurrou em direção à cama, fazendo com que ele tombasse em meio aos travesseiros e logo depois se pôs em cima dele e o beijou. Ele estava estranho, mas devia ser pelo nervosismo.

—Demi, para! — ele pediu e ela parou instantaneamente para o encarar

—O que foi? Fiz alguma coisa errada? — ela perguntou com medo da resposta

—Não. Você é ótima... — Sterling pareceu querer falar algo mais, só que desistiu — Desculpa. — ele disse por fim

—Ok — ela disse constrangida, saindo de cima dele — Eu pensei... Nossa, foi você quem começou.

—Eu sei. Desculpa — ele se sentou na cama enquanto ela se vestia ali mesmo

—Isso foi muito constrangedor — ela parecia brava e intimamente ofendida

—E eu presumo que te devo uma boa explicação. — ele falou e a viu revirar os olhos, talvez não quisesse nem ouvir o que ele tinha pra dizer, pois virou as costas para se maquiar no espelho

O silencio tomou conta do quarto. Sterling pensava no que dizer, e Demi queria que ele fosse embora dali. Estava tão envergonhada, que nem conseguia olhar pra ele. Ele abotoou a calça e vestiu novamente a camisa

—Você está brava? — sua voz vacilou

Ela não respondeu e isso era sinal de que a coisa estava feia.

—Demi, eu...

—Acho melhor você ir embora. — ela nem olhou pra ele quando disse isso

—Doce, desculpa. A gente precisa conversar — ele insistiu

—Por favor — ela pediu engolindo seco

Ele assentiu, mas antes de ir lhe deu um beijo no rosto. Desceu as escadas e saiu sem que Dallas notasse e percebeu que o namoro estava em crise assim que saiu pela porta.

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—Ela ficou chateada, mãe — Sterling tentava explicar para a mãe o motivo de estar triste

—Filho, seja lá o que foi o que você fez, ela está tentando entender. Você foi sincero com ela?

—Depende. Eu quis conversar, mas ela me mandou embora. — ele mergulhava um sache de chá num copo com água quente

—Então isso quer dizer que ela ficou chateada mesmo. — ela concordou — Afinal o que você fez?

—Eu... eu não quis transar — ele disse e viu a expressão de surpresa na rosto da mãe — Eu travei quando a coisa ia acontecer. Pedi desculpas e tudo mais, só que ela não me deu ouvidos.

—Então agora você explicou tudo. — ela segurou as mãos do filho — Sterling, ela está se sentindo desprezada, você afetou o ponto mais intimo do orgulho feminino.

—Desprezada? Não. De jeito nenhum. — ele lutava tentando se por no lugar dela — Eu a amo, mãe.

—Então volta lá e fale isso a ela. Explica tudo, põe tudo pra fora, seja transparente. Se você realmente quer que a relação de vocês dê certo, seja sincero.

Ele concordou. Sua mãe tinha sempre as palavras certas pra qualquer momento. Ele não escondia nada dela. Ele pegou a chave do carro e foi

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Ela sabia que não era um motivo pra se sentir tão triste, mas não conseguia evitar as lágrimas de correrem. Ela nunca contaria isso pra ninguém, nem pra Tiffany, nem a Selena, nem a Dallas e nem a sua mãe. Sofreria sozinha, ela foi dispensada quando estava pronta para... você sabe. Mulher nenhuma no mundo consegue entender. Sterling ligava de cinco em cinco minutos e algum tempo depois que desligou o celular, escutou a campainha tocar. Dallas com certeza atenderia e ela continuou ali deitada na mesma cama em que duas horas atrás foi rejeitada.

Escutou alguém batendo na porta e gritou

—Não enche

—Tarde demais — Sterling disse já entrando e Demi enxugou os olhos, mas não pronunciou uma palavra sequer. Ele sentou-se ao seu lado e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha dela — Desculpa.

—Você já pediu isso três vezes — ela falou fazendo com que ele sorrisse

—E você me perdoou?

Ela fez sinal negativo com a cabeça, vendo que ela não falaria nada ele lhe deu um beijo na testa

—Vou tentar mais uma vez. Doce... me perdoa. Como sempre, sou eu que estou errado.

—Eu só não entendo porque você fez isso comigo. — ela se levantou da cama — O que as garotas dessas baladas que você ia, tinham que eu não tenho?

Agora as coisas começaram a fazer sentido na cabeça dele

—Escuta... — ele tentou começar uma explicação

—Eu só estou perguntando isso, porque aposto que você não dispensava elas na hora do vamos ver.

—Escuta o que eu tenho pra dizer — ele pediu

—Claro que escuto, as antes me deixa concluir minha fala. — ela respirou fundo como que se o que ela fosse dizer a seguir a incomodasse muito — Você transava com elas, e não adianta dizer que não, porque no jogo da verdade, você disse que se divertia com as erradas.

—Nossa. Você lembra disso? — ele perguntou vendo os olhos dela cintilar de raiva

—Só de imaginar você com outra mulher já me dá náuseas — ela cerrou os punhos — Com elas você ficava, mas comigo, que sou sua namorada, você-não-quer. Aposto que com a Vitória você não teve problemas — ela tagarelava e cuspia as palavras quase gritando

—Como a Vitória veio parar nessa conversa?

—Vai defender ela agora? Ok, vai em frente. Me põe mais pra baixo do que já estou

—Me dá um abraço — ele disse já indo pra cima

—Vai abraçar a Vitória. — Demi se esquivou

—Você está me irritando — ele advertiu

—Eu estou te irritando? Você nem imagina como eu estou me sentindo, não é? Eu estou me sentindo um LIXO, você acabou com a minha auto-estima, você...

—Eu sou virgem — ele confessou levantando os braços em sinal de rendição

Ela pode sentir sua expressão de raiva e ódio se dilacerar e sentiu também seus ombros caírem

—Você já é experiente e eu não. — ele começou a explicar — Não pense que eu não queria transar com você, pelo contrário, eu me senti inseguro. Eu nunca fiz isso e não queria te decepcionar se algo desse errado.

Demi não conseguia falar. A informação a pegou de surpresa, tentou encontrar palavras, mas nem de longe pareciam boas. Agora ela entendia o que a Selena quis dizer quando comentou que alguém havia mentido no jogo da verdade. 

—Decepcionada?  — ele perguntou triste

—Não. Não... a palavra não é decepcionada, a palavra é surpresa — ela estava em estado de choque — Não estou conseguindo acreditar

—Você está decepcionada. — ele concluiu

—Eu te amo — ela pulou enroscando os braços em seu pescoço e o beijando

—Desculpa, mais uma vez, por ter feito o que eu fiz — ele pediu

—Eu sou completamente apaixonada por você — ela mal conseguia ouvir o que ele dizia — e sou uma idiota por não te deixar explicar. Você não precisa se sentir assim, quando você estiver pronto vai acontecer.

 —Então você não está decepcionada por ter um namorado frouxo? — ele perguntou

—Eu estou feliz por ter um namorado lindo e que se preocupa com o que eu penso.

—Você foi a melhor coisa que me aconteceu — ele lhe disse e viu que os olhos dela se encheram de lágrima e depois lhe deu um beijo, um não, vários beijos.