—Então Demétria, vai fazer faculdade do que?  — a mãe de Sterling perguntou no meio do jantar com os olhos azuis brilhando e Demi rapidamente viu de quem Sterling puxara olhas tão lindos.

—Estou meio indecisa ainda, mas penso em fazer Direito, assim como minha irmã, mas tenho outras faculdades em vista. — Demi sorriu e continuou comendo

—Sua irmã já é formada?

—Não, ela está no 4° ano da faculdade só falta o ano que vem.

—Eu gostei dela filho — ela se virou para Sterling — ela é tão educada.

—Obrigada — Demi abaixou a cabeça envergonhada

Depois de jantarem, a Sra. Knight a levou para a sala de estar e ali conversaram sobre muitas coisas e Demi se sentiu muito à vontade com ela que a desafiou para uma partida de xadrez, vendo um tabuleiro em cima da mesinha de centro.

Sterling ria das duas se enfrentando. Há tempos não via sua mãe se divertindo tanto e ter Demi assim tão perto e já tão próxima à sua mãe, gerou algo incrível dentro dele que nem ao menos podia explicar. A partida durou uma hora e Demi venceu num xeque mate incrível, matando o Rei da Sra. Knight com seu Rei, Bispo e Cavalo, e assim trucidando a partida. 

—Foi uma partida equilibrada — Sra. Knight disse se levantando e espreguiçando

—Ótima partida. Nunca demorei tanto num jogo de xadrez. — Demi bocejava olhando Sterling que assistia a um filme que passava na TV. —Ster, vamos?

—Vamos. — ele se levantou num pulo pegando as chaves no bolso do casaco — Mãe, vou levar a Demi em casa e já volto — ele deu um beijo no rosto da mãe

Demi admirava o jeito com que ele tratava a mãe, ele era tão fofo e carinhoso, bem diferente de muitos caras por aí. Ele abriu a porta pra ela e caminharam até o carro.

—Ster, minha mãe quer que você jante lá em casa amanhã. — Demi falou quando entraram no carro e ele deu partida

—Amanhã? — ele perguntou coçando a cabeça

—É. Por quê? Você já tem um compromisso? — Demi o encarava enquanto ele dava ré no carro

—Na verdade eu tenho, mas posso cancelar. — ele falou

—Não vai te atrapalhar? Porque se for, não tem problema, eu falo com minha mãe.

—Me faz um favor? — Sterling pediu

—Claro.

—Pega meu cabo USB no porta luvas e conecta ele nessa entrada que tem no som do carro. — ele pediu

Demi fez tudo o que ele pediu e depois ele continuou:

—Agora pega o meu celular — ele esticou o celular pra ela — e coloca o cabo nele e depois liga pro ultimo número pra quem liguei.

Demi o obedeceu e por fim escutou o telefone chamar. “Pra quem diabos ele está ligando?” ela perguntou pra si mesma.

—Saudade, delícia? — uma voz feminina e provocante atendeu e Demi fez cara de quem não estava acreditando

—Sempre. — Sterling respondeu e Demi revirou os olhos — Vitória, eu liguei pra te falar que não vai dar pra gente se ver amanhã. Surgiu um compromisso de ultima hora. Coisas de família, você sabe.

—Ah que chato, gatinho. O que você está fazendo agora? — ela perguntou

—Na... nada. — ele respondeu meio inseguro olhando para Demi que o encarava séria.

—Vem aqui em casa agora. — a garota pediu

—Agora? — Sterling tentava manter seu foco na estrada — Ok. Daqui a pouco estou aí. — ele disse e depois pegou o celular das mãos de Demi e desligou.

—Pelo visto você vai se divertir hoje. — Demi falou ainda séria

—Talvez — Sterling deu um sorriso malicioso

—Que bom pra você. — Demi concluiu, fechando a cara.

Sterling não conseguia acreditar. Ela estava com ciúme? Ele quis rir, mas se manteve sério e continuou dirigindo até a casa dela notando que ela ficara séria demais.

—Demi, você ficou brava? — ele quebrou o silêncio falando num tom baixo

—Não. — foi a única coisa que ela respondeu e ficou muda de novo.

Nem ela sabia o que estava sentindo, na verdade ela sabia. Era raiva misturada com revolta e nem ao menos motivo ela tinha. “Ele é só um amigo, Demi. Só um amigo. Ele é só um amigo, Demi. Só um amigo” ela repetia pra si mesma, mas não conseguiu se conter.

—Se você quisesse sair com ela era só avisar. — ela praticamente cuspiu as palavras

—Demi, eu já cancelei. Eu me encontro com ela daqui a pouco. — Sterling tentou explicar

—Olha, eu não quero atrapalhar sua vida, tá? Se ela for melhor do que eu, fica com ela, ok? Eu não quero ser um empecilho. — ela sentia seu rosto queimando de raiva

—Demi, olha o que você está falando. Não tem nexo. — Sterling lhe lançou um olhar e ela se sentiu uma idiota pelo show que estava fazendo — ela é só uma amiga.

—Amiga? — Demi riu — Eu sou sua amiga, Sterling.

—Exatamente. E eu acho que é por isso que você não deveria estar com esse ciúme idiota.

—Eu não estou com ciúme, tá? — ela sentiu uma leve irritação — Eu sou sua amiga, e mesmo assim você me beija.

—É diferente, Demi. — Sterling afirmou inseguro

—Porque diferente? — Demi perguntou

— É diferente porque a gente finge que namora, então eu tenho que te beijar.  — ele enfatizou a palavra tenho

—Ah... então quer dizer que faz isso por obrigação? Como se fosse um castigo? — Demi não podia acreditar que estava falando isso, mas ela estava morrendo de ciúmes e não tinha como controlar

—Não é bem assim. — Sterling já havia perdido a paciência. — Escuta, chega dessa discussão boba. Cansei.  — ele quase gritou

Num rápido movimento ele discou o número de novo e ainda no primeiro toque ela atendeu

—Algum problema? — Vitória perguntou

—Sim. Eu não vou ir. Me lembrei que amanhã acordo cedo. — Sterling respondeu seco e desligou. Depois virou-se para Demi e disse: — Tá bom pra você, agora?

Demi sorriu satisfeita, mas envergonhada pela cena que fez. Agora era ele quem estava bravo e o pior, é que ele tinha motivo. Estacionou o carro na frente da casa dela e não falou nada.

—Tchau. — ela disse, mas não obteve resposta — Sério que você vai ficar chateado? — ela perguntou

—Não enche Demi. — ele respondeu sem olhar pra ela

—Não vai nem me levar na porta de casa? — ela insistia em conversar

—Você sabe o caminho e não quero mais conversar. — ele a encarou e esticou o braço abrindo a porta pra ela sair. — Agora você já pode ir.

—Estúpido. — ela falou antes de sair — 19:00 horas aqui em casa amanhã, e se preferir se encontrar com essa garota, termina comigo antes. — ela saiu batendo os pés

Sterling riu depois que se assegurou que ela estivesse longe o suficiente pra não ver.

—Ah moleque! Ela gosta de você. — ele disse com um enorme sorriso no rosto.

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“Sabe qual é seu problema? Seu problema é que você passou a gostar dele de uma forma diferente e nem percebeu” Demi disse pra si mesma enquanto lutava pra levantar da sua cama quente.

Agora ela reconhecia que gostava dele, mas tinha duvidas se ele gostava dela. Na noite anterior ele estava disposto a ir na casa de uma garota pra se divertir. E quando ela contou pra ele que Joe havia reclamado que ela nem falava mais com ele e que a queria perto de novo, ele nem se importou, não mostrou nem um pouco de ciúme.

“Parabéns, Demi. Mais uma vez você se apaixonou por um idiota, mulherengo e safado” — ela sorriu e se levantou — “ Eu não estou apaixonada. ACHO” — se corrigiu

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—NÃO! — Demi gritou quando sua mãe lhe contou que Derek e Wilmer também viriam para o jantar — Não, mamãe. — ela esfregou o rosto não acreditando

—Filha, você ainda não esqueceu esse garoto? — Dianna se sentou ao lado da filha na mesa com o café da manhã.

—Mãe, você não entende. Esqueceu que o Sterling virá jantar aqui hoje?

—Eu não sabia que ele também viria, querida. Eu convidei o Sterling, porque o namorado da sua irmã estaria aqui e seria bom eu jantar com os namorados das minhas filhas. Não fazia a mínima idéia de que seu ex, viria também.

—Não é culpa sua mãe. A culpa é de outra pessoa. — Demi se levantou e respirou fundo pra poder gritar — DALLAAAAAAAS.

—Pelo visto mamãe já te contou do intrometido dessa noite. — Dallas entrou na cozinha devagar

—Por quê? Só me fala o porquê disso tudo. — Demi se aproximou da irmã que ergueu os braços mostrando que não tinha culpa

—Demi, não tenho culpa se o Derek não desgruda desse cara. Eles moram juntos e é normal que ele não quisesse deixar o amigo sozinho.

—AH. Que raiva de você! — Demi gritou pra irmã e depois subiu as escadas direto para o quarto.

—Acho que ela gritou comigo mamãe. — Dallas se sentou na mesa para tomar seu café

—Não era pra menos, Dallas. — Dianna abaixou a cabeça preocupada.

“Cadê meu celular?” Demi se perguntava procurando no meio de suas coisas e lembrando-se que esquecera lá na mesa. Desceu correndo e antes que pudesse pegar o celular Dallas falou:

—Demi, desculpa. Eu prometo...

—Cala a boca! — Demi ordenou — Não conversa comigo.

—Mãe! Olha como a Demétria falou comigo. — Dallas parecia criança

—Não fala assim com sua irmã Demi. — mamãe brigou — E não provoca sua irmã Dallas.

Demi pegou seu celular e subiu novamente discou um numero e esperou atender.

—Alô?

—Ster, graças a Deus você atendeu. Me ajuda. — ela disse se jogando na cama

—Estou meio ocupado agora, te ligo daqui meia hora. — ele respondeu

Demi estava prestes a concordar quando Sterling falou com alguém do outro lado da linha

—Bom dia, Vitória! — ele falou e depois sua atenção se voltou a Demi — Desculpa, Demi. Agora realmente não dá pra falar. Te ligo agorinha.

—Não. Nem precisa mais — Demi sentiu a mesma raiva da noite anterior só que agora a tristeza veio junto — Esquece que eu te liguei.  

Ela desligou e com raiva tacou o celular na parede. “Ele dormiu com ela” Demi pensou e sentiu seus olhos se encherem de lágrimas. Quando percebeu já estava chorando por alguém que até ontem ela não gostava.