Mais uma semana começava e Demi estava com aquela animação de todas as segundas-feiras. ‘EU ODEIO SEGUNDA-FEIRA’ ela repetia pra si mesma enquanto escovava os dentes.  Ela não sabia a razão, mas queria continuar a conversa de sábado com Sterling. ”Ele é tão legal”.

Não teve pressa em se vestir e caminhou até o lado de fora esperando Dallas.

—Dallas você pode andar um pouco mais rápido. Sua aula começa as 8 mais a minha começa às 7. Por favor.

—Não enche.  —Dallas gritou ainda do lado de dentro

Demi bufou revirando os olhos e dando um soco no ar, sentindo aquela irritação típica de ser contrariada. Abriu a mochila e pela segunda vez conferiu o material

—Ei princesa! — alguém gritou — Quer carona?

Demi respirou fundo quando o viu. Joe estava lindo a olhando com a cabeça pra fora do carro e ela pôde ver Nick rindo no banco do passageiro. Andou até a porta de casa e gritou:

— Esquece Dallas. Eu não preciso mais de você.

Eles foram o caminho inteiro contando sobre o final de semana, ela contou sobre tudo, menos é claro sobre o pequeno incidente com o ex.

—Eu consegui a faixa vermelha no karatê — Joe sorria orgulhoso — era o mínimo que eu poderia ganhar depois de treinar tanto

—Acho que eu também merecia essa tal faixa aí — Nick falou pela primeira vez — Não aguentava mais tanto chute e soco. Sem contar que você tem que catar todos os tijolos quebrados que ficaram espalhados pelo quintal.

Nick estava todo dolorido por ter ajudado Joe a treinar, foram chutes no abdômen e costelas, socos na cara e no peito. Por mais que Joe pegasse leve com o irmão, a dor era inevitável, mas Nick sabia que era por uma boa causa. Joe treinava desde os 10 anos e embora tenha parado aos 12 ele havia voltado há pouco tempo. No inicio foi meio difícil pra pegar o ritmo novamente, mas Nick o ajudou e ele sabia que devia isso a ele.

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‘O dia está estranho’, Demi pensou, ‘Nick está fazendo piadas, Joe está diferente (lindo), Tiffany não conversou comigo e Selena me deu bom dia e sorriu pra mim. Estranho.’

—Viu o Sterling? — Demi cochichou pra Joe que estava sentado ao seu lado

—Ai credo! Não morre tão cedo. — ele arregalou os olhos apontando Sterling que entrava na sala

Sterling se aproximou e sem cumprimentar ninguém fez um sinal para Demi ir até ele e seguiu até a biblioteca conferindo toda hora se ela estava vindo atrás.

—Problemas? — ela passou as mãos pelo cabelo e ele se lembrou do dia em que se sujaram de sorvete

—Um pequeno. — ele sorriu sem graça

—Envolve a mim?

—Na verdade envolve a nós — ele puxou a cadeira para que ela sentasse e se sentou a sua frente respirando fundo antes de começar — Lembra que sábado eu fui à sua casa? — ele perguntou e continuou depois dela assentir com a cabeça — Então, eu emprestei o carro da minha mãe.

—E o que isso tem demais. Tá assim porque dirigiu sem carteira? — ela estava com as sobrancelhas franzidas em sinal de confusão

—Antes fosse. O problema é que eu falei pra ela que precisaria do carro pra sair com minha namorada. — ele disparou de uma só vez

—Ok. E?

—E ela quer conhecer essa namorada, perguntou nome e tudo. Aí eu falei que se chamava Demétria e que no próximo final de semana você jantaria lá em casa.

—Você tá louco? — ela não acreditava no que ouviu — Eu não vou jantar na sua casa como sua namorada. Eu não sei mentir, na realidade eu sou péssima em mentir, então eu tenho certeza de que e não vai dar certo. — Demi se levantou já virando as costas para ir.

—Por favor — ele implorou — ela está tão feliz. Me emprestou o carro hoje de novo para eu te trazer para a escola, mas parece que chegaram mais cedo do que eu. Então me ajuda. Por favor — era sua ultima tentativa

Passaram milhares de pensamentos e respostas pela cabeça dela. Sua cabeça dizia que era encrenca, mas seu coração se apertou quando ele abaixou a cabeça parecendo ter desistido se sentindo um derrotado. Uma parte do seu corpo insistia em sair dali, mas outra bem maior fez com que ela voltasse até a mesa.

—Eu odeio você. — ela disse apertando as mãos dele que estavam sobre a mesa ele levantou a cabeça sentindo a esperança vir à tona — Mas você é meu gatinho e o que eu não faço por você?

—Isso quer dizer que você vai? — ele se levantou num pulo

—É, acho que sim. — ela respirou fundo antes dele a apertar num abraço e girar seu corpo numa volta de 360° graus. — Tá bom Ster, não é pra tanto.

—Adoro você — ele deu um beijo no rosto dela. — Eu adoro você, você não tem idéia de quanto gosto de você.

—Vamos pra sala porque o sino vai bater. — eles caminharam pelo corredor imenso e ela sentiu uma certa curiosidade e resolveu perguntar — O que você disse, à ela, sobre mim?

—Que você era linda e acima de tudo amiga. Que eu sempre poderia contar com você, como estou fazendo agora, que você me faz feliz e me faz rir como ninguém consegue. E que eu amo você. — ele falou com muita naturalidade

Demi percebeu que ela não falava da boca pra fora, mas ela não sentia nada por ele a não ser carinho, amizade, confiança. Sabia que não poderia corresponder aos sentimentos que ela achava que ele tivesse, por um momento pensou se ajudá-lo seria o certo a fazer. ‘Ele é legal demais pra se magoar’. Achou melhor mostrar pra ele que estava interessada no Joe, assim ele não criaria tantas expectativas.

—Você acha que o Joe gosta de mim? — ela disparou

—O Joe? Não. Acho que não — ele respondeu com firmeza

—Por quê? Às vezes acho que ele demonstra isso.

—Não se iluda, Demi. Ele pode até gostar de você, mas não do jeito que você quer. — Sterling parou para encará-la

—Eu não quero — ela estava desconcertada depois do termo que Sterling usou — Eu só acho.

—Não ache. É melhor pra você.

—Por quê?

—Ele tem namorada, Demi. Ele namora há quase dois anos.

Ela sentiu aquela sensação de ter sido tão boba. Como não pôde notar que ele sempre ficava estranho quando via que estava tendo conversas muito pessoais com ela? Ou quando ele falava alguma coisa gentil e via que ela ficava sem graça, sabendo que ela havia gostado daquilo?. Como pôde ser tão burra em não perceber isso? Mas porque ele demonstrava ciúmes? Porque ele dava esperanças? Porque ele era tão fofo?

—Desilusão? — Sterling a encarava vendo seus olhos cheios de lágrima

—A palavra é decepção Ster. Decepção. — ela o abraçou tentando não parecer tão abalada. Ela havia se iludido de novo. —Mas não estou chateada com ele, estou chateada comigo mesma.

—Não fica assim ok? Você não é a primeira que passar por isso. Aconteceu a mesma coisa com Tiffany. Mas com ela foi diferente. Ele ainda não namorava e Tiffany sempre gostou dele desde pequenos, e quando ela achou que iriam ficar juntos ele começou a namorar a Ashley. Desde aí eles não se separam mais, só que ela mora em outra cidade e vem pra cá nos finais de semana ou ele vai pra lá. Ela é filha do sócio do pai dele, então o namoro é agradável a todos porque assim os negócios ficam em família.

—Ela é bonita? — Demi sabia que a pergunta era idiota, mas seu orgulho feminino falou mais alto.

—Ela é linda. Linda mesmo. — Sterling confirmou