Ela ainda estava meio zonza pela bebedeira da noite anterior e Dallas nesse momento mostrava o namorado, que aparecia na webcam para a mãe. Demi sabia que a irmã não contaria nada do que aconteceu entre ela e Wilmer, mas estava com medo de que isso acontecesse. Mamãe já havia lhe recomendado pra se manter longe daquele canalha, mas Demi sabia que no fundo ele era uma boa pessoa. Andou de um lado para o outro no seu quarto e tentou não pensar nele.

—Demi! — mamãe gritou — Visita pra você, querida.

Visita? Só podia ser Joe. Ela tinha certeza de que era ele. Passou um batom, um blush e  ajeitou a roupa tentando parecer mais apresentável e desceu as escadas passando as mão pelos cabelos castanhos e travou quando viu Sterling em pé ao lado do sofá olhando para um foto dela que estava em cima da lareira e sorrindo

—Viu como desde pequena eu sou linda? — ela brincou

—Demi!? — ele pareceu desajeitado — Posso te dar um abraço?

Ela cerrou os olhos pensando que havia escutado errado. A expressão dele não mudou, ele estava sério e aquilo mexeu de certa forma com ela.

—Claro! Porque não poderia? — Ela abriu os braços e ele se aproximou dela — Você é meu gatinho. Esqueceu?

Ela o abraçou e sentiu os braços dele a envolvendo. Fechou os olhos querendo que aquele momento durasse bastante, e foi o que aconteceu. Ainda a abraçando ele disse:

—Fiquei tão preocupado com você. Graças a Deus você está bem. — ele a apertou

—Preocupado comigo por quê? Eu estou bem — ela tentava passar segurança

—Sei lá. Acho que sou um bobo — ele a encarou segurando suas mãos — Fique com medo daquele cara te machucar. Eu sou um idiota, desculpa.

—Ster, eu não estou entendendo. Quem ia me machucar?

—O cara bêbado que estava conversando com você no momento em que você conversava com o Joe. — ele abaixou a cabeça parecendo envergonhado

—Wilmer? Ah! Ele é meu ex. Um babaca, estúpido, grosseiro, inútil e todas as palavras ofensivas que você possa imaginar. — ela sorriu quando viu uma pontada de felicidade surgir no rosto dele. — Ei! Muda essa cara. — ela pediu — Eu estou bem, ok?

Ele fez sinal de afirmação com a cabeça e ela sentiu seu coração acelerar e como num impulso ela o puxou para outro abraço.

—Acho que eu gosto de você. —ele sussurrou no ouvido dela

-----------------*----------------------------*-------------------------------*-------------------------------*

Demi fez um chocolate quente e durante um bom tempo, eles conversaram sobre a vida e sobre qual faculdade tinha em mente. Contaram coisas engraçadas e coisas que sabiam fazer

—Eu faço curso de francês há dois anos — Sterling contou querendo impressionar

—Eu falo francês fluentemente — Demi esnobou e gargalhou quando viu os ombros dele caírem. — Meu pai mora na frança, mas não é por isso que sei falar. Eu falo francês porque é a língua que ele estudou por anos e cresci escutando ele falar francês.

—Ok. Eu nunca namorei ninguém. Quero dizer, eu nunca apresentei nenhuma garota pra minha mãe. Nunca namorei sério.

—Eu namorei o Wilmer por seis meses. — Demi abaixou a cabeça

—Desculpa perguntar, mas porque vocês terminaram? — ele tomou um gole do seu chocolate

—Porque ele me traiu.

Doía falar nisso, porque todas as vezes que ela falava se lembrava de o ver beijando outra garota e ficou espionando de longe pra ter certeza do que estava vendo. E pra ele não ter a chance de negar ela tirou até fotos. Babaca.

—Que idiota — Sterling protestou — Se você quiser, eu posso bater nele.

Eles riram e Demi sentiu uma satisfação imensa de tê-lo por perto. Sterling a encarava “ela é linda” ele pensou. Só Deus sabe como ele havia dormido mal pensando nela e como ele passou o dia contando as horas para vê-la. “o que está acontecendo comigo?”

—Minha família tem um chalé na Escócia. — Sterling continuou coma brincadeira

—Sua família é escocesa? Daquelas em que os homens usam saias? — ela segurava o riso.

—É, mas eu não uso. É patético

—É cultura. — Demi o corrigiu e continuou — Minha família não tem tantos bens, na realidade quem tem dinheiro mesmo é meu pai.

—No que seu pai trabalha? — Sterling quis saber.

—Ele é dono de uma grife especializada em roupas masculinas, um grande empresário. Agora me fala da onde você tem tanto dinheiro?

—Meu pai era fazendeiro, agora é minha mãe quem cuida das fazendas.

—Quantas? — Demi perguntou

—São 8. — ele sorriu

—Você gosta de fazenda?

—Eu amo tudo que diz respeito ao meu pai. Inclusive fazendas.

Ficaram conversando durante horas, sem perceber o quanto o tempo havia passado. Sterling foi embora e Demi sentiu a real necessidade de recuperar o sono da noite anterior, deitou-se em sua cama e aquela frase não saía da sua cabeça.

'Acho que gosto de você', 'Acho que eu gosto de você', 'Acho que eu gosto de você'

E ela dormiu.