CAPÍTULO 28

POV's Stella

Eu estava tão distraída que esbarrei em alguém e com certeza teria caído se essa pessoa não tivesse me segurado.

“Wow, pra que tanta presa, irmãzinha? Indo fazer coisas indevidas no chalé do Nico?” já sabem que falou isso, né? E também sabem que eu fiquei completamente vermelha.

“Claro que não, retardado.” falei, tentando esconder minha vergonha.

“Uummhhh.... vou fingir que acredito.”

“Sabe, Percy, ao contrário de você, algumas pessoas não tem a mente tão poluída.” falou Annabeth, que apareceu do nada, segurando o boné dos Yankes.

“Apoiada” falei.

“Então o que você vai fazer lá?” ele perguntou, como se não conseguisse achar outro motivo pra eu ir ao chalé do meu namorado.

“Eu preciso falar com ele”

“Eu acho que ele está dormindo.” Annie falou. “Além disso, estou indo chamar todos os líderes de chalé pra uma reunião urgente. Mais deusas sumiram.”

“Todas, menos uma.” sussurrei, lembrando do sonho.

“O que você disse?” perguntou Percy.

“Eu tive um sonho” falei e Annie franziu a testa.

“Stella, chame o Nico. Percy, chame o resto dos conselheiros.” ao falar isso, Annabeth saiu correndo, com os cabelos loiros brilhando e esvoaçando no vento.

Eu olhei pro Percy, que se limitou a dar de ombros e então também correu.

“Então tá...” murmurei e saí correndo também.

Fui ao chalé de Hades e bati na porta, ninguém falou nada e imaginei que ele ainda estava dormindo. Abri a porta e fui até a cama, onde ele estava do mesmo jeito de sempre, todo espalhado e descoberto, sem camisa. O quarto estava meio frio, mas ele não parecia ligar. Fiquei olhando ele, mas então lembrei do que tinha vindo fazer. Me aproximei e balancei o ombro dele.

“Nico, acorda...” falei no ouvido dele.

“Não... eu quero dormir...” ele resmungou virando pro outro lado. Notei que ele estava com a corrente com a chave no pescoço. Que fofo, mas a gente está sem tempo. Okay, nova estratégia.

“Nico!!! Acorda, homem!!!!” gritei, e ele caiu da cama. Comecei a rir que nem uma louca. “Você tem que ver sua cara”

“Quer me matar do coração?” ele reclamou enquanto levantava.

“Essa foi a vingança por todos os sustos que você já me deu.” falei sorrindo e fui abraçar ele.

“Não sabia que era vingativa...” ele falou, com o rosto no meu cabelo.

“Só ás vezes. Mas eu não vim aqui pra me vingar, Annabeth mandou chamar pra uma reunião sobre as deusas perdidas.”

“Reunião?” ele perguntou, já revirando o armário e pegando um jeans e uma camisa.

“Sim, urgente.” falei, sentando na cama.

Ele entrou no banheiro e eu fiquei divagando sobre hoje mais cedo, nossas declarações e tudo mais...

Eu estava brincando com os medalhões quando ele saiu do banheiro. Nem notei se tinha demorado ou não, de tão distraída.

“Vamos?” ele perguntou.

“Claro” levantei e fomos para a casa grande. Quanod chegamos lá, dei um selinho nele, e me despedi, já que eu não era líder, não ia participar da reunião.

Fiquei sentada no batente, pensando em como eu ia fazer pra me livrar de minhas amigas fadas, mas não consegui pensar por muito tempo, porque Percy apareceu lá e sentou ao meu lado.

“Estão querendo que você vá lá dentro e fale o seu sonho.” ele falou.

“É... o quê?” perguntei.

“É que ninguém sabe nada sobre o que está acontecendo, seu sonho é a única ligação que temos com as deusas, nossa única chance de chegar até elas.”

“Eu... não sei. O sonho não diz nada sobre onde elas estão...” falei incerta.

“Qualquer informação pode ajudar, Stell” ele falou, passando o braço por meus ombros.

“Está bem. Vamos logo com isso”

Nós levantamos e entramos na casa grande, onde fomos até uma porta no fim de um corredor. A porta dava num tipo de sala de recreação, com uma grande mesa de ping pong onde estavam os conselheiros dos chalés.

Todos os olhares se voltaram pra mim, me deixando sem graça. Claro que como princesa eu tinha falado em público várias vezes, mas aqui era diferente, eu era a única que tinha alguma notícia sobre o mistério das deusas, e isso era muita pressão. Quero dizer, eram minhas “tias”, minha avó (Hera) e o destino do mundo, porque se não achássemos respostas os deuses iam começar a culpar uns aos outros e isso definitivamente não era legal.

“Tudo bem, Stell” Percy, sussurrou tão baixo que só eu ouvi. “Fala pra eles do seu sonho.”

Eu contei o sonho, descrevendo tudo, desde a sala luxuosa, até as feições das deusas, mas a parte mais estranha foi quando falei sobre os estranhos com orelhas pontudas e garras.

“Nunca ouvi falar de nada parecido com isso.” falou Annabeth. E se Annabeth não sabia era bem difícil que alguém soubesse.

“Já vi uma coisa parecida, em um livro de cultura oriental...” falou Quíron, pensativo.

“Eu preciso ir ao Olimpo. Annabeth, lembre-se do 'Castelo no ar'” falando isso, Quíron saiu da sala, deixando um bando de semideuses confusos, e uma Annabeth pensativa.

“O castelo no ar?” perguntou Annabeth, “Djim? Pensei que não existissem.”

“Annabeth, você é filha de uma deusa!” Percy revirou os olhos. “Porque djins não podem ser reais? Aliás, o que é um djim?”

“Essa é uma ótima pergunta.” falou Nico, que tinha estado calado por muito tempo.

“Faz muito tempo que não leio o livro, eu ainda tinha uns nove anos... tenho que ler de novo.”

“E o que a gente vai fazer até lá?” ouvi Will perguntar.

“Vamos treinar. Ficar melhores do que nunca, tentar achar esse lugar que Stella sonhou.” falou Annie.

Aos poucos o povo foi saindo, e só sobrou eu, Percy, Annabeth, Nico e Will, que me deu um sorriso gentil e saiu também.

“Que história é essa de cultura oriental? Perguntou Percy.

“Ah, é um livro de ficção com algumas coisas da cultura oriental. Tipo esse negócio de tapete voador, gênio da lâmpada...”

“e djins.” completou Nico. “Nunca ouvi falar neles.”

“Eu só vi nesse livro, quer dizer não é uma coisa muito conhecida, nunca achei que pudesse ser real.” falou Annie. “Eu tenho que ler o livro.” então ela se levantou e nos deixou com cara de retardados.

“Eu definitivamente nunca vou entender Annabeth...” falou Percy se levantando. “Tchau pra vocês”

Agora éramos só nós dois, e eu tinha outro sonho pra contar. Saímos da sala com as mãos entrelaçadas. Eu não prestei atenção no caminho, estava tentando pensar no que fazer. Eu estava morrendo de saudades delas, mas eu não queria voltar pra Sollaria, não agora que eu achei o amor da minha vida.

“O que está te incomodando, Fadinha?” Nico perguntou, me abraçando por trás. Ele me conhecia bem, apesar do pouco tempo que teve pra isso.

“Eu... tive outro sonho.” sussurrei., abaixando a cabeça.

“Quer contar?” ele perguntou, tirando uma mecha de cabelo que caiu no meu rosto. Concordei com a cabeça. “Vem, vamos pra um lugar mais discreto”

Ele me levou pra parte de trás do chalé de Hades, onde podíamos falar sem medo de sermos ouvidos.

Ele sentou o batente e eu sentei ao lado seu lado. Ele envolveu meus ombros com o braço, do mesmo jeito que Percy tinha feito mais cedo, e eu deitei minha cabeça em seu ombro. Ficamos em silêncio, até que ele o quebrou.

“Sabe que pode me contar qualquer coisa.” me limitei a assenti. “Tem haver com sua família?”

“T-tem” solucei, enquanto notava que estava chorando, e pensava em como eu estava sentimental esses dias. Ele me abraçou e enterrei o rosto na camisa dele.

“Não chore, eu vou estar sempre com você, desde que você me queira por perto.”

“Eu estou com medo. Sonhei que eles estavam aqui”

“Seus pais?”

“Não, meus amigos”

“Você... quer ir procurá-los?”

“Quero, mas tenho medo...” falei, entre os soluços. “Medo de me tirarem de perto de você”

“Se eles tentarem, eu luto até meu último suspiro por você.”

“Você é a melhor coisa que me aconteceu.” sorri em meio às lágrimas, olhando o lindo rosto dele. “Está bem, vamos” enxuguei as lágrimas e sorri.

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A gente falou com Annabeth, que achou meio estranho, mas não nos impediu, depois fomos pra garagem improvisada e pegamos o carro de Nico. O caminho todo foi em silêncio. Eu não tinha pegado nada além do ipod que Nico me deu, e ele também não levou nada.

Quando chegamos na mansão dele, eu fui pro meu quarto e ele pro dele. Tomei um banho rápido, coloquei um short e uma camiseta e me joguei na cama, colocando os fones e ligando o ipod. As músicas eram boas, muito boas. Eu estava completamente à vontade, até que a campainha tocou. Me levantei, tirei os fones e fui direto pra o quarto de Nico.

“Acho que são eles” falei, depois que ele mandou entrar. Ele estava sem camisa, só com uma bermuda preta, o que me distraiu um pouco, devo admitir. Parecia que tinha acabado de sair de um banho.

“Quer que eu vá com você?” ele perguntou, secando o cabelo com uma toalha.

“Acho que tenho que fazer isso sozinha.”

“Tudo bem, qualquer coisa, é só chamar.” ele respondeu, colocando meu cabelo atrás da orelha. Sorri, agradecida e sai, correndo até a porta e depois andando pelo jardim. Pude reconhecê-los à distância.

Quando abri o grande portão, fui sufocada por um abraço de todas as meninas, depois os meninos me abraçaram mas não tão calorosos.

Então, escutei uma trovoada e notei que o céu estava se agitando em pesadas nuvens de chuva. Revirei os olhos, Zeus é tão... argh!

“Melhor a gente entrar.” falei.

Nós nos acomodamos nos pufes e sofás da sala de estar, permanecendo em silêncio por alguns instantes.

“Estou contente que estejam aqui, mas como me acharam?” perguntei.

“Uma informante nos disse onde estava.” falou Sky, sendo evasivo.

“Você por acaso tem noção do perigo de estar assim, sozinha?” perguntou Nabur. Eu me encolhi, lembrando da noite em que cheguei aqui, se não fosse Nico...

“Não estou sozinha.” falei em desafio, me empertigando. “E acredite estou bem melhor aqui.”

“A questão não é essa.” falou Riven. “A questão é que você deixou todos morrendo de preocupação, quase causou um colapso.” as palavras dele me deixaram paralisada, eu já sabia disso, mas o tom de desapontamento da voz dele me machucou.

“Stella, poderia ter sido usada por alguém como pretexto pra uma nova guerra, pensei que você fosse mais responsável.” quando Elliot disse isso, eu me senti pior ainda. “Por que fez isso?”

“Não pensou nas consequência, você foi infantil” falou Jimmy.

Eu não consegui encontrar minha voz, não consegui me mover, só senti as lágrimas escapando, e vi a pena nos olhos de minhas amigas.

“Eu não podia, será que vocês não entendem?” me levantei, com raiva deles, com raiva deles me falando como eu tinha sido idiota. “Achei que pelo menos vocês entenderiam!” falei ríspida para as meninas.

“Nós entendemos, dissemos a eles pra não forçarem você” falou Musa.

“Sabemos como se sente.” falou Bloom, indo pro meu lado e me abraçando.

“N-não demonstram isso” solucei.

“Oh, amiga! Sabemos como se sente e teríamos feito o mesmo.” falou Flora.

“É, que se danem as consequências.” falou Tecna, me pegando totalmente de surpresa, ela que era a mais racional e agora estava, ao meu lado, passando a mão no meu cabelo, e falando pra não ligar pra nenhuma consequência.

“Só queríamos te ajudar...” começou Layla.

“Me ajudar?!” perguntei com a voz esganiçada, me livrando delas, e me afastando de todo grupo. “Trazendo eles direto a mim?!”

“Não estamos trazendo eles, estamos tentando te avisar.” falou Musa. “Te avisar que eles virão atrás de você, querem te levar a força.”

“O quê?” dessa vez minha voz não passou de um sussurro.

“Querem te levar de volta, usando um tipo de pedra ou algo assim.” falou Sky.

“Melhor se acalmar, Stella. Vamos lhe contar tudo.” a voz de Elliot era calma e gentil, e embora ainda estivesse um pouco aborrecida, sentei com eles e tentei manter meu rosto calmo.

“Tudo bem, podem começar.” falei, com a voz um pouco mais fria do que pretendia, depois tentei ser mais amistosa. “Me desculpem por antes”

“Tudo bem, te entendemos perfeitamente. Estamos chocadas que eles não entendam.” falou Layla, lançando um olhar triste a Nabur.

“Vocês...” fiquei tentada a contar sobre Nico a elas, mas achei melhor não contar, não agora, talvez uma outra hora. “Deixa pra lá. Me contem o que andou acontecendo na minha ausência”

Eles falaram de uma garota muito bonita, de cabelos escuros com mechas vermelhas, falaram que ela tinha um tipo de mestre ou algo assim. Essa parte da conversa me deixou com aquela sensação perturbadora de que eu estava deixando alguma coisa escapar, mas eu nçao consegui descobri o quê. Eles também me contaram que se eles não conseguissem me convencer a voltar, os outros iam fazer com que eu voltasse à força, usando a Pedra do Sol. Isso era um golpe extremamente baixo, e eu comentei isso.

“Bom, você não deu outra opção a eles” comentou Riven, mas em um tom de brincadeira que aliviou a tensão, especialmente porque eu dei língua pra ele como uma criancinha.

“Nosso tempo está acabando” falou Sky, sério, ele estava sendo o mais chato até agora, tentando manter o controle! Revirei os olhos.

“Você vai voltar com a gente?” perguntou Bloom, e pelo olhar dela eu soube que ela já sabia da resposta.

“Não.” respondi, pensando em Nico no andar de cima, tão gentil, tão perfeito. Eu ia ficar ao lado dele até o último segundo possível. E além disso, tinha uma chance (Microscópica, eu sei) de que o plano do conselho falhasse e eu não queria desperdiçá-la.

“Sabia que você diria isso.” falou Flora.

“então por que teve essa ideia?” eu pensei em perguntar, mas Timmy foi mais rápido que eu.

“Porque não parecia certo deixar que a pegassem sem tentar.” ela respondeu dando de ombros.

“Sabe, eu amo vocês” falei, sorrindo. “Mas acho que é melhor vocês irem logo, como vocês disseram, não há tempo.”

“O que você vai fazer?”

“Vou pra um lugar onde vai ser realmente difícil alguém me achar. Um lugar seguro pra alguém como eu.” falei, eu ia voltar pro acampamento, onde eles não iam me achar. A distância não impediria o poder da Pedra, mas o diminuiria consideravelmente. “Não falem sobre nossa conversa, nem todos são confiáveis.”

“Nós percebemos isso.” falou Musa.

Depois disso, nos despedimos e eles se foram. Me deixando com o coração apertado. Eu ia ficar bem no acampamento, mas se eles resolvessem executar o plano mais cedo, eu não sabia o que aconteceria. Ou melhor, eu sabia, mas era muito ruim e eu não queria começar a formar imagens na minha cabeça.

Voltei ao quarto de Nico, que estava dedilhando o violão preto, ele parecia distraído, mas só parecia, porque assim que abri a porta, ele estava alerta, em pé.

“E então?” ele perguntou, quando viu que não havia nenhum perigo aparente.

“Está tudo bem por enquanto.” falei, me sentando na beira da cama, ele me seguiu e também se sentou. “Eles tem um plano B” minha voz soou muito desanimada.

“É muito ruim?” ele perguntou.

“Pior do que eu pensava. Vão me levar à força.”

“Não vou deixar.” ele rosnou, a voz cheia de raiva. “Eles vão tem que passar por mim e pela minha espada antes.”

“Não é tão simples assim.” falei, me aproximando mais dele. “Eles vão usar uma magia muito antiga. Está vendo o meu anel?” perguntei mostrando o anel que era meu por direito, que sempre me ajudou, mas também já me meteu em vários problemas pelo poder que tinha. Já tinha dito a ele que era o Cetro do Sol, uma das armas mais poderosas de toda a Dimensão Mágica.

“Sim, é o seu Cetro. Mas o que tem ele?”

“É feito de uma pedra especial, uma Pedra do Sol, são muito, muito raras.” falei, percebendo que ele estava cada vez mais confuso. “As únicas pedras que sobraram estão no poder da família real, uma está aqui, no Cetro do Sol e outra está com meus pais.” reprimi um impulso de completar a frase, aqui em Nova York. “A Pedra do Sol reage de uma forma estranha perto de outra pedra, elas se atraem feito ímãs.” ele pareceu entender.

“Então vamos nos livrar do anel.” ele falou.

“Queria que fosse simples assim, mas o anel está preso a mim.” falei. “Bom, não fisicamente, eu quero dizer que mesmo que o coloquemos o mais longe possível de mim, ele ainda será parte de mim, sempre é parte de uma princesa ou rainha, ele meio que escolhe, e ele me esoclheu. Não temos opção, o Cetro escolhe seu portador, ele me escolheu e agora somos um parte do outro.”

“Não entendo a onde você quer chegar.” ele admitiu.

“Quero dizer que se chegarem perto de mim com qualquer pedra do Sol, mesmo que um pedaço minúsculo, vai me puxar pra ela, ou eu vou puxá-la pra mim. Não tem como escapar se chegarem perto o bastante pra que eu sentia a pedra, eu entraria num tipo de transe eu acho. Nunca aconteceu, mas eu não quero ser a primeira, não quero ser domada por uma pedra.” estremeci e me encolhi, no círculo protetor dos braços de Nico.

“Então nós vamos pra longe.” ele falou, finalmente seguindo meu raciocínio. “Pro Acampamento.”

“É nossa melhor chance.” falei.

“Acho melhor Nós dormimos esta noite, foi um dia cheio.” ele falou.

“Não quero ficar sozinha.” sussurrei baixinho, mas ele ouviu.

“Podemos ficar juntos.”

E foi assim, eu adormeci aninhada a Nico, com sue braços me protegendo. E podem acreditar, foi uma ótima noite se sono sem sonhos.

Quando acordei, me virei na cama, e vi que durante a noite, Nico não tinha me soltado, ele estava do mesmo jeito que dormiu, o que fez com que meus lábios ficassem a centímetros dos dele. Tentei me soltar dele suavemente, mas ele estreitou o aperto e quando eu tentei de novo acordou.

“Bom dia!” falei, sorrindo e me levantando.

“Bom dia” ele falou piscando contra a luz do sol que se infiltrava pela porta-janela.

“Vou tomar banho, okay?” falei saindo do quarto dele e indo pro meu próprio.

Tomei banho rapidamente, e só então me lembrei que todas as minhas coisas estavam no acampamento. Ótimo! Agora eu vou ter que ir falar com Nico só de toalha! Maravilha! Não podia ser melhor. Senti meu rosto ficar todo vermelho, e eu nem tinha saído do banheiro, imagine quando o visse. Droga, droga, droga, droga!

Me enxuguei e fui ao quarto dele, batendo na porta timidamente. Por favor, ainda esteja tomando banho, pensei esperançosa, mas então ele mandou entrar. Quando entrei, ele estava de costas pra mim, procurando uma camisa no closet. Aproveitei que ele não podia me ver e comecei a falar.

“Será que Annabeth se incomoda se eu pegar uma roupa dela?”

“Claro que não.” ele respondeu, ainda no closet. “Por que você precisa de uma roupa dela?”

“Todas as minhas coisas ficaram no Acampamento” respondi. Nessa hora ele saiu do closet e seus olhos se arregalaram quando ele me viu. Me encolhi, desconfortável e senti meu rosto corar de novo. “Então, eu vou lá no quarto dela.” falei, começando a me virar pra sair do quarto, mas de uma forma muito louca ele conseguiu me segurar pelo braço.

“Espera” ele falou no meu ouvido. E começou a me beijar. Fui pega de surpresa e retribui o beijo.

Eu poderia continuar assim, mas então senti que estava em movimento, e e segundos minhas costas descansavam nos travesseiros.

“Nico, para” falei, empurrando ele, mas ele não pareceu ouvir. Suas mãos apertavam minha cintura. “Para, Nico!” minha voz soou mais alta que da primeira vez. Ele me soltou e se levantou, ficando de costas pra mim. No silêncio que se instalou o único som era o da minha respiração, que estava ofegante.

“Eu...Stella, eu sinto muito, não sei o que em mim” ele falou rápido, as palavras se atropelando.

Me levantei e fui pra frente dele, ele desviou o olhar.

“Tudo bem” falei. “Eu não devia ter vindo dessa forma”

“Não, a culpa foi minha.” ele falou, sem olhar pra mim. “Eu não me controlei. Poderia ter te machucado. Eu não... eu não...”

“Não se preocupe, você parou, é o que importa.”

“Não, isso foi imperdoável.” ele falou, com raiva, mas a raiva era direcionada pra ele mesmo.

“Não foi, eu já te perdoei.” falei com convicção.

“Está falando isso pra que eu me sinta melhor, mas isso não muda o que eu quase fiz.”

“Não, não estou. Estou falando isso porque é a verdade.” falei e fiquei na ponta dos pés e puxei o rosto dele pra mim, encostando nossos lábios. Ele não se moveu, então me afastei, olhando nos olhos dele.

“Ainda não acredita que eu estava falando sério?” perguntei. Ele desviou o olhar. “Nicolas di Angelo, olha pra mim.” ele continuou encarando o chão. “Tudo bem , então não olha. Foi só um deslize, acontece, Nico.” ele não deu sinal de ter ouvido. “O defeito mortal dos filhos de Hades é guardar rancor, mesmo que o rancor seja dele mesmo. Me procura quando estiver pronto a se perdoar.” suspirei e saí do quarto.