You Are My Star escrita por Fernanda Redfield


Capítulo 4
Dor


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpe a demora... Mas foi tanto rolo nos últimos dias que eu até fiquei meio perdida para escrever!

Minhas aulas da faculdade começaram e eu estou surtando, sem mencionar que o curso é integral e eu tenho tempo de escrever apenas entre as aulas... Acho que nunca estudei tanto como agora HAUHUSHUSHASUHSUA

Enfim, eu particularmente adoro esse capítulo e espero que vocês curtam também!

Boa leitura! Ah, mais uma vez, obrigada pelos reviews, seus lindos e suas lindas! *o*

PS: Esse capítulo não tem música, mas eu adoraria que vocês lessem enquanto escutam Bad Day (Daniel Powter) e All I Know (Matt Wertz). Tenho certeza que vão gostar.



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            Quinn saiu do táxi carregando suas malas e olhou para a casa do endereço que passara para o condutor. Era uma casa grande, não tão grande quanto a Mansão Fabray, mas ainda era bem grande comparada as casas modestas de Lima. A loira deu um sorriso divertido, Santana não ia querer fazer mau uso do dinheiro que ganhava como advogada.

            Quinn atravessou o gramado e tocou a campainha, ouviu passos do outro lado e um “já vou” irritado. Cinco minutos depois, a porta abriu.

            Santana continuava a mesma, porém, os cabelos estavam mais curtos e ela não usava mais o uniforme das Cheerios, usava um terninho e tinha uma maleta na mão. A latina ficou uns trinta segundos olhando para Quinn atônita, até que ela explodiu, jogou os braços no pescoço da amiga e gritou:

            - QUINN!

            - Nossa! E eu ainda achava que você era insensível... – Quinn comentou impressionada enquanto soltava as malas e apertava a amiga junto de si. Santana pulou ainda abraçada com ela enquanto ria, Quinn acabou rindo também. Podiam ter brigado, discutido, se agredido... Mas ninguém conseguia entender o quão verdadeira e sincera era a amizade entre Quinn Fabray e Santana Lopez.

            A latina separou-se de Quinn e olhou para ela por uns bons minutos, com um sorriso animado no rosto e os olhos brilhando de excitação, as duas estavam emocionadas demais para falarem alguma coisa. Houve outra série de passos na escada, Brittany aterrissou ao lado de Santana sem nem olhar para Quinn e perguntou:

            - Quinn?

            - Eu estou aqui, B! – Quinn disse rindo, a outra loira virou-se assustada e segundos depois, também estava pendurada no pescoço de Quinn e murmurando freneticamente:

            - Como você aparece aqui do nada? Podia ter avisado... Sentimos falta de você!

            - Sentimos mesmo, sua bitch! – Santana disse irônica enquanto observava Brittany se separar de Quinn. – Foram quatro anos, Fabray! Podia ter vindo nos visitar!

            - Achei que tivesse deixado muito claro que eu não ia voltar mais para Lima depois daquele dia! – Quinn defendeu-se melancólica enquanto se lembrava da fatídica noite de quatro anos atrás... Brittany percebeu a expressão da amiga recém-chegada e disse rapidamente:

            - Podemos discutir isso mais tarde, vamos entrar. Está muito frio e nós temos muito que colocar em dia!

            Quinn sorriu agradecida e apanhou as malas antes de entrar, deixou tudo ao pé da escada e foi para a cozinha, onde Santana e Brittany a esperavam, Santana sentou-se na mesa enquanto Brittany foi apanhar algo na geladeira. A latina continuava a olhar para Quinn um pouco irritada, a loira arqueou a sobrancelha e perguntou sarcástica:

            - Então, Sant finalmente resolveu ter um pouco de coração e dar uma chance para o amor?

            - Cale a boca, Fabray. Você ainda não recuperou os quatro anos de respeito perdidos comigo! – Santana respondeu maldosa, provocando risos em Quinn e um olhar repreensivo de Brittany. A outra loira depositou três garrafas de cerveja na mesa e perguntou animada:

            - Você sabia que ela estava querendo vir atrás de mim?

            - Se eu sabia, B? Ela não parava de falar de você quando nos encontrávamos em Columbia... Sem mencionar que ela vivia me dizendo “assim que eu conseguir dinheiro, saio de NYC e voltou para Lima atrás dela”. – Quinn respondeu sincera, provocando a vergonha de Santana (nesse momento, a latina estava quase enfiando-se embaixo da mesa) e olhinhos brilhando em Brittany. A outra loira deu um beijo na latina que pareceu ainda mais envergonhada, depois, virou-se para Quinn e disse séria:

            - Podemos contar como foi que voltamos desde que você nos conte o que está fazendo aqui.

            - Garanto que a minha história não é emocionante... – Quinn respondeu vagamente e tomando um gole da cerveja. Santana tomou um gole da sua também e revirou os olhos, depois disparou direta:

            - Você nos deve isso, Fabray! Foram quatro anos perdidos porque a senhorita resolveu desaparecer do mapa, você tem o dever de nos contar!

            - Eu não desapareci do mapa, estava no Presbyterian, trabalhando. Pelo que eu saiba, a distância daqui até NYC é a mesma de NYC até aqui! Vocês podiam ter ido me visitar, a culpa não é só minha! – Quinn respondeu irônica, os olhos de Santana arderam e por alguns minutos, a médica achou que Santana ia bater nela. As duas ainda estavam soltando faíscas pelos olhos quando Brittany disse apaziguadora:

            - Olha, eu sei que vocês duas precisam demonstrar todo esse amor canalizado por quatro anos... Mas deixem isso pra depois, precisamos colocar o assunto em dia!

            - Precisamos colocar o assunto em dia e eu realmente quero saber como vocês duas ficaram juntas! – Quinn disse sorrindo para Brittany, a outra loira sorriu de volta e Santana revirou os olhos incomodada. Brittany estava com os olhos brilhando, ela pigarreou e respondeu excitada:

            - Sant apareceu no meu estúdio há dois anos, pediu para conversar comigo a sós e quando vi, ela já tinha me jogado na parede e estava me beijando.

            - Bem o estilo de Santana Lopez resolver os problemas amorosos, não é mesmo? – Quinn comentou maliciosa e olhando de esguelha para Santana, a latina acabou rindo e segurou a mão de Brittany que estava sobre a mesa, olhando apaixonada para a dançarina. Santana pigarreou e disse:

            - Nem foi assim, antes de aparecer no estúdio dela... Eu mandei flores anonimamente por duas semanas, mas B estava tão preocupada me beijando que resolveu me perguntar se era eu quem estava enviando as rosas duas horas depois, quando estávamos na minha cama.

            - Own que fofo, Lopez! Realmente, me surpreendo mais e mais com suas demonstrações de sentimentos. Já te disse que acreditava que você não tinha coração? – Quinn comentou irônica e apertando a bochecha da latina, Santana deu um tapa na mão da amiga e disparou:

            - Chega de gracinhas, Fabray! Você fala e fala de mim, mas quem sempre tava com uma mulher diferente quando eu ia visitar era você!

            - Espera, espera! – Brittany gritou confusa quando Quinn ia responder, Santana olhou entre risos para a sua namorada que parecia confusa demais e encarava Quinn com surpresa. – Você é gay?

            - Sim, eu sou. – Quinn respondeu tranquilamente, tomando mais um gole da cerveja, agindo como se nada tivesse acontecido. Brittany ficou pálida e olhou para Santana exigindo uma explicação, mas a latina apenas deu de ombros. – Ai Meu Deus, ela vai desmaiar!

            - Eu te disse que a sua homossexualidade é assustadora! – Santana disse entre risos e batendo um high five com Quinn, as duas estavam gargalhando enquanto Brittany sentava-se na cadeira e perguntava aflita:

            - Desde quando?

            - Desde a faculdade, na realidade, eu acho que era gay desde o ensino médio... Mas nunca consegui assumir isso pra mim por causa da minha família! – Quinn respondeu normalmente, Brittany respirou fundo e disse:

            - Não vou dizer que eu não desconfiava, porque eu sempre desconfiei.

            - Aliás, eu continuo desconfiando que as cheerios da nossa turma eram tudo, menos heteros... – Santana disse com ar de quem sabe das coisas, Quinn fez um gesto de concordância e Brittany riu das duas. Em seguida, a dançarina perguntou interessada:

            - Mas afinal... O que você veio fazer em Lima depois de tanto tempo?

            - Estou aqui por causa do trabalho. – Quinn respondeu nervosa, tentando ignorar os olhares curiosos que Santana estava lhe mandando. A latina deu um sorrisinho de lado e perguntou:

            - Vai trabalhar no hospital?

            - Não, na realidade... Estou acompanhando um paciente! – Quinn estava com as mãos suando e não conseguia olhar para as duas, não queria nem imaginar o que Santana ia fazer quando descobrisse quem era a sua paciente. A latina já percebera que tinha algo errado, então perguntou novamente:

            - E o paciente é alguém que conhecemos, não é? Caso contrário, você não teria voltado para a cidade.

            - Sim, é alguém que conhecemos e não adianta vocês perguntarem por que eu não vou responder! – Quinn disse séria e tentando ignorar as caretas de decepção das duas. Santana soltou um muxoxo desconcertado, Brittany pareceu pensar um pouco e comentou como se não fosse nada:

            - A única pessoa que conhecemos que mora em NYC é a Berry...

            - Ah não, Q... – Santana começou a falar com um tom de voz fúnebre e olhando para Quinn com frustração. – Você não gosta da Berry, ou gosta?

            Quinn ficou calada, enquanto tomava um gole de sua cerveja e respirava fundo, tentando adquirir um pouco mais de coragem. Demorara quase cinco anos para assumir para si o que sentia por Rachel e ainda não era fácil assumir para suas melhores amigas. Brittany coçou o queixo e disse:

            - Na realidade, Quinn gostar de Rachel esclareceria os anos de perseguição, os apelidos, aqueles corações nos desenhos pornográficos...

            - Realmente faz sentido! – Santana exclamou excitada e dando um soco na mesa como se tivesse acabado de descobrir a cura do câncer, assustando Quinn e Brittany que estavam absortas demais em seus pensamentos. A médica olhou confusa para a latina que sorria de orelha a orelha. – Eu te pegava olhando as pernas dela! E olhando descaradamente ainda por cima!

            - Se vocês têm tanta certeza assim e se eu mandei tantos sinais, por que ainda querem a minha opinião? – Quinn disse fria enquanto arqueava a sobrancelha ameaçadoramente. Santana abriu um sorriso malicioso e disse:

            - Nós não queremos sua opinião, queremos que você comece a falar o que rolou entre vocês!

            - Não rolou nada e nem vai rolar. – Quinn respondeu direta desviando os olhos das duas que acabavam de trocar um olhar significativo entre si. Brittany segurou a mão de Quinn que ainda repousava na cerveja e disse otimista:

            - Você merece ser feliz, Q. Ainda mais depois de tudo que passou!

            - E mesmo não gostando da Berry e muito menos achá-la atraente... – Santana disse sincera, recebendo um olhar ácido de Quinn. – Nós vamos te ajudar.

            - Eu não preciso de ajuda! E nem quero. Ainda mais uma ajuda de vocês duas. – Quinn replicou indignada, mas as duas tornaram a trocar olhares e Brittany anunciou:

            - Resposta errada, Fabray. Descanse um pouco, vamos às compras amanhã.

            - Sim, você precisa estar incrível para a Berry no Natal das Pierce-Lopez! – Santana completou com um sorriso amigável, Quinn olhou com estranheza para as duas, sem conseguir pensar em como podia sair daquela situação.

***

            Rachel depositou as malas no degrau da porta de entrada, respirando fundo e tentando se acalmar. Uma música alta vinha de dentro da casa, Rachel sorriu, era algo na trilha sonora dos musicais da Broadway e que devido a sua ansiedade no momento, ela não conseguia identificar.

            A morena bateu na porta e abraçou a si mesma, procurando se esquentar naquele que prometia ser um dos Natais mais frios de Lima. Não ouve resposta, a música continuava alta e Rachel deu um sorrisinho, imaginando que seus pais sequer a esperavam naquele Natal.

            Rachel abriu a porta com cuidado, não havia ninguém na sala de estar e muito menos no corredor. Entrar na antiga casa dos Berry provocou uma melancolia e uma saudade que até então, a diva desconhecia, as fotos espalhadas pelo local só pioraram o imenso vazio em seu peito. Rachel respirou fundo tentando reunir um pouco de coragem, sempre se recusara a voltar a casa dos pais quando estava em Lima, mas diante dos acontecimentos na Broadway, o fim de seu relacionamento e o início de sua humilhação... A morena precisava de um pouco de carinho.

            - Acho que ouvi batidas na porta! – Hiram gritou por cima da música, Rachel deu um sorriso divertido e impressionada com o sexto sentido do pai. Ouviu alguém derrubar alguma coisa e Leroy exclamar:

            - Não ouvi nada e calma, ainda estou vivo! Só derrubei a panela de alumínio...

            - Isso não é uma panela, é uma tigela de alumínio! Lave-a novamente, preciso dela para colocar a salada. – Hiram ordenou com um tom de voz que muito lembrava o tom que Rachel Berry usava com sua assistente. A morena passou chegou a cozinha e ficou parada, observando os pais fazerem o almoço com um sorriso no rosto e escorada na parede.

            Os dois homens sequer perceberam que a filha estava ali.

            - Leroy! Quantas vezes eu tenho que te dizer que o alumínio não pode ser esfregado com a esponja de aço?! – Hiram disse desapontado enquanto tentava dividir-se entre cuidar a panela no fogo e bronquear o marido, Leroy estava irritado. Rachel conteve uma risadinha e disse:

            - Pelo visto, estou fazendo muita falta por aqui...

            Hiram parou de cozinhar imediatamente, Leroy virou-se com um enorme sorriso e correu para abraçar a filha. Rachel pulou no abraço que o pai lhe dava enquanto Leroy a carregava nos braços e girava com ela gritando eufórico:

            - Estrelinha!

            Rachel não conseguia parar de rir do pai enquanto Hiram quase chorava na pia, assim que Leroy parou com a euforia, Hiram aproximou-se devagar e deu um abraço choroso na filha dizendo:

            - Saudades de você querida, quase choro quando vou cozinhar algo e seu pai que tem que me ajudar em vez de você...

            - Não fala assim dele, papai... O pai se esforça bastante! – Rachel defendeu Leroy enquanto abraçava o enorme homem negro na cintura, Leroy mostrou a língua para o marido e em seguida, os três Berry riram.   

            Hiram olhou para a filha com algumas lágrimas nos olhos e um enorme sorriso orgulhoso na face. Estendeu a mão que Rachel aceitou prontamente e a puxou para um abraço saudoso, Rachel aconchegou-se ao corpo do pai tão pequeno como o próprio e disse entre lágrimas:

            - Eu senti falta de vocês dois...

            - Nós sabemos, querida... E também vimos as notícias na internet, você está bem? – Leroy perguntou enquanto se aproximava da dupla e afagava os cabelos da filha, Rachel separou-se de Hiram com um sorriso choroso. Precisou de alguns segundos para compreender que os pais estavam falando de Jesse St, James, passar tanto tempo com aquela nova versão de Quinn Fabray estava fazendo muito bem para ela, tão bem a ponto de fazê-la esquecer toda a mágoa de poucos dias atrás.

            Quinn conseguiu me fazer esquecer-se dele por alguns instantes... Me fez sentir as mesmas coisas que eu sentia com Finn e ainda  fez arder em mim uma força estranha que me empurra em direção a ela... Céus, eu estou pirando por causa dela!

            - Eu estou bem, na realidade. – Rachel tentou responder com um ar sóbrio e tranqüilo, mas conseguindo apenas uma mentira. Seus pais olharam para ela com desconfiança. – Era um relacionamento de mentira, nós apenas queríamos nos promover e eu nunca o amei depois de toda aquela confusão com o Vocal Adrenaline, achei que vocês dois soubessem disso.

            - Você nos enganou bem, estrelinha. Eu e seu pai achamos que você realmente gostava dele e que ficaria abalada com o fim de tudo... – Hiram disse com um sorriso compreensivo e Rachel pode perceber um ar aliviado também, a morena só pode dar um sorriso agradecido a ele. Leroy pigarreou e disse brincalhão:

            - Eu nunca gostei muito dele, mesmo. Aliás, preferiria até o Hudson a esse Jesse...

            A simples menção ao nome de Finn provocou um ligeiro desconforto no ambiente e lembranças muito incômodas vieram a mente de Rachel. Lembrou-se do baile de formatura que foi sozinha ao lado de Sam que acabara tornando-se um dos seus melhores amigos, também lembrou-se de Finn todo sorrisos enquanto as cheerios o rodeavam e também lembrou de Quinn... Sentada ao lado de Puck do outro lado do salão e com um sorriso incrível na face.

            E mais uma vez, ela tomou o lugar de Finn nos meus pensamentos... E eu que achava que não reparara em mais ninguém naquele baile além DELE. Mas ela estava lá, do outro lado, sorrindo para mim...

            E subitamente, ela realmente entendeu que talvez, seus sentimentos atuais por Quinn Fabray não fossem só amizade ou admiração pela pessoa que a cheerio acabara se tornando. Oito anos... O mundo dava voltas incríveis naquele espaço de tempo, mas sentimentos que pareciam estar reprimidos por quatro anos no Ensino Médio não mudavam nem mesmo com milhões de anos se passando.

            Eu sempre fui apaixonada pela Quinn... Só fui burra demais canalizando a rejeição em uma obsessão cega pelo Finn! OMG, o que vai ser de mim agora?

            Rachel ergueu os olhos para os pais que a observavam preocupados, Hiram deu um empurrão no marido e disse repreensivo:

            - Você acabou de fazê-la lembrar de coisas que eu tenho certeza que ela preferia esquecer...

            - Mas Rach superou aquele idiota do Hudson, tenho certeza disso! – Leroy disse na defensiva e olhando ofendido para o marido, mesmo diante da constatação amedrontadora de que poderia ser apaixonada desde sempre por Quinn Fabray, Rachel acabou dando um sorriso e disse:

            - Eu superei Finn há muito tempo, não se preocupem... Só preciso ser um pouco mais madura e aprender a lidar com as decepções e a realidade de forma menos dramática.

            - O que você quer dizer com isso, querida? – Hiram perguntou confuso enquanto piscava freneticamente, Leroy formou um ponto de interrogação na face e Rachel sorriu misteriosa enquanto dizia:

            - Quer dizer que eu vou subir pro meu quarto, descer na hora do almoço, sair a tarde e depois... Jantar com Mr. Schue.

            - Você vai subir porque precisa pensar e está escondendo algo da gente... O que aconteceu, Rach? – Leroy perguntou preocupado e aproximando-se da filha com carinho e proteção. Rachel negou com a cabeça e segundos depois, sentiu-se erguida no ar pelo pai que gritava:

            - Você não pode esconder nada de nós, estrelinha!

            - Ai Meu Deus, LEROY! Sua hérnia, esqueceu? – Hiram corria atrás do marido que carregava a filha pelas escadas em desespero e divertimento. Rachel gargalhava até a sua barriga doer.

            Definitivamente, eu estou em casa.

***

            Quinn estava preocupada, Rachel prometera ligar e até agora, não cumprira uma parte sequer do trato. A loira estava com saudades, aliás, pior... Aqueles poucos dias juntas no hospital e aquelas poucas horas compartilhadas no vôo para Lima só a fizeram perceber uma verdade que estava tornando-se universal...

            Eu não sei mais viver com a ausência dela.

            Quinn respirou fundo quando viu Santana e Brittany saírem da vigésima loja de roupas carregando mais sacolas do que as que tinham antes. A médica deu um sorriso amarelo e disse cansada quando as duas se aproximaram de si:

            - Espero que essa tenha sido a última loja, não agüento mais andar nesse shopping.

            - Você realmente está insuportável, Fabray... Pela primeira vez na vida, quero que a Berry apareça do nada. Talvez ela dê um jeito nesse seu humor de cão, ou melhor, de cadela mesmo! – Santana exclamou com maldade enquanto Quinn apenas revirava os olhos, estava começando a se acostumar com as demonstrações de afeto da latina. Brittany olhou de uma para a outra esperando alguma reação extrema e disse:

            - E que tal se fôssemos à loja de Kurt e Mercedes? Tenho certeza que eles adorariam ver Quinn!

            - Não acho que seja uma boa idéia eu aparecer do nada por lá. – Quinn opôs-se imediatamente a idéia, não queria nem pensar no que Kurt achava que ela fosse depois de desaparecer quatro anos... E ainda tinha Mercedes que não seria capaz de perdoar nem se ela implorasse de joelhos... Santana bufou irritada e disse:

            - Eles vão te ver daqui a uma semana na nossa casa quando dermos a festa de Natal, então, pode parar de drama... Nós vamos e ponto final.

            Quinn viu-se sendo puxada pelos braços pelas mãos de Santana e Brittany em direção a uma loja de aparência clássica, mas que revelava manequins com modelos modernos na vitrine. No topo, em letras douradas e rosa choque estava escrito “Hummel & Jones”. Quinn pegou-se rezando enquanto passava pelas elegantes portas de vidro.

            - Olá senhoritas, em que posso ajudá-las? – Um vendedor muito bonito e de aparência extremamente simpática perguntou educadamente as três garotas. Santana deu um sorrisinho bem falso e respondeu:

            - Estamos aqui para ver Kurt e Mercedes, diga que Santana e Brittany estão esperando no escritório.

            Sem nem esperar a resposta do vendedor, as duas garotas carregaram Quinn para a área interna da loja. Chegando lá, Quinn viu-se presa num escritório muito bem decorado em couro negro e branco, bastante amplo e com tons modernos. No centro dele, sentado em uma mesa não era Kurt e sim, Sam Evans.

            O loiro estava bem diferente do que Quinn lembrava-se dele, os cabelos continuavam com a mesma franja, mas ele deixara a jaqueta de futebol de lado e agora estava com uma camisa e calça social. Estava teclando freneticamente no computador e nem sequer levantou os olhos ao dizer brincalhão:

            - Eu sempre fico admirado com a educação de vocês duas...

            - Quieto, Evans! – Santana disse autoritária e provocou um sorriso de lado em Sam que continuou com os olhos no computador. Quinn olhou assustada para Brittany que apenas segurou uma risadinha. – Por que você não deixa de lado esse trabalho escravo que o Kurt manda você fazer e olha quem está aqui do nosso lado?

            Sam levantou os olhos com um sorriso leve no rosto, sorriso que se tornou enorme quando os olhos dele encontraram Quinn que acabou sorrindo de volta e abrindo os braços, chamando o rapaz para um abraço. Sam rompeu a pequena distância que os separava quase correndo e quando abraçou Quinn, a loira sentiu os músculos definidos dele ao girá-la no ar.

            - Sua maluca! Por que desapareceu?! – Sam perguntou indignado enquanto afastava-se do abraço esmagador que acabara de dar em Quinn, a loira sorriu amarelo querendo deixar claro que não ia responder àquela pergunta. Mas Sam continuou a olhar para ela com indagação e a loira viu-se perdida numa resposta:

            - Tive um pequeno problema com meus pais, acabei discutindo e saindo de casa... Depois disso, foram quatro longos anos de estudo em Columbia e agora, estou trabalhando no Presbyterian.

            - No Presbyterian? Caramba Q! Você está fazendo residência em um dos melhores hospitais do país! – Sam exclamou impressionado e um pouco orgulhoso, apanhando a loira pelos ombros e sorrindo para Santana e Brittany que riam dos dois. Quinn corou levemente e agradeceu com um aceno antes de perguntar:

            - Mas e você? Formou-se em administração? Quem diria...

            - Bem é, foi por acaso... – Sam deu um sorriso de lado e coçou a cabeça quando começou a falar, então, uma porta nas costas de Quinn abriu-se e ela ouviu a voz clara e saudosa de Kurt Hummel exclamar:

            - Não acredito que vocês duas trouxeram mais uma vadia para tentar fazer o Sam voltar a ser hetero!

            “Vadia? Hetero?” Quinn repetiu essas palavras mudamente para Brittany que riu e fez sinal para que ela parasse de falar. Kurt puxou Quinn bruscamente para encará-lo e quase teve um ataque do coração, ficou alguns minutos estático enquanto olhava para a loira antes de abraçá-la e sair gritando:

            - Quinn Fabray! Na minha loja, que honra! Sua desaparecida e desnaturada!

            - Quinn Fabray?! Aqui? – Mercedes veio correndo desesperada e confusa pelo corredor e assim que viu a ex-cheerio, imediatamente pulou no pescoço de Quinn e apertou a loira contra si num misto de saudade e melancolia. Quinn apertou o corpo da negra junto ao seu e murmurou:

            - Hey, calminha... Achei que você tinha superado!

            - Não, eu não superei! – Mercedes disse com a voz dura enquanto separava-se de Quinn e limpava as lágrimas. Santana e Brittany riam e Quinn teve certeza de que viu Kurt abraçar Sam pela cintura. – Eu disse que você tinha voltado a ser uma vadia por causa daquele uniforme, mas não quis dizer que te queria longe de mim!

            - Acho que você foi bem clara quando me pediu para escolher entre as Cheerios e você... – Quinn justificou inocentemente e acabou provocando mais lágrimas descontroladas de Mercedes, Sam estava afagando os cabelos de Kurt e ok, aquilo era MUITO estranho. – Mas eu fui burra o bastante para achar que as Cheerios voltariam a me fazer feliz quando, na realidade, eu já era feliz no Glee e com você!

            O lábio inferior de Mercedes tremeu e a negra voltou a chorar compulsivamente no pescoço de Quinn e dessa vez, pedia desculpas debilmente. A loira estava assustada e tentava acalmar a amiga com afagos na cabeça e palavras de aconchego. Mas Mercedes soluçava e gaguejava.

            - Já passou Cedes, podemos esquecer isso tranquilamente... – Quinn murmurou firme e acabou forçando um sorriso no rosto da negra que respirou fundo e limpou as lágrimas. Kurt revirou os olhos e perguntou curioso:

            - Por que você voltou a Lima?

            - Eu posso te responder desde que você explique essa história do Sam voltar a ser hetero. – Quinn disse com a sobrancelha arqueada em visível curiosidade, a loira observou Mercedes segurar uma risadinha e Santana revirar os olhos enquanto Brittany quase pulava de tanta excitação. Kurt pareceu perder a fala e engasgou com as próprias palavras, Sam respirou fundo e segurou a mão de Kurt antes de dizer, seguro de si:

            - Quinn, eu sou gay e estou tendo um relacionamento com Kurt há dois anos.

            - Por que será que eu não estou surpresa? – Quinn disse com um ar brincalhão e arrancando um sorrisinho amarelo dos dois rapazes. Santana revirou os olhos novamente e disparou ácida:

            - Talvez não te surpreenda porque você é tão gay quanto os dois.

            - COMO É QUE É?! – Mercedes e Kurt exclamaram juntos e ao mesmo tempo, fazendo os outros que estavam na sala pularem de susto. Santana gargalhou diante do efeito que a sua fala produziu, Quinn corou furiosamente e Brittany olhou furiosa para a namorada, já Sam... Parecia confuso demais para raciocinar alguma coisa. Mercedes colocou a mão sobre o peito, lembrando e muito aquela Mercedes Jones de oito anos atrás e perguntou mais calma:

            - Você também é gay?

            - Sim, mas isso não quer dizer que a Santana pode espalhar isso para todo mundo! – Quinn disse irritada enquanto olhava friamente para a latina que por sua vez, deu de ombros fingindo-se de inocente. Kurt recuperou-se de seu segundo ataque do dia e disse, como quem sabe das coisas:

            - Sinto muito Q, mas você sempre foi gay... Só você mesma que nunca soube, sem mencionar que meu radar nunca falha e ele apitou muito em você!

            - Realmente, eu concordo. Isso explica muita coisa que aconteceu durante o ensino médio... – Mercedes disse pensativa enquanto voltava a respirar normalmente, Quinn olhou para ela intrigada. Mas Sam, que estava abraçado com Kurt no momento, foi quem falou:

            - Isso explicaria a sua implicância com a Berry, principalmente.

            - Por que vocês relacionam a minha homossexualidade descoberta na faculdade com minha implicância com a Berry durante o ensino médio? – Quinn perguntou contrariada sem entender o que tinha de tão óbvio em seus sentimentos.

            Muito bom Fabray, você é tão frágil que mal consegue esconder os próprios sentimentos!

            - Porque você gostava dela e a perturbava pra chamar a atenção. É uma relação bem simples. – Santana respondeu tranqüila e recebendo olhares de concordância dos demais. Quinn bufou irritadiça e jogou os cabelos para trás enquanto caía em uma das poltronas da sala, por sua vez, todos continuaram a encará-la e ela tornou a perguntar:

            - Por que vocês ainda estão me encarando?

            - Pra quem sempre diz que a Berry não tem importância na sua vida, você aceita bem a idéia de que possa gostar dela. – Kurt disse sério cruzando os braços sobre o peito e recebendo de bom grado o meio abraço que Sam estava lhe dando. Quinn observou que, querendo ou não, os dois faziam um belo casal. Quinn nem se preocupou a responder.

            Vou usar uma placa escrita: “Eu amo Rachel Berry”.

            - E você sempre gostou dela, Fabray... Corações em volta de caricaturas pornográficas? Por favor, né! – Santana retrucou mais uma vez, agitando os braços freneticamente e provocando risadas nos demais, Quinn a fuzilou com os olhos e disse:

            - Eu te odeio, Lopez.

            - Você me ama, Fabray. Nossa relação é quase a mesma que você tinha com a Berry... – Santana respondeu com ar irônico e provocando gargalhadas dessa vez, até Quinn riu. Ela acenou afirmativamente para os demais e disse vencida:

            - Sim, eu sempre gostei dela.

            - Ótimo, eu espero você dizer isso há oito anos! – Mercedes disse entre risos e dando tapinhas nas costas da amiga que fez uma careta derrotada. Sam apertou Kurt no abraço e sorriu, Brittany piscou diversas vezes e Santana permitiu-se dar um sorrisinho também.

            Agora só falta a própria Rachel saber.

***

            Rachel Berry olhava para o celular enquanto mordia o lábio inferior, indecisa sobre ligar ou não para Quinn Fabray. Aquela atitude estava tornando-se bastante freqüente em seu dia-a-dia e seus pais estavam reparando que a filha ficava minutos e até mesmo horas segurando o celular e sem saber o que fazer exatamente com ele.

            Rachel olhou mais uma vez para o celular sentindo o olhar curioso e intrigado de Leroy Berry sobre si, a morena respirou fundo e digitou uma vaga mensagem:

Desculpa não entrar em contato mais cedo, estive descansando... Nosso trato ainda está de pé?

            Seu dedo travou na tecla de “enviar”, a morena ficou olhando para a tela do celular e após alguns segundos, fechou o flip com uma careta decepcionada. Leroy deu uma curta risadinha e perguntou:

            - Quem é esse que causa tanta insegurança na sua cabecinha?

            Rachel olhou petrificada para o pai enquanto tentava formular uma bela mentira na cabeça, mas se sucesso. Quinn estava deixando-a insegura e insegurança era uma coisa que Rachel Berry recusava sentir desde que fora decepcionada por Finn da última vez. Sabia que podia estar sendo dramática demais, mas a mágoa que sentia por Finn ainda estava muito bem viva dentro do seu peito.

            Sem mencionar que aquele turbilhão que estava sentindo por Quinn podia não só atingi-la pessoalmente como também, a sua carreira. Não sabia se a Broadway estava disposta a aceitar que uma de suas estrelas tornara-se lésbica depois de uma decepção amorosa...

            Lésbica? Será que a obsessão pelo Finn era só uma forma errada de demonstrar que eu sempre gostei de Quinn Fabray? Não pode ser, eu sempre fui hetero.

            E ainda tinha mais, tratava-se de Quinn Fabray. Uma das pessoas que eram o motivo pelo qual ela queria esquecer seus tempos de escola.

            Mas eu sempre fiquei com aqueles que ela desprezava... Parecia que eu conseguia ficar mais próxima dela se compartilhasse os mesmos sentimentos que ela tinha.

            - Não é ninguém pai, só uma pessoa do passado que resolveu reaparecer e confundir meu futuro. – Rachel respondeu um pouco cansada e apertando as têmporas, não sabia se pensar em Quinn Fabray estava lhe provocando enxaquecas, mas sua cabeça doía muito naquele instante. Leroy fechou o jornal que estava lendo com uma expressão pensativa e pigarreou antes de perguntar:

            - O que essa pessoa está fazendo para te confundir tanto?

            - Está me fazendo acreditar que ela mudou e você me conhece, pai... Sabe muito bem que eu não costumo acreditar tão facilmente nas pessoas. – Rachel respondeu séria e encarando o pai como se ele pudesse ter alguma resposta, Leroy sorriu um sorriso de entendimento e disse gentil:

            - Você está falando de Quinn Fabray, certo?

            Rachel olhou atônita para o pai e compreendeu que essa atitude inusitada acabou entregando que de fato, era exatamente na loira em quem pensava. Leroy deu uma gargalhada e colocou o jornal sobre a mesa da sala de estar e logo em seguida, disse:

            - Ela é a única que mudou drasticamente desde que saiu da escola, estrelinha. E se ela se aproximou de você, pode acreditar, ela realmente mudou e quer você por perto.

            - Desde quando você se tornou fã de uma Fabray? – Rachel perguntou um pouco indignada com a atitude do pai, seria mais fácil para ela lidar com os próprios sentimentos se um de seus pais ainda odiasse a família de Quinn, pelo menos seria mais fácil desistir e esquecer. Leroy sorriu para a filha e apanhou a mão dela entre as suas, dizendo:

            - Quinn veio aqui, dois anos após a formatura pedir desculpas por tudo que tinha feito a você e por tudo que a família dela fez contra nós... Mesmo ela sendo facilmente manipulável pelo pai, quando saiu de casa percebeu que não era por ser filha deles que precisava ser tão ruim quanto eles.

            - Ela não é assim, ela não seria capaz de admitir que errou. Ela é orgulhosa demais para isso. – Rachel respondeu rápida, tentando convencer seu coração que acabara de inchar-se de orgulho pela idéia de que Quinn realmente era uma pessoa melhor. Leroy agitou a cabeça negativamente e disse sábio:

            - Ela não era assim quando vocês se conheceram, mas agora é. E se ela conseguiu confundir sua cabeça agora, é porque realmente ela mudou.

            - Ou talvez esteja fingindo muito bem que mudou. – Rachel respondeu de mau humor enquanto colocava a mão sobre os olhos e tentava aplacar a dor que começava a se instalar na sua cabeça. Hiram entrou na sala segurando um pano de prato e aconselhou com um sorriso gentil:

            - Não acha que está na hora de voltar a acreditar nas pessoas, estrelinha?

            Rachel ficou muda e pensativa... Mesmo querendo acreditar em Quinn e no que sentia por ela, uma vozinha gritava em sua mente que se ela desse uma chance para a loira, o final seria tão ruim como fora com Finn. A morena respirou fundo, confusa em seus pensamentos e olhou para o relógio.

            Faltava apenas alguns minutos para o jantar que teria com Mr. Schue e Emma. A morena levantou-se, mas sua mente ainda disparava o alarme de que poderia se machucar... Rachel subiu as escadas sobre os olhares ansiosos dos pais, mas foi lá em cima, olhando a neve cair pela janela que ela tomou uma decisão.

Estou com enxaqueca, será que você poderia vir aqui em casa daqui umas duas horas?

            Rachel sequer vacilou no botão de envio, a mensagem foi e a resposta veio ainda mais rápida, como se Quinn estivesse ao lado do aparelho esperando aquela mensagem.

Estarei aí às nove horas, Beijos, Q.

            Mesmo com a expressão fechada, Rachel sentiu como se seu coração sorrisse dentro de si. A morena suspirou e entrou no quarto para se arrumar.

            Uma segunda chance.

            Quinn segurava o celular com uma expressão incrédula na face mesclada com um sorriso enorme no seu rosto. Santana que passava pela sala perguntou:

            - Ganhou na loteria por acaso?

            Quinn rapidamente desfez a carinha de apaixonada e levantou-se do sofá, ainda tinha que guardar as compras que as três haviam feito no shopping mais cedo. A loira pigarreou e respondeu séria:

            - Rachel ligou, quer que eu vá vê-la, parece que ela está com dor de cabeça.

            - Você não vai me dizer o que aconteceu entre vocês em NYC, não é? – Santana perguntou mais séria, agora sim lembrando a amiga que Quinn sempre se orgulhava de ter. A loira deu um sorriso caloroso e abraçou a latina, querendo passar naquele abraço o que não tinha coragem de falar. – Acho que esse abraço quer dizer que você não quer me contar e isso, me magoa.

            - Você vai saber na hora certa, prometo. – Quinn disse apressada e puxando as sacolas escada a cima. Brittany apareceu logo depois dela na sala, a loira abraçou a cintura de Santana por trás e murmurou carinhosa:

            - Ela sabe se virar e sabe que pode confiar na gente.

            - Eu sei que sabe, só não quero que ela se machuque... – Santana respondeu vagamente e apertando as mãos da loira nas suas. Estava preocupada, Rachel Berry tinha o dom de fazer as pessoas sofrerem de vez em quando.

***

            - Tem certeza que não quer ficar mais um pouco, Rachel? – Will Schuester perguntou com aquele mesmo sorriso ansioso, os cabelos brancos estavam começando a surgir, mas ele ainda continuava com aquele mesmo charme que contagiava seus alunos. Emma também insistiu:

            - É mesmo Rachel, podemos conversar mais.

            - Prefiro ir agora e ter assunto para a próxima vez que nos encontrarmos do que acabar com todos agora... E eu realmente preciso ir, estou esperando uma pessoa em casa. – Rachel desculpou-se verdadeiramente, o jantar fora bastante agradável, cheio de lembranças e recordações e a morena prometera ao professor que na volta das férias de Natal, ia visitar o novo New Directions. Will, então, acompanhou a ex-aluna até a porta e disse orgulhoso:

            - Estou muito feliz pela pessoa que você se tornou, Rachel...

            - E eu devo muito do que sou hoje ao senhor, Mr. Schue. – Rachel disse sincera, provocando algumas lágrimas no professor que deu-lhe um abraço e disse com a voz embargada:         

            - Volte mais vezes antes do início letivo, precisamos organizar algumas coisas para o Glee Club.

            Emma fez uma careta desconcertada e deu um tapa no ombro do marido, em seguida, disse em tom de desculpa:

            - Não sinta-se pressionada a vir só para ajudar esse chato com as aulas, queremos você conosco mais vezes para nos divertirmos.

            Rachel sorriu agradecida e acenou, saindo da casa e rumando para seu carro. Enquanto isso, sentia seu coração acelerar e um arrepio percorrer seu corpo, eram mais de nove horas da noite e com certeza, Quinn já devia ter aparecido por lá.

            A morena rumou imediatamente para casa e quinze minutos depois, andando por ruas desertas e silenciosas, a morena chegou à casa dos Berry. Desceu do carro rapidamente e abriu a porta de entrada, ouviu risadas e piadas da sala e quando atravessou o corredor, deparou-se com Quinn rindo de seus pais.

            Assim que notaram sua presença, os três levantaram-se. Quinn limpou as lágrimas de riso que escorriam pelo seu rosto e disse gentil:

            - Me desculpa, é que eu cheguei mais cedo e acabei ficando com seus pais... Estávamos relembrando alguns momentos épicos do Glee Club antes de você chegar.

            - Eu me atrasei, na realidade. – Rachel respondeu corando levemente, os olhos de Quinn estavam em si e ela sentia uma energia intensa emanar deles. A morena olhou significativamente para os pais que rapidamente entenderam que ela queria ficar a sós com a ex-cheerio. Hiram apertou a mão de Quinn e disse:

            - Sempre é um prazer tê-la aqui, Quinn. Volte mais vezes.

            - Digo o mesmo, você tem um senso de humor incrível, garota! – Leroy disse mais desinibido e dando um beijo na face da loira que deu uma risadinha. Os dois homens deram-se as mãos e subiram as escadas, estavam quase na metade do corrimão, quando Leroy virou-se e disse irônico:

            - Juízo meninas!

            Ambas coraram e se encararam com vergonha.

            Vou precisar de mais do que juízo hoje, controle-se Berry.

            - Você me disse que estava com dor de cabeça, desde quando isso vem acontecendo? – Quinn perguntou preocupada sentando-se no mesmo sofá de Rachel que até agora, estava obtendo sucesso em manter-se longe da loira. A morena suspirou pesadamente quando sentiu as mãos finas e delicadas de Quinn em seu pescoço e disse:

            - Começou hoje pela manhã, acha que pode ser alguma coisa preocupante?

            - Na realidade, não. – Quinn disse com um sorriso tranqüilizador, Rachel pegou-se encarando os lábios dela com desejo. Quinn levou as próprias mãos até as têmporas da morena e massageou ali com cuidado, Rachel suspirou agradecida. – Pode ser apenas um reflexo da queda, ainda está sentindo dor?

            - Não, acho que já passou. – Rachel respondeu de olhos fechados, curtindo o toque carinhoso e cuidadoso de Quinn em sua pele. Percebeu que Quinn fez um som de alívio antes de dizer:

            - Pode se virar? Quero testar uma coisa...

            Rachel abriu os olhos surpresa e deparou-se com aqueles olhos-castanhos repletos de calor e proteção. A morena nada pode fazer a não ser sentar-se de costas para a loira, Quinn deslizou as mãos sobre o pescoço de Rachel e a morena percebeu que inexplicavelmente, as mãos dela estavam trêmulas.

            - Vou tentar aliviar a dor em seu pescoço, se eu começar a te machucar, me avise. Tudo bem?

            Rachel acenou afirmativamente e sentiu as mãos da loira percorrerem sua nuca com carinho, Quinn estava aliviando toda a tensão que se acumulara sobre suas costas naquelas últimas semanas. A morena viu-se flutuando levemente enquanto as mãos da outra percorriam sua pele.

            Quinn, por sua vez, estava tendo dificuldades para manter o profissionalismo. A pele quente e macia de Rachel era quase que inebriante. A loira respirou fundo e sentiu Rachel remexer-se em suas mãos, a morena executava movimentos leves e relaxados com o pescoço enquanto Quinn a massageava.

            Rachel sentiu a ponta dos dedos de Quinn tocarem a raiz de seus cabelos e aquela foi a deixa para que ela abrisse os olhos e encarasse os fatos. Sem saber muito o que fazer, Rachel virou-se bruscamente e segurou as mãos de Quinn junto as suas. Aproximou-se um pouco mais de uma Quinn Fabray atônita que dizia confusa:

            - Rachel, eu ainda não terminei...

            - Nós sequer começamos isso direito, Quinn. – Rachel respondeu ofegante e mandando longe todos seus pensamentos racionais. A morena aproximou-se ainda mais e beijou Quinn levemente, como quem pede permissão para entrar em algum lugar.

            A loira fechou os olhos e sequer se mexeu, estava absorta demais com o formigamento de seus lábios beijados recentemente por Rachel. A morena pareceu arrepender-se do que estava fazendo e levantou-se do sofá, Quinn acordou de seus devaneios e levantou-se também, puxando Rachel pelo pulso.

            - O que você pensa que está fazendo? – Quinn perguntou um pouco perdida e inquieta, Rachel ficou calada a encarando e sem conseguir pronunciar uma palavra, esperava qualquer atitude da loira, menos uma pergunta. – Não quer me responder?

            Rachel agitou a cabeça negativamente e preparou-se para sair dali, mas Quinn segurou seu pulso com mais força e quando a morena levantou os olhos, a loira sorria para ela.

            - Então eu vou responder por nós duas...

            Dizendo isso, Rachel sentiu uma das mãos da loira em sua cintura e a mão em seu pulso puxá-la mais para perto. A morena sentiu seu espaço pessoal ser invadido por um cheiro de rosas e uma respiração quente, sem mencionar aquele belo sorriso que estampava a face de Quinn antes de ela se aproximar para beijá-la.

            E o beijo? O beijo quase removeu o pouco de racionalidade que ainda restava em Rachel Berry. A língua furiosa de Quinn não pediu passagem e entrou bruscamente em sua boca, provocando um gemido de prazer na morena. Rachel apertou as costas da loira e arranhou-as levemente enquanto sentia Quinn morder seu lábio inferior. As duas separaram-se quando o ar já não existia. Quinn voltou a sorrir e junto as testas de ambas com um sorriso vitorioso, em seguida, disse carinhosa:

            - Estive esperando isso por oito anos, espero que não tenha te decepcionado.

            Rachel deu um sorriso e puxou-a para mais um beijo. Deixando-se flutuar num mar de cabelos loiros e mãos femininas que acariciavam seu corpo de forma que nenhum outro homem conseguira até aquele momento.

“All that I know is bleeding in my heart and the healing in your touch.”

***


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Notas finais do capítulo

E todo mundo grita: FINALMENTE! (?)

Até que enfim as duas finalmente tiveram um momento digno... Não é?

O pior é que essa cena, a príncipio, não era nem para estar nesse capítulo... Um contato mais íntimo entre elas só aconteceria mais pra frente, mas acho que a Rachel acabou tomando vida na minha escrita e decidiu que queria ficar de uma vez com a Quinn *-*

Mas gostaram da cena? Acho que consegui passar toda a inocência e principalmente, toda a maturidade e saudade entre elas... Espero que tenham gostado!

Bem... É isso. Não se esqueçam de comentar! Beijos e até o capítulo 5!

PS: A citação final do capítulo e que faz muito sentido para Rachel é de All I Know do Matt Wertz, acho que vocês entenderam porque eu pedi para que ouvissem a música. Quanto a música, bem... Conversei com uma pessoa ontem e ela me lembrou do cantor, dando-me uma excelente forma de encerrar o capítulo!



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