You Are My Star escrita por Fernanda Redfield


Capítulo 10
Presente e Passado


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores queridos do meu coração!

Eu sei que não tenho moral para falar desse jeito com vocês devido a demora excessiva nos capítulos dessa fanfic... Mas gente, é tão mais difícil escrever uma future.

Quer dizer, é um universo enorme que se abre diante de nós e nós temos que saber administrá-lo antes que vire bagunça e essa fanfic estava virando uma bagunça mal escrita. Portanto, estou tentando arrumar aos poucos.

Escrevi esse capítulo ao som de Avenged Sevenfold, Sick Puppies e Theory Of a Deadman :X Espero que gostem, boa leitura!



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            Kurt Hummel estava em casa, sentado na confortável poltrona em frente à lareira enquanto esperava o noivo chegar. Era dia de fechar o orçamento da loja e Sam geralmente demorava naquela tarefa, podia não parecer, mas Sam Evans era extremamente chato com a administração da loja. Nem mesmo lembrava aquele nerd maluco por Avatar que freqüentou o McKinley no ensino médio.

            Kurt bufou impaciente enquanto passava as páginas da revista com um pouco de angústia. Estava esperando uma resposta de Paris, tinham-lhe deixado na expectativa de, talvez, divulgar sua coleção na semana da moda. Agora ele estava ali, completamente ansioso e esperando um telefonema que nem ao menos sabia se ia vir.

            Ouviu barulho de chaves, seguido pela porta se abrindo. Sam entrou carregado de sacolas e com um sorriso enorme nos lábios, o loiro deixou as chaves e a maleta de trabalho na mesinha ao lado da porta e depois caminhou para a cozinha enquanto dizia:

            - Desculpe a demora, fui pegar comida chinesa.

            - Podia ter me avisado, Sam... Eu achei que tivesse acontecido alguma coisa. – Kurt resmungou mais por hábito do que por estar irritado, ele adorava implicar com Sam. O loiro colocou a comida sobre o balcão da cozinha e lançou um olhar decepcionado para Kurt, respirou fundo e disse, já com um sorriso:

            - Eu não vou nem retrucar porque sei muito bem o que se passa nessa cabecinha.

            - Ainda bem que sabe, qualquer um no seu lugar já tinha desistido de mim e desse meu hábito incrível de irritar as pessoas! – Kurt respondeu apaixonado e com um sorrisinho envergonhado no rosto, Sam fez sinal e ele se aproximou. Kurt Hummel era pequeno perto de Sam Evans, mas era impressionante como os corpos de ambos se encaixavam, o loiro puxou o noivo para um beijo demorado e depois, ordenou:

            - Agora vá atrás de uma garrafa de vinho, mas deixa que eu a abro. Sei bem de suas experiências com abridores de garrafa.

            Kurt revirou os olhos e fez uma careta, observando Sam rir em seguida enquanto distribuía os pratos pelo balcão. Kurt nunca imaginaria que fosse ter um futuro tão feliz como este que estava tendo naquele momento.

            Todos os seus dias infernais no McKinley valeram a pena, assim como todas as boas lembranças que possuía da Dalton... Mas era a faculdade que lhe reservara as melhores surpresas, fora lá que conhecera melhor Sam, fora lá que os dois finalmente assumiram o que poderia ter se tornado realidade mais cedo se tivessem olhado além de seus mundinhos no ensino médio.

            Kurt apanhou uma garrafa de vinho doce na adega e subiu as escadas rapidamente, Sam estava apanhando os pratos no armário e sequer virou-se para o noivo, Kurt ficou observando-o e agradecendo pela sorte enorme que havia tido. Sam sentiu os olhos do noivo sobre si e disse:

            - Você já pode parar de me olhar, Hummel.

            - Tá com vergonha, Evans? – Kurt perguntou com um ar maldoso enquanto passava a mão sobre o ombro do loiro e colocava a garrafa de vinho em cima do balcão. Sam deu um sorrisinho de lado e respondeu:

            - Não estou com vergonha, Kurt. E pare com isso, você sabe que eu não gosto que ficam me olhando por muito tempo, tenho complexo com meus lábios...

            - Eu não vejo problema nenhum com seus lábios, acho que te dão um ar mais sexy! – Kurt disse malicioso e sentando-se no banco, Sam revirou os olhos e abriu a garrafa de vinho, servindo o líquido para a taça que Kurt segurava. Os dois se olharam por alguns momentos e sorriram um para o outro, Sam tomou um gole de sua taça e perguntou animado:

            - Sabe quem eu vi saindo do restaurante quando fui pegar nosso jantar?

            - Não sei, só espero que não tenha sido Santana e sua vontade incrível de te transformar em hetero, sendo que a própria é homossexual. – Kurt respondeu amargurado enquanto tomava um gole do vinho com um ar decepcionado, Sam deu um sorriso e bagunçou os cabelos do noivo. Kurt sorriu para ele e continuou:

            - Primeiro Rach volta à cidade e agora, ele... Lima está ficando bem freqüentada.

            Kurt remexeu-se incomodado no banco, seus instintos lhe diziam que ele não gostaria e nada de saber quem era essa pessoa pela qual Sam estava tão animado. Sam olhou para ele indignado, esperando uma reação diferente, mas Kurt apenas arqueou a sobrancelha e perguntou temeroso:

            - Quem você viu?

            - Jesse St, James! – Sam exclamou fora de si e com um sorriso enorme, Kurt ficou estático e acabou quebrando a taça de vinho. Sam não sabia da história que envolvia Jesse e o Glee Club, Kurt levantou os olhos para o noivo e disse entre dentes:

            - Jesse St. James?

            - Sim, ele mesmo! – Sam exclamou um pouco amargurado pelo noivo não estar tão animado quanto ele, com o passar dos anos, o ex-quaterback acabou virando um apaixonado pelos musicais da Broadway. – Aquele ator que fez o primeiro musical junto com a Rach!

            - Eu sei muito bem quem ele é, Sam. – Kurt respondeu incomodado enquanto agachava-se para apanhar os cacos do que antes fora a sua taça de vinho, depois, levantou-se com um ar majestoso e olhou frio para o noivo. – É justamente por saber quem ele é de verdade que fico incomodado com a presença dele aqui.

            - Mas ele é um ator da Broadway! – Sam tentou rebater, mas sem sucesso. Kurt jogou os pedaços de vidro dentro da lixeira e respirou fundo, depois virou-se para Sam e disse um pouco mais calmo:

            - Jesse foi um canalha, com todos nós do Glee Club. Principalmente com Rachel, não sei como ela ainda está com ele depois de tudo que aconteceu entre eles.

            - O que aconteceu, exatamente? – Sam perguntou sem entender mais nada, sentindo toda a sua excitação murchar como uma bexiga. Ele olhou para Kurt que lavava as mãos na pia e tentava procurar palavras para começar a falar o que acontecera. Por fim, Kurt começou:

            - Foi no primeiro ano do Glee, ele enganou Rachel e depois quebrou o coração dela. Não vou entrar em detalhes porque nem eu gosto de falar sobre isso.

            - Mas K, se ele fez isso, por que ela estava noiva dele até semana passada? – Sam perguntou incrédulo enquanto passava um pano onde o noivo derrubara vinho, Kurt revirou os olhos, Sam podia ser extremamente ingênuo quando queria.

            - Era tudo marketing, Rachel perdeu um pouco de fé em relacionamentos depois que Jesse e Finn passaram pela vida dela. Para ela, estar em um relacionamento com Jesse era extremamente lucrativo para a sua carreira e na época, ela só pensava na Broadway.

            - Céus, eu nunca pensaria algo do tipo vindo dela... – Sam disse um pouco decepcionada com amiga, mas depois, percebeu que se tivesse no lugar dela, teria feito o mesmo. Kurt deu um sorriso compreensivo para a careta que o noivo fez e o abraçou, ainda abraçado a ele, Kurt disse:

            - Mas agora, ela está feliz com a Quinn e eu realmente espero que nada atrapalhe as duas!

            - Eu entendi agora... – Sam disse afobado e afastando o noivo de si, Kurt resmungou alguma coisa, irritado e olhou para Sam com decepção. – Agora eu entendi por que Finn estava saindo do bar com ele!

            - Como é que é?! – Kurt exclamou totalmente desesperado enquanto corria da cozinha para a sala atrás do telefone. – Finn é um desgraçado mesmo! Um péssimo perdedor!

            Sam ficou estático na cozinha enquanto a comida chinesa esfriava, não sabendo se agira bem ou mal ao contar para o noivo sobre Finn e Jesse. Sentiu-se ainda pior quando notou que Kurt estava falando com Santana Lopez ao telefone, com certeza, não ia sair coisa boa daquilo.

***

              Santana Lopez desligou o telefone, boquiaberta enquanto ouvia os chamados de Brittany para que ela voltasse para a cama. A latina não sabia o que fazer naquele momento, mas a única certeza que ardia em si era a de que ela tinha a obrigação e o dever de proteger sua amiga e Rachel daqueles dois cretinos.

            Como são baixos! Depois ainda me perguntam porque sou lésbica. E eu mesma me pergunto como eu consegui ficar com eles por boa parte da minha vida!

            Santana subiu as escadas já pensando nas possibilidades de tortura e ameaça que podia infringir aos dois babacas, aliás, sua mente ia além... Precisaria de Puck para aquilo, ele podia muito bem fazer o trabalho sujo... Porém, seu lado advogado falou mais alto e a latina bufou por ser uma pessoa justa naquele momento. Chegou ao quarto e acendeu as luzes, despertando Brittany de seu “semi-sono”.

            - Amor, quem era? – A loira perguntou sonolenta enquanto piscava diversas vezes para se acostumar à claridade. Santana sentou ao lado dela na cama e afagou o rosto dela com um sorriso, sentindo a calma e a racionalidade preenchê-la. Brittany encostou-se nos travesseiros e retribuiu o toque com um olhar preocupado. Santana apanhou a mão da noiva e beijou, não queria que Quinn tivesse aquilo que ela vivia com Rachel ser retirado tão bruscamente da vida dela, a latina respirou fundo e respondeu sombria:

            - Era Kurt e eu não gostei nada da notícia que ele me deu.

            - O que aconteceu, amor? – Brittany perguntou ainda mais preocupada quando viu a expressão de Santana distorcer-se em ódio e nojo. A latina respirou fundo de novo, querendo estar um pouco mais calma. Hudson é mesmo um cretino, eu vou protegê-las. Mas nem Q e nem o hobbit precisam saber disso. Vendo que a noiva ainda não respondia, Brittany sentou-se de vez na cama e apanhou o rosto da latina entre suas mãos. – Qual notícia?

            - Jesse veio para Lima. – Santana respondeu entre dentes e levantando-se bruscamente da cama, como se não quisesse atingir Brittany com aquela raiva descontrolada que tomava conta de si. A loira ficou atônita na cama, a sensação de confusão preenchendo-a. – E o nosso amado Finnbecil resolveu se unir a ele para separar Q e a Rach.

            - Como é que é?! – Brittany perdera o controle e estava incrédula olhando para a noiva que sorria ironicamente para ela, as duas ficaram se olhando com ares que mesclavam preocupação e revoltada. Santana deu de ombros, passou a mão sobre os olhos e disse, cansada:

            - Nós precisamos fazer alguma coisa, eu não quero que minha melhor amiga seja impedida de ser feliz de novo!

            Brittany aproximou-se da noiva e as duas se abraçaram, Santana se aconchegou nos braços da amada enquanto continha o choro e soluçava nos ombros dela. Eram naqueles momentos que a loira percebia a tremenda mulher que tinha em suas mãos. Santana Lopez podia ser irônica, sarcástica e até mesmo, mal educada. Mas quando enfrentavam seus amigos, ela desenvolvia um instinto maternal que só fazia a loira amá-la ainda mais. Brittany afagou os cabelos da latina e sibilou ao pé do ouvido dela:

            - Calma, nós não vamos deixar.

            - Finn não vai negar a felicidade a ela de novo! Aquele babaca não tem esse direito! – Santana disse com rancor e um sorriso maldoso nos lábios, Brittany sorriu ao ver a Satan tomando forma de novo. – Precisamos ligar para Puck, Lauren e Mercedes.

            - Reunião amanhã? – Brittay questionou, já sabendo a resposta e puxando Santana para cama, sabia muito bem que quando esse lado Satan aflorava, ela podia passar noites em claro pensando na forma mais cruel de torturar suas vítimas. Santana deixou-se envolver pelo abraço da noiva e disse:

            - Sim, as duas vão ao médico amanhã e podemos planejar tudo sem que elas desconfiem.

            Santana falou aquilo mais para si mesma do que para Brittany, a loira já tinha adormecia enquanto a latina pensava nas melhores formas de destruir a vida de Jesse St. James e Finn Hudson.

***

              Quinn olhava para Rachel com paixão e admiração enquanto ouvia a morena contar aos pais sobre seu espetáculo a ser lançado na Broadway. A loira tinha se isolado um pouco da conversa, musicais nunca foram seu ponto forte, mas ela sabia que agora, eles teriam que ser. Estava namorando a diva atual da Broadway, afinal.

            Eu e Rach estamos namorando... Namorando! Nem nos meus sonhos mais otimistas isso poderia acontecer, realmente, o mundo dá voltas enormes.

            Sentiu uma mão pequena (e que não lembrava em nada com as supostas “ManHands” que ela julgava que Rachel tinha) envolver a própria que estava apoiada no balcão. Depois sentiu o pequeno corpo de Rachel encaixar-se no seu, a morena guiou sua mão até a cintura dela e ficou abraçada com Quinn. Em seguida, murmurou em seu ouvido:

            - Uma moeda pelos seus pensamentos.

            - Vai precisar de mais do que uma moeda para saber o que eu estava pensando. – Quinn respondeu charmosa enquanto olhava nos olhos castanhos de Rachel, a morena deu um sorrisinho e beijou-lhe o queixo, respondendo em seguida:

            - O que você quer em troca desses pensamentos?

            - Que tal um beijo? – Quinn respondera com um ar mais malicioso que arrancou um sorriso de 1000 watts de Rachel, a morena beijou-lhe rapidamente, porém, Quinn a puxou de volta para seu corpo enquanto deixava a taça de vinho sobre o balcão. Quinn apertou a cintura da morena com possessividade enquanto sentia a mão da morena percorrer sua nuca, provocando-lhe arrepios.

            Foi no ponto alto do beijo, quando Rachel mordera o lábio inferior de Quinn e lambera-o em seguida com luxúria, que as duas ouviram pigarros e tossidas forçadas atrás de si.

            Leroy e Hiram ainda estão aqui... Porra Rachel, precisava que você fosse tão sexy e viciante e gostosa e...!

            - Desculpe, acho que acabamos nos empolgando. – Rachel dissera com um ar fingido de inocência, enquanto virava-se para os pais e escorava seu corpo ao de Quinn que olhava para todos os locais da casa, menos para os pais de Rachel. A diva arranhou a barriga de Quinn por cima da camisa, provocando arrepios e caretas desnecessárias na loira. Leroy gargalhou diante da cena e disse:

            - Eu já estava indo pegar o extintor de incêndio no carro!

            - Pai! – Rachel bronqueou, mas rindo e deixando claro que tudo não se passava de uma brincadeira. Porém, Quinn estava desconfortável e deu um sorrisinho amarelo enquanto corava furiosamente e procurava deixar as mãos o mais longe de Rachel (nesse caso, elas estavam apoiadas sobre o balcão da cozinha), medida de segurança. Hiram olhou de Leroy para Rachel e disse em tom de aviso:

            - Sosseguem os dois, Quinn está prestes a explodir de tanta vergonha!

            - Sabe, eu acho Quinn engraçada... – Leroy disse em tom sério, apanhando o pequeno corpo de Hiram e aconchegando-o próximo ao seu. Rachel mordeu o lábio e virou-se para a namorada apreensiva. Quinn engoliu em seco. – Ela está com vergonha agora, mas não teve vergonha de pedir um beijo para minha filha na nossa frente e de praticamente engoli-la diante dos nossos olhos!

            Quinn arregalou os olhos amendoados enquanto procurava palavras dentro de si para justificar-se, porém, seu coração estava batendo acelerado e as batidas pareciam martelar em seu cérebro, prejudicando seu raciocínio. Olhou para Leroy que tinha uma expressão fechada em suas feições. Ela abriu a boca para justificar-se e dela saíram apenas gaguejos:

            - Bem, é... Como... Ahm... Sua filha é...!

            Depois de várias tentativas de justificativas, a cozinha explodiu em gargalhadas. Quinn viu Leroy gargalhar e quase chorar de rir enquanto amparava Hiram que se contorcia de tanto rir em seu abraço. Rachel afundara o rosto em seu peito e Quinn conseguia senti-la rir próxima ao seu coração e ela tinha que admitir: apesar da situação embaraçosa, aquela sensação era ótima.

            - Nunca mais façam isso! – Rachel falou mais séria enquanto Quinn limpava suas lágrimas de riso já respirando normalmente e mais tranqüila. Leroy e Hiram pararam de rir e entreolharam-se com caretas indefesas. – Vocês podiam ter matado Quinn de vergonha e acreditem, eu nunca perdoaria vocês!

            - Mas filha, Quinn é uma fofa e nós adoramos vê-la sem graça! – Hiram disse com um sorriso terno enquanto se aproximava das duas e as observava com os olhos brilhando de emoção. – Mas ok, exageramos dessa vez. Adoramos nossa nora, prometemos mantê-la viva daqui pra frente!

            Quinn sorriu aliviada e sentiu Hiram apertar suas bochechas num gesto excessivamente paternal. Leroy também se aproximou das duas e afagou o braço de Rachel que encolheu-se sobre Quinn que enlaçou-a. O homem ficou olhando para as duas e disse, sério:

            - É tão bom vê-las assim.

            - Obrigada, Leroy. – Quinn agradeceu sincera e recebendo um afago nos cabelos do homem. Em seguida, eles subiram as escadas sem dizer nada e Quinn puxou Rachel em direção a porta, a morena a parou e perguntou sôfrega:

            - Você vai embora?

            - Tenho que ir, morar com Santana e Brittany pode ser uma droga de vez em quando. – Quinn disse entre risos e beijando a testa da namorada em seguida, Rachel bufou desconcertada. – E a senhorita tem que dormir, temos exames amanhã, esqueceu?

            - Eu odeio hospitais, Quinn. E... – Rachel se aproximou de Quinn nesse momento, arranhou a nuca da namorada e mordeu-lhe o lóbulo da orelha. – Eu acordaria muito mais disposta se você dormisse comigo.

            - Proposta tentadora, minha estrela. – Quinn disse com um sorriso malicioso e beijando os lábios de Rachel. – Mas nós duas não dormiríamos e acordaríamos indispostas, você precisa estar descansada amanhã.

            - Odeio quando seu lado médico fala mais alto! – Rachel disse emburrando-se como uma criança e cruzando os braços, Quinn gargalhou e beijou-lhe o bico. Imediatamente, as mãos de Rachel apanharam seu rosto e ela sorriu entre os beijos. Quinn mordeu-lhe o lábio levemente e disse maliciosa:

            - Mas eu sei que você tem fantasias com meu lado médico.

            - Claro que eu tenho, podíamos realizá-las agora, inclusive! – Rachel continuou, puxando Quinn pelo cós da calça. A loira riu discretamente, estava sendo difícil lidar com Rachel e todo aquele calor, mas ela sabia muito bem lidar com aquilo (pelo menos achava e repetia para si mesma que podia enquanto sentia seu corpo responder a cada toque de Rachel).

            - Vá dormir Rach, se você for uma boa garota amanhã, podemos realizar suas fantasias.

            - Promessa é dívida, eu vou cobrar! – Rachel disse com um ar brincalhão e conduzindo Quinn a porta, ainda abraçada a loira. Quinn beijou-lhe o topo da cabeça e disse, antes de sair:

            - Pode cobrar e eu ainda quero algo em troca!

            Rachel sorriu safada e fechou a porta, Quinn respirou fundo ainda sentindo o local onde a morena estava em seu corpo arder... Um sorriso imediatamente tomou sua face, não podia exigir nada mais da vida. Mas a vida ia exigir delas... Entre as sombras, um fotógrafo acabara de sair correndo em direção a sua moto.

            - St. James?

            Jesse sorriu satisfeito quando reconheceu a voz do homem que estava no outro lado da linha. O ator fez um murmúrio indicando que estava ouvindo o que o homem tinha a lhe dizer.

            - Consegui as fotos, quando quer que elas estejam na mídia?

            - O mais rápido que você puder, se possível, amanhã. – Jesse disse eufórico enquanto abria o frigobar e apanhava uma pequena garrafa de uísque. O homem do outro lado fez um som que indicava claro incômodo, provocando um revirar de olhos em Jesse. – Venda barato se precisar, eu pago o quanto você quiser.

            - 300 mil. – O homem do outro lado da linha disse simplesmente, como se aquela quantia fosse um trocado. Jesse arregalou os olhos e gaguejou um pouco, antes de conseguir responder inseguro:

            - Eu não posso te dar tudo isso.

            - Então você fica sem as suas fotos, eu não quero destruir a carreira dela! – O fotógrafo disse com um pouco de remorso, Jesse revirou os olhos novamente, detestando todo aquele altruísmo.

            - Eu pago 150 mil e te dou um bônus de 50 mil se você conseguir colocá-las na mídia até o meio-dia de amanhã.

            - Fechado. – O fotógrafo disse satisfeito e em seguida, Jesse ouviu um clique na linha que voltou a ficar muda. O ator sorriu satisfeito enquanto ligava para seu agente que a propósito, era o mesmo de Rachel.  

***

            Rachel acordou com seu celular tocando “Don’t Rain On My Parade” em alto e bom som e naquele momento, por mais que amasse a voz de sua amada Barbra, Rachel desejou jogar o celular pela janela. A diva abriu os olhos preguiçosamente e se espreguiçou, estranhou a escuridão do quarto.

            Ainda eram 4 da manhã, quem estava ligando às 4 da manhã para ela?

            Rachel sentou-se na cama e chutou as cobertas de si, sentindo-se com frio. Olhou melancólica para o vazio ao seu lado da cama antes de apanhar o celular na mesa de cabeceira com uma força desnecessária.

            - Quem é? – Rachel soou mal-educada e sequer se arrependeu de passar aquela impressão, estava com sono e cansada demais para ser meiga e solícita àquela hora da madrugada. Rachel ouviu um suspiro do outro da linha, seguida pela voz sentida de Paulie:

            - Perdoe Miss Berry, mas estamos com um problema aqui em NYC.

            - Ai céus, me desculpa a ignorância Paulie. Mas você concorda que ligar às 4 da manhã é sacanagem, não é? – Rachel disse com um sorriso enquanto arrumava-se na cama para escutar sua assistente, a diva ouviu uma risadinha de Paulie seguido de um silêncio incômodo na linha. – Mas qual é o problema? Espero que não seja aquele diretor maluco querendo me lançar de algum tipo de canhão no espetáculo...

            Rachel riu sozinha, pois Paulie estava nervosa demais para achar graça em alguma coisa.

            - Não, Miss Berry... São problemas ainda maiores. Saiu uma nota sobre um de seus relacionamentos, andou dando alguma declaração a imprensa? – Paulie perguntou reassumindo seu ar profissional e centrado, Rachel fico surpresa. Desde que voara para Lima há um mês, isolara-se completamente de NYC. Rachel franziu a testa e levantou-se completamente desperta, respirou fundo e respondeu:

            - Está falando do meu relacionamento com Jesse?

            - Não, Miss Berry. O mal é mais profundo. – Paulie anunciou numa voz pesarosa, Rachel mordeu o lábio, ela sentia que sabia o que viria a seguir. Não pode ser, não agora. – A mídia quase explodiu com uma notícia da senhorita em um relacionamento com uma mulher.

            Rachel não respondeu, apenas ficou olhando pela janela de seu quarto enquanto era tomada por um turbilhão de pensamentos. Ela e Quinn sempre viveram presas no próprio mundo onde não existia mídia, Broadway, Presbyterian e NYC. As duas viviam a realidade que sempre fora delas: Lima. A realidade em que nada poderia desmanchar o relacionamento frágil que elas tinham construído com tanto esforço.

            A diva mordeu o lábio e afastou o telefone de si. Algumas lágrimas caíram de seus olhos enquanto ela sentava-se na cama novamente massageando as têmporas. Ela nunca comentara nada com Quinn, mas será que a loira tinha forças para enfrentar a mídia e os EUA inteiro? Rachel não sabia se era reflexo da Quinn que conhecera no passado, mas algo dizia a ela que Quinn não era forte o bastante.

            Rachel reposicionou o telefone e respirou fundo. Sentindo o peso da incerteza cair sobre seus ombros e a insegurança tomar conta de si, mas esta era resquício do relacionamento frustrado com Finn durante anos... A realidade estava voltando com todos os medos que Rachel Berry achara que tinha superado com Quinn Fabray.

            - Miss Berry? Como devemos proceder?

            - Desculpe a demora Paulie... – Rachel murmurou dolorida enquanto sentava-se cobria o rosto com a mão desocupada. – Não confirme e nem negue nada, mas por favor, não deixe que revelem a identidade dela.

            - Vou tentar, Miss Berry. As fotos não foram muito bem feitas, não dá para discernir quem é, apenas sabe-se que é uma loira. – Paulie disse mais tranqüila, de alguma forma, ela sabia que seria exatamente aquilo que Rachel faria. Mas a assistente estava curiosa. – Sem querer me intrometer, mas a moça loira da foto é a Dra. Fabray?

            Mesmo diante da situação, Rachel sorriu ao ouvir falar de sua médica. A morena respirou fundo, mais aliviada, como se toda a coragem voltasse para seu corpo diante da simples menção ao nome de Quinn. Limpou as lágrimas e disse:

            - Sim, é ela.

            - Eu sempre soube que havia mais entre vocês do que aquela tensão toda no hospital... – Paulie disse com uma risada que logo foi controlada com a retomada do ar profissional. – De qualquer forma, vou me esforçar, Miss Berry. Durma bem, ainda lhe restam algumas horas de sono.

            - Obrigada por tudo, Paulie. – Rachel despediu-se sincera, já estava desligando o aparelho quando se lembrou de algumas coisas. – Paulie, Antonio está sabendo de alguma coisa?

            - Pelo que eu saiba, não. E mesmo que soubesse, ele não iria interferir a não ser que as coisas saíssem de controle, por enquanto, trata-se de um boato. – Paulie respondeu segura e despedindo-se em seguida.

            Rachel suspirou aliviada e colocou o celular de volta a mesa de cabeceira antes de se deitar. A morena tentou dormir, mas não conseguiu. Quando seu celular despertou horas depois, ela ainda estava acordada na mesma posição, pensando até onde a coragem dessa nova Quinn Fabray poderia ir.

            Quinn sorriu quando seu despertador tocou às 7 da manhã, a loira levantou-se da cama extremamente animada e correu para o banheiro, realizou sua higiene matinal e tomou um banho para despertar. Saiu secando os curtos cabelos enquanto escolhia uma roupa no pequeno guarda-roupa. Optou por uma calça jeans confortável e uma camisa social azul clara e prendeu os cabelos em um prático rabo de cavalo. Calçou os sapatos e desceu as escadas rapidamente.

            Tudo estava em silêncio e a ex-cheerio estranhou, normalmente ela surpreendia Santana e Brittany em um momento bem íntimo pela manhã. Mas em vez de encontrar as duas aos beijos ou aos abraços, encontrou um bilhete com a letra apressada de Santana na porta da geladeira:

“Tivemos que sair mais cedo, espero que não se incomode. Seu suco está na geladeira e tem algumas torradas no forno. Boa sorte com Rach hoje, beijos e tenha um bom dia! B e S. PS: Você vai ter que nos contar por que raios chegou tão tarde ontem Fabray, mais tarde você não escapa!”

            Quinn sorriu diante do bilhete e foi a geladeira, virou quase metade do suco de uma vez e apanhou as chaves do carro de Santana na mesinha próxima a porta. A loira fechou a casa e tirou o carro da garagem. Tão imersa em seus pensamentos, Quinn não quis nem mesmo ligar o rádio.

            Enquanto percorria as ruas de Lima até a casa de Rachel, várias lembranças foram passando por sua cabeça e ela, finalmente, sentiu-se em casa. Aquelas ruas lhe eram familiares, assim como cada rosto que passava rapidamente pela janela do carro. Ela nascera ali, mesmo tentando negar naqueles oitos anos que ficara fora, ela pertencia a Lima e sempre estaria ligada a cidade de alguma forma.

            E naquele momento, o que a ligava com Lima, era Rachel. A diva a trouxera para casa, Rachel mostrara a ela que tinha um lar esperando-a em Lima, independente de seus pais, de Finn ou de todos aqueles que a julgaram quando a notícia de sua homossexualidade se espalhara pela cidade.

            A loira respirou fundo e sorriu para aquele trânsito confuso e calmo de Lima, tão diferente da pressa e do desespero de NYC. Parou no sinal e recebeu um sorriso de uma senhora que parou o carro ao seu lado, Quinn retribuiu e ouviu seu celular alertar a chegada de uma mensagem. Sorriu mais ainda quando viu que era de Rachel.

Bom dia, minha linda! Haha Não precisa vir me buscar, vou pegar carona com meu pai. Te encontro no hospital, ok? O que eu não faço por você viu... Te amo, Q. Beijo.

            A princípio, Quinn não notou nada de estranho na mensagem e jogou o celular no banco do carona. Mas assim que voltou a direção quando o sinal abriu, sua mente ligou o estado de alerta. Rachel não era de negar a sua companhia daquela forma, não estava se achando, de forma alguma. Só que ela e Rachel estava em um ponto da relação que queriam passar a maior parte do tempo juntas e já não dormiram juntas na noite anterior...

            Quinn deu uma gargalhada enquanto mudava o caminho em direção ao hospital, só estava sendo paranóica. Não estava acontecendo nada demais, Finn estava fora de seu caminho e Jesse também. Agora tudo se resumia a ela e Rachel.

            A loira chegou rapidamente ao hospital e estacionou em uma vaga qualquer, ainda era quase oito horas, o que dava mais uma hora para Rachel chegar ali para os exames. Quinn entrou pela porta da frente e foi direto a recepção falar com uma moça negra muito bonita:

            - Bom dia, sou Quinn Fabray e tinha agendado uma tomografia e uma ressonância magnética para a manhã de hoje.

            - Ah sim, Srta. Fabray... – A atendente disse com visível interesse enquanto contemplava a loira da cabeça aos pés, Quinn era famosa na cidade. Afinal, não era qualquer garota perfeita que do nada, revoltava-se com o sistema e saía praticamente fugida da cidade. – Seus exames estão marcados para as nove horas, mas o paciente das oito ainda não chegou, quer que eu passe a senhorita à frente?

            - Não, muito obrigada. Na verdade, eu tenho que esperar. Estou responsável por uma paciente que chegará dentro de alguns minutos. – Quinn respondeu educada e tentando ignorar o olhar interessado da recepcionista, como o hospital estava pouco movimentado, a moça achou-se no direito de continuar a conversa:

            - A senhorita também é médica?

            - Residente, na verdade. Estou acompanhando uma paciente de NYC. – Quinn respondeu mais áspera e incomodada, querendo a todo custo sair correndo dali. A atendente deu um sorriso frio e perguntou novamente:

            - Residente em que hospital?

            - Presbyterian... – Quinn disse um pouco maldosa e observando o sorriso morrer na boca da recepcionista, com toda certeza, as más línguas de Lima não esperavam que ela, a garota expulsa de casa por ser homossexual, pudesse se formar em Columbia e muito menos, ser residente no Presbyterian. A loira deu um aceno agradecido com a cabeça e sentou-se em uma das cadeiras esperando Rachel.

            Quinn folheou algumas revistas e o jornal local da cidade. Pelo visto, Sue Sylvester continuava à frente das Cheerios que pareciam ter conquistado o Campeonato Nacional recentemente. E o Glee Club de Mr. Schue parecia ter perdido as Nacionais pelo segundo ano seguido. Um pequeno aperto no coração de Quinn a alertou de que ela precisava visitar o antigo professor.

            Já se passavam mais de meia hora quando Rachel entrou pela porta do hospital, a morena estava afoita e vestida de uma forma que Quinn teria achado engraçada senão fosse estranha: tinha um lenço de seda enrolado na cabeça, óculos escuros e um casaco com as golas erguidas. Quinn aproximou-se dela sorrindo e disse brincalhona:

            - Bom dia, James Bond. Por que todo esse disfarce?

            - Não ria. Milhões de fotógrafos apareceram na porta de casa hoje, você sairia assim se quisesse evitá-los. – Rachel respondeu visivelmente mal-humorada e retirando os óculos escuros antes de olhar em volta preocupada. Quinn fez uma careta confusa e perguntou:

            - Por que vieram aparecer aqui? Alguma coisa relevante?

            Rachel virou-se abruptamente para ela, a morena estava nervosa, Quinn podia ler a linguagem corporal dela. Rachel mordia o lábio com força, a respiração tornara-se rápida e pesada, enquanto os olhos piscavam sem controle. O sorriso que se seguiu na face dela em seguida não colaborou muito, muito menos a sua voz trêmula e insegura:

            - Não foi nada, amor... Só alguém que deixou escapar que eu vim para Lima.

            - Tem certeza? Você pode me falar o que aconteceu. – Quinn insistiu insatisfeita e aproximando-se da morena, Rachel agitou a cabeça negativamente e afastou-se delicadamente dela dizendo:

            - Não foi nada, tudo bem? Será que podemos fazer esses exames logo? Eu estou louca para te beijar, passar a noite sem você não foi legal...

            Quinn deu um sorriso malicioso parecendo esquecer-se de tudo o que Rachel falara recentemente. A loira foi falar com a recepcionista enquanto Rachel respirava aliviada por ter conseguido sair daquela, a verdade era que os fotógrafos e repórteres estavam a porta da casa dela devido ao seu novo relacionamento e sabia que qualquer loira que se aproximasse dela no momento, estaria fadada a ser seu possível affair.

            E tudo o que a morena menos precisava no momento era que Quinn fosse exposta daquela forma.

***

            Rachel fez todos os exames pacientemente e entediada, Quinn não pode deixar de conter um sorriso quando, ao ficarem sozinhas na sala de troca de roupas da ressonância, a morena capturou seus lábios e prensou-a na parede. Quinn precisou dizer a Rachel que hospital tinha câmeras para que as duas parassem de se beijar.

            Rachel, por sua vez, tentou parecer o mais normal possível quando, na verdade, estava com o coração saindo pela boca. Ela sabia que teria que falar com Quinn, só que aquele não era o momento. A morena então, dedicou-se a contemplar Quinn trabalhando e ordenando que enfermeiros corressem com os resultados dos exames. Antes do meio-dia, as duas estavam sentadas diante do único neurocirurgião do hospital de Lima que observava os exames de Rachel.

            - E então doutor? Alguma seqüela? – Quinn perguntou com um ar altamente profissional enquanto segurava a mão de Rachel disfarçadamente, o Dr. Suazo (que sequer esboçou reação ao ver quem era sua mais recente paciente) era um homem careca, alto, idoso e de aparência aristocrática. Ele não esboçou nenhuma reação e Rachel tinha que admitir que estava começando a ficar nervosa.

            - Quem foi responsável pela internação dela?

            - Eu e a Dra. Hopkins em NYC. – Quinn respondeu firme e Rachel admirou-a ainda mais, a morena viu arder nos olhos amendoados de Quinn uma energia altamente responsável e confiante. A morena esqueceu-se de toda a desconfiança que sentira nela durante a madrugada, Quinn Fabray havia mudado e agora, aquela era a sua Quinn Fabray. O médico levantou os olhos dos exames e olhou para Quinn por cima dos óculos de grau:

            - A senhorita estudou em Columbia, Dra. Fabray. Veja os exames e me dê seu diagnóstico.

            Os olhos de Quinn semicerraram-se, mas ela encarou aquilo como um desafio. A loira apanhou os exames e colocou os óculos de grau, Rachel segurou-se na cadeira para não agarrá-la ali mesmo, Quinn não sabia como ficava sexy naquela postura profissional. A loira não demorou menos do que alguns minutos para observar os exames, em seguida, pigarreou e disse, segura de si:

            - Pelo que eu pude observar nos exames, não há nenhum coágulo ou qualquer seqüela da queda dela há um mês. Posso deduzir que a dor de cabeça foi um reflexo de uma situação de stress extremo ou uma sobrecarga do cérebro.

            O médico ficou calado, observando Quinn. Em seguida, ele retirou os óculos e juntou os dedos das mãos, recostando-se na cadeira. Quinn olhou para Rachel que deu de ombros, sem saber o que dizer ou fazer. O médico respirou fundo e disse:

            - Eu não podia ter feito um diagnóstico melhor, Dra. Fabray. Por isso, seria um orgulho para mim que você viesse trabalhar em Lima depois de sua residência.

            Quinn abriu o melhor e mais belo de seus sorrisos enquanto Rachel fazia o mesmo, a loira levantou-se e apertou a mão do médico enquanto dizia:

            - Prometo pensar na proposta e obrigada por tudo que o senhor fez hoje, Dr. Suazo.

            - Mas acredite, Fabray... Eu não fiz por você, minha neta me mataria se eu tratasse mal a diva da Broadway preferida dela. – O Dr. Suazo respondeu com um sorriso gentil e surpreendendo as duas enquanto pegava um pequeno bloco de papel em um gaveta de sua mesa, as duas sorriram e ele empurrou o bloquinho na direção de Rachel com um ar envergonhado. – Srta. Berry, se importaria em autografar para mim?

            - Claro que não, posso até mesmo gravar um vídeo para ela! – Rachel respondeu com aquele sorriso enorme de 1000 watts iluminando a pequena sala do médico. Quinn sacou a câmera de seu celular e gravou tudo enquanto Rachel assinava e cantava um pedacinho de “Get It Right” antes de fazer uma dedicatória especial para a menina. Quinn enviou o vídeo por Bluetooth para o celular do doutor e disse com um sorriso:

            - Diga a ela que tem um vídeo da Rachel Berry no celular, ela vai saber o que fazer com ele.

            - Obrigada meninas, nunca lidei bem com tecnologia, acredito que ela vai descobrir o que fazer. – O Dr. Suazo disse com um ar animado e levando-as até a porta, as duas garotas despediram-se completamente sorridentes e percorreram o corredor em silêncio, separadas apenas por um roçar de mãos. Quinn sorriu para Rachel e disse:

            - Espero que se cuide e não se estresse nessas poucas semanas de férias que ainda lhe restam.

            - Eu prometo, terei apenas um compromisso por aqui com Mr. Schue. – Rachel respondeu enquanto seus dedos resvalavam nos dedos de Quinn, a loira sorriu diante do toque e perguntou:

            - Ah é? O que você e o velho Mr. Schue vão aprontar?

            - Ele pediu que eu viesse para dar um pouco de ânimo para os novos membros do Glee, digamos que eles estão no mesmo nível que nós quando começamos. – Rachel respondeu um pouco preocupada e com mil teorias para levantar a moral de um grupo formando-se em sua cabeça. Quinn virou-se interessada e perguntou:

            - Será que eu podia acompanhar vocês?

            - Achei que você ia querer distância de tudo, aqui em Lima. – Rachel respondeu confusa, parando ao lado de Quinn. A loira sorriu para ela e respondeu sincera:

            - Eu não quero, Lima é meu lar... E ajudar o Glee pode ser muito bom para mim também. Eu preciso de novos ares e talvez... – Quinn olhou em volta antes de dar um selinho em Rachel com uma expressão irônica na face. – Alguém se lembre da antiga capitã das Cheerios, apesar de que será difícil com a diva Berry na mesma sala que eu.

            - Quinn, você não existe! – Rachel disse entre gargalhadas enquanto beliscava uma das bochechas da loira, as duas ficaram se observando com intensidade e tentando reprimir o desejo que ambas tinham de se beijar naquele momento. Porém, uma voz tristemente conhecida rompeu o contato visual entre elas, a voz soava agressiva enquanto esbravejava:

            - Eu sabia que era verdade!

            Quinn gelou, Russel e Judy Fabray caminhavam decididos até elas.

***

            - Eu devia saber que não demoraria a você se juntar com essa aí! – Russel Fabray gritou a plenos pulmões em plena recepção do hospital, Rachel sentiu Quinn endurecer ao seu lado. A loira parecia uma estátua de gelo de tão fria que estava, a loira apontou o dedo para a face do pai e revidou agressiva:

            - Olha como você fala dela, ela tem nome!

            - Ah claro, a diva Berry... Claro que toda a Lima conhece! – Russel voltou a gritar, completamente imerso em fúria e loucura. Judy observava a cena encolhida a parede enquanto Rachel tentava conter a namorada, Quinn desvencilhou-se dela e respondeu:

            - É claro que conhece, porque ela conseguiu provar a todos quem ela é e não vai ser você que vai tirar isso dela!

            - Provar o que? Que ela é uma aberração como os pais? – Russel disse com aquele mesmo ar irônico que dolorosamente lembrava a própria Quinn do ensino médio. A loira fechou os punhos enquanto respirava com dificuldade. – Que ela é uma pecadora assim como você?!

            Quinn avançou sobre o pai, mas pareceu lembrar-se de que ainda tinha sangue Fabray correndo nas veias. A loira estacou no meio do caminho e se aproximou devagar, ficando muito próxima ao homem que era enorme perto dela. Quinn olhou no fundo dos olhos dele com um desprezo e um nojo sem descrições, sentiu Rachel tocar sua cintura e ela pareceu se acalmar um pouco antes de explodir em fúria:

            - O seu ódio é meu, o seu desprezo é meu! Não invente de dirigir isso a ela! Eu não sou mais a sua filha, deixei de ser há quatro anos quando saí daquela casa... Por isso, não me faça cometer uma loucura para protegê-la!

            - O que você vai fazer, Quinn? – Russel perguntou desafiador enquanto aproximava ainda mais da filha, os dois eram tão parecidos fisicamente, mas tão diferentes em relação a personalidade... Rachel podia ver que os olhos amendoados de Russel tinham uma energia fria enquanto os olhos de Quinn faiscavam calor. – Vai me bater? Me processar?

            - Eu agüentei tudo o que você fez por mim calada, mas com Rachel não! Eu vou passar por cima de qualquer um que tente fazê-la chorar... Você se acha forte Russel, mas você é um covarde. Um covarde que se esconde atrás de sua falsa fé buscando redenção aos pecados que comete todos os dias!

            Quinn parou para respirar e olhou em volta de si, a recepção estava calada e aquela mesma recepcionista estava boquiaberta a observar a cena. Quinn virou-se para Rachel que olhava para ela assustada, a morena apanhou a mão da loira entre as suas, dando a coragem necessária para que Quinn continuasse a despejar suas palavras engasgadas:

            - Você bebe, acumula dinheiro, trai, não ama seus semelhantes... E ainda acha que tem o direito de dizer alguma coisa a mim? Meu pecado não me faz pior diante dos seus pecados, Russel. Então, um conselho de quem abriu os olhos para a vida: pare de olhar a vida dos outros, pare de julgar a quem não lhe diz respeito e principalmente, pare de achar que é melhor do que qualquer um aqui nessa sala. Enquanto Rachel e os Berry engrandecem por serem capazes de me perdoar, você fica pequeno em sua mesquinhez... Preso em seu mundo de aparências onde sequer seu casamento, a instituição que você mais preza, está intacta diante das suas traições!

            Mal Quinn terminara a frase quando sentiu o peso da mão do pai em seu rosto. Russel esbofeteara a filha e estava pronto para um segundo tapa quando Rachel Berry tomou a frente na discussão, a morena empurrou-o de encontro a Judy Fabray e gritou:

            - VOCÊ NÃO VAI MAIS MACHUCÁ-LA! ELA NÃO PODE FAZER MUITO, MAS EU POSSO DESTRUIR A SUA VIDA, RUSELL FABRAY! NÃO ME OBRIGUE A VINGAR TODOS OS ANOS DE HUMILHAÇÃO SOFRIDA PELOS MEUS PAIS PORQUE VOCÊ É UM TROGLODITA RIDÍCULO QUE NÃO SABE ACEITAR A FILHA MARAVILHOSA QUE TEM POR CAUSA DE UM PRECONCEITO IDIOTA!

            Todos na sala ficaram surpresos, porque o disfarce de Rachel caíra revelando uma diva da Broadway com os olhos ardendo em uma fúria sem tamanho. A morena estava com os punhos fechados e protegendo Quinn como se ela fosse sua vida, Russel arregalou os olhos e foi praticamente puxado dali pela mulher que estava envergonhada. Em seguida, a própria Rachel puxou Quinn porta fora.

            As duas foram recepcionadas por flashes de câmeras e gritaria por perguntas, algum segurança do hospital empurrou um repórter que enfiava um microfone na face da diva. Rachel jogou Quinn no banco de passageiros e saiu cantando pneus do estacionamento do hospital.

            Ela e Quinn percorreram boa parte do caminho em silêncio. Rachel dirigiu até quase a saída de cidade e parou quando não ouviu mais o barulho de carros atrás de si, ela virou-se para Quinn com lágrimas nos olhos, recebendo um olhar firme em troca. Quando Quinn abriu a boca, de lá saíram palavras que não se encaixaram na situação recém-vivida pelas duas.

            - Acho que você pode começar a me explicar os fotógrafos, os repórteres e as perguntas, Rachel.

***


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Notas finais do capítulo

Eu disse que o drama começava a partir de agora... Apanhem os lenços porque a choradeira vai começar /convencida
HAUASHAUSHASUHAUHA

Comentem meus lindos e lindas, eu sempre escrevo mais rápido quando abro o Nyah e me deparo com os pedidos de atualizações, os elogios, as ameaças de morte e etc ASUHAUHASUHU

Beijos e até o capítulo 11! x)