Katherine se encontrava numa enorme dúvida na perfumaria quanto a qual das inúmeras opções de lápis levar. De repente, uma mão magra lhe estende um de uma marca e uma voz masculina lhe sugere:

     - Eu recomendo este aqui.

     - Obrigada – ela disse baixinho aceitando o longo lápis sem levantar os olhos e passou para o próximo item.

     - Rímel? – disse a mesma voz. – Experimenta este – nova sugestão.

     - Obrigada – ela sorriu, pensando se tratar de um maquiador profissional renovando seu arsenal cosmético.

     Ao chegar nas prateleiras de batons, teve uma surpresa ouvindo:

     - Hmm, aí eu já não posso te ajudar.

     Mas não era um maquiador? Pronta a agradecer novamente e fazer a pergunta, Katherine finalmente ergueu a cabeça e levou um pequeno susto ao ver uma figura de feições tão femininas lhe dirigindo um sorriso.

     - Sou Bill Kaulitz – disse ele lhe estendendo a mão. – Muito prazer.

     - Katherine – ela respondeu sem conseguir disfarçar a surpresa.

     - É a minha aparência, não é? Unhas pintadas, cabelo comprido, maquiagem nos olhos. É, eu sou assim mesmo. Não se assuste.

     - M-me desculpe – disse ela. – Nunca tinha visto uma pessoa tão andrógina.

     - É um tremendo elogio ser chamado de andrógino por alguém que eu acabo de conhecer, sabia? – ele riu. – Geralmente eu tenho que explicar isso às pessoas.

     - Não a mim. Então acho que eu ganhei um ponto, não é?

     - Com certeza.

     Desistindo do batom, Katherine olhou para a cestinha que segurava e disse:

     - Ham... eu vou levar só isso. Estou indo ao caixa.

     - Pois somos dois. Primeiro as damas.

     Não havia fila, então ela foi atendida prontamente. Em meio minuto o outro caixa ficou livre e Bill foi atendido também. Tendo saído ambos da perfumaria, Bill chama Katherine e pergunta:

     -Katherine... será que você aceita tomar um sorvete comigo?

     - E por que não? – ela sorri.

     Os dois conversavam animadamente quando Katherine recebeu uma mensagem no celular. Ela pediu licença e leu o recado:

     “Katie, você está com a pulseira com a qual um cara te pagou uma dívida esses dias? Tire-a, jogue o mais longe que puder e corra para o outro lado. Vou te ligar, me atende. É urgente.”

     No momento em que ela leu a última palavra, o telefone tocou.

     - Bill, me desculpe... De verdade, me desculpe, mas eu tenho que atender. – pôs o aparelho no ouvido – Fala, Gustav.

     - Você já fez o que eu mandei?

     - Não, eu...

     - Tá esperando o quê?! Escuta, essa pulseira tem um rastreador. Aquele homem era um capanga de Hans Weinberg, um inimigo do seu pai. Ninguém ficou mais feliz do que ele quando... enfim. Ele só não contava que você assumisse os negócios. Ficou planejando isso desde então, e agora resolveu atacar. Katie, tem cinco marginais nos seus calcanhares. Eles querem te sequestrar e te matar.

     - T-tá. – ela desligou o telefone em choque.

     - Katherine? O que foi? Você tá pálida.

     - Eu tenho que ir, me desculpe – disse enquanto tentava, nervosamente, tirar a pulseira. – Aliás, nós temos. Me tire daqui, me leve pra algum lugar.

     - O que tá acontecendo?

     - Por favor, me tire daqui, depois eu te explico – levantou-se e jogou a pulseira longe.

     - Por que fez isso?!

     - Sei que vou ficar te devendo boas explicações e eu não sei como eu vou te dá-las. Mas por enquanto, por favor, me leve pra algum lugar longe daqui.