O Cisne Negro escrita por anonimen_pisate
P.O.V – Alec Volturi
-Vamos Alec? – Jane esfregou a mãozinha em meu braço tentando criar calor com o atrito. Sua voz era macia e delicada, calma. Não havia mais acidez nela, por pouco tempo.
-Já estou indo. – murmurei.
Ela balançou a cabeça e saiu pelo portão indo em direção a guarda.
Eu já havia me despedido de Trianna mais cedo, mas não havia visto Hellena de jeito nenhum pela manha. Após ela ter renunciado a coroa, cheguei a pensar que poderíamos ficar juntos, mas eu não poderia pedir que ela renunciasse seu povo.
Meneei a cabeça mais uma vez e dei as costas a entrado do castelo súcubo, o dia estava frio e havia neve por todo canto. Enfiei minhas botas no amontoado fofo e branco quando ouvi uma risada de prata atrás de mim.
Me virei procurando pela razão daquele canto de sereia, e vi-a parada a minha frente. Rindo.
-Então é isso? – perguntei sucinto.
Ela piscou ofegando e virando os olhos para o alto e depois para mim.
-Vou voltar para o mundo mortal. – disse tudo em um só suspiro. – Nunca fui boa com surpresas.
-Vai voltar? – falei em voz alta correndo ate ela e abraçando sua cintura e rodando com ela em meus braços. A súcubo ria prendendo os dedos em meus cabelos com carinho.
-Bom... – respondeu depois que eu a pus no chão. – Não vou ser uma Volturi, nem nada, mas pode ter certeza que vou estar do seu lado sempre, afinal, Corin esta por ai não é? – riu marota. – Tenho que proteger o que é meu.
-Dês de quando eu tenho dona? – arqueei as sobrancelhas.
-Você é meu Alec Volturi. – estreitou os olhos e contornou meu pescoço com as mãos. – Meu marido, meu amante, meu parceiro, meu consorte, meu tudo. Sempre.
Levou os lábios ate a minha boca me beijando. Separamo-nos respirando fundo e rindo juntamente. Mordeu o lábio inferior como que tentando conter seu riso de alegria.
-Você ainda é súcubo. – ela fez que sim. – Precisa ter sempre outra por perto. – não soou como uma pergunta, mas ela se separou um pouco mais de mim e suspirou.
-Por enquanto.
-Por enquanto?
-Eu estava pensando em procurar por alguma cura, procurar por alguma solução para me livrar dessas correntes. – fungou. – Eu ate poderia aceitar ser destituída, mas sou uma súcubo, não sirvo para vampira.
-Realmente nunca consegui imaginar-la sendo uma vampira, presa em um castelo, tendo que julgar outros vampiros, e ficar nessa mesmice. As súcubos combinam mais com você, não ter uma rotina. – eu ri esticando os dedos até seu cabelo. – Onde vai ficar?
-Em lugar nenhum, em todo lugar. – deu de ombros. – Quem sabe?
-E como poderei te achar?
-Para isso inventaram o celular, e alem do mais... – sussurrou ficando mais próxima. – Pra que existe o teletransporte quando não se tem com quem usar-lo?
Eu ri.
-Sempre achei que o posto de Volturi não lhe cabia.
-É mesmo? – ela riu erguendo uma sobrancelha.
-Você tem mais cara de nômade. Senhora Hellena Volturi.
-Agora eu tenho um sobrenome, e pode ter certeza que esse eu não deixarei para trás. – piscou confiante.
-Passou por tantas coisas... – murmurei colocando uma mecha de seus cabelos marrons atrás de sua orelha. – Tanto sofrimento, tanta dificuldade, tanta luta.
-E como a mãe criadora disse: você sempre esteve lá. Agora é minha vez de sempre estar ao seu lado, estando ou não fisicamente. – revirou os olhos sonhadoramente.
-Sabe que você é a única. – acariciei seu rosto.
-Você sabe que é o único, sempre foi e sempre será.
-Contarei os minutos que não estiver comigo.
-Contarei os segundos em que não me chama... – se afastou. – Mas... Nunca sabemos o que vamos encontrar na próxima esquina, pode ser uma humana, ou pode ser uma súcubo. – falou andando de costas. – Afinal, nem as melhores súcubos do ar estão sempre certas...
-Só existe a certeza de que o amanha vira.
-Não, não... – riu balançando um dedo. - De uma coisa eu tenho certeza.
-E o que seria vossa alteza? – forjei uma reverencia.
-Seremos felizes. – sorriu abertamente. – Agora vá! Ou vai se atrasar para o trabalho, e eu não quero um marido desempregado. – caçoou. Piscou os olhos suavemente, e assim sumiu em uma rajada de vento.
-Alec! – ouvi Jane chamar meu nome impacientemente.
Respirei fundo ainda sentindo o cheiro de Hellena no ar.
E de uma coisa eu estava convicto: ela era minha, e sempre seria.
Dei uma ultima olhada no anel que ela me dera há anos atrás, um passado que parecia tão longínquo, e ao mesmo tempo tão próximo. Essa era a prova.
-Já estou indo irmã, já estou indo.
Anos se passaram, e como o prometido, Hellena sempre veio me ver, nunca houve um dia em que eu não visse algo que me lembrava ela. Parecia que ela sempre deixava pistas por todo o castelo provando a promessa.
Encontrávamos-nos freqüentemente na Itália, ela trazia novidades maravilhosas de viagens que fazia, de lugares que conhecera, e nunca vi minha menina tão feliz, ver-la desse jeito me gratificava.
Contava-me novidades das súcubo, que Kahlan finalmente havia engravidado e que dera a luz a uma linda menina do espírito, o pai, ninguém sabia se era do novo rei, mas isso pouco importava.
Os imortais nunca estiveram em tanta paz como agora, celebrávamos festas juntos, e tudo transcorria com harmonia.
-Os mundos não estão maravilhosos desse jeito? – Hellena disse em um dos nossos encontros. Estávamos deitados na grama observando as constelações como ela adorava fazer.
-Nada é para sempre. – falei passando a mão por seu cabelo.
-Que seja eterno enquanto dure. – sorriu provavelmente lembrando-se de algo de uma de suas vidas. – E que dure para sempre, mas se não durar, quem liga? – rolou ficando de barriga para baixo.
-Começar as guerras novamente? – franzi o cenho tirando pedaços de grama de seus cabelos.
-Não, não isso. – balançou a cabeça. – Faz quantos anos que nos conhecemos? – pensou um pouco. – Nossa, como estou ficando velha.
-E a cada ano que passa fica mais bela.
-Sabe Alec, você esta errado, tem uma coisa que é eterna.
-O que?
-Nos. – gritou rindo. Sua voz ecoou no nada da noite. – E se não formos, quem liga? – repetiu. – A vida é como uma estrela cadente, se não a virmos a tempo, ela passa.
-Quando vai deixar de ser tão humana? – eu ri. – Nossa vida de longe é algo que passa sem ser percebido, e se for comparar com uma estrela cadente, que estrela lenta.
-Quando vai parar de ser tão masoquista? Pare de se odiar e de odiar o que você é Edward Cullen. – revirou os olhos. – Isso na minha época se chamava emo.
-Eu não odeio o que sou, nem quem sou. Até porque, se eu não fosse o que sou, nunca te conheceria e nunca teria tido tanta felicidade. – beijei seus lábios.
-Pare de me bajular. – ela riu se desviando de mim.
-Certa vez me disse que a eternidade só vale à pena quando se tem com quem compartilhar as estelas. – murmurei.
-Não acha que vale? – ela sorriu provocando meu silêncio.
-Tem alguma frase para um momento como esse? – coloquei meus braços atrás de minha cabeça admirando o céu novamente.
Ela respirou fundo repetindo meus gestos.
-Frases não podem descrever o que eu sinto agora. Nunca se sabe o que encontrara no dia seguinte, afinal, a vida é uma caixinha de surpresas. – deu de ombros. – Nunca se tem certeza de nada, seja mortal ou imortal.
-De nada? – ergui as sobrancelhas.
-Ok. – se sentou. – De algo eu tenho. – inclinou o rosto em direção ao meu e tocou meus lábios, mas dessa vez, seus lábios não tiraram nada de minha energia. – Que eu te amo.
Hellena tinha razão, quando se é imortal, tudo pode acontecer, mas assim como ela, eu tinha certeza de algo: eu a amava.
-O eterno mesmo assim não te assusta? – perguntei depois de perder sua boca.
-Aconchegada em seus braços Alec, eu me sinto segura pela primeira vez, mesmo sabendo que a segurança pode acabar com um gesto de mãos, mas sabe – ela se virou para mim. – Eu não ligo, tenho com quem compartilhar as estrelas, e isso basta. Pelo menos por agora.
-E quando deixar de bastar?
-Ai eu arranjarei outro motivo pelo que valera a pena viver. A ser eterno. E quando o próximo acabar virá o próximo, o próximo e o próximo. Afinal, temos todo o tempo do mundo para isso.
-Essa idéia nunca me pareceu tão perfeita. – murmurei.
Fechei os olhos.
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