O Cisne Negro escrita por anonimen_pisate
P.O.V – Hellena
-Isso é impossível, elas sumiram do nada. Tipo “puf”. – sibilei olhando um mapa que havíamos feito do mundo oculto onde minha mãe e minha prima haviam desaparecido.
-Ate os cavalos sumiram junto. – Hoppe suspirou.
-Deve haver algo errado, tem que te alguma coisa! – Georgina explodiu.
-Não a prova nenhuma de que fui eu, mas mesmo assim me culparam, mas não existe provas de nada! Nem pegadas, nem indicie de luta, ninguém viu nem ouviu.
-Nem sabemos se o lugar pelo menos é esse. – Blake se levantou.
-Pelos nossos cálculos, elas estavam a pelo menos um raio de distancia desse ponto. – fiz um circulo com a ponta do lápis. – Elas sumiram dentro desse circulo.
-O circulo é bem grande. – Quenn disse cética.
-Talvez alguma bruxa pode saber de algo. – Hoppe deu de ombros.
-Boa idéia. – chamei Aisla para poder nos ajudar. Ela se debruçou sobre o mapa e franziu os olhos, pensou um pouco e mais um pouco ate que finalmente falou.
-Vivi alguns anos no mundo oculto, mas acho melhor chamar outra bruxa que conhece mais sobre ele. – sumiu em um corredor e quando voltou trazia uma mulher de olhos rosa. Tipo rosa, rosa.
Ela analisou o mapa do mesmo modo que Aisla fez, parecia não estar reconhecendo muito bem o lugar, mas depois de alguns segundos se encontrou e sorriu.
-A rainha de vocês desapareceu ai?
-Calculamos que sim. Sabe de algo?
-Bem... Tem algumas lendas que dizem que nesse lugar existe uma caverna. – mordeu o lábio inferior e olhou diretamente para mim com receio, como que pedindo meu apoio.
-Caverna? – franzi o cenho descrente.
A olhos rosa pegou outra folha e desenhou de um modo que bem embaixo da estrada tivesse uma caverna, não era muito grande, mas estava dentro da extensão do calculo.
-Dizem que esse é um lugar que só os imortais superiores podem entrar. É mais um refúgio para os anjos... Pecarem, se me entende. – sorriu para mim como uma cúmplice.
-Então é uma caverna para os anjos fazerem a festa? – Blake balançou a cabeça escondendo um indicio de riso. Seus olhos faiscavam e seus pensamentos eram de certo modo... “pecaminosos”.
-Os anjos não vão muito, não gostam de lugares debaixo da terra, e os demônios largaram meio de mão, eles não precisam se esconder para fazer safadezas. – essa bruxa falava como uma súcubo.
-Você acha que minha mãe pode estar ai?
-Alem de ser um lugar que poucos sabem a existência, seria impossível qualquer um entrar ou sair. – balançou os ombros de modo sugestivo.
-Então como elas entraram?
-Com a ajuda de algum demônio superior talvez.
Pensei um pouco sobre isso, parecia bem o tipo de coisa que Katherine estaria disposta a fazer para conseguir o trono. Mas que demônio ajudaria uma súcubo?
-Como posso fazer para tirar-las de lá?
-Um demônio pode fazer isso.
As meninas me olharam com receio, mexer com demônios superiores podia ser bem perigoso e todas nos sabíamos disso, mas não havia outro jeito, tínhamos de nos arriscar.
-Eu só preciso de uns conselhos de uma pessoa em especial. – levantei-me da cadeira e andei ate estar fora de casa onde elas não me escutariam, invoquei Radamante, ela surgiu no minuto seguinte.
-Sim minha princesa? – perguntou com sua voz etérea.
-Minha mãe esta presa nessa tal de caverna?
-Creio que sim.
-Como eu faço para tirar elas de lá?
-Eu tenho um amigo, vou te dizer como convocar-lo e então negociara com ele. – falou com sua calma exemplar e espiritual explicando tudo que eu deviria usar e como usar.
Durou cerca de uns quinze minutos, estava tudo gravado em minha mente quando me levantei respirando fundo e drasticamente, andei ate elas e suspirei antes de contar tudo.
-Isso é suicida! – Blake gritou.
-Mas é o único jeito. – disse com a calma que apenas minha mãe saberia demonstrar em momentos como esse. Virei meu rosto em direção a uma janela e vi meu reflexo nela. Surpreendi-me ao ver a expressão sábia e de rainha em mim.
Instintivamente segurei meu anel, dessa vez na mão contraria, e com um significado totalmente diferente. Pensei em Alec, pensei em nos dois. Ele agora estava caçando, todos estavam se alimentando o máximo possível para a guerra que estava por vir.
Faria isso por ele, por nos, por todos nos.
-Preciso de velas, e um incenso seria bom. – murmurei apertando meu casaco contra meu corpo. – Preciso fazer isso no por do sol, antes que todos cheguem.
Chegaram a discutir comigo para que eu não fizesse isso, mas nada me impediria, eu estava convicta do que teria de fazer isso. Recolhi tudo que Radamante me falou ser necessário e parti para a floresta.
Não fui em velocidade imortal, nem fiz nada que revelasse minha condição não humana. Não sabia muito bem onde era o local, a súcubo do fogo disse que eu sentiria, mas parecia que o lugar nunca ia chegar.
Parei em uma pequena clareira em que a grama estava rala e amarelada, quase que morta. Aquele local me deu um arrepio estranho, considerei isso como o sinal.
Estava bem escuro, o que deixou o lugar todo com um clima sombrio e assustador. Em outras épocas eu morreria de medo de estar aqui sozinha, mas não agora.
Fiz um circulo de velas e deixei-as queimar apenas vendo suas chamas tremularem com o vento que passava ocasionalmente. A lua era apenas uma linha fina e amarelada que provocava uma luz tão fraca quanto às das velas.
Acendi o incenso e fiquei um tempo sentindo o cheiro de patchouli e sândalo, vendo a fumaça subir em espiral diante de meus olhos e fazer desenhos em si mesma.
Sentei em posição de lótus e fechei meus olhos ficando alheia a tudo que acontecia a minha volta. Senti uma brisa mais forte passar por minhas costas e o calor das velas baixar.
Abri os olhos e vi a lua ser encoberta por uma grossa camada de nuvens. As folhas passaram a se baterem e redemoinhos se formaram a minha volta em um louco frenesi.
No momento em que uma neblina cinza invadiu a clareira, chupando a luz para si e a fumaça dos incensos, ela virou uma bola maciça e escura e explodiu, devolvendo a luz e a calma ao local.
Diante de mim havia um homem alto e pálido vestido em um terno de risca de giz cinza, seus cabelos eram longos e negros como a noite que lhe envolvia, enquanto seus olhos de um azul gelado e turquesa entravam em contraste com o escuro dos cabelos.
Além de tudo ele... Ele flutuava. Tipo, ele estava a uns trinta centímetros acima do solo, talvez por isso fosse tão alto. Mas não foi isso o que mais me assustou, o mais apavorante de tudo, é que ele tinha asas. Asas negras.
-Muito boa noite senhora Volturi.
-Acha que não saberíamos de seu... “casamento”? – sua voz era zombeteira. Nunca cheguei a me imaginar sendo chamada de... Senhora.
-Pelo visto o casamento foi valido então? – devolvi no mesmo tom.
Ele se limitou a rir suavemente.
Suas asas tremiam à medida que ele ria, formando uma grande moldura escura envolta de seu corpo esquio e languido.
-Porque me convocou? – arqueou uma sobrancelha grossa.
-Preciso de sua ajuda. – falei sem demonstrar um traço do medo que eu sentia em cada fibra de meu ser. O demônio entortou as pontas de sua boca para cima em um sorriso resplandecente.
-E o que me daria em troca? – já esperava por isso, demônios não faziam nada se não por barganha.
Respirei fundo tomando coragem.
-O que você quer? Minha alma? – acrescentei estupidamente.
-Não... Não... – balançou o dedo indicador em sinal negativo. Seus pés bateram ocamente no chão e duas penas de suas asas caíram no chão amaciadamente. – Meu mestre gosta de colecionar almas, não eu.
Começou a andar para lá e para cá.
Parou e me olhou de relance, um novo sorriso atravessava seus olhos.
-O que você quer?
-Deve saber da existência de uma caverna no mundo oculto. Um lugar para onde anjos iam para pecar sem serem... “vistos”.
-Sim, sim... – murmurou.
-Minha mãe, a rainha súcubo pode estar possivelmente lá.
Outro sorriso.
-E quer que eu resgate suas familiares. – completou sibiloticamente.
Meneie a cabeça em afirmativa.
-Sabe qual o meu nome? – nem esperou eu responder algo, já foi falando secamente. – Asmodeus, esse nome significa algo para você? – sua expressão era quase que vencedora.
-É o demônio da luxuria? Ou melhor, um príncipe. – pisquei. – Somos muito parecidos não concorda? Ambos demônios, que vivemos de ambos motivos, da realeza?
Radamante já havia me instruído o que dizer.
-Você é mais inteligente do que aparenta. – pensou um pouco. – Sua criadora, Lilith, é uma grande amiga minha, afinal, nos quase que trabalhamos na mesma coisa. Mas eu não fui tão fugaz e perspicaz quanto ela, não criei nenhuma criatura para me ajudar. Mesmo assim, o que havia para ela, vem a mim do mesmo modo.
Falava tudo enquanto andava de um lado para o outro.
-E fico pensando: Essa guerra vai atingir padrões maiores do que deveria. Nos demônios superiores não podemos nos meter em assuntos terrenos, mas... Nesse embate, se irão muitas criaturas das sombras, e todo o equilíbrio se esvairá com vocês. Não podemos deixar isso acontecer.
-Ira me ajudar? – fiquei radiante.
-Me devera um favor senhorita.
-Senhora. – o corrigi sem pensar.
-És bela é jovem demais para ser uma senhora. – começou a flutuar.
-Trará minha mãe de volta?
-Demorara um pouco, mas posso assegurar que suas familiares estarão com você em algumas horas. – olhou para o relógio de pulso. – Me deve essa Hellena. Não costumo esquecer de coisas.
-Nem eu. – dito isso ele sumiu levando todo o calor e o perfume de incenso consigo. A lua voltou a aparecer no céu e eu estava sozinha.
Olhei para as palmas de minhas mãos e suspirei com força. Estava feito.
Voltei para casa e já estava amanhecendo. Blake me esperava na porta, e assim que me viu – ou sentiu, ou cheirou – veio correndo e me abraçou perguntando se estava tudo bem.
Contei resumidamente o que havia acontecido e o assunto se deu como acabado.
O ataque estava programado para daqui a três horas, e todos já estavam aguardando ansiosamente pelo dia seguinte.
Procurei Alec pela vastidão de rostos e encontrei-o conversando com Aro soturnamente. Fiquei parada vendo os dois terem uma discussão em voz baixa.
Quando acabou, Alec deu as costas ao mestre, deixando-o com uma carranca. Veio em minha direção e ao me ver tomou minha mão me levando entre as “pessoas”.
Entramos em uma porta lateral e descemos as levas de escada ate chegar no porão. Dali podíamos ouvir e sentir o tremor de todos em cima de nos, ficamos em silêncio sentados em um colchão velho no chão.
Alec pegou uma garrafa de Absinto empoeirada no canto e bebeu direto no gargalo. Ele não era muito de beber, disse que como era bem velho seria impossível deixar-lo embriagado, que havia criado resistência a álcool.
Passou a garrafa para mim, eu repeti seu gesto e deixei ela escorada no chão.
-Pode ser nossa ultima noite. – murmurou rouco.
-Não diga isso, da azar. – ri tentando deixar-lo mais feliz.
-Estava certa.
-Sobre o que?
-Aro é meu pai, ele admitiu. E disse que vampiros não tinham pai.
Olhou para mim e sorriu.
-Mas agora somos marido e mulher, e nada nem ninguém mudará isso. Se o... Se o pior acontecer... – coloquei minha mão tapando seus lábios.
-Não vai meu amor.
-Se. Se acontecer, saiba que eu sempre, sempre te amei. E não me arrependo de nada do que fiz, faria tudo de novo. – vi a verdade flutuando em seus olhos claros.
-E eu estaria ao seu lado, repetindo tudo de novo.
Ela fechou os olhos e voltou a me abraçar, nosso ultimo abraço.
Ficamos em silêncio e voltamos a beber tendo apenas os sons de passos e tremores como musica de fundo, a tensão pré-guerra deixava nos dois eriçados e nervosos, de uma forma boa, excitante.
-Não vamos falar sobre coisas ruins, vamos só... – deixei a frase no ar.
Ele olhou fundo nos meus olhos e nos beijamos.
E consumamos o casamento.
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