Olhos de Lua escrita por Fada Mironga


Capítulo 6
Capítulo Sexto


Notas iniciais do capítulo

Hello, babies!
Não me matem, por favor! Sei que a demora foi inconcebível, mas a gente conversa mais sobre isso lá nas notas finais, beleza? Não, não desisti de vocês e nem da fic. Mas tive um probleminha de baixa autoestima e achei que a história estava ruim, além de que estou sem tempo pra quase nada!
Aqui vai mais um capítulo dessa sequência, prometendo muitas coisas. Acho que está mais do que na hora de dar uma apimentada nessa relação do Potter e da Evans como tanto esperávamos. Além disso, pretendo aproveitar a deixa do último capítulo e incrementar a fic com algumas informações vitais para a vida desse povo bruxo. Espero que curtam bastante!
Corra, Lola, corra!



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Ao sair dali, continuei a caminhar lenta e tranquilamente até a Torre de Astronomia. Bem no quinto degrau comecei a correr desesperada. O que mais precisava naquele momento era chorar e ficar sozinha. Não seria nem um pouco fácil encarar todas aquelas pessoas novamente, mas procurava não pensar nesse ponto. Já bastava não conseguir esquecer o ocorrido.

Como ele pode fazer isso comigo? Justo ele? Poxa, eu esperaria aquilo de qualquer um, menos do... Argh, não queria nem pensar no nome daquele garoto desprezível. Traidor de uma figa! A gente praticamente cresceu junto, conhecemos tudo – ou pelo menos eu pensava assim ser – um do outro, desde os problemas familiares até os defeitos mais vergonhosos. Até mesmo os pontos fracos...

Um bater de asas tirou-me de meus devaneios repentinamente. Aquela fênix linda me olhava indagando o que me fazia chorar daquele jeito. Afinal, ela estava acostumada a me ver séria ou triste, mas nunca desolada. Encostou sua cabeça em meu ombro e afagou-me a seu modo. Achei aquilo tão encantador que, por um tempo, esqueci-me de toda mágoa e sofrimento.

Sequei meu rosto e sorri, retribuindo o carinho. Passei meus dedos pelas penas vermelhas e disse:

- O que tu queres, hein? Minha voz deve estar fanha e feia. Também não consigo pensar em nenhuma música feliz... Mas tenho algumas inéditas. Quem sabe...

Dessa vez, simplesmente assoviei uma canção bem triste e bem linda chamada Um dia, um adeus. Assoviar era mais fácil do que cantar. Assim a música não seria estragada pelo choro! Para ser sincera, ficar deprimida não era muito do meu feitio. Lílian Evans era uma pessoa de ações e não de lágrimas. Melancolia não combinava comigo. Depois de ficar na fossa por um tempo, seguia a vida. Tomava minhas decisões e as seguia. Sempre foi assim e sempre seria.

Mas por que estava ali, naquela noite linda, pensando num incidente já passado? Agora era bola pra frente e seguir com a cabeça erguida. Se eu bem conhecia os alunos desta escola, provavelmente todos estariam discutindo o acontecido e minha ausência no jantar. Quer saber de uma coisa? Que se danem todos!

Ora bolas, mereço viver minha vida e conduzi-la da maneira que melhor me convir. Ou seja, como me “der na telha”. E neste instante, tinha vontade de descer – sem falar na fome doída. Minha barriga já roncara de todas as maneiras possíveis, a essa altura do campeonato, e eu bem que podia aliviar essa dor.

- Pronto, minha linda. Música nova aprendida. Agora preciso ir.

Acariciei a cabeça do animal mais uma vez e me despedi, descendo, acelerada, as escadas. Segundo meu relógio, o jantar ainda não começara, mas todos – ou a grande maioria – já estariam sentados e falando alto. Abri as portas em um rompante, meu rosto seguro e calmo, como se nada demais tivesse acontecido e nada pudesse me abalar.

Amo muito tudo isso.

Como previsto, todas as cabeças viraram para me olhar e senti vários olhinhos acompanhando cada respiração minha. Sentei-me no fim da mesa, onde meus amigos, meus verdadeiros amigos, esperavam-me aflitos.

- Olá, gente. – cumprimentei-os todos com um sorriso – Perdi alguma coisa importante?

Eles olhavam-me estarrecidos.

Marlene olhou para o James e depois virou hesitante para mim.

- Hum... Lily, como... Como você está?

- Perfeita, oras. Digo, perfeita até onde é possível. – suspirei – Gente, é sério, não se preocupem comigo. Está tudo bem. O que passou, passou e já era. Agora, perdi alguma coisa importante? Algum pronunciamento... sei lá. Alguma coisa desse tipo.

- Não. – Remo respondeu-me, demonstrando calma e tranqüilidade em sua voz. O interrogatório dele viria depois, quando nos encontraríamos para discutir algumas melhorias em sua poção. Hoje, eu estava feita. – Dumbledore ficou sentado o tempo inteiro discutindo com a McGonagall, ambos aparentando preocupação e olhando incessantemente para a porta. Na verdade, parecia que estavam somente te esperando. – e apontou com a cabeça para a grande mesa dos mestres. – Olha lá.

O diretor realmente havia se levantado e encarava a todos com seu semblante sereno. Os últimos murmúrios dos alunos se cessaram ao estender de braços do homem mais poderoso naquele castelo.

- Sejam bem-vindos de volta, alunos. Espero que o passeio por Hogsmeade tenha sido prazeroso. E, para os veteranos que permaneceram no castelo, desejo que esse tempo tenha sido proveitoso para todos. Antes do jantar, queria lembrá-los de que, apesar de momentos difíceis serem duros de lidar e decepções causarem marcas profundas nas pessoas, estes existem para aprimorar o aprendiz. Momentos felizes sempre aparecem, mesmo nos momentos mais dolorosos. Por isso, e sem mais delongas, pip pip! – foi anunciado e as mesas ganharam cor, com um banquete variado e delicioso, como sempre.

Eu já sabia que os elfos domésticos do castelo cozinhavam toda a comida, pois às vezes os visitava, mesmo que não fosse lá muito bem recebida. A situação somente mudou quando comecei a ler em voz alta, como quem não quer nada, e eles passaram a me ouvir e a gostar de mim.

- Hum... – aprovei a aparência da comida, ignorando o discurso do diretor que, obviamente, fora direcionado a mim. Ou não, né? Não seria muita presunção minha achar que Dumbledore atrasara o jantar por culpa minha?

- Acho que isso teve um pouco a ver com o que aconteceu mais cedo – Alice sussurrou em meu ouvido, alarmando-me – Sei que não queres conversar sobre isso agora, e talvez não queria nunca, mas é uma observação que tinha que fazer. O Remo e tu vão se reunir mais tarde... Será que a gente pode conversar lá? Juro que saio assim que o assunto terminar. Não quero invadir a privacidade de vocês.

- Tudo bem – disse olhando-a nos olhos. Alice Scott era uma das pessoas mais discretas e verdadeiras que conheci em minha vida inteira.

Jantei pouco. A agitação dentro de mim era muita para que eu conseguisse realmente comer alguma coisa. Belisquei um pouco de tudo e bebi bastante suco de laranja. Estranhamente, nosso canto não estava barulhento. Comemos em um silêncio profundo, cada um com seus próprios pensamentos.

- Com licença, meus amigos – Lupin disse por fim. Olhou para mim e para Alice, a essa hora eu já dissera a ele o pedido, e levantou-se. – Nós três precisamos sair agora. Mais tarde nos encontramos na Sala Comunal, combinado?

- Tudo bem – Marlene disse baixinho, olhando desconfiada para nós. Encarou os meninos e ficou ainda mais confusa, pois suas posturas estavam relaxadas; eles sabiam que trabalharíamos na “Poção Lupina”, como apelidei.

- Alice, você também? – Potter perguntou.

- Sim. – ela mesma respondeu. Olhou-nos rapidamente e dirigiu-se a todos – Creio, no entanto, que os encontrarei antes na Grifinória. Os dois demorarão um pouco mais. Temos que decidir o que fazer na festa do Slughorn, não é mesmo?

Droga, eu tinha esquecido isso! O Clube do Slugue se reuniria para comemorar seu aniversário em uma semana. Ainda não tinha providenciado minha roupa e nem mesmo meu par. Bem, isso teria que ser resolvido em outro momento. Agora havia abacaxis mais podres para solucionar.

Fomos diretamente à Sala Precisa. Claramente, tudo o que precisávamos para nosso trabalho estava lá, atrás de uma cortina branca. Na frente da proteção, um sofá confortável e pufs estavam posicionados para nossa conversa. Sentamo-nos pesadamente nas almofadas confortáveis e olhamos um para o outro.

- Lílian – Remo começou – Não minta para mim. Como você está?

- Acabada – respondi, sabendo que não conseguiria mentir para aquele menino nem em mil anos – Mas tu me conheces. Não vai durar muito...

- Dessa vez é diferente, querida – Alice manifestou-se. Seus olhos cheios de preocupação fitavam-me intensamente – Não foi qualquer coisa. Não foi qualquer um. O Snape – Aquele nome agora me trazia dor e repulsa – não é um menino que você mal conhece. Ele é seu amigo por mais tempo do que qualquer um de nós. Vocês sabem mais de um do outro do que de si mesmos... Bem, acho que ele mudou. Mesmo assim, é duro. Saiba que estamos aqui sempre.

- Para todos os momentos. – meu amigo completou – Sei que posso contar contigo para tudo, Lílian, e isso é recíproco. Tu és a minha melhor amiga, uma pessoa que sempre está disposta a ajudar todo mundo. Mas a vida é uma via de mão-dupla, sabes bem disso, e agora é o nosso momento de te ajudar a levantar. – Dito isso, segurou firmemente minha mão direita, confortando-me.

- Por favor. Preciso disso – senti que estava a um fio de chorar de novo e isso não! – Não preciso e nem quero chorar de novo. Vocês são meus amigos e estarão ao meu lado sempre. Só que agora, precisamente agora, não tenho vontade de falar sobre isso, certo?

- Tudo bem – Alice falou. Passou a mão por meus cabelos e se levantou. Deu um sorriso leve e se encaminhou para a grande porta. – Deixarei os dois fazerem o que tinham combinado agora. Até amanhã, crianças. Ah, podem deixar que invento alguma coisa pros outros.

Deu uma piscadela e fechou a porta, deixando-nos ali.

- Remo...

O abraço silencioso do Lupin foi melhor do que qualquer palavra. Sabe aquela frase de “um gesto vale mais do que mil palavras”? Pois é. Este gesto superou qualquer coisa. Ficamos abraçados durante um bom tempo, até que eu quebrei o silêncio:

- Estou preocupada com o Pedro.

- O Rabicho? – ele me soltou e olhou-me confuso. – O que aconteceu?

- O que está acontecendo, isso sim. Lembra daquele dia em que vocês me encontraram de olhos fechados, com a trupe do Malfoy ao meu redor?

Contei tudo a ele. Cada palavra que saiu de minha boca foi ouvida com a maior atenção possível. Ao final, sua expressão estava indecifrável. Uma mistura de medo, preocupação e curiosidade.

- Talvez – sua voz estava grossa e alarmada – Só talvez, possa saber do que se trata tudo isso... É bastante sério e perigoso. Pedro não deveria ter dito isso, não desse jeito. Queríamos te contar mesmo, digo, eu e o Sirius queríamos te contar. O Pontas achava arriscado, afirmando ter certeza de que tu irias querer se infiltrar na história. Que te envolverias nisso. Acredite, minha amiga, não pretendo te envolver em nada. só acho justo que saibas, pois isso pode te afetar. Não, minto. Isso vai te afetar.

- Desembucha logo, homem!

A curiosidade matou o gato e agora estava me matando. O que diabos era aquilo, afinal? Com toda a certeza, era alguma encrenca, mas das grandes! No que esses moleques se meteram, minha gente?

- Existe um homem... Um bruxo. Muito poderoso, persuasivo, inteligente e culto. E também é um bruxo das trevas. Não gosto de pronunciar seu nome. Este homem vem caçando trouxas e os chamados “sangues-ruins”. Pessoas inocentes. Pessoas como eu, como você.

- Gente como eu, principalmente.

- Exatamente. Ele vem juntando asseclas e colecionando cadáveres em suas mãos cada vez mais, Lílian. Não sei como alguém parará esta criatura. Ele é cruel e frio. Não há nada nem ninguém que se meta em sua frente. Já conversei um pouco com Dumbledore a respeito, mas sobre isto não posso te contar nada. Sigilo total.

- E vocês acham que os sonserinos estão se unindo a ele?

- Sim. Infelizmente.

Meu amigo encarava o chão com tristeza, os ombros arriados e as mãos apoiando o rosto. Como reagir a essa informação? Justo agora? Tinha tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo e isso me aparece... Esses caras da Sonserina são completos idiotas. Babacas.

Céus, o Snape!

Severo...

Não. Ele não. Aquele garoto não se uniria a esse homem – do qual ainda não sabia o nome – e a esses propósitos. Eu o conhecia, sabia que não faria isso jamais... Conhecia mesmo? Aliás, o que realmente era de meu conhecimento? Só o superficial de tudo.

Um sentimento de indignação formou-se em meu peito e minha decisão foi feita. Não passaria mais um dia alheia ao meu redor. Nunca mais seria passiva. Nessa luta, pelo menos, não seria. Mundo: prepare-se porque agora Lílian Evans estava a caminho e pronta para abalar as estruturas!

Ridículo isso. Esqueçam, sim? Voltando ao que interessa...

- O Potter acertou pela primeira vez em sua vida – falei firme – Não pense que ficarei por fora dessa. Nem se culpe: eu saberia de qualquer jeito, da sua boca ou não. E saberei mais sobre esse bruxo aí, tenha certeza disso, Remo. Não minta para mim, nem omita, ou tente iludir-me.

Ele suspirou pesadamente e sorriu, como se dissesse: já sabia disso. Por enquanto, eu não sabia de quase nada. Só que, do pouco que eu sabia, já dava pra ter uma noção de que a raiva seria constante. Acima de qualquer coisa, aquilo dizia respeito a mim, a minha família e a tantas pessoas na mesma situação. Deixar que as coisas simplesmente acontecessem estava fora de cogitação. Dumbledore pelo visto sabia de tudo – só pra variar – e era com o diretor que eu teria uma conversa séria mais tarde.

- Lily, será que você poderia não comentar isso com ninguém? Alice, Marlene, Elisabeth, Potter, Sirius e nem o Pedro. Com o Dumbledore pode. Nem dá pra te impedir de falar com ele mesmo! Só te peço, não, eu te imploro para não falar com mais ninguém além dele. Absolutamente ninguém.

- Meus lábios estão selados. Comentarei sobre esse assunto apenas com nosso querido diretor. Nenhuma outra pessoa saberá sobre esta nossa conversa.

Apertei sua mão sorrindo.

- Agora – falei – Vamos falar sobre você, senhor Remo Lupin!

- Nossa, estou me sentindo importante agora. – ele se empertigou, fazendo-me rir um pouco. Fomos de encontro à cortina branca e a puxamos, revelando uma mesa com anteparos, medidores e outros instrumentos, duas cadeiras altas e uma estante com livros sobre poções.

- Tenho algumas idéias sobre a Poção Lupina. Li um pouco e experimentei algumas coisas e acredito que posso mudar o efeito, tornando-a mais eficaz e com maior durabilidade. Não te prometo nada, mas tenho grandes esperanças a respeito do que pesquisei e do que fiz com isto aqui.

Apesar de o clima tenso pairar no ar e o pensamento sobre o que estava por vir permanecer em nossas mentes, conseguimos nos concentrar no trabalho. Esse era um dos momentos em que me sentia mais útil e mais feliz. Saber que conseguia, graças a minha facilidade com poções, ajudar um amigo querido.

Chegamos à Sala Comunal já bem tarde. Nenhum de nossos amigos nos esperava acordados em frente à lareira ou em alguma mesa. Alice provavelmente inventara alguma coisa e dissera “não o esperem acordados”. Os Marotos sabiam o que estávamos fazendo e por isso era muito mais fácil despistar. Quando aqueles meninos queriam saber alguma coisa, por mais que a pessoa tentasse esconder, acabavam descobrindo de um jeito ou de outro.

No dia seguinte, soube que Dumbledore partira para resolver assuntos importantes na Bulgária. Provavelmente, tinha a ver com o Torneio Tribruxo, realizado no ano anterior lá na Durmstrang. Somente os alunos mais velhos foram – do sétimo ano – o que deixou o resto da escola inteira revoltada. Soube depois que foram jogos dificílimos, mas que o campeonato não teve muitos problemas. Quero dizer, não morreu ninguém dessa vez – o que é uma proeza.

- Lily! – Beth chamou minha atenção no corredor – E a festa do Slughorn? Quem você vai levar? A Alice vai com o Frank, é claro. O Remo... Bem, ele me chamou – Peraí, isso é um rubor no rosto dela? – Mas e você?

- Er, ainda não pensei sobre isso.

- É, tem muita coisa na sua cabeça. – Marlene se intrometeu – Você já pensou que essa é uma ótima oportunidade para se distrair? Por que você não leva o James, pra variar?

- O Potter? – Até parei de andar com essa sugestão. Será que esta menina não desistiria nunca dessa ideia maluca de me juntar ao Potter? Tudo bem que já fiquei meio balançada por ele, principalmente no trem e naquele dia perto do lago, mas isso não mudava nada! Com certeza. – Marlene, pensei que já tínhamos conversado sobre esse menino. Não tem condição de...

- Ah, tem sim!  - ela me cortou, sem dó nem piedade – E ele adoraria. Deixa de ser besta, menina. Aproveita essa chance. O menino está aí, na sua frente, louco por você e você nada!

- Sirius – chamei sarcasticamente – Onde você está mesmo? Vem e traz um espelho pra Marlene poder repetir o que ela acabou de me dizer!

- Ah, nem vem, Lílian! É totalmente diferente, tá bom? Eu e o Sirius? Nossa, nada a ver.

- Nossa, tudo a ver – Beth a cortou. – Vocês duas têm sérios problemas, sabiam?

- Bom, você é que não. – Lene falou olhando-me com uma cara safada. – Afinal, o Remitxo já te chamou e já ouviu um SIM! Ai, mas essa festa vai dar o que falar!

- Ô se vai! – completei, rindo da expressão envergonhada de Elisabeth.

- Ah, vocês são impossíveis! – ela reclamou e saiu batendo os pés no chão,  que nos fez rir ainda mais.

Brincar com a Elisabeth distraía, mas não tirava minha cabeça dos pontos-chave em que minha vida estava se apoiando agora. A briga com Severo, o medo de Pedro, a paixonite de Potter, a maldição do Remo e o mistério do tal bruxo das trevas. Sem falar nas provas, trabalhos, aulas e demais confusões escolares. Por que fui me meter a ser monitora mesmo? Nunca quisera tanto uma pausa no tempo como nesses dias.

Estava absolutamente esgotada e ainda não sabia quem levar à festa do Slughorn. Eu gostava dele, mas não podia deixar de pensar que, mesmo com tantas coisas ao redor, o professor ainda conseguia pensar em festas esporádicas. Eu, sinceramente, não tinha cabeça e nem coragem pra tanto. Nem mencionarei os episódios dos meninos que vieram me pedir para levá-los a tal festa: constrangedor.

Até que numa terça-feira, cinco dias antes da festa do Slugue, subi mais uma vez à Torre de Astronomia. A fênix linda não estava presente ainda – o que era habitual. Ela só vinha realmente depois que ouvia a música. Por que fazê-la esperar mais?

Comecei a cantarolar uma música que, na verdade, era um poema musicado. Uma das letras mais belas que já conheci. Contava uma história de amor impossível, e que era mais ou menos assim:

Um pequenino grão de areia

Que era um pobre sonhador

Olhando o céu, viu uma estrela

Imaginou coisas de amor

Passaram anos, muitos anos

Ela no céu e ele no mar

Dizem que nunca o pobrezinho

Pode com ela encontrar

Se houve ou se não houve

Alguma coisa entre eles dois

Ninguém soube até hoje explicar

O que há de verdade

É que depois, muito depois

Apareceu a estrela-do-mar.

Fantástica, não? Mais fantástico ainda foi ouvi-la toda, no canto melodioso do pássaro ao meu lado. A ave não tardou muito a chegar e se empoleirar preguiçosamente no parapeito da janela. Ela repetia com tamanha perfeição que melhorava a música, o que eu pensava ser impossível. Uma força e uma coragem tão grandes e firmes emanavam do canto da fênix que me fortaleceu. Parecia que eu tinha o poder de fazer qualquer coisa. Naquele momento tão particular e único, eu podia tudo. Poderia enfrentar qualquer coisa com facilidade e confiança – numa boa.

A música acabou com um cheiro de saudade. Uma nota levada pelo vento. Um estímulo diferente pedindo uma continuação que não viria.

- Lílian? – uma voz grave e meio rouca saiu da penumbra, próxima à escada. E eu não precisaria de mais nada para saber o dono, pois, depois de ouvir aquele timbre exaustivamente todos os dias, o reconheceria em qualquer lugar.

- Por que não me surpreendo em pegá-lo me espionando, Potter? – disse sem olhar para ele. – Talvez porque você é obcecado por mim ou então por saber que agir na surdina é a sua especialidade. Só peço, não, lhe imploro que seja discreto com relação a isso. Por favor.

Minha companheira alada acompanhou-o, com os olhos, até que o mesmo estivesse sentado ao meu lado. Então inclinou um pouco a cabeça, como se quisesse entender quem era aquele estranho em nosso santuário. Sorri e estendi o braço direito. Em dois segundos, ela já se encontrava aconchegada em mim, com suas penas rubras sendo acariciada levemente por meus dedos.

- Eu... Er... – ele não conseguia continuar.

- Aceito suas desculpas, Potter. – disse calmamente.

- Não. – disse obstinado. Por essa eu não esperava. Olhou-me direto nos olhos e continuou – Não peço desculpas porque não me arrependo de ter bisbilhotado. Lírio, você tem uma voz... linda. Não, sua voz é perfeita. Você é perfeita! Não acredito que depois de todos esses anos eu continue ficando impressionado... É simplesmente impossível... conhecer alguém e conceber a ideia de uma pessoa tão especial...

- Pode parar por aí – interrompi-o. Sabia bem aonde aquilo ia dar. – Não fiquei constrangida antes, mas se você continuar com isso, vou ficar vermelha como um pimentão...

- Que bom! Te acho ainda mais bela assim.

Revirei os olhos praquele comentário.

- É sério, Lírio, você...

- Para de me chamar assim – o repreendi pela milésima vez.

-... não deveria esconder-se do público – o sacana continuou como se eu nunca tivesse me pronunciado.

- Isso é inquestionável, Potter. – levantei-me com a ave ainda em meu braço e fui até a sacada mais próxima. A fênix alçou vôo, assobiando a nova música – Escondo-me porque quero e continuarei assim. Qual o motivo para mudar?

- Ah, vários. As pessoas merecem...

- Nenhum. – A pergunta era retórica, querido. – E assim estou feliz. Aliás, você está invadindo a minha privacidade, seu... coisa! Esses momentos são particulares, são meus...

- Eles já deveriam ter virado nossos há um bom tempo. – ele me cortou.

Bem ali, ele me desarmou. James Potter me deixou sem palavras. Foi no silêncio que ele andou calmamente até mim e se debruçou no parapeito, olhos no céu. Seu olhar brilhava estrelas.

- O céu está perfeito hoje, mesmo sem lua. Tudo maravilhoso, único, nunca antes visto e jamais repetido.

- Você normalmente não tece esses comentários com as outras pessoas – falei baixinho, mais pra mim do que pra ele. Mesmo assim, fui respondida.

- O mundo só é perfeito com você ao meu lado.


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Notas finais do capítulo

Yo, galera boa!
Antes de mais nada, eu sinto muito pela demora absurda pra postar esse capítulo aqui. Não sei se está grande o suficiente para compensar o tempo perdido, mas está aí de qualquer modo. Os motivos para meu sumiço como autora? Ah, o de sempre: falta de inspiração, preguiça, pouco tempo... Esses probleminhas chatos que acontecem com qualquer um, não é mesmo? De todo modo, espero que possam perdoar essa autora medíocre, infeliz e péssima com prazos e rapidez.
Outra coisa, gente, não sei quanto tempo vai demorar para o próximo capítulo ser postado. Gosto da fic e de todos os meus leitores especialmente os que mandam reviews, é claro, mas o ENEM está batendo na porta e a gente não pode bobear, né? Então minha vida está assim: a cada dia, fico mais louca com a pressão, a quantidade sobre-humana de aulas e conteúdos, o vestibular e o mundo girando, girando e girando sem parar.



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