Era um dia como qualquer outro, fazia sol com poucas núvens pintando o céu azul. O sinal marcando o intervalo acabara de soar e o estardalhaço dos alunos começou. Haviam vários grupos distintos, cada um com suas caracteríscas: populares, valentões,nerds, emos, góticos, zens e aqueles poucos que insistiam em ficar só. Apesar dessas diferenças eles faziam "intercâmbio" e migravam para outros grupos diferentes dos seus. Mas havia um garoto que ninguém gostava pois achavam que ele "não era desse mundo", todas suas tentativas de inclusão foram frustadas, ele mal espeara o fim deste ano, estava no último ano do colegial e todo o sofrimento que passara em 13 anos acabaria. Iria para uma faculdade onde as pessoas o obedeceriam e ele seria o líder do seu próprio grupo, ninguém implicaria mais com ele pois todos lá seriam iguais, mas sua sorte chegou mais cedo naquele dia...

  Até que ele não era tão esquisito como os colegas falavam, mas algo o distanciava das pessoas, às vezes é sua ignorância de sempre querer ser o líder, sempre mandar e não mostrar afeto com os que o desejam bem.

  "Um aluno exemplar, mas um pouco no mundo da lua" os professores comentavam, "Um perdedor nato" os populares malhavam, "Meu cofre e saco de pancadas" os valentões bradavam, apesar de ele ser bravo, não dava conta dos valentões e sempre se dava mal, "Este ser não se enquadra nos perfis exigidos para participar da nossa reunião" os nerds..., "Muito alegre" góticos, "BUAAA" emos, "ELe tem uma aura diferente de um humano normalmente esquisito" os zens analizavam.

  Apesar de todos esses motivos ele aparentava ser normal até demais, mas só à primeira vista. Ele pensava que era muito bom para esse mundo patético, não, ele não era depressivo, autista ou possuía algum tipo de problema neuropsicológico, apenas queria comandar o seu próprio mundo com suas próprias regras. Então ele o fez com lápis e papel, criou o mundo onde ele era respeitado e reconhecido, não passava de imaginação até o dia ensolarada com poucas núvens pintando o céu azul...

  Mas como foi q isso aconteceu? Houve há exatamente uma semana atrás, um evento no quarto de Igor que ele achou um tanto estranho mas decidiu que era apenas porque estava sonolento.

  Chovia forte e os raios iluminavam o quarto projetando sombras monstruosas na parede. Igor estava deitado em sua cama com os olhos entreabertos observando uma movimentação de duas pessoas no corredor, algumas vezes uma pessoa parava em frente à porta, fazia um gesto agressivo para a outra e então continuava. Aparentemente eles estavam gritando entre si, não se sabe o que falavam pois os trovões e a chuva abafavam o som.

  Após um último vai e vem, uma das pessoas aparece no quarto e diz um apressado "tchau" e segue o caminho escada a baixo segurando um objeto grande parecido com uma mala. Igor ouve o som abafado de uma porta batendo e vai até a janela rapidamente a tempo de observar um homem com sobretudo marrom entrando num taxi que o aguardava. Um raio acerta o poste localizado na esquina e faz com que a luz de quase todo o bairro apague,.

  Enquanto Igor observava as duas luzes vermelhas se distanciarem até sumir na chuva, sua mãe chega no quarto segurando uma vela acesa escorada em um pirex.

  "Ele vai voltar?" Igor pergunta num tom frio ainda observando a rua deserta e iluminada em intervalos pelos raios.

  "Não sei, mas não era para vo..."

  "Ótimo. Boa noite." ele a interrompe no meio da frase e volta para a cama.

  Ela solta um suspiro e deixa o quarto.

  "Mãe!"

  "Que é?"

  "Te amo tá. E você não precisa arrumar um outro pai para mim."

  "Tá bem. Também te amo" diz a mãe segurando um choro quase inevitável e segue para seu quarto.

  Igor era superprotetor com sua mãe e muito ciumento também. Por não ter conhecido o pai, que de acordo com sua mãe os abandonara quando Igor nasceu, criou desde cedo a responsabilidade de ser o homem da casa. Na verdade o motivo que fez com que mudasse seu estilo de vida foi ter presenciado e sofrido nas mãos de um dos namorados de sua mãe agredí-la fisicamente e trancá-lo no banheiro do porão por 3 dias sem comida nem água, quando tinha 10 anos. A tortura acabou quando um dos vizinhos estranhou que somente o tal homem saía de casa e após ouvir gritos de socorro em uma das brigas, o tal adressor foi preso. Após 3 anos outro namorado surge na vida de Marie, e Igor ainda se recusava a aceitá-lo, mas depois de um tempo ele acabou cedendo. Durou 4 anos esse namoro e Igor, agora com 17 anos já entendia o que era ficar apaixonado, ma nunca teve sorte nesse jogo então preferia nem tentar. Da última vez que deu uma cantada em uma garota ela o fez sentir como se fosse uma aberração em frente de toda a escola, outro motivo de ninguém gostar dele. Desde então a única pessoa a quem Igor amava era sua mãe.