Eldunari escrita por Valkiria


Capítulo 5
O Desconhecido!


Notas iniciais do capítulo

Mais um pouco de emoção pra vocês...



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Os dias iam passando e chegávamos mais perto do ataque em Belatona. Na manhã de véspera do ataque, me dirigi para o treinamento, quando notei uma agitação entre as pessoas. Todos pareciam curiosos e receosos ao mesmo tempo, porém não encontrei o motivo de tal movimentação. Assim que entrei na área de treinos, Fredric me cumprimentou com grande entusiasmo como sempre, mas em seu semblante pairava certa expectativa!

Quando virei-me para o lado para procurar alguém para duelar, um homem passou perto de mim, de repente senti um calafrio na espinha, enquanto acompanhei-o com o olhar. – Moreno, tinha cabelos bem negros, levemente ondulados da altura dos ombros, alto, a camisa justa mostrava seus músculos fortes e o abdômen bem trabalhado. Sua face, porém era muito séria, permanecia com o cenho franzido, olhos castanhos escuros, barba aparada; do lado esquerdo de seu rosto tinha uma cicatriz que atravessava seu olho em uma linha vertical, mas não tinha afetado em nada seu olho em si, só marcava a pele. Também possuía muitas marcas nos braços grandes e no peito, no que se podia ver. Em suas costas pousava uma longa espada, curva e com formas estranhas entalhadas no metal.

O homem andou em direção de um adversário e começaram a luta. Podia-se ver o medo nos olhos do outro rapaz, que se encolhia só de ver o tamanho de quem teria que enfrentar. Notei que uma pequena multidão tinha se reunido para ver o duelo, quando me dei conta já tinha sido empurrada para o meio da cacofonia. Em pouco tempo apareceu Dimitri. - o garoto de quem eu havia prometido ao pai que cuidaria. - Dimitri passou os primeiros dias após a morte do pai, muito quieto e solitário preferindo não conversar com ninguém. Porém aos poucos ele se libertou do luto e foi se soltando, mostrando ser um jovem muito entusiasta e cheio de energia. E bota energia nisso!

Quando retirei meu disfarce de homem e revelei para ele minha verdadeira imagem, ele se entusiasmou de imediato. Impressionado por ver que uma mulher foi tão longe em seu desejo por luta, a ponto de se disfarçar de homem, penetrando no grupo e indo lutar com todos. Apesar do maior exemplo de bravura feminina ser a própria Lady Nasuada e até mesmo a conhecida elfa aliada dos Varden, chamada Arya, Dimitri não diminuiu seu entusiasmo alegando que a Lady tinha a obrigação de combater junto aos seus e a elfa, era uma raça esquisita e complexa onde de tudo acontece, mas nada é compreendido pelos humanos. Eu ri com tal comentário e devo admitir que fiquei aliviada com sua reação, eu não esperava que seria algo tão... espontâneo!

– Ele entrou hoje para o acampamento. – comentou Dimi atrás de mim, retirando-me de minhas lembranças. – Seu nome é Caleb. Todos estão falando muito dele no acampamento todo! Vê... tem algo de muito estranho e misterioso nesse cara, ele tem uma aparência amedrontadora!

– Hum... – desviei o olhar do homem – pouco me importa, eu só quero treinar. – me fiz de desinteressada e andei até Ramdof, de cabelos ruivos, porte médio, um homem que eu já estava acostumada a duelar. Era muito rápido e tinha um senso de humor inigualável.

Levantei o machado para combater Ramdof e este ergueu seu sabre. Incitei o machado para frente e logo se ouviu o som dos metais se chocando, Ramdof realmente desviava com muita destreza de meus ataques e eu por mais que tentasse me concentrar, estava um tanto distraída com o novato. Notei que eu estava mais centrada no duelo de Caleb do que no meu próprio, ele era muito forte e manejava com glamour sua espada imensa, eu estava impressionada, mas como Dimitri mesmo disse, algo de misterioso rondava aquele homem e eu estava curiosa para saber o que era.

De repente notei de soslaio o movimento de Ramdof pra cima de mim, sem pensar, agi automaticamente como que para me livrar de um incômodo. Me contorci para trás desviando do ataque e em seguida girei sobre os calcanhares agachando-me, em um movimento rápido retirei o sabre das mãos de Ramdof fazendo a arma voar longe, levantei-me, atingindo seu estômago com a palma da mão empurrando-o para trás desnorteando-o, em seguida dei um salto para cima dele derrubando-o no chão e com a lâmina do machado em seu pescoço, sibilei “Morto!”

Eu disse isso com tanto ardor que por um momento vi o espanto no rosto de Ramdof e então me levantei sobressaltada por perceber o quanto eu tinha levado aquele ataque a sério, por sorte algum instinto dentro de mim me lembrou de que não era para mata-lo de verdade. Estendi a mão para ele, ajudando-o a se levantar. Após pegar na minha mão com certo receio, Ramdof soltou uma risada tensa.

– Você me assustou. Por um momento eu pensei que você ia acabar com esse velho aqui, menina.

– Desculpe Ramdof. – eu disse constrangida por ter cometido um deslize tão evidente.

Quando dei as costas ao homem ruivo, na intenção de ir embora dali antes que eu acabasse matando alguém por acidente, Fredric me chamou.

– Milena! Milena! Onde você está indo, jovem? Gostaria muito de você aqui. Venha!

Encaminhei-me em direção de Fredric, sem empolgação nenhuma.

– O que deseja Fredric? - perguntei tentando esconder a desanimação.

– Veja este novo recruta que veio para os Varden, que talentoso! Estou admirado! Milena... – ele se virou me encarando, colocando o braço em volta de mim. – Você é um de meus melhores aprendizes, seria ótimo se vocês duelassem! Vá em frente, por que não me dá esse deleite?

Gelei. Fredric me incitava pra frente com empurrãozinhos nas costas. Olhei para ele sem saber o que falar. Eu não queria duelar com aquele homem, não sabia por que, mas não queria. Algo nele me deixava incomodada e de repente Fredric me pede justamente isso?

– Fre... Fredric – virei-me para ele, gaguejando ao tentar me safar dessa. – eu acho melhor, não. Outro dia eu faço isso...

– Está com medo, pirralha? - uma voz grossa soou atrás de mim, causando outra onda de calafrios na espinha. Girei para a direção da voz. Caleb me encarava com um indicio de sorriso zombeteiro no rosto. Segurava a espada apoiada no ombro. – Era de se esperar... um campo de batalha não é lugar para garotinhas!

Como é que é? Ele estava me subestimando... insolente! Segurei firme o machado na mão e segui em sua direção em passos duros.

– Vamos ver quem é a garotinha aqui! – falei confrontando-o. Estreitei os olhos e me agachei levemente como uma onça pronta para dar o bote.

Ele nem se deu ao trabalho de tirar a espada do ombro, aquele gesto me irritou, ele estava me ignorando evidentemente, como seu eu não valesse o esforço. Girei o machado na mão direita e dei um passo a frente para ataca-lo, ele desviou facilmente do ataque, se inclinando para o lado. Levantei o olhar, encontrando com seus olhos que me olhavam do alto, com ar de superioridade. Os cabelos esvoaçando levemente, contornando seu rosto com o pequeno movimento que ele fez. Girei 160º para a direita com o machado erguido e quanto completei a volta, a espada dele se chocou com meu machado. Isso se repetiu por alguns instantes.

Estava tão fácil para ele! O que mais me irritava era que ele apenas se defendia, nem ao menos tentava contra-atacar. Bufei farta daquele teatro. Puxei o machado com toda a força partindo pra cima dele, dessa vez eu fui mais rápida e por muito pouco ele escapou, porém quando minha arma se encontrou com o chão causou um forte impacto, destroçando a terra, fazendo voar para cima vários fragmentos de terra e pequenas pedras. Eu arfava de ira, quando voltei a me endireitar e encarar Caleb, notei certo receio misturado à surpresa nos olhos dele. A multidão ao redor incitando aos gritos os combatentes a continuarem.

Caleb pegou sua espada e ficou em pose de combate finalmente dando verdadeira atenção aquele duelo. Segurei o machado nas duas mãos e fui a sua direção, desta vez ele também veio pra me atacar. Nossas lâminas se chocaram no meio do caminho, faíscas saíram do choque das lâminas afiadas. Recuei por um momento só para atacar novamente em outra investida que ele desviou por pouco. Continuou este duelo de ataca-e-desvia por vários minutos até que investi outra vez para cima dele e quando ele retaliou meu ataque se contorcendo em meia volta, as espadas se chocaram em um contra-ataque constante.

Finalmente em uma pequena brecha na defesa do oponente, larguei o machado imenso que já pesava em minha mãe e peguei o sai que eu prendia em minha coxa direita, esgueirei-me em um movimento ligeiro, com a lâmina da arma na jugular do adversário e gritei – Morto! – lancei um olhar de predador e ele me retribuiu igualmente – Morta! – arregalei os olhos e espantada olhei para baixo, a ponta de sua espada estava em meu coração.

Uma explosão de gargalhada veio de Fredric. - Ora, ora. Que belíssima luta! – ele repetia dando tapinhas nas costas dos oponentes. A multidão ao redor urrava de entusiasmo. Voltei a guardar o sai, recolhi meu machado do chão e encarei Caleb de certa distância. Algo naquele homem ainda me intrigava. Seu olhar era carregado de mistério, um passado encoberto pela névoa do desconhecido. Por um momento eu ri internamente. Que irônico! Quem era eu para falar de mistério? Passado obscuro? Há, que grande ironia a do destino!

Com um leve aceno de cabeça e sem trocar uma palavra, me retirei do campo de treinamento. Amanhã seria um grande dia... ocorreria a invasão à Belatona.


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Notas finais do capítulo

Digam o que acharam por favor *---* Dessa vez não vou demorar muito pra postar o próximo capítulo. Dai em diante muita coisa vai acontecer! Aguardem os próximos capítulos XD



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