È claro que eu queria ouvir a explicação da minha mãe, mas estava com medo do que ela fosse dizer, então segurei a mão de meu pai como se ele fosse me proteger caso ela falasse algo que me fizesse sentir vontade de chorar.

-A história vai ser comprida?- vivian perguntou com um ton de deboche, como que para descontrair o ar pesado.

Calou-se e se sentou na cama, pois a única que a olhou com um olhar amigavel foi a minha mãe.

-Você também vai ouvir o que tenho para falar?- minha mãe perguntou e como resposta Vivian assentiu.

-Sara...- meu pai falou um pouco ameaçador.

-a primeira coisa que você tem que saber Sasha, é que eu nunca fui casada com seu pai...- fiz uma careta de dúvida- Porém não foi por isso que eu deixei de amá-lo...

-Se você me amasse não teria ido embora.- meu pai imterrompeu e dessa vez não houve pessoa alguma que tenha olhado para ele amigavelmente.

-Fui casada a muito tempo atrás, um casamento arranjado, pois eu era a mais forte, por isso teria que me casar com o príncipe para que juntando a força de ambos, nada pudesse acontecer de mal ao nosso mundo.Aprendi a amá-lo em alguns meses, quando casei com ele eu já o amava, mas depois que recebi a notícia de que eu teria de ser a rainha, fiquei assustada, não queria assumir toda aquela responsabilidade...Fugi do castelo, fui para a casa de uma família muito pobre mas que estava disposta a me ajudar. Morei lá por alguns meses, e muita coisa mudou na minha vida, apesar de eu amar muito o principe, consegui deixar de amá-lo para amar outro homem, o único filho daquele pobre casal. Já deviam ter se passado três meses quando conseguiram me rastrear, mas eu já não queria mais voltar para o castelo, então eu e seu pai fujimos para esse mundo chamado Terra.

-O filho daquele casal era o papai?- perguntei.

Ela sorriu.

-Sim, era seu pai. Um homem muito bonito.

-De onde vocês vieram? Marte?- Vivian ainda parecia ter a cabeça de uma criança de cinco anos.

-Nossa terra é o céu, um lugar muito bonito, mas que está correndo um grande risco de deixar de existir.- minha mãe respondeu e por um instante achei que fosse mentira.

-E depois de vir para a terra?- perguntei, tudo o que ela tinha falado até agora não me explicara nada que eu queria saber.

- Fiquei grávida. Nasceu uma menina linda, cujo sorriso poderia deixar qualquer pessoa de bom humor. Eu amava e ainda amo muito a minha filha.- ela me respondeu.

-Se você me amava, então porque me deixou?- meus olhos encheram de lágrimas.

-Meu verdadeiro marido morreu, então os guardas me pediram para voltar, pois o primo do principe queria tomar o lugar de meu marido no trono real. Angel não tinha poder suficiente para proteger o céu e eu era a única pessoa que podia impedi-lo de se tornar o rei, pois por direito eu ainda era a rainha dos céus. Eu não podia permitir que houvesse o risco do céu se destruir, pois logo que o céu é destruído o sol não nascerá mais na terra.

-E por que você não me levou?- estava com raiva.

-Você era muito pequena e não agüentaria o teletransporte, e seu pai poderia ficar e cuidar de você aqui na terra, pois ele não queria se mudar para o castelo.

-Mas então por que não ficou?- eu não queria entender.

- Se o céu se destruísse, a terra também se destruíria, resultando na morte das pessoas que eu amava, então eu não tinha escolha.- o rosto dela já não estava mais radiante, dessa vez parecia um pouco triste.

-E agora você veio para ficar?- as lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto.

-Não, eu vim para te buscar.- ela respondeu.

-Por que você acha que eu iria com você?- perguntei, ela mesma que havia me abandonado.

-Porque eu preciso de você, e agora você precisa de uma mãe, um pai não pode ensinar tudo a um filho assim como a mãe também não.- o rosto dela parecia triste, e eu não queria vê-la daquela forma.

-Não quero. Eu moro aqui.

-Sasha, eu não sou forte o suficiente sozinha, eu preciso de você, e seu pai também...- vi uma lagrima escorrer pelo rosto dela.

Meu pai deu um passo na direção dela, mas parou sem motivo algum. Olhei para o rosto de meu pai e ele olhava para minha mãe da mesma forma como olhava para mim quando eu chorava e ele tinha de me consolar.

-Você ainda ama ela.- falei baixo o bastante para que ninguém ouvisse.- Eu vou com você! Se meu pai puder ir junto.- minha voz soava alto.

Minha mãe voltou a sorrir, e Vivian deu um tchauzinho com a mão.

-Ela pode ir com a gente?- perguntei para minha mãe.

-Se a mãe dela deixar.- ela respondeu.

Vivian pulou da cama para pedir para a mãe dela, mas após dois minutos que ela havia saído do quarto ela voltou.

-O que eu falo? Vocês não esperam que ela acredite em céu; não é?

Se eu não tinha acreditado muito nessa coisa de céu, eu poderia apostar que a mãe dela iria achar que era piada.

-Fala que meu pai e eu vamos viajar para um sitio e temos uma passagem a mais.- disse.

Ela saiu correndo do quarto, e eu fiquei imaginando como seria o céu...