- OK, você me pegou. – Bom disse por fim abaixando a cabeça. DaeSung cruzou os braços.

- Como assim? – DaeSung perguntou curioso para Bom que continuou de cabeça abaixada. – Ei, levanta essa cabeça Bom. – Ele disse e a ruiva levantou a cabeça lentamente com uma imensa sensação de culpa a consumindo ao olhar para o rosto de DaeSung.

- É... Eu... Eu não sei explicar sinceramente não sei... – Bom disse mexendo as mãos freneticamente, e então começou a olhar para baixo de novo. DaeSung forçou um sorriso e pegou a mão da menina tentando impedi-la de ficar nervosa.

- Se eu te pagar um sorvete você tenta explicar? – DaeSung disse olhando para a garota ainda sorrindo, Bom reconheceu seu ponto fraco.

- Tento! – Bom disse e abriu um sorriso, que sumiu poucos segundos depois. 

Os dois andaram submetidos a um silencio total que só era quebrado por barulhos da cidade enquanto iam até a sorveteria mais próxima. Bom tropeçava o tempo todo, pois insistia em ficar cabisbaixa até que eles chegaram ao local e escolheram uma mesa ao ar livre coberto por um toldo. Era um lugar agradável até, mas mesmo assim Bom continuava cheia daquele sentimento denominado culpa.

Sentaram-se.

E silencio. Muito.

Bom olhou para DaeSung que também a fitava.

- Já foram atendidos? – Falou uma garçonete que havia parado ali sem ser noticiada por nenhum dos dois. DaeSung desviou o olhar de Bom e olhou para a moça parada ali com uma bandeja na mão.

- Não... Hum... Bom? – Ele disse e virou o rosto para a ruiva.

- Quero o maior tamanho de sorvete napolitano que vocês tiverem ai! Com cobertura de morango e chocolate. – Ela disse entediada a garçonete arregalou os olhos e anotou o pedido em uma cadernetinha que estava por cima da bandeja. DaeSung pensou por um tempo.

- Quero o mesmo. – DaeSung disse e voltou a olhar para Bom que olhava para os lados. - Pode começar a falar. – Ele disse e Bom ficou quieta então focou o olhar em DaeSung.

- Ahh... Ele sei lá, ele fez essa, proposta... Sei lá DaeSung eu não sei explicar isso... É estranho... – Bom reclamou batendo a cabeça na própria mão.

- Vamos, você consegue que eu sei. 

- Ele... Ah... Você sabe que ele gosta de mim né Dae? – Bom perguntou para o amigo apoiando a cabeça nas mãos.

- Claro... – DaeSung respondeu breve.

- Então ele... Ele quer me provar que não é o idiota que eu penso que ele é. – Bom falou rapidamente, ela não queria conversar sobre isso, até por que seu argumento de não saber explicar era completamente verdade.

- Ele é idiota – Riu DaeSung – Mas você ainda não explicou nada.

- Eu sei, eu sei, espera DaeSung! É que... Eu não consigo, eu sinto culpa... Sei lá... Eu...

- Tudo bem Bom, eu não vou deixar de ser seu amigo, até porque eu sinto que isso é só uma bobeirinha... – DaeSung disse meigamente e Bom mordeu o lábio, Bobeirinha, ela pensou e riu internamente. E se fosse?

- Ele... Me pediu em namoro pronto, eu falei, falei! – Disse rapidamente e sentiu um pequeno alivio se formando em seu coração, mas ele logo se transformou em um aperto quando ela fechou os olhos e não se atreveu a olhar para o rosto do amigo a sua frente.

- Porque eu não aguento ver você com raiva, principalmente eu não aguento olhar para ele. – DaeSung respondeu ainda sussurrando, tinha um toque de raiva na voz dele, mas sempre soava suave. – Eu gosto de você Bom. 

- A verdade é que eu gosto muito dessa pessoa, muito mesmo.

As palavras pulavam e dançavam em sua mente, todas as palavras que DaeSung dissera que a faziam sentir com que o que ela tinha acabado de dizer só tinha feito era machucar o amigo ou acabar com a própria auto estima que já não ia muito bem no momento.

- E você aceitou? – Ouviu uma voz lívida de DaeSung, e se Bom não estivesse delirando a esse ponto ela poderia jurar que o tom era triste.

- Ahh... Ehh... Sim... – Bom murmurou abrindo os olhos e olhando instantaneamente para baixo onde viu um grande sorvete napolitano com cobertura de chocolate e morango. Ela olhou para DaeSung que sorriu e lhe entregou uma colher.

Os dois comeram os sorvetes sem dizer nenhuma palavra, era um silencio tão profundo que chegava ser agonizante, Bom entendia o porque de DaeSung não falar nada 
– pelo menos pensava que entendia parcialmente – mas por que ela mesma não tentava quebrar o clima tão pesado? Medo? Ela não sabia, mas a vontade de dizer qualquer coisa a deixava louca pois estava misturada com uma vozinha que a dizia para ficar calada e comer o sorvete no silencio mesmo... Bom agora estava com medo de perder sua amizade.

Como depois de dizer dezenas de vezes que odiava SeungRi começa a namorar o menino? E em segredo? Era isso que Bom pensava que passava pela cabeça do amigo mesmo suas expressões sendo indecifráveis no momento.

Ambos acabaram o sorvete juntos, DaeSung se levantou e foi pagar a conta como tinha dito que faria e deixou Bom a sua espera na mesa de fora do estabelecimento.

- Eu... Eu me odeio. – Admitiu para si e olhou para os lados observando o parque arborizado que rodeava a sorveteria, e o ar que circulava o lugar era tão puro, era realmente um lugar muito agradável para tanta tensão do momento.

DaeSung voltou e os dois continuaram andando pela praça, pelo jeito ele ainda esperava que Bom continuasse sua pequena historinha.

- Você... Você o ama? – DaeSung murmurou a pergunta para Bom que quase deu um pulo com a pergunta.

- Não! Eu... Eu... Não... Eu... Sei lá... Talvez eu goste dele um pouco, mas só isso... – Bom gaguejou parando de andar por um momento, uma crise de realidade tinha parado bem na sua frente, na verdade ela nunca pensara o porque de se sentir bem perto de SeungRi, de gostar de beija-lo, e principalmente por ter acertado essa palhaçada toda. Amor? Não... Era tudo menos amor... 

- Você gosta de ficar com ele e não o ama...? – DaeSung perguntou de novo mais baixo do que da ultima vez.

- Eu gosto dele tá? Só isso! Eu não sei por que isso é tão importante para você assim DaeSung... É a minha vida! – Bom disse impaciente e nervosa, ela sabia sim por que era importante, sentiu de novo uma tremenda dor em seu peito. – Desculpe...

DaeSung abaixou a cabeça e Bom apertou os olhos, ela não estava com muita vontade de andar hoje, de verdade. Ela sentiu DaeSung puxar seu braço pelo pulso e chegar um pouco mais perto, sua mão estava fria, com tanta coisa Bom nem notara que o tempo estava frio apesar do sol que brilhava no céu.

- Sabe o que é isso? – DaeSung disse pegando na pequena pulseirinha que dera para a amiga há um mês e olhou para Bom, então mostrou a sua pulseira. – Eu sou seu amigo Bom, me preocupo, mesmo que seja a sua vida, igualmente você também pode se preocupar com a minha vida. Como eu já disse, eu gosto de você Bom.
Cada vez que ele dizia isso Bom ficava cada vez mais confusa, afinal, esse gostar era o que?

Ela puxou seu braço das mãos de DaeSung e o deixou pender para baixo novamente. Então abraçou o amigo hesitante.

- Você está feliz? – Ele perguntou relutante para Bom.

- Bem... Sim... – Bom respondeu sem querer ser indelicada ou nada.

- Então qual é o problema? – DaeSung disse e beijou o topo da cabeça ruiva de Bom que entendeu a pergunta retórica, e sentiu um frio na barriga.

- A verdade é que eu gosto muito dessa pessoa, muito mesmo. Então tudo que eu quero é vê-la feliz. Ela não precisa encontrar sua felicidade comigo, pode ser com qualquer outra pessoa. Mas se ela estiver feliz, pode ter certeza, eu vou estar.

Por que tem que ser tudo tão confuso? Ela pensou e abraçou mais forte DaeSung como se não quisesse solta-lo nunca mais.

-x-

Dia de escola novamente, segunda feira como todas as segundas tinham como primeira aula, Coreano, portanto, eles iriam ter seus primeiros 50 minutos uteis do dia dentro do auditório, mas desta vez para ensaiar de verdade e não ficar preparando coisas.

Dara tinha seu cabelo ruivo preso apenas com uma fita e olheiras em seus olhos, tinha ficado acordada por muito tempo, não conseguindo dormir, o motivo ela nem 
sabia, era como se o sono simplesmente tivesse fugido. Mas esse era só um momento que já tinha passado, pois o sono havia voltado, mas ela não poderia mais dormir, tinha que ficar dentro do auditório assistindo ensaios mesmo não participando da peça. Pena que ela não poderia dormir.

Chegou ao colégio um pouco atrasada do que costumava chegar e foi andando lentamente e sem a mínima vontade de chegar ao seu destino, o auditório. 

Abriu a porta com cuidado e com razão, pois logo que entrou viu a cena acontecendo no palco, entrou com cautela procurando não fazer muito barulho, viu uma cabeça se virar da primeira poltrona perto da porta, era JiYong, ele acenou para Dara que foi andando até perto do amigo.

- Oi. – Sussurrou com sono para JiYong, então olhou para o lado e viu SeungHyun na outra cadeira. – Oi SeungHyun. – Ela disse e esfregou um olho.

- Oi Dara. – Os dois disseram em uníssono acidentalmente e depois riram.

- Posso me sentar ai? – Ela apontou a poltrona ao lado de SeungHyun, ele olhou para a poltrona e depois para ela de novo então assentiu com a cabeça. Dara andou até a poltrona e praticamente caiu nela.

- Sono? – SeungHyun perguntou a menina que balançou a cabeça. 
Então os três assistiram ao ensaio, se tratava da cena um pouco no meio da cena, a hora que Cinderella precisa ir embora, pois o relógio vai bater a meia noite. 
Atualmente eles estavam dançando.

- Oh! Já é tão tarde, não havia notado, desculpe, mas eu preciso partir! – SeungRi disse arrumando a peruca sutilmente e saindo de perto de Bom.

- Mas por que vais tão cedo? – Bom perguntou com o tom da voz um pouco mais alto do que o normal, no teatro precisam falar mais alto claro, mas isso já era exagero. Dara riu.

- Me desculpe! – SeungRi saiu correndo numa tentativa falhada de tentar deixar o sapato cair, então ficou um tempo balançando o pé tentando parecer discreto para ver se o tal do sapato caia.

Dara se levantou sonolenta, porem urgente, de sua poltrona sem dar explicações para os dois garotos e saiu andando até o palco, como era um ensaio não teria problema, ela iria passar completamente despercebida, então entrou na coxia se deparando com SeungRi.

- Tire esse vestido. – Dara murmurou e SeungRi franziu a testa.

- Por quê? – SeungRi perguntou confuso.

- Porque está apertado, eu consigo ouvir você ofegando lá da ultima cadeira. – Dara disse ainda com o tom sonolento na voz. SeungRi desapotou o vestido por trás, ele usava roupas brancas simples por baixo, como o vestido era de barra longa nem era possível ver.

- Obrigado. – Ele disse para Dara que só desceu as escadas até o camarim onde guarda agulhos sem falar nada. O lugar tinha uma luz meio amarelada e era pequeno, cheirava a roupa guardada e tinha alguns espelhos com uma mesa logo abaixo. A mesa era cheia pote de maquiagem e pertences. Ela afastou as coisas e jogou o vestido por cima da mesa.

Lá ela começou a descosturar coisas e costurar de novo com os olhos quase se fechando as vezes. Ela olhou para os lados procurando por uma cadeira e avistou um banco.

- Ah... Pelo menos isso. – Ela murmurou e puxou o banquinho para poder pelo menos fica sentada enquanto ajustava aquele maldito vestido azul.
Ficou por alguns minutos quando ouviu um ruído da porta do camarim rangendo, e logo de fechando, passos. Ela não teve curiosidade a ponto de virar a cabeça para 
ver quem era só queria terminar com o vestido e sair dali.

- O que está fazendo? – Ela ouviu a voz de JiYong perguntar e sentiu suas borboletas na barriga se agitarem, porem continuou costurando. 

- O vestido do SeungRi estava meio apertado, acho que esqueci que eu estava fazendo um vestido para um menino. – Dara disse ainda sem virar o rosto para JiYong então viu pelo canto do olho ele se aproximar. – E o que você veio fazer aqui? 

Ela sentiu um pequeno beijo em sua bochecha e depois uma ardência nas mesmas. Arregalou os olhos então virou o rosto para JiYong que abriu um sorrisinho e lhe 
deu um beijo nos lábios e afastou o rosto.

Era isso? JiYong estava a beijando novamente? Mas por quê?

- O que você está fazendo? – Ela perguntou confusa tocando seus lábios com a mão de leve e abaixando a mão.

- Eu tive vontade de ficar um tempo com você... Já faz um tempo que não ficamos juntos não é mesmo? - JiYong disse sorrindo de novo. Dara desviou seu olhar olhando para o espelho sem virar o rosto. Ele lhe deu outro beijo.

- Estamos na escola JiYong. – Dara disse sorrindo e se afastando. JiYong olhou para trás e voltou a olhar para a garota.

- Mas estamos sozinhos. – Ele disse e olhou para Dara. A ruiva mordeu o lábio e o encostou aos lábios de JiYong. Fazia tempo que os dois não se beijavam e Dara não fazia a mínima ideia de o porquê de JiYong ser tão misterioso quanto a isso. Não que ela quisesse contar para ninguém, mas ele mesmo dissera que gostava dela e queria fica junto dela, por que sempre mantinha distancia?

Talvez a culpa era dela.

- Eu não posso dizer que me encontro na mesma situação que você. Mas... Eu já passei por algo similar. Então por que não passamos por isso juntos?
Juntos. Era isso que ele queria. Não é mesmo? 

JiYong desfez o beijo e a beijou na testa. Então ele desceu seu rosto lentamente até fitar Dara nos olhos. JiYong iria beija-la de novo, mas as mesma interrompeu.

- Você me ama? – Ela perguntou com um pouco de dificuldade piscando lentamente. JiYong se afastou um pouco para poder ver o rosto inteiro da garota, foi como se algo gelasse a sua espinha, essa pergunta, afinal ele deveria esperar recebe-la a tona a qualquer momento...

- Eu... Dara... 

- Só responda sim ou não JiYong. – Dara disse começando a olhar para baixo esperando um não, ou simplesmente nenhuma resposta e olhou para baixo com os olhos. Sentiu as duas mãos de JiYong segurarem seu rosto.

- Eu... – JiYong começou mas Dara posicionou sua mão eu seus lábios antes que ele pudesse completar a frase, ela fez uma expressão parecida com a de dor.

- Não... Não diga, eu acho que eu não vou querer ouvir... – Ela disse com a mesma dificuldade que teve para dizer a primeira frase. – Mas... Eu...
Ela distribuiu pequenos beijos pelo rosto de JiYong até chegar aos seus lábios.

- Eu te amo. – Deu um pequeno beijo em seus lábios, sentiu como se fosse uma despedida, algo em seu corpo a impedia de se levantar era como se uma dor se espalhasse por cada centímetro de seu corpo e a impedisse de se mexer. Mas mesmo assim ela conseguiu tirar as mãos de JiYong de seu rosto e se levantar, ainda com dificuldade, mas não era tão impossível. Ela olhou para JiYong com a expressão que estava no seu rosto no momento sem querer esconder nada, mas por incrível que pareça essa deveria ser uma das únicas vezes que ela não tinha vontade de chorar, de cair e chorar, ela se sentia forte. Como se tivesse feito à coisa certa a fazer. E se isso a fizesse sofrer depois?... Dara só pensava no presente agora.

Andou até a escada e voltou ao palco. JiYong ficou ali parado sem ousar fazer nada.

- Eu queria deixa-la feliz... Mas eu só a fiz sofrer mais... Eu... Eu... – JiYong murmurou cobrindo o rosto com as mãos. – Eu não sei o que responder... – Ele completou se olhando no espelho.

- Responder o que? – SeungHyun perguntou entrando no camarim. JiYong se virou surpreso.

- Ah nada. Eu nem vi você entrando. – JiYong disse tentando fazer um tom alegre, SeungHyun franziu a testa.

- Eu estava te procurando...

- O que foi? 

- Ah... Eu sei que talvez você não vá querer, mas... Hum... Sabe... A música? – Ele tentava explicar de algum jeito, mas não conseguia.

- Haru Haru? – JiYong perguntou confuso.

- É... É que eu acho que ela ficou boa e tal... Eu queria apresenta-la, sabe, nós dois... – SeungHyun disse cerrando os dentes.

- Apresentar como SeungHyun? Na peça? Nunca... – JiYong riu ao mesmo tempo com a ideia assustadora na mente.

- Não... Eu estava pensando em fazer tipo uma comemoração para quem está arrumando a peça, já que o ensaio geral é depois de amanha... Ia ser legal...

- Tipo um uma festa? Se a professora deixar... – JiYong disse pensando e se levantando para ficar da mesma altura do amigo, ou quase. SeungHyun sorriu, JiYong 
sorriu também, ele gostava de ver aquele sorriso, embora quando ele se sentia bem quanto a isso, agora ele pensava em Dara e se sentia culpado... Por quê? Balançou a cabeça tentando se livrar do pensamento.

- Seu idiota. – Ele murmurou, SeungHyun franziu testa.

- Eu?

- Não! Eu. Não é nada não SeungHyun. – JiYong disse se aproximando de SeungHyun e os dois deixaram o camarim quando foi bem claro que o sino havia tocado por 
toda a escola

O que iria acontecer agora?