Pesadelos escrita por Alana5012


Capítulo 26
Cem Anos no Inferno


Notas iniciais do capítulo

Legenda
Fala do personagem: - Eu vou te salvar, Dean.
Pensamento: "Itálico"
Memória: Negrito
Narração: Logo depois, a garota dormia outra vez, sem sequer preocupar-se com o sonho que tivera a pouco.
Mudança de Tempo e Espaço: ●๋..●๋



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Encontrava-se parado, próximo à Torre do Relógio. As ruas de Londres estavam silenciosas, o céu jazia escuro. Não havia mais ninguém ali, exceto ele."Estou adiantado!" Pensou. Pôs-se a observar as águas do Rio Tâmisa e, não demorou até que ouvisse a décima segunda badalada do Big Ben. Do outro lado da rua, um ruflar de asas anunciou a chegada de Miguel: meia noite em ponto. Aproximaram-se, tomando o cuidado de manter certa distância entre ambos.

  - Boa noite. - O loiro cumprimentou-o com um menear de cabeça - Estão com você?

  - Sim. - Lucífer respondeu indiferente - Onde está a menina? - Perguntou, sem preocupar-se em esconder o tom de curiosidade em sua voz.

  - Escondi o corpo num lugar muito distante, à essa hora deve estar presa no próprio subconsciente, revivendo suas recordações e criando novas situações. Nunca irão encontrá-la. - Falava de forma fria.

  - Hm. - Murmurou, aparentemente desinteressado - Vejo que seguiu meu conselho... - Riu - Ora, achei mesmo que fosse mandá-lo para mim!

  - E deixar que todos soubessem que esse tempo todo estivémos trabalhando juntos? - Cortou-o com desdém - Tenho meus próprios meios de conseguir o que quero. Com Dean Winchester não foi diferente.

  - Você e esse seu maldito orgulho, não é, irmão? - Retrucou com uma visível indignação na voz.

  - Já disse pra não me chamar assim, Lucífer. - Vociferou.

  - Chega! - Bufou, irritado - Não percebe que juntos somos invencíveis? Veja o que já conseguimos: nos livramos da garota, temos as Trombetas, você finalmente obteve seu receptáculo, logo eu também reaverei o meu, só o que nos resta é ... 

  - Castiel. - Prosseguiu, após uma pausa - Sem ele, tudo isso terá sido em vão.

  - É, mas não se esqueça de Raphael e Crowley.

  - Esses já não são mais um problema: você tem o arcanjo e eu o demônio. No entanto, não podemos permitir que Castiel saia impune. Ele já causou problemas demasiados...

  - Certo. Este foi o trato, não? 

  Ambos ofegavam. Tinham caído, exaustos. A penumbra que encobria o lugar não permitia que visualizassem a face um do outro. A intensidade dos últimos embates havia esgotado-os por completo. 

  - Já basta! - O mais velho falou, por fim - Ao lutar aqui, tudo o que fazemos é prolongar nosso sofrimento. Aguardemos até o momento correto, numa trégua momentânea.

  - Sabia que um dia ouviria a voz da razão, irmão! - Lucífer sorriu, pensando que suas palavras finalmente haviam surtido efeito sobre Miguel. Equivocára-se.

  - Não me chame de "irmão". Você não é mais um anjo. - Disse, de forma orgulhosa.

  - Claro! - Retorquiu com sarcásmo - Não sou digno de seu respeito. Entretanto, enquanto isso, seu caro tenente-coronel, braço direito ou seja lá como for que o chama, está tramando para assumir seu posto e ainda o vê como íntegro, não?! - Debochou.

  - E imagino que Crowley não esteja fazendo o mesmo no Inferno. - Rebateu.

  - Há uma grande diferença entre um conspirador e um traidor. - Lançou-lhe um sorriso triunfante perante o silêncio do mesmo - Isso é absurdo! Será que não enxerga o que se passa? Temos que fazer alguma coisa para remediar essa situação. Para isso, proponho um trato.

  - E por que acha que eu aceitaria firmar um acordo com você? - Uma de suas sobrancelhas encontrava-se arqueada em sinal de incredulidade.

  - Vingança. Separados, somos poderosos, porém, juntos, ninguém poderia nos vencer. Pense nisso: todos esses anos, e Raphael só estava tentando sabotá-lo. Ele sequer tentou buscar um modo de tirá-lo dessa prisão. Se fosse realmente fiel, estaria reunindo o seu Exército para libertá-lo.

  - Ainda assim, não considero sensato estabelecer uma aliança com um inimigo. - Engolira em seco. Havia um "quê" de incerteza na afirmação, e Lucífer, como bom manipulador que era, se aproveitaria daquilo.

  - Não dizem que os opostos se atraem? Veja Crowley e Castiel: nesse instante, estão trabalhando juntos, procurando pelo Purgatório. O resultado? Céu e Inferno; Cass liderando uma Guerra Civíl contra o tal traidor e Crowley perseguindo os que ainda são leais à mim. Cooperação é essencial nesses tempos de guerra, não acha? Castiel soube se aproveitar disso. Agora, é praticamente um novo você, só que bem melhor na opinião dos outros. O General deles agora. - As palavras pareciam afetar o arcanjo, que prestava atenção em cada frase proferida por Lucífer. Se Miguel pudesse enxergá-lo em meio às trevas, perceberia o brilho malígno em seu olhar.

  - Me dê uma razão para concordar com isso. - Pronto! Ele havia cedido. 

  - Humm... - O Diabo parecia refletir - Se nos unirmos, você teria o seu receptáculo, puniria seus servos desleais e recuperaria o posto de General. É o que você deseja, eu sei. Castiel não é tão poderoso quanto você... Não merece seu lugar. Prove à todos! - Realmente, era ótimo persuasor.

  - E depois, estaria acabado?

  - Sim, à menos é claro que... - Antes que pudesse continuar, Miguel o interrompeu.

  - Já disse que não irei me rebelar como você! - Bufou - Está bem... - Diante do assentimento do outro, Satanás sorriu - Como faremos? - Perguntou por fim.

  - Primeiro, precisamos encontrar algum modo de sair daqui. 

  - Só há uma forma.

  - Não está pensando em... ?

  - Apenas ela poderia nos tirar daqui.

  - Mas os anjos saberiam... - A ideia do mais velho parecia-lhe estúpida. Um erro e o plano todo seria condenado.

  - Eva é a única alternativa plausível. Deixe que os Winchesters à tragam para nós. Vai ficar tão desesperada, coitada! - Riu, pela primeira vez, de modo sádico. A influência do Diabo já se fazia presente - Não se preocupe: farei-os pensar que a sua proteção foi o que a trouxe até aqui. Acreditarão que o temor a fez render-se à você. Faça-os crer nisso!

  - Muito bem pensado. - "Seu modo de ver os fatos foi corrompido por minhas palavras. Obcecado, é o que o tornei. A sede pelo poder, ahh, sempre funciona... Eu sou mesmo muito bom!" Lucífer pensava.

  - E quanto à Crowley e Raphael? 

  - Com a nossa volta, com certeza buscarão o consolo do inimigo. Não vamos fazer nada. Permita que o arcanjo venha me procurar espontâneamente, deixe que pense que posso protegê-lo de você assim como Crowley certamente o fará. Depois, realizaremos uma troca: o conspirador pelo traidor, que tal?

  - Me parece bom. - Concordou - E quanto aos Winchesters?

  - Não serão um problema quando disserem "sim". Mas lembre-se: os garotos é que precisam vir até nós, eles tem que acreditar no "livre arbítrio". - Riram - É fácil manipulá-los. São fracos.

  - Certo, certo. Mas e o caído?

  - Castiel? - Seu sorriso abriu-se ainda mais - Vou entregá-lo à você, Miguel. Faça o que bem quiser com esse desertor.

  - Isto me agrada, Lucífer. - Pensamentos obscuros se apossavam do arcanjo, que não fazia nada para repelí-los. "Vingança. Todos irão pagar!"

  - Hm. - Balbuciou - Porém, ainda precisamos delas. Somente assim seremos invencíveis!

  - Eu não posso! Seria descoberto e...

  - As Trombetas são uma de nossas prioridades. - O fez cessar-se - Sabe que eu poderia entoá-las magníficamente, quem sabe seja o único que o possa. Imagine o poder, Miguel! Ninguém ousaria nos desafiar. 

  - Suponho que seja aí onde tudo termine.

  - Admito que não seja o que eu realmente quisésse, mas sim. - Concordou, contrariado.

  - Entendo. - Pôs-se de pé, ignorando o último comentário do outro - Eva e as Trombetas estão por sua conta. Faça o que julgar necessário, entretanto, não me comprometa. Cumpra sua parte que eu cumprirei com a minha. Nos encontraremos uma noite antes da Última das Batalhas e depois, estará tudo acabado.

  As recordações daquele momento ainda pairavam sobre seus desvaneios. Absorto em pensamentos, refletia à respeito do rumo desenfreado que as coisas haviam tomado desde que se aliara ao próprio Satanás. Teria mesmo perdido o controle da situação?

  - É. - Assentiu - Depois de amanhã, tudo estará acabado. Não se esqueça. - Estendeu-lhe o objeto ornamentado à prata, de puro ouro. 

  - Assim será. - Lançou um olhar de cobiça ao objeto antes de apanhá-lo. "Finalmente, a Primeira das Trombetas!" 

  - Sabe onde me encontrar. - Foram suas últimas palavras antes de se afastar e sumir, deixando-o sozinho novamente. A Guerra estava próxima, este era um fato. O momento em que o acordo se dissipava chegara e o tempo se esgotara. "Uma pena, Miguel, realmente lamentável. Juntos, seríamos grandes. Agora somos, mais uma vez, por desejo do Destino, inimigos que se repudiam. Não gostaria que fosse assim, não mesmo. Mas você fez a sua escolha e eu fiz a minha. Que vença o melhor".

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Notas finais do capítulo

Em breve, o último capítulo.