Assim que os olhos de Sally ficaram livres da mão de Justin, os olhos se abriram devagar, encontrando o que Sally pensou ser a visão mais linda de sua vida - assim como o anjo tinha dito.

A sua frente, um gramado gigantesco, com vários desenhos, formados por flores coloridas - agora apagadas pela fraca iluminação da lua. Entre os desenhos, um pequeno caminho de pedra conduzia os olhos de Sally até um lago, prateado, calmo, mas ao mesmo tempo assustador.

Sally deu alguns passos na direção da trilha, esquecendo o anjo parado atrás de si.

Ela acompanhou o pequeno cás que invadia a água. Era um caminho largo, que levaria os dois até o centro do lago, numa espécie de cabana.

Era uma casinha redonda, coberta por vidro e revestida por madeira e metal, em desenhos que contornavam as beiradas, formando bancos e protegendo quem se sentasse ali.

O coração da garota batia forte em seu peito, dando a Sally uma vontade imensa de chorar.

Sally correu pelo cás, chegando á cabana com pressa, encontrando uma mesinha redonda, branca, de metal, no centro de tudo.

Apesar da pouca claridade, Sally conseguia perceber que o metal tinha sido moldado, formando flores de muitas maneiras, agora já um pouco desgastadas com o tempo.

A mesinha tinha apenas duas cadeiras, como se tivessem ali só para um casal.

Sally pareceu lembrar-se do anjo ao constatar isso, se virando para trás rapidamente, buscando por ele.

Justin sorria para a garota, ainda parado no mesmo lugar, as mãos dentro dos bolsos.

Sua pele estranhamente brilhante a luz da lua, deixava o anjo ainda mais perfeito do que de costume.

Sally estendeu a mão na direção dele, o chamando.

Quando Justin deu dois passos na sua direção, Sally desviou o olhar para a grande construção atrás dele.

Sally não sabia por que tinham caminhado tanto, mas agora ela sabia que eles tinham contornado o castelo, dando a eles a visão de trás da grande construção.

Ao contrário da frente do castelo, esse lado tinha apenas dois anjos esculpidos, juntos e felizes.

Sobre os pés dos anjos, a palavra FOREVER tinha sido gravada, gigante, essa sim, assustadora.

Então os olhos da garota tremeram, embaralhando sua visão. Sally sentiu o ar sumir de seu corpo, e caiu ajoelhada, sentindo seu corpo ser levado a um momento completamente distante daquele ali.

– O que está fazendo ai em cima?

– Estou apenas arrumando nossa casa.

– Pequena, por favor. Desça.

– Justin, eu estou bem.

Sally se afastou da parede, permitindo a Justin, enxergar a palavra FOREVER delicadamente esculpida a parede.

– Está realmente encantador, pequena. Mas por favor, desça.

Justin viu Sally revirar os olhos, balançando a cabeça negativamente. No segundo seguinte, Sally tinha sumido da parede a cima dele, aparecendo atrás de Justin, envolvendo seu pescoço, enquanto ficava na ponta dos pés, o abraçando.

Justin riu, se curvando para frente, carregando a garota com dificuldade pelo gramado, levando-a para o cás. Risadas preenchiam o ar, enquanto Sally mordia ou soprava a nuca dele, atrapalhando sua concentração.

– Deixe-me descer.

– Não, pequena. Quero carrega-la.

– Sabe que posso chegar lá antes de você, não é?

E então Sally sumiu das costas do garoto, reaparecendo dentro da cabana dos dois, perfeitamente acomodada numa das duas cadeiras da mesa central.

Justin revirou os olhos, cruzando os braços enquanto seguia até ela.

– Se aproveita de sua condição, bela dama.

– Não me diga isso! Você mesmo já foi anjo antes.

– Posso apostar minha alma que eu não exibia minhas habilidades.

Sally sorriu, levantando-se para abraçar o garoto.

– Porque não queria que eu ficasse lá em cima? Sabe que eu não iria me machucar, Justin.

– Sei disso, pequena. - Justin sorriu para ela.

– Então o que o incomoda?

– Nada. Apenas não poderia aguentar até o jantar para lhe entregar isto.

Justin estendeu a mão na frente dela, segurando uma pequena caixinha de veludo.

Sally tampou a boca, dando alguns pulinhos.

Ela tomou a caixinha das mãos do garoto, abrindo-a com pressa, encontrando um lindo anel de diamantes dentro.

Sally abriu um sorriso de orelha a orelha, tomando o anel nas mãos.

– Veja dentro.

Justin pegou o anel das mãos dela, indicando.

Logo Sally leu um "pequeno anjo". A forma como Justin a chamava em momentos especiais.

– Quer se casar comigo Sally?

– Sally?

– Sally?

– Sally?

– Sally? Hey, Sally? Sally? Pequena, está me ouvindo? Sally!

A garota abriu os olhos lentamente, encontrando Justin acima de si.

– Sally! Amor. Tá me ouvindo?

Justin tremia, apalpando a garota para saber se ela estava bem.

– Jus... - Sally tentou se sentar, sentindo tudo rodar.

Justin a ajudou, puxando-a de forma a se sentar de costas pra ele, apoiando suas costas no peito dele.

– O que foi minha vida? - Justin beijou seu ombro. - Hum? O que você tá sentindo? Dói algo? O que aconteceu? O que você sentiu antes? Você não me ouvia. Não acordava. Você me assustou tanto, Sally.

Justin respirou fundo, olhando a menina.

Sally ergueu os olhos devagar, seguindo-os com cuidado até o castelo. Ao enxergar a palavra esculpida, sentiu um arrepio passar pelo corpo, fazendo ela esconder o rosto no corpo do anjo.

– O que aconteceu comigo?

– Você desmaiou Sally. Me assustou tanto! O que sentiu?

– Justin.

– Fala Sally. Por favor, fala.

Justin parecia agoniado.

Sally umedeceu os lábios, olhando Justin com cuidado.

– Nada. Bom... Não sei.

– Sally.

– Vamos fazer algo... - Sally tentou se levantar, mas Justin a apertou pra ele.

– Não. Calma. Fica aqui. Vamos esperar um pouco.

– Eu to bem, Justin.

– Você achava a mesma coisa cinco minutos atrás amor.

Sally revirou os olhos, levantando mesmo contra a vontade de Justin.

Ela caminhou lentamente até a beirada da cabana, se apoiando em um dos pilares de madeira, olhando a água prateada por culpa da lua.

Ela podia sentir algo ali. Algo maior do que ela pensava.

Sally podia sentir o cheiro de uma época diferente, podia sentir o gosto... Era confuso, mas ao mesmo tempo parecia algo maravilhoso.

– Justin. - Ela chamou o anjo, virando o rosto na direção dele, que se levantava rápido até ela.

– Fala, minha linda.

Sally respirou fundo, olhando para o anjo.

– Nós já tivemos algo?

– O-o que? - Justin sentou no murinho de madeira, olhando a garota confuso.

– Nós já tivemos algo, não é? Eu tenho essas visões. Aposto que você teve também. Foi isso que você viu quando nós chegamos aqui pela primeira vez, não é? - A respiração dela estava acelerada. Ela tinha o olhar perdido na mata ao outro lado do lago.

– Espera. Você teve? Você viu? Foi isso que aconteceu agora? - Justin chamou a atenção dela. Se levantando rápido.

– Já... Já vi. Foi.

– Meu Deus! Doeu? O que aconteceu? O que sentiu? Você viu o que?

– Calma! - Sally lambeu os lábios, cruzando os braços nervosa.

– Você já viu isso antes? - Justin se sentou de novo, olhando a garota, indignado.

– Já...

– Meu Deus Sally! Quando foi isso? Como eu não vi? - Justin olhava o chão, forçando a mente a se lembrar.

– Você tinha sumido! Você ficou mal. Os anjos levaram você. Eu não sabia o que fazer! O Tom me levou pra biblioteca. Eu peguei uns diários, peguei algumas coisas... Eu vi um quadro. Sem duvidas éramos nós dois. E eu desmaiei. Como agora. Mas eu vi!

– O que você viu?

– Nós dois nos escondendo de alguém. No escritório. Eu podia sentir eles vindo. E ai eles abriram a porta violentamente e tudo se apagou.

Sally estremeceu.

– E agora? - Justin puxou Sally, segurando-a pela cintura na frente dele.

– Vi eu mesma lá em cima, escrevendo Forever. - Sally olhou na direção do castelo, sendo seguida por Justin. - Vi você me chamando. Você usava um terno e eu usava um vestido pequeno, simples. E você me deu um anel. Eu era anjo, Justin. Eu era um anjo como você.

Sally despejou tudo em cima do garoto, confusa. Justin ficou paralisado, os olhos fixos nos dela. Ele parecia uma pedra, sem nem respirar.

– Justin!

– Vo-você era uma... Uma... Você... Sério?

– Sim. Você me chamou. Eu fiz aquilo que você faz de aparecer e desaparecer. Eu sai lá de cima e apareci atrás de você. Lá. - Sally apontou pro caminho de pedras. - Você ia me carregar pra cá nas suas costas, mas eu saio de lá e apareço aqui. Você veio até mim e me deu um anel.

– É perigoso você ter essas visões.

– Tom sabe sobre isso. Ele diz vidas passadas, mas você sabe... Eu não acreditei realmente. Mas agora to achando que é verdade.

– Doeu?

– Não. Juro que não. Só... Sei lá. Fica tudo confuso.

– O que quer dizer?

O anjo se levantou, abraçando Sally, que deitou o rosto no ombro dele, o apertando pra si.

– Eu ainda sinto como se estivesse naquela visão. Como se ainda fosse dia. Como se o sol estivesse sobre a gente. Como se estivesse calor, mas com uma brisa gelada, na sombra. Sinto como se a qualquer momento alguém pudesse aparecer nos chamando para comer. Como se ainda estivesse lá. Naquela época.

– Você ainda está conectada. - Justin se afastou um pouco a encarando surpreso. - Vem. Temos que fazer você ver esse lugar. Talvez você tenha mais visões como essa.

Justin saiu puxando Sally pela mão, puxando a garota para que contornassem o castelo de novo. Mas dessa vez, foram para a lateral esquerda dele, parando em frente a uma pequena porta de madeira, quase escondida.

– Espera ai.

Justin soltou a mão dela, sumindo. Sally revirou os olhos, se abraçando enquanto esperava o anjo. Ela tentava enxergar em volta, mas estava escuro demais para ela.

Logo uma luz surgiu por debaixo da porta e Sally ouviu o barulho da fechadura, enquanto a porta era destrancada.

Justin puxou a garota para dentro, trancando a porta rápido para puxar a menina para algum outro cômodo do castelo.

– Essa é a cozinha? - Sally sussurrou, encarando a cozinha pequena e simples, ainda arrumada como nos tempos antigos.

– Não precisa sussurrar amor. Essa era a cozinha dos empregados Sally. Sua cozinha era muito maior do que essa.

– Minha cozinha? - Os dois subiam algumas escadas e o anjo acendia todas as luzes por onde passava ainda elétrico em querer que Sally tivesse mais visões.

– Esse castelo era seu, pequena.

– Meu? - Sally paralisou, grudando os pés ao chão.

– Amooor. É. Nosso. - Justin olhava pra ela em muita emoção.

– Tem certeza? - Justin revirou os olhos, ligando a luz de um corredor, largo e que parecia não ter fim, seguindo rápido por ele enquanto ignorava a vontade que Sally tinha de olhar para dentro de cada porta.

– Sim amor. Acho que nós dois moramos aqui. E pelo jeito não foi só uma vez.

– Tem certeza de que você pode sair acendendo todas essas luzes e pode sair caminhando por todos os lugares?

– Tem só um guarda e ele está lá naquela cabana perto do portão.

– Mesmo assim. É errado. - Sally fez um bico quando pararam na penúltima porta. Justin sorriu olhando pra ela.

– Vamos mesmo nos preocupar com certo ou errado?

– Acho que depois de... - Sally sentiu as bochechas esquentarem. - Acho que antes de vir pra cá você deixou claro que não estava mais preocupado com regras.

Justin roubou um selinho da garota, puxando-a para uma sala com uma mesa gigante. Tinha lugar para no mínimo 80 pessoas ali.

– Jesus amado que isso. A gente tinha mesmo tantos conhecidos assim ou a gente não gostava de se sentar no mesmo lugar todos os dias? - Sally tinha os olhos arregalados.

Justin gargalhou.

– Acho que a culpa disso foi minha. Se eu pudesse lhe dar um castelo, certamente eu iria exagerar.

Foi a vez de Sally rir.

– E essa, ao que tudo indica, era a sua cozinha.

Justin largou Sally na porta, e correu pra dentro do local, acendendo as luzes.

Sally piscou algumas vezes, deixando a boca escancarada enquanto entrava em uma cozinha relativamente grande. As paredes tinham cerâmica branca com desenhos em rosa bebê.

Uma pequena mesa de madeira, uma bancada, muitos armários, várias panelas, colheres gigantes de madeira, tudo já velho, mas continuava belo.

– Isso tudo também seria você querendo me dar uma super cozinha ou eu também era extravagante?

Sally desviou os olhos até o anjo, ainda pasma. Justin sorria.

– Certamente minha culpa também.

Sally respirou aliviada, caminhando pelo local.

Ela começou a passar a mão pelas coisas, os olhos cheios de lágrimas.

– Você consegue sentir algo? - Justin se apoiou na bancada, tirando alguns potinhos com tempero, dos seus lugares.

Sally se aproximou dele, dando um tapa em sua mão.

– Não mexa na minha cozinha.

Justin fez uma careta enquanto arrumava tudo rapidinho. Foi a vez de Sally rir.

– Essa cozinha me lembra bolo de chocolate.

Justin gargalhou, chamando atenção de Sally.

– Que foi?

– Essa ai é só você com fome, Sally. Pelo jeito a cozinha não causa nada de extraordinário em você.

– Ah é melhor você correr, Justin. Por que eu vou lhe dar uns tapas... - Sally contornou a bancada, começando a correr atrás do anjo que gargalhava, voltando para a sala de jantar.

Os dois corriam em círculos, em volta da mesa. Logo Sally cansou, colocando as mãos no joelho, fazendo uma pausa para respirar.

Justin ria dela no outro lado da sala.

– Trégua, princesa?

– Nem pensar! - Sally bufou, fazendo o anjo rir de novo.

Quando a garota voltou a correr pra ele, o anjo sumiu, reaparecendo em cima da mesa.

– Vem aqui então. - Ele fez careta, chamando a menina.

Sally revirou os olhos, subindo na mesa com pressa.

– Subiu mesmo. - Justin arregalou os olhos.

Sally riu, contornando os vasos de flores espalhados pela mesa, correndo atrás dele. Justin chegou ao fim da mesa antes do que esperava, ficando entre a beirada e a garota.

Sally abriu os braços, se aproximando dele com passos lentos.

– Quietinho ai Justin.

– Não, não, não. Eu juro que aquela fome toda em você era do passado. Eu juro.

– Tá dizendo que eu vivia comendo é garoto?

– Não. Te juro que não! Sally tenha piedade de mim!

Sally riu, fazendo cara de malvada para ele.

Justin soltou um grito como o do Tarzan, pulando da mesa para o chão como se estivesse pulando de um prédio de 30 andares.

Sally começou a gargalhar, andando até a beirada da mesa.

– Me ajuda a descer. - Ela fez bico.

– Vai me bater, é? - Justin imitou seu bico, encarando ela de baixo.

– Não. Por favooooor me ajuda!

– Awn meu dengo. Vem! - Justin estendeu os braços, se aproximando dela.

– Espera! Vamos fazer como no Dirty Dancing!

– O que? - Justin riu, olhando pra ela.

– Aquele filme que minha mãe ama que eles dançam.

– Que a menina pula pra ele?

– Isso! - Sally deu pulinhos animada, enquanto voltava alguns passos pra trás para tomar distância.

Justin ria, balançando a cabeça negativamente, se preparando para pegá-la no ar.

– Pronto?

– Pode vir amor.

Sally soltou um gritinho, sapateando no lugar sem coragem de ir. Justin riu.

– Veeeem Sally!

Sally gritou mais uma vez, correndo na direção do anjo, saltando no ar, deixando que Justin a segurasse como no filme.

Ela abriu os braços e fechou os olhos como a garota no filme, aproveitando os poucos segundos suspensa, antes de Justin abaixa-la e abraça-la com força.

– Muito bem, baby. Você foi ótima. - O anjo depositou um beijo na bochecha dela, finalmente colocando a garota no chão.

Sorriram um pro outro, aproximando seus rostos devagar, prontos para um beijo.

Sally levou as mãos para os cabelos do anjo e ficou na ponta dos pés, ansiosa em grudar seus lábios.

Justin apertou sua cintura, andando até a parede atrás de si, puxando a garota com ele.

Deu início a um beijo lento, profundo, beijando a garota como se fosse a ultima vez.

Mas alguns segundos depois, Sally se afastou dele com a respiração acelerada. Ela queria beijar Justin para o resto da sua vida, mas não tinha tanto fôlego para isso.

– Quer conhecer outros lugares, comilona?

Sally deu um tapa no braço dele, sentindo as bochechas esquentarem mais uma vez.

– Paara.

– Vem, amor.

Justin puxou a garota para outra porta, mais uma das tantas que Sally já tinha visto.

– Aqui você já viu... - Justin acendeu as luzes da sala gigante, redonda, que eles tinham visto no primeiro dia que entraram ali.

Sally seguiu certeira para os quadros nas paredes.

Ela suspirou, colocando as mãos nas cinturas.

– Então realmente era a gente?

– Parece que sim... - Justin parou ao seu lado, olhando um quadro em preto e branco, de um casal sentado na mesa da cabana que estavam antes.

Sem duvida aquele casal devia ser os dois.

Sally olhou para um quadro ao lado, maior, esse colorido.

Tinha uma garota - seria ela? - mas de cabelos cacheados, segurando um bebê.

– O bebê! - Sally ofegou, olhando para Justin.

– Você viu?

– Acho que sim... - Sally desconversou, desviando o olhar.

– Quer ir ao escritório?

– Não. Vamos subir.

– Ok. - Justin entrelaçou as suas mãos, subindo com a garota, como sempre acendendo as luzes pelo caminho.

Os dois pararam observando mais uma vez o corredor que formava um círculo, olhando mais uma vez as seis portas.

– Ok. Sabemos o que tem na penúltima porta. Mas e as outras?

– Eu sei que a ultima porta tem um quarto para hospedes.

Sally arqueou a sobrancelha para o anjo.

– Eu entrei lá. Mas não entrei nos outros lugares.

– Hm. Ok... Quero o quarto do casal.

Sally voltou a colocar as mãos na cintura, observando as outras quatro portas.

Ela começou a caminhar pelo corredor, parando em frente à terceira porta.

– Acho que é aqui.

– Porque acha isso? - Justin caminhou até ela, confuso.

– Olha pra baixo. Daqui eu posso ver quem vem da sala de jantar, quem entra pela frente e quem vem do escritório, mas-

– Mas eles certamente não conseguem ver você. - Justin completou, olhando pra baixo.

– Exatamente. Não sei por que, mas gosto disso assim. - Sally deu de ombros, virando para a porta de novo.

– Quer mesmo ver o quarto agora? - Justin entortou a boca, observando a garota.

Sally olhou pra ele, pensativa.

– Tem razão. Vamos por ordem então!

Sally voltou para a primeira porta, mais próxima das escadas. Abriu a porta encontrando um grande banheiro, luxuoso, apesar de ultrapassado.

– Ok. Tenho certeza de que foi você quem decorou isso. - Justin parou atrás de Sally, colocando só a cabeça para dentro do banheiro, quando a garota acendeu a luz.

– Gostei do desenho das flores. Certamente eu fiz isso. - Sally riu, saindo e voltando pro corredor.

Seguiu reto para a segunda porta, abrindo-a com pressa.

Assim que abriu, viu uma cama, um guarda roupa velho e uma escrivaninha.

– É igual ao outro quarto. - Justin comentou, chamando a atenção da garota.

– Que mau gosto para hospedes.

– Também achei. - Justin suspirou.

Voltaram para o corredor.

– Eu deixo você abrir a outra porta. - Sally sorriu, abraçando o anjo pela cintura.

Justin beijou sua testa, seguindo para a quarta porta do corredor.

Assim que abriram, bufaram ao encontrar duas camas de casal e um guarda roupa maior que o outro, mas o quarto ainda tinha a mesma decoração dos outros.

– Af. Ok. Nós podemos abrir o outro quarto agora? - Sally mordeu o lábio, olhando para Justin, aflita.

– Claro amor. Vamos ver se pelo menos no nosso quarto, tínhamos bom gosto. - Justin bufou, fazendo Sally rir.

Respiraram fundo, abrindo a porta lentamente juntos.

Justin fechou a porta, deixando que Sally acendesse a luz.

Quando puderam enxergar o quarto, sorriam animados.

– Sabia que ia ser um quarto decente.

Sally riu do anjo.

– Que lindo!

O quarto era completamente diferente do resto da casa.

Ao contrário das outras peças, o quarto tinha um papel de parede claro, com mais flores desenhadas nele.

Ao entrar no quarto, se encontrava o lado direito da cama, esta que era maior do que as outras, e tinha um dossel de metal, formando lindos desenhos e curvas abstratos.

No lado direito da cama - no grande espaço entre ela e a porta -, uma penteadeira tinha caixas e maquiagens, já velhos e com um pouco de pó.

Em frente à cama um guarda roupa que seguia a parede toda do quarto, e era embutida a parede, numa cor bege, delicada.

Ao lado esquerdo da cama, uma escada redonda, que levava a algum lugar lá em cima - que agora estava fechado por uma portinha. E logo a parede oposta a eles, uma porta grande de madeira, que levaria os dois para a sacada nos fundos do castelo, se os pensamentos de Sally estivessem certos.

– Quero subir. - Sally parou ao pé da escada.

– Ok. Espera que eu vou olhar.

– Por quê? - Sally fez bico.

– Amor, nós não sabemos há quanto tempo isso está fechado. Não vou deixar você subir ai sem saber o que tem ai dentro.

Justin segurou os ombros de Sally, beijando sua testa.

– E se você ver algo?

– Calma Sally.

– E se você ver algo? - Ela repetiu, segurando Justin pela camiseta.

– Meu anjo, calma.

Justin sorriu fraco, sumindo antes que Sally pudesse se queixar de novo.

Sally mordeu o lábio, olhando para o teto com medo.

Ela viu pequenas frestinhas de luz saindo da portinha de madeira. Ouviu Justin tossir e logo algo foi arrastado.

Justin tossiu de novo, fazendo a garota bufar, subindo as escadas.

Assim que ela estava no meio do caminho, Justin puxou a portinha, abrindo caminho para que a garota subisse. Ele tapou seus olhos a ajudando a subir.

– Justin. De novo?

– Sim. E dessa vez é melhor.

– Sério? Af. E você viu primeiro!

Justin riu. Deixando Sally parada.

– Não abre os olhos! - Ele pediu enquanto se abaixou rápido para fechar a portinha. Sally ouviu algo ser arrastado de novo e logo Justin parou atrás dela de novo.

– Pronta? – Sally pôde sentir o sorriso no rosto do anjo e isso fez com que ela sorrisse junto, animada.

– Pronta!