– Aconteceu alguma coisa? - Sam, mãe de Sally, apareceu na porta do quarto chamando atenção de todos.

– Não, tudo bem. Apenas vim ter uma conversa rápida com eles.

Julius sorriu para a mulher, seguindo até ela.

– Eu ouvi gritos enquanto subia...

– Sam. - Julius parou ao lado dela, levando o olhar até o casal. - Esses dois se apressam demais pra muita coisa, sabe disso. Mas não aconteceu nada, não se preocupe. Aliás, eu até já vou sair, eles disseram que estão cansados e já querem dormir...

– Ok. Deixe-me acompanhá-lo. Boa noite meninos. - Sam sorriu para o casal, saindo do quarto com Julius. Os dois começaram uma conversa animada pelo corredor, as vozes sumindo no espaço.

Justin foi o primeiro a expressar que ainda estava vivo, em meio aquele silêncio sepulcral. Ele saiu correndo até a porta, fechando-a e se encostando na mesma, respirando fundo.

Sally levou o olhar até o dele, ainda paralisada demais para expressar mais ações.

Ela viu o anjo levar uma das mãos até o cabelo, puxando-o e bagunçando-o, sem coragem de levar o olhar até o dela.

O silêncio no quarto estava sufocando Sally. Ela subiu na cama bagunçada, mordendo o lábio com cada vez mais força, conforme repassava as palavras de Julius em sua mente.

– O que eu fiz? - A voz da garota quebrou o silêncio, assustando Justin. O anjo olhou pra garota encolhida na cama, que começava a chorar e arranhar o corpo. - Meu Deus o que eu fiz!

– Sally. Sally! Não. Espera. - Justin correu até ela, tentando segurar as mãos dela. - Espera amor, não faz isso. Calma não faz! Vai se machucar assim meu amor.

Os dois pararam se observando, mas seus olhos não se encontravam. As respirações aceleradas, o choro tomava conta da garota que passava a tremer nos braços dele. Justin também estaria chorando se pudesse, mas se limitava a tremer, atrapalhado sobre como acalmar a menina em seus braços.

Ele sentou na beirada da cama, puxando Sally pra si, tentando protegê-la mesmo sem saber como.

Permaneceram abraçados por mais uns cinco minutos, enquanto Justin cuidava da garota, tentando acalmá-la.

– Olha só, você se machucou. - Justin falava baixinho, acariciando o braço de Sally que mostrava as marcas dos arranhões dela.

– Isso não importa. - Sally olhou para o rosto dele finalmente, sentindo que o choro estava prestes a voltar.

– Claro que importa amor. - Justin forçou um sorriso, cutucando a garota. - Quer deitar? Vamos deitar, vamos descansar.

Sally suspirou, concordando. Começou a deitar e puxou Justin, fazendo o anjo deitar ao seu lado. Sally se assustou quando a escuridão tomou conta do quarto. Ela sentiu o anjo puxando o cobertor, cobrindo os dois.

– Droga, acabou a luz? – A voz dela soou baixinha. Justin puxou Sally pros seus braços, encarando-a quieto, conforme tentava controlar o riso. A garota sentiu o olhar dele e fez um bico.

– O que foi?

– A luz não acabou minha linda. Eu apaguei a luz.

– Como você... – Sally suspirou, se colando mais a ele. – Acho que nunca vou me acostumar com...

O silêncio tomou conta dos dois de novo, esfregando na frente deles mais uma vez, que talvez não tivessem tanto tempo assim para que ela pudesse se acostumar de fato com as habilidades dele.

– O que nós vamos fazer?

Justin suspirou.

– Eu não sei Sally. Não faço a menor ideia.

Sally não conseguia dormir. Passou um longo tempo chorando quieta nos braços de Justin, que apenas mantinha ela protegida em seus braços. Ela não conseguia entender como tinha errado tanto a ponto de tirar aquilo de Justin. O que aconteceria com ele? Pra onde ele iria agora? Quando ele iria? Sally precisava mudar aquela situação. Mas ela duvidava o fato de que poderia saber o que aconteceria com Justin; que dirá poder opinar sobre o assunto.

Mas ela precisava achar um modo de tomar aquela culpa pra ela. Precisava tirar Justin da história.

E ela iria encontrar um jeito de fazer isso. Não importava o quanto ela teria que fazer para isso.

E tomada por uma decisão sem volta, Sally levantou da cama com pressa, indo cegamente até o guarda roupa, assustando Justin que sentou rapidamente na cama.

– Sally? - Ele se levantou, ligando o abajur da garota enquanto olhava confuso.

– Preciso resolver isso, Justin.

– Como assim?

– Você precisa me levar até o castelo do leste. Você precisa, ta me ouvindo? Você pega o carro da mamãe e nós vamos.

A garota jogou a roupa na cama, sem dar muita importância para aquilo. Seguiu pra dentro do banheiro, tirando a roupa pelo caminho, sem nem se importar com o anjo que a seguia.

– Agora, baby? O que vamos fazer lá agora? Você viu a hora?

Sally não ligou pro anjo, entrando direto no box, começando um banho rápido.

– Agora Justin. Não temos outra hora pra isso. Apenas tem que me levar lá. Por favor.

Ela parou, observando ele através do vidro.

– Tudo bem. Eu levo você, amor. - Justin se apoiou no batente da porta, olhando a garota que voltava a tomar o banho com uma pressa que até a deixava atrapalhada. Ele tinha um sorriso fraco nos lábios, observando cada detalhe dela, pensando em como não podia perdê-la.

Assim que Sally acabou o banho, Justin caminhou apressado até ela, pegando sua toalha e a envolvendo no corpo da garota.

A abraçou com cuidado por trás, levando a menina com beijos carinhosos pela nuca, até o quarto.

Ele sentou na cama, puxando Sally até sua frente, e começou a secar o corpo da garota com cuidado, acariciando sua pele com uma calma exagerada.

Sally observava os atos do anjo sentindo seus olhos marejarem. Ela queria poder dizer algo, mas tinha medo do que sairia de seus lábios de abrisse sua boca naquele momento.

Justin beijou sua barriga, enquanto pousava as mãos na cintura dela. Seus olhos levantaram até o dela, se surpreendendo ao ver que ela estava prestes a chorar. O anjo suspirou, puxando a garota com força, fazendo com que ela sentasse em seu colo.

Suas mãos que antes estavam na cintura dela, agora subiram por suas costas, puxando a garota pra si. Seus lábios procuraram os dela com fome, pressa, medo, criando um beijo até meio rude, mas que os dois precisavam.

Sally puxava os cabelos de Justin, contribuindo para aquele momento insano entre os dois.

Os minutos se passavam e suas línguas continuavam coladas em movimentos intensos, quentes e molhados.

Justin mordeu o lábio de Sally, puxando o lábio, enquanto os dois abriam os olhos, dizendo naquela troca de olhares o quanto um desejava o outro.

Justin jogou Sally na cama, subindo até dela, procurando seus lábios mais uma vez.

O casal permaneceu mais alguns segundos no beijo, até Justin se afastar, puxando a toalha que ainda cobria a menina, jogando-a de qualquer forma para longe, levando os lábios até o colo dela.

Sally tinha a respiração acelerada, acariciava os pés de Justin com os seus, ao mesmo tempo em que voltava a puxar seus cabelos.

Ela jogou a cabeça pra trás, arqueando o corpo, sentindo o calor tomar conta de seu corpo.

– Justin... - Sally nem tinha forças para falar.

O anjo apenas resmungou, sem parar seus beijos que já seguiam para caminhos perigosos.

– Você só tá fazendo isso... Só pra não me levar lá, né? - Sally sentiu os beijos pararem e se xingou mentalmente por isso. Porque ela simplesmente não deixava o anjo continuar?

– Já disse que vou te levar lá, Sally. - Ele esperou até que Sally olhasse pra ele, e assim que ela o fez, Justin sorriu, então tirando a própria camisa.

Ele voltou a se deitar com cuidado sobre ela, subindo uma mão pelas costas da garota, e deixando a outra em seus cabelos que ele enrolava entre os dedos.

Sally suspirou, abaixando o olhar.

– Vamos mesmo fazer isso?

– Por quê? Você não quer? - Justin segurou seu queixo, a fazendo voltar seu olhar pra ele.

– Sabemos que algo vai acontecer com você.

– Hey, shhhh. Não pensa nisso agora. - Justin lhe deu um selinho. - Olha, eu sei que vou ter consequências. Mas eu já lhe disse que cada uma delas vale a pena, não? Além disso, poxa baby. Não sabemos quando vão me chamar. Eu preciso ter o máximo de você até lá. - Justin lambeu os lábios, aproximando seu rosto do dela, dando-lhe um beijo de esquimó. - Me deixa ter você. Deixa-me sentir o calor do seu corpo, me deixa sentir seus beijos, seus carinhos, seus arranhões... - Ele colou sua testa a dela, diminuindo o tom de voz. - Me deixa sentir o calor do seu corpo me envolvendo quando nós dois vamos ao paraíso juntos. O nosso paraíso. Deixa-me fazer isso quantas vezes eu puder, por favor.

– Justin...-

– Por favor, minha vida. Deixa eu te ter pra mim quantas vezes eu puder. E vamos fazer cada uma ser especial, cada vez como se fosse a nossa ultima.

Sally não conseguiu segurar as lágrimas, puxando Justin para mais um beijo, dessa vez se entregando completamente pra ele.

– Minha mãe vai pirar quando descobrir.

– Quer voltar? - Justin tirou os olhos da estrada, pousando os mesmos sobre a garota.

– Não. A gente deixou bilhete. Ela vai sobreviver.

Sally se virou para a janela, apoiando a cabeça no vidro enquanto observava a paisagem que passava como borrões, na escuridão da madrugada fria.

Os minutos pareciam se arrastar para os dois que permaneciam em um silêncio absoluto dentro do carro.

Até o momento em que Justin quebrou o silêncio, começando a cantar uma música que Sally não conhecia.

Well, I can tell you're afraid of

What this might do

Cause we got such an amazing friendship

And that you don't wanna lose

Well, I don't wanna lose it either

I don't think I can stand

Sitting around while you're hurting babe

So take my hand

Well, did you know you're an angel

Who forgot how to fly

Did you know that it breaks my heart

Every time to see you cry

Sally estava paralisada, olhando cada detalhe do garoto, enquanto ele cantava. Seus olhos seguravam lágrimas, e seus lábios tinham um sorriso fraco, que aumentava conforme a voz do anjo chegava a seus ouvidos.

Cause I know that a piece of you's gone

Every time he done wrong I'm the shoulder you're

Crying on

And I hope by the time that I'm done with this song

That I figure out

Who's gonna make you fall in love

I know you got your wall

Wrapped all the way around your heart

Don't have to be scared at all, oh, my love

But you can't fly unless you let ya

You can't fly unless you let ya so fall

I will catch you if you fall

I will catch you if you fall

I will catch you if you fall

Justin parou de cantar, olhando para a garota, ao perceber que ela estava o observando.

– Que foi baby?

– Que musica é essa?

– Ah, não é nada... – Justin sorriu, estacionando o carro.

– Claro que é. Sua voz é linda!

– Obrigado. – Justin continuava sorrindo, tímido. – Então... Quer mesmo ir lá?

– Não mude de assunto!

– Não estou mudando, amor.

– Tá sim. Que musica é essa que eu não conheço?

Justin suspirou.

– É só algo que surgiu na minha cabeça, uma vez... Enquanto eu olhava você dormir.

– VOCÊ escreveu isso? PRA MIM? – Sally tinha o queixo caído, os olhos arregalados.

Justin riu, descendo. Ele abriu a porta pra ela, segurando sua mão, enquanto a puxava pra fora do carro.

– É tão ruim assim?

– Sabe que não. Adorei a letra e sua voz é perfeita.

– Obrigado.

O anjo agradeceu mais uma vez, enquanto puxava Sally para um caminho que ela não conhecia – e nem enxergava direito.

– Onde vamos entrar?

– Tem uma parte pra lá que o muro é mais baixo, fica fácil pra você atravessar.

– E como a gente entra na casa? Eu não pensei nisso antes. – Sally bateu na própria testa. Foi quando chegaram onde Justin queria. Justin apenas riu do jeito dela.

– Se eu não achar a chave, a gente fica lá fora mesmo. Tem um lago lá trás que é bem bonito. Acho que não viu ainda, né?

O anjo ajudava a garota a pular o murinho feito de pedra. Recebendo mais uma avaliação da garota.

– Como você conhece isso aqui?

– Ah eu vim pra cá mais algumas vezes. – Justin comentou, entrelaçando suas mãos e levando a garota por uma trilha que ela não entendia.

– Sem mim? – A voz dela soou baixinha.

– Desculpa. Não sabia o que poderia acontecer comigo, então eu resolvi vir sozinho e descobrir. Não queria que você visse nada, desculpa.

– Tudo bem... Mas... Aconteceu algo?

Ela deitou a cabeça no braço dele, andando com dificuldade na escuridão. Justin a envolveu com um braço, deixando o outro no bolso da calça. Mesmo no escuro, Sally o achou tão perfeito com aqueles pequenos detalhes... Tão humano.

– Não. Por incrível que pareça, deu tudo certo.

Justin beijou o topo da cabeça de Sally, parando para tapar seus olhos.

– Porque tapou? Eu não vejo nada nesse escuro, Justin.

– Tem lua, se eu deixar você ir sem tapar seus olhos, vai estragar a surpresa.

– Mas hein?

Justin riu no ouvido dela. Colou seus corpos e começou a direcionar a garota para um local que ela – agora definitivamente – não conseguia enxergar. Depois de uma caminhada que parecia sem fim, ele finalmente parou a garota.

– Pronta pra visão mais linda da sua vida? – A voz de Justin no ouvido dela, fez com que Sally se arrepiasse.

Uma brisa bagunçava seus cabelos e trazia o perfume do anjo direto para a garota. Ela não tinha muita certeza da sua resposta, mas obrigou seus lábios a responder o anjo:

– Estou pronta.

E então com muito cuidado, Justin tirou a mão que tampava os olhos da garota, esperando sua reação.