A Máscara escrita por OllySwan


Capítulo 8
Acordo


Notas iniciais do capítulo

E aí meninas, tudo bem? Booa leitura...



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“O medo tem alguma utilidade, mas a covardia não.”

Mahatma Gandhi

            Talvez o fim estivesse próximo ou ele estivesse tão distante que lhe faria sofrer mais do imaginara.

            Chegaria a ser impressionante como as pessoas se comportam frente a uma situação perigosa ou ameaçadora. Existem os que se acovardam e os que enfrentam.

            Isabella ou Sophie, como preferirem, estava se acovardando.

            Há dias não saíra de seu aposento nem mesmo para seus passeios pela cidade ou para comprar algum vestido e muito menos visitara o Moulin Rouge trajada em sua personagem Sophie Lestrange.

            Os criados pensavam que sua senhora estava adoentada, afinal não descera nem mesmo para se alimentar pela manhã, como sempre fora acostumada a fazer.

            Porém, este dia amanhecera diferente, não havia diferenças na cor do céu ou na cidade movimentada, mas a diferença estava estampada na face da jovem Isabella.

          Abriu seus olhos lentamente e ouviu o canto dos pássaros na beira da janela de seu aposento, lembranças de sua infância invadiram sua mente e fizeram-na voltar ao seu passado.

            E como se fosse um filme, imagens de quando brincava com suas bonecas de porcelana, quando pulava nas costas de Emmett, a primeira vez que caíra e levantou-se rapidamente não deixando as lágrimas descerem sobre seu rosto, o primeiro verso que escrevera, a primeira sinfonia que tocara no piano, seu noivado, matrimônio...

            Também lembrara-se do dia que visitara pela primeira vez um bordel, de como seus olhos faltaram saltar das órbitas de tanto pavor que sentira. Um pavor que logo se tornara em algo que nem mesmo ela sabia explicar, algo que a levou a fazer o mesmo que as outras faziam, a ser a mesma que as outras eram. Rameiras.

            Então poucos anos depois, conhecera vários homens, ricos, pobres, gordos e magros, mas nenhum a fizera sentir tantas coisas estranhas como estava sentindo desta vez. Conde Edward Cullen, o homem que estava deixando-a cada vez mais intrigada e talvez fosse por isso que o repudiava mais a cada dia.

            Ele poderia simplesmente ter sido só mais um homem que passara por sua cama em uma noite qualquer, mas não, ele tinha que tomá-la daquela maneira? Tão ofensivo e necessitado ao mesmo tempo.

            Balançou a cabeça tentando não se recordar daquela noite, aquela maldita noite que as lágrimas desceram sem parar, que o pavor e o medo a tomaram por completo.

            Ele era um maldito que havia impregnado em seu corpo.

            E por dias se manteve longe de tudo e de todos e principalmente daquele ser.

            Agora era hora de mostrar que Isabella Swan – seu nome de nascimento, como sempre gostou – era uma mulher forte, que não se abalava por tão pouco e era isso que aquele Conde significava para ela, tão pouco que não teria medo de confrontá-lo e se fosse preciso faria de tudo para destruir seus projetos.

            Edward Cullen não fazia idéia com quem estava lidando.

            Batidas na porta a fizeram voltar a si, encarou a porta e proferiu um “entre” baixo. A criada entrou e lhe trouxe belas frutas maduras, prontas para serem devoradas.

            — Estão aqui milady, como me pedistes.

            Isabella sorriu e mordeu a maçã tão vermelha e suculenta.

            — E os comentários pela cidade? – perguntou curiosa.

            A criada riu. — Estão pensando que estás falecida.

            Isabella riu em um alto e bom tom.

            — Emmett virá vê-la esta tarde, creio que queres escolher algumde seus belos vestidos.

            — Oh sim, claro. Pegue aquela caixa — A Baronesa apontou para a escrivaninha e lá tinha uma caixa em tom rosa claro.

            A criada pegou a caixa e a entregou, Isabella retirou de lá um vestido em tom bordô de cetim com uma cauda formando uma cascata.

            — És lindo Milady – disse a criada, admirada com a veste.

            Isabella sorriu, porém nada respondeu.

            — Sabes se o barão virá acompanhado? – perguntou.

            — Somente ele e sua esposa, milady.

            A Baronesa respirou fundo e dispensou a criada, no fundo seu ser queria ver aquele maldito Conde, mas por outro lado, achava que a distância era o melhor.

~

            Enquanto tudo havia parado para Isabella, na mansão dos Swan era diferente, a cada dia os trabalhos aumentavam.

            A época da colheita se aproximava e com isso a exportação aumentaria, fazendo com que de fato os projetos de Edward com o Barão Windsor se realizassem da maneira que desejava.

            Edward caminhava pelas terras do Barão Swan analisando cada plantação que daqui a dois meses seriam colhidos.

            — Estás me ouvindo Edward? – perguntou Emmett.

            O Conde voltou a realidade e encarou seu amigo que estava lhe falando a horas e nem ouvira o que o mesmo dizia.

            — Desculpe-me, estava um pouco distante.

            Emmett soltou uma gargalhada.

            — Acho que sei o que está acontecendo contigo, Edward...

            O Conde fez uma careta em confusão.

            — Estás preocupado com aquela cortesã que tira o fôlego de qualquer Monsieur deste lugar.

            Edward deu um meio sorriso, se Emmett soubesse que aquela cortesã que também lhe tirava o fôlego era ninguém menos que sua irmã, Isabella, que se escondia atrás daquela máscara.

            — Preocupado eu? Porque estaria? – perguntou presunçoso.

            — Não viu nem sua sombra nenhum destes dias que visitamos o Moulin Rouge, achas mesmo que ela não estarias com outro em seu leito?

            Edward sentiu seu sangue ferver, não poderia imaginar Sophie, aliás, Isabella com outro em seu leito mesmo depois da ameaça que fizera a ela, não poderia imaginar outro Lorde a tocando ou até mesmo retirando a sua máscara.

            Ela era sua propriedade, quisesse ou não e ninguém a tomaria desde o dia em que retirara sua máscara e descobrira quem era Sophie Lestrange.

            — Tenho certeza que não.

            Emmett riu. — Se tens toda essa certeza, porque estás tão distante?

            Ele não sabia responder. Não conseguira deixar de pensar naquela mulher um dia sequer, um momento sequer. A maior lembrança que possuía era a de ter retirado aquela máscara com toda a ousadia e ver os olhos estagnados e apavorados daquela mulher que estava presa em baixo de seu corpo, quente e fria ao mesmo tempo, desejosa e raivosa, uma mistura de uma leoa e de um cordeiro.

            Agora começara a entender a arrogância que sondava Isabella, a prepotência que a mesma possuía. Deveria reconhecer que ela não era qualquer mulher da sociedade, pois se o fosse, não teria a audácia de se esconder atrás de uma cortesã, não teria a coragem de trair os costumes da época, sabendo dos riscos que corria.

            Mas isso não mudava os fatos de que ela era uma cortesã.

            Precisava vê-la com urgência, precisava encontrá-la como Baronesa e não como Sophie Lestrange, que estava escondendo-se por todos esses dias.

            — Irei visitar Isabella esta tarde, ando preocupado, soube que estava doente e mal saía de seu aposento... – Emmett comentou, fazendo com que o Conde o encarasse.

            — Posso acompanhá-lo, amigo? – perguntou.

            — Claro, não sei se minha irmã gostaria de que a veja adoentada...

            Edward sorriu.

            — Creio que a Baronesa não irá se chatear, afinal já somos como amigos – sorriu.

            — Então precisamos voltar, Rosalie já deve estar preocupada.

            E assim os Lordes voltaram para a residência, Edward sorriu pois sabia que esta seria a oportunidade de ficarem face a face novamente.

~

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(Romeu e Julieta)

                Isabella deslizava os dedos pelas teclas do piano e sentia a melodia enchendo seus ouvidos, uma melodia suave, um tema de um amor adolescente, uma tragédia que precisara acontecer para que os seres humanos tomassem consciência de seus atos.

            Fechou os olhos por um instante, Julieta amara tanto Romeu que fez de tudo para conseguir que sua família os deixasse viver suas vidas em paz. Romeu amou tanto Julieta que vendo sua amada esticada, pensando que a mesma estivesse morta, ali não viu sentido em sua vida, então a tirou, para não ter que viver sem sua amada.

            Será que algum dia encontraria alguém que a amasse tanto como Romeu amou Julieta que chegou ao extremo? Será que conseguiria amar alguém tanto quanto Julieta amou Romeu?

            Edward e Emmett chegaram à mansão Windsor e antes mesmo que pudessem entrar encontraram o Barão Windsor que quis os levar para conhecer a plantação. Edward arranjou a desculpa de que precisava beber algo para se refrescar e entrou na mansão enquanto Emmett e Marcus seguiram o caminho para a plantação.

            A melodia que ecoava por toda a mansão foi rapidamente reconhecida pelo Conde, uma sinfonia triste.

            Sorriu e imaginou Isabella gostando de temas sobre adolescentes apaixonados. A Baronesa realmente era indecifrável.

            Caminhou lentamente até a sala de onde vinha a melodia triste e se impressionou ao ver como a jovem tocava com tanta fluência; Observou seus olhos fechados absorvendo a cada nota, observou como parecia que a mesma viajava em seus pensamentos.

            E foi neste momento, sem dizer palavra alguma que a viu abrindo os olhos. Seus olhares se encontraram e ali tudo parou, a melodia continuara, porém os pensamentos de ambos pararam e tudo o que sentiram foram seus corações acelerados e suas respirações ofegantes.

            A melodia parou e o verde calmo que Edward vira nos olhos de Isabella se transformou em verdes escuros, como se a raiva estivesse tomando seu corpo.

            Levantou-se e caminhou em direção à saída, porém, o Conde agiu mais rápido e a segurou pelos pulsos tão rudemente que quase a machucara.

            — O que queres em minha casa? – disse ela, por fim.

            Edward suspirou e percebeu que seria difícil.

            — Não poderei visitar minha amante? – disse irônico.

            Isabella viu a ironia nas palavras do Conde.

            — Não sou sua amante, Monsieur.

            Edward gargalhou alto.

            — Devo lembrá-la da noite que passamos juntos, Mademoiselle?

            Isabella puxou seu pulso de volta e o encarou.

            — Passou a noite com Sophie Lestrange, não com Isabella Windsor.

            Edward sentiu a raiva passar por seu corpo novamente e a puxou com força para dentro da sala, já que ambos estavam em meio a passagem. Fechou a porta e girou a chave.

            Isabella assustou-se, não sabia a que horas Marcus poderia voltar e não sabia o que aquele louco daquele Conde pretendia.

            — O que queres? Queres me torturar?

            Edward a puxou de encontro ao seu corpo e a apertou a cintura, fazendo com que suas faces ficassem praticamente coladas.

            — Eu quero você, quero sentir seu corpo novamente

            Isabella viu a dificuldade nas palavras do Conde e tentou a todo o custo livrar-se do aperto daquele homem.

            — Solte-me seu louco... – disse nervosa.

            E foi quando ouviram as vozes de Emmett e Marcus procurando por Edward.

            — Oh meu Deus – foi só o que conseguiu dizer.

            — Comece a tocar novamente, irei destrancar a porta e fingir que estava lhe ouvindo tocar.

            E assim foi feito, Isabella voltou ao piano e tocou, Edward sentou-se e assim os Barões Windsor e Swan o encontraram, apreciando a bela melodia que a Isabella tocava.

~

            A tarde se passou lentamente, Marcus quis a companhia de sua mulher até o momento em que o Conde e o Barão foram embora, mesmo ela alegando estar adoentada.

            Edward sabia que era uma estratégia da Baronesa, somente pelo fato de não querer ficar por perto dele, afinal, ele não conseguia deixar de apreciar cada movimento que a mesma fazia, assim, deixando-a enervada.

            A noite chegou e Isabella pôs-se a se arrumar e ir direto para o Moulin Rouge, precisava espairecer e faria isto esta noite.

            Em sua mente já havia preparado um show magnífico, onde os Lordes ficariam exaustos de tanto desejá-la.

            O que ela não imaginava era que o Conde e seu amigo Emmett também se preparavam para ir mais uma noite à Casa da Perdição.

            — Jasper vá arrumar-se – disse o Conde enquanto tragava seu charuto.

            — Aonde vais me levar, primo? – perguntou o jovem.

            Jasper ainda não havia se recuperado do que havia visto naquele lugar, como tantas moças bonitas, bem afeiçoadas se prestavam a aquele tipo de trabalho?

            Apesar de estarem mascaradas não podia negar que elas eram belíssimas, olhos claros, algumas ruivas, outras morenas ou até as de cabelos cor de ouro.

            Edward encarou Emmett e ambos riram.

            — Jasper, estás com medo de que? – Emmett sorriu de lado — Precisa começar a aproveitar a vida, até quando irás se trancar em seu quarto todos os dias para estudar?

            — Milorde, preciso estudar para ser alguém em minha vida e só assim conseguirei encontrar a mulher que me completará.

            Edward gargalhou.

            — A mulher perfeita não existe, primo. – suspirou — Existe aquela que te deixa louco de desejo e existe aquela que você sente compaixão e acaba se casando com ela... afinal, a que te deixa louco de desejo deve ser alguma cortesã... – riu — E se você quer manter seu nome limpo não podes se casar com uma cortesã...

            Emmett riu.

            — Nisto eu discordo de você, Edward.

            O Conde o olhou confuso.

            — Acho que todas as mulheres merecem uma segunda chance e acredito que você pode encontrar sim a mulher perfeita. – sorriu — Eu, por exemplo, encontrei minha Rosalie e estou feliz com ela...

            Edward suspirou.

            — Cada um tem uma sorte meu amigo, se ainda não és apaixonado por sua mulher... podes acabar se apaixonando por ela ou então por outra que roubará seu coração.

            Concluiu Emmett, deixando um buraco negro no coração de Lorde Cullen. Ele nunca havia se apaixonado e nem sabia o que isto significava. Será que poderia amar Tanya? Não, definitivamente não.

            Será que outra roubaria seu coração algum dia? E o que faria se isto acontecesse?

            Respirou fundo e continuou tragando seu charuto, odiava esses assuntos, odiava qualquer sentimento bonito que pudessem interferir em sua vida.

            Mal amava a si mesmo, como poderia amar alguém?

            Era um homem que não acreditava nestas baboseiras. Em seu coração não havia espaço para o amor. O que sentia pelas mulheres era apenas desejo, luxúria. As mulheres eram as únicas que podiam lhe proporcionar algum prazer, e não um sentimento tão desconhecido.

            Jasper arrumou-se com uma roupa que Emmett lhe dera, não tinha dinheiro para comprar vestes tão caras como as de seu primo e o Barão.

            Assim, os três senhores seguiram para a Casa da Perdição. Lorde Cullen já imaginava que esta noite não poderia apreciar o corpo nu de Isabella Windsor, então por esta noite queria esquecê-la, mas se perguntava como se esquecer da mesma se estava indo ao seu antro?

~

            Já no Moulin Rouge, Isabella dava os últimos retoques em sua maquiagem antes de colocar sua máscara.

            Estava tão pensativa que nem ouviu quando Alice entrou em seu aposento, e quando a viu tomou um belo de um susto.

            — Maldição! Não me assuste desta maneira, Alice.

            A jovem sorriu.

            — Perdoe-me, mas estou a um bom tempo chamando-a.

            A Baronesa respirou fundo.

            — Estou um pouco distraída.

            Alice suspirou, via a tristeza e a preocupação estampados na face da mulher. Não entendia o porque aquela mulher que sempre fora tão firme, arrogante que parecia tão feliz por fazer o que fazia... e agora parecia tão insegura.

            — O que está acontecendo? – Alice perguntou — Notei que desde que Lorde Cullen a possuiu algo mudou.

            Isabella suspirou e encarou os olhos verdes da jovem através do grande espelho de sua mesa.

            — Lorde Cullen descobriu-me, sabes que Sophie é ninguém mais do que Isabella Windsor.

            Alice precisou segurar-se para não cair. Mas como sua senhora havia cometido tal falha? Um erro que poderia custar sua própria vida!

            — Mas... mas...

            — E não me pergunte como ele conseguiu, nem eu sei explicar – suspirou — Ele simplesmente me dominou com seu olhar e quando percebi havia dito meu nome... e retirado minha máscara...

            Ambas continuaram conversando por mais algum tempo até que a hora do show começou e Isabella teve de tomar forças e enfrentar seu público que aguardava ansioso por aquele momento.

            Quando entrou em seu palco recebeu palmas e rosas que eram jogadas aos seus pés, jóias caríssimas e tudo mais que uma mulher gostaria de receber. Enquanto dançava procurava com o olhar pelo maldito que impregnava em sua mente, porém, não o encontrou. Talvez ele tivesse desistido da loucura de querer tomá-la como sua propriedade.

            Nem mesmo Lorde Denali estava aquele dia. Recebera notícias de que ele havia viajado para negócios e não sabia quando voltaria. Isso a havia aliviado um pouco, porém, não lhe tirava totalmente o nervosismo.

            Dançou, cantou e tomou alguns drinks que a animaram novamente. E quando o show já havia terminado e suas bailarinas ainda continuavam animando o público decidiu por retirar-se, precisava descansar.

            Pegou uma taça de vinho e voltou para seu aposento, o luxuoso aposento que escondia todos os seus segredos. Abriu a porta lentamente e foi quando seu coração pareceu parar novamente.

            — Pensou que eu não viria, minha Baronesa?

            Aquela voz rouca ecoou pelo cômodo e a fez sentir sua corrente sanguínea fervendo.

            — Já lhe disse que não quero vê-lo, Lorde Cullen? – perguntou.

            O homem gargalhou.

            — E eu já lhe disse que quero vê-la? – rebateu, deixando-a sem respostas.

            Isabella fechou a porta e colocou a taça em cima de um criado mudo.

            — Mas sabe, minha doce Baronesa, não vim aqui para guerras... vim lhe propor um acordo.

            A Baronesa o encarou confusa, o que ele pretendia desta vez?

            — Se o senhor for breve...

            Edward sorriu. Olhou para todo o corpo daquela mulher a sua frente, ela possuía algo que lhe prendia totalmente. Possuía algo que lhe deixava furioso e ao mesmo tempo desejoso por ela.

            — Você possui um segredo e como se nega a deitar-se comigo por bem, faremos o seguinte – sorriu irônico — Eu não irei lhe entregar ao seu marido e a sociedade se fizer o que desejo, sem reclamar...

            Isabella o encarou aturdida, como ele poderia fazer uma chantagem destas?

            — Que chantagem!

            — Eu não intitularia como chantagem, Mademoiselle. Intitularia como... troca de favores... um acordo.

            Ela respirou fundo e tentou absorver tudo aquilo. Se mostrasse o quão furiosa estava daria motivos para ele se alegrar e se tratasse aquilo tudo com frieza mostraria como era realmente.

            — Me deitar com o senhor em troca de seu silêncio... – disse lentamente, tentando dizer para si mesma a chantagem que o desgraçado estava lhe propondo.

            — Exatamente.

            Ela o encarou então, simplesmente não entendia o porquê de tudo aquilo.

            — E qual o motivo? Deitar-se comigo somente uma vez não lhe bastou? Porque queres deitar-se comigo novamente?

            Lorde Cullen sentiu seu sorriso se desfazer, a pergunta era justa, porém não sabia a resposta. Nunca havia desejado de tal forma mulher alguma. Talvez o fato de que ela fosse tão jovem e casada ou até que fosse duas mulheres ao mesmo tempo o deixava mais desejoso por ela... mas isso não importava, o que importava o quão queria Isabella e para isso faria de tudo.

            E foi assim que se aproximou lentamente, observando a respiração da jovem se acelerar e ficar fora de ritmo o momento em que a tocou no braço. Então a puxou para si e a beijou por toda a extensão de seu colo descoberto.

            Isabella arfou ao sentir os lábios daquele homem beijando-a como nenhum homem nunca havia feito.

            Lorde Cullen retirou a máscara de Isabella e pôde ver a perfeição do rosto daquela jovem que o olhava apreensiva. Os lábios vermelhos cor de sangue que o incitavam a beijá-la tão profundamente como nunca quis beijar nenhuma outra.

            Foi assim que encostou seus lábios nos dela e a beijou sedentamente; Isabella tentou resistir e se afastar daquele homem, porém se sentiu tão fraca que se entregou aquele beijo e suas línguas dançaram e seus lábios esfregaram-se um no outro com precisão.

            Assim, Isabella e Lorde Cullen deixaram-se levar, arrancando as vestes um do outro e entregando-se a um prazer que somente encontravam um no outro.

            Ambos encaixados gemiam, cavalgavam para lugares distantes, longe de tudo, onde somente eles estavam conhecendo. Um lugar que não existia nem nos mais belos contos de fadas.

            Talvez aquele pudesse ser o conto de fadas de ambos, mas não teria um final feliz, isso eles sabiam, talvez pudesse ter um final trágico igual o de Romeu e Julieta.

            Edward não entendia o que era aquilo que estava sentindo ao ouvir cada gemido daquela mulher, ao ver o pequeno corpo encaixado no seu, ao vê-la tão entregue a ele.

            Isabella não podia negar que gostava dele como seu companheiro de diversão, ele a levava nos mais altos ápices. Mas também não podia negar que quando ele a tomava tudo se tornava tão estranho, era como se conhecessem um ao outro de outras datas. Era como se ele não fosse aquele maldito que ela descrevera em sua mente. Ela o observava tão entregue a ela, como se precisasse dela para sentir o que nunca sentira antes.

            E foi nos braços daquele maldito ser que adormecera.

            Edward em nenhum momento conseguiu tratá-la como se fosse uma cortesã, pelo contrário, maldizia a si mesmo por tratá-la como uma mulher, a mulher que ele precisava para alcançar um prazer e uma paz que não sabia de onde vinha.

            Passou um de seus dedos pelas costas desnudas de Isabella e com carinho espalhou beijos.

            Suspirou e sentou-se na cama, observando-a dormir e a pergunta que ela fizera ecoava em sua mente.

            Porque a chantageou para que se deitasse com ele? Porque não aceitava outro Lorde tocando-a da maneira que ele a tocava?

            E foi assim cheio de dúvidas que recolhera suas vestes e vestindo-as retirou-se daquele lugar que somente lhe traziam mais e mais dúvidas.

— E qual o motivo? Deitar-se comigo somente uma vez não lhe bastou? Porque queres deitar-se comigo novamente?

O que é um jovem? Fogo impetuoso

O que é uma dama? Gelo e desejo

O mundo se agita

Chega um momento quando um doce sorriso

Tem sua estação por um tempo, então o amor se apaixonará por mim

Alguns pensam apenas em se casar, outros provocarão e escaparão

A minha é a melhor defesa, o cupido domina todos nós

Romeu e Julieta – William Shakespeare.


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Notas finais do capítulo

Oi meniinas, tudo bem?

gostaram do capítulo? o que precisa melhorar?

não se esqueçam de comentar e fazer uma autora feliiz rs


beijinhos, até o próximo.