(Amu)

Eu olhava para a janela que estava aberta e imaginava se Ikuto estava mesmo lá dentro há poucos instantes. Eu senti sua respiração na minha, senti seu cheiro doce e suas mãos gentis sobre meu rosto.

Levantei-me para me certificar se alguém havia entrado no meu quarto, algum tipo de ladrão. Nada. Aquilo era muito estranho, porque eu não tinha deixado a janela aberta!

“Ai droga... Devo ainda estar tendo alucinações, só pode ser!” – eu pensava.

-Melhor eu voltar a dormir... – falei comigo mesma. Deitei-me e fechei os olhos. Mesmo eu estando cansada, não conseguia dormir, eu estava apenas pensando em que poderia ser. Seria Ikuto? Ou outra pessoa? Um ladrão? Tadase tentando me fazer passar susto? Ou Hikari? Uma questão mais difícil que a outra...

---------------------------#-----------------------

Acordei bem disposta nessa manhã monótona. Tomei o café na cantina e fui atrasada para a sala de aula.

Eu estava contando os segundos para acabar aquele dia de aulas, não via a hora de falar com Utau e perguntar a questão que me martelou todos esses dias na minha cabeça: Ikuto voltou? E se voltou, ele veio me ver?

-Amu-chan, preste mais atenção á essa aula, ela é importante para a prova dessa semana! – Yaya me flou. Caramba! Eu havia esquecido completamente da prova! Eu estava tão cheia de coisas na cabeça que esqueci. Provavelmente eu vou mal.

-D-Desculpa, estou meio distraída mesmo. Hehe. – sorri falando essas mentiras verdadeiras.

Faltavam 10 segundos para a aula acabar. 9, 8, 7, 6, 5... VAMOS RÁPIDO RELOGIO! 4, 3, 2... 1... 0!

Saí em disparada para a porta de saída da sala e fui correndo para meu quarto me trocar, nem disse tchau para as meninas. Vesti a roupa que havia deixado na cama já pronta, peguei meus ovos e fui para o endereço que Iru havia me dito.

Cheguei rapidamente no endereço, olhei para os lados, era uma casa de shows. Será que Utau ainda estaria lá? Era só checar...

Entrei vagarosamente pela porta grande da casa de shows, mas não consegui entrar despercebida, pela porta rangi muito. Ouvi passos vindos em minha direção, me escondi numa das mesas de canto, onde as cadeiras eram estofadas grudadas na parede, sem abertura embaixo, assim ninguém me veria.

Vi a sombra da pessoa, parecia uma mulher, muito alta e bonita, de cabelos curtos, entreolhei pela fresta da mesa, era uma mulher linda mesmo, que havia... Duas charas! Só podia ser Utau, mas de cabelo curto?! Ela havia ficado mais sexy e bonita que antes.

-Quem está aqui? – Utau gritou. Não falei nada. – apareça, porque vou te achar de qualquer maneira.

-U-Utau-chan... – me levantei da mesa. Ela ficou surpresa.

-Amu?! Como me achou aqui? – ela perguntou meio incrédula. Fiquei sem jeito, por eu estar feia.

-B-Bem, é uma longa historia, só quero conversar... – eu falei cabisbaixa, carmesim e idiota, como sempre.

-Tudo bem, sente-se aqui. – ela falou. Levou-me a uma mesa e nos sentamos, por alguns segundos ficamos nos olhando. Ela parecia saber a pergunta.

-Q-Queria saber de I- - fui interrompida quando ia dizer Ikuto.

-Ikuto? Já sabia que viria aqui perguntar dele. Iru falou-me. – olhei para chara ao seu lado, ela deu um sorrisinho malicioso.

-Se sabe me responda sinceramente. – falei seria. – Ikuto voltou para o Japão? Se ele voltou, foi por seu pai ou por outra causa? – fiz duas perguntas ao mesmo tempo, estava ansiosa.

-Nossa, está mesmo curiosa, pena que não poderei falar... – Utau falava com um sorriso torto e se levantou, indo em direção ao palco.

-UTAU! – gritei. – se quiser, eu luto com você por essa informação! – ela parou de andar e me olhou entre os ombros, sorriu.

-Se é assim... Tudo bem. – não ache que perdoei você por ter pegado Ikuto-kun de mim... Huhu. – ela sorria maliciosamente, eu arrepiei.

-T-Tudo bem... Ah! – percebi que minhas charas estavam ainda se recuperando da magia de telepatia que haviam feito! – “droga!” – pensei.

-O que houve? – Utau perguntou ingênua, mas com sarcasmo. – suas charas AINDA não saíram dos ovos? Que fracas! Hahaha. – ela ria a toa de mim, fazia eco sua risada assustadora. Ela era assustadoramente bela.

-Baka! – falei irritada. Corri em direção a ela e peguei Eru para mim. – haha! Acha mesmo que não consigo me transformar alem das minhas charas? Parece que não se lembra mesmo do passado. – ela me olhou brava.

-Transformar! – falei alto. Transformei-me em Eru, a anjinha de Utau.

-Transformar! – Utau falava raivosa, e se transformou na Iru, a demônio.

-Pronta? – perguntei ansiosa. Fazia tempos que não lutava com alguém de nível igual ao meu.

-Sempre fui meu bem! – falava ela com um sorriso raivoso e sutil.

Voamos no ar e batemos nossos braços um no outro, voltamos e batemos na parede. Levantei-me rapidamente, mas ela não estava mais lá! Ela estava realmente forte.

De repente, senti uma respiração oscilando em meu pescoço e me virei, era Utau! Ela me deu um golpe nas costas caí no chão.

-Já caiu? Que rápido... Hahaha. – Utau falava já vitoriosa, mas eu estava em desvantagem! Alem de estar sem minhas charas, eu estava fraca ainda. Mas não iria desistir.  Concentrei toda minha energia nas asas de Eru e voei veloz até Utau, que pareceu espantada. Ela voou para a parede, que se despedaçou encima dela.

-Utau! – gritei indo na direção dos escombros, ela estava inconsciente. Levantei-a e a levei para uma mesa, a repousando lá. Esperei alguns minutos e senti-a ela acordando. Levantei-me para não ser atacada de surpresa.

-Hum... O que? Amu? - ela falava baixo.

-Estou aqui. Machucou muito? – perguntei preocupada. Levantei-a e ela me olhou com admiração.

-Amu-chan... Como você evoluiu, está tão... Forte! – ela falava surpresa, eu corei.

-O-Obrigada! – eu falei cabisbaixa e me destransformei. Ela também. Sentamo-nos novamente e ela me olhava pasma ainda.

-Vcoê quer saber de Ikuto-kun mesmo hein? - ela perguntou meio corada e triste também.

-Sim, quero. – falei seria.

-Então, te contarei tudo, Amu-chan. – ela falou me encarando.

Sentia que saberia de toda a verdade agora.