Livre Arbítrio: Eu Escolho Você. escrita por MilaBravomila


Capítulo 50
Capítulo 50




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A cada passo que eu dava, mais próxima a Daniel eu ficava, em todos os sentidos. Era como se cada centímetro percorrido fosse uma confirmação de tudo o que sentíamos um pelo outro. Não havia música, era o ritmo dôo meu coração quem ditava a velocidade da caminhada. Eu estava emocionada, é óbvio, mas absolutamente tranqüila e infinitamente feliz.
Arriane caminhava ao meu lado e me senti muito bem com ela me acompanhando até o altar. Tudo estava perfeito. Quando eu finalmente cheguei até Daniel, Arriane pegou minha mão e a mão dele e as juntou. Sorrimos uma pra outra e ela se posicionou ao lado do altar, como uma verdadeira madrinha. A mão dele estava quente, como sempre, e envolveu a minha suavemente.
- Luce – ele disse pra mim – é apenas uma cerimônia informal. Meu velho amigo Padre Harvens aceitou nos unir diante do criador, apesar de ainda não ser possível legalmente que façamos isso perante os homens. – ele respirou fundo e o som de sua voz não alterou nem um milésimo de decibés quando completou – Eu vou entender se você não quiser continuar.
- Daniel, eu amo você mais que tudo nesse mundo e eu já disse sim a sua proposta, lembra?
Ele sorriu.
- Bom, comecemos, então. – a profunda e contente voz do padre inundou a bela capela – Antes de darmos início eu gostaria de agradecer a vocês pela oportunidade única de estar realizando essa união, Daniel e Lucinda. É mais que uma honra pra mim.
Daniel curvou ligeiramente a cabeça em agradecimento e o padre sem dúvida ficou sem palavras. Bom, eu também ficaria se fosse ele, afinal, ele estava casando um anjo, e não era um anjo qualquer.
- Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. – Harvens começou.
A cerimônia foi rápida, mas as palavras dele foram absolutamente perfeitas. Ele providencialmente citou as passagens da Bíblia que falavam sobre a importância dos anjos de Deus e também sobre o casamento e seu significado. As palavras eram pronunciadas diretamente pra nós e, sem a menor dúvida, foi a experiência mais incrível que eu já vivi. Minha felicidade era tão grande que eu podia até contaminar alguém com ela. Eu estava me contendo muito bem em não chorar pelas belíssimas palavras de Harvens, mas na hora dos votos, isso caiu por água abaixo.
- Lucinda – Daniel começou a falar se virando pra mim e pegando ambas minhas mãos. O brilho intenso do violeta me invadindo, eu comecei a tremer – Você sempre foi e sempre será o amor da minha vida e eu prometo proteger você, te amar, te respeitar e estar ao seu lado sempre, na saúde ou na doença, na alegria ou na tristeza e te prometo ser fiel por muito mais que os dias de minha vida. Eu prometo te amar eternamente com todo o amor que há em mim.
Ele deslizou uma aliança dourada em meu dedo anelar esquerdo e ela brilhava tanto que eu sorri por entre as lágrimas que caíam de meus olhos. Ele me passou uma aliança um pouco maior e eu sabia que era a minha vez de falar.
- Daniel, eu prometo te amar, te respeitar, estar ao seu lado na saúde e na doença, na alegria e na tristeza por todos os dias de minha vida e muito além. Você é minha vida, é quem me faz feliz, quem me completa e eu te amo demais.
As palavras só saíram de mim e eu sabia que meu coração era quem as estavam dizendo. Eu coloquei a bela aliança em seu dedo e sorri ao ver o resultado final.
- Pelos poderes a mim concedidos, eu os declaro marido e mulher. – Harvens completou com um gestou característico e acrescentou – Pode beijar a noiva, então.
Nós rimos e Daniel se aproximou de mim, me embalando em seus braços carinhosamente. Ele beijou minha mão, sobre a aliança, beijou minha testa e finalmente, meus lábios.
O beijo foi terno e rápido e nós interrompemos assim que ouvimos Arriane fungar ao nosso lado.
Era isso. Eu estava casada. Era oficialmente – ou quase – Lucinda Grigori.
...
Daniel havia partido, antes do previsto. Ele planejou tudo com muita cautela, foi tudo muito bem feito, como tudo o que Daniel fazia. Era isso, a hora havia chegado. Ele levou Lucinda pra um lugar desconhecido e ficaria lá até o resto de nós acalmar as coisas por aqui, como se isso fosse possível.
Por duas vezes os banidos quase conseguiram seu objetivo e na última vez, eu tinha conseguido dar a informação certa pra que tudo acabasse logo, só não contei que Cameron fizesse aquilo. Escapar pelo anunciador foi uma idéia arriscada, mas muito eficiente. Certamente Daniel tinha que ficar na batalha, mas mandou o único que poderia fazer o mesmo que ele. Agora, Cam estava convalescente lá em cima, lamentado o afastamento de Lucinda e nós aqui embaixo, planejando, planejando, planejando.
A situação estava um pouco tensa. Todos sabiam, ou desconfiavam fortemente, de um traidor entre nós, mas a questão era: quem? A primeira aposta seria, obviamente, um dos demônios, os bandidos entre os caídos. No fim, era uma coisa boa estar entre os supostos mocinhos, então...
...
- Bom, então eu deixo vocês aqui. – Arriane disse olhando pra mim – Eu disse que só ia até uma parte do caminho e que não ia empatar nada!
Estávamos do lado de fora da capela e a noite tinha acabado de cair, deixando o céu num tom entre o roxo e o azul escuro. Eu a abracei, ainda rindo da sua observação.
- Eu nem sei como te agradecer. – eu disse.
- Ah, detalhe, bem. – ela respondeu e se aproximou de mim para falar em particular – Você vai me agradecer depois de ver o que eu pus na sua mochila. Pode me chamar de Alice Cullen, se quiser.
Com uma piscadela ela se afastou e foi até Daniel. Eu não entendi coisa alguma.
- Cuidado, irmão. – ela disse olhando-o fixamente – Que Ele guie seus passos e ilumine sempre seu caminho e que sejam muito felizes.
Ele sorriu e pronunciou algo em uma língua estranha. Ela correspondeu o sorriso, pôs a mão direita sobre o peito e inclinou levemente a cabeça, e murmurou algo que eu não compreendi.
- Adeus e cuidem-se. – Ela voou para a imensidão azul-escura do céu estrelado e desapareceu ao longe.
Harvens surgiu ao nosso lado e trazia nossas mochilas.
- Bom, suas coisas. – ele disse, passando as malas para Daniel – Quando vocês partem?
- Agora, meu amigo. – Daniel respondeu – Muito obrigado, mais uma vez.
Eles se abraçaram brevemente e Harvens voltou-se a mim.
- Boa sorte.
- Obrigada.
Eu o abracei e sorri ao sentir o cheiro de incenso e sopa de legumes.
Carregando as duas bolsas e a mim, Daniel partiu para o céu e voou na direção oposta que Arriane tinha ido. Eu me abracei a ele e passei os braços por seu pescoço. Minha mão esquerda estava bem de frente pra mim e a aliança recém-colocada brilhava até na escuridão da noite.
É engraçado como de uma hora para outra sua vida pode mudar completamente. Eu era uma garota normal – bem, dentro do possível – e em questão de meses, eu descobri todo um mundo fantástico de anjos e demônios bem no meio de nós e que havia uma guerra entre eles, cujo eu era o centro. Fiz amigos, descobri novos inimigos, aprendi habilidades do meu passado, observei minhas outras vidas. Me apaixonei por outro cara – anjo - e quase morri duas vezes; chorei, sorri, lutei. Tudo o que passei me fez chegar até aqui e por isso, eu faria tudo novamente. Eu, Lucinda Grigori, casada com o Príncipe das Dominações que caiu do Paraíso por me amar, era a mulher mais feliz do mundo.
Chegamos a uma pequena cidade mais pro centro do país. Eu não sabia o nome, mas imediatamente me identifiquei com o lugar. Tinha uma coisa atraente, aconchegante e rústica que me encantou. Faltava pouco para o amanhecer e Daniel tinha voado comigo por horas sem parar. Eu insisti por várias vezes para ele descansar, mas ele rechaçou todas as minhas idéias, pois queria chegar logo a um lugar seguro e parar poderia significar perigo.
Quando chegamos, ele parou exatamente em frente a uma casa linda. Era distante dos vizinhos por pelo menos seiscentos metros, eu reparei, pois o terreno era enorme. A casa era branca com detalhes cor pastel e era simplesmente maravilhosa, com postes espalhados a intervalos regulares e mármore branco no chão da varanda. Me lembrava muito o estilo do quarto de Daniel em Shoreline, tudo muito clean, com muito bom gosto.
- Que linda.
- Bom, é sua agora. – ele disse, sorrindo e pegando minha mão.
Fomos até a entrada principal e ele abriu a porta pra me deixar entrar.
- Nossa. – foi o que eu disse quando acendi a luz.
A casa era linda, perfeita. Toda em mármore branco, mesas e estantes de vidro e sofá claro. O tapete felpudo comportava uma mesa de centro com velas brancas e nas paredes estavam obras modernas com paisagens naturais.
- Bom, aqui embaixo fica a sala, a cozinha e um banheiro e lá em cima têm dois quartos e um escritório. – ele disse depositando as mochilas no canto e trancando a porta atrás de nós.
- Daniel, é linda. Ela é sua?
- É nossa, meu anjo. Eu já a tenho há décadas. Não se preocupe, não existe a menor possibilidade de alguém nos rastrear. A casa não está em meu nome verdadeiro e a vizinhança é completamente segura, longe da cidade e próxima o suficiente de outros locais seguros, caso a gente precise sair e se camuflar em outro lugar. Sem rastros, sem perseguições.
Ele me abraçou contra si - Nós ficamos aqui por um tempo, tá?
- Minha nossa, vai ser um sacrifício absurdo ficar nessa casa linda sozinha com você! – eu respondi me virando e beijando seu pescoço – Meu esposo.
Daniel respirou fundo e me beijou.
- Repete isso, por favor. – ele disse ainda de olhos fechados.
- Meu esposo.
- Mais uma vez. – a voz dele era rouca e profunda.
- Daniel, meu marido, meu esposo, meu amor eterno, eu te amo mais que tudo e vou te amar sempre, sempre, sempre.
A cada “sempre” que eu dizia, eu o beijava em um lugar diferente, com delicadeza, com carinho. Senti o corpo dele estremecer contra o meu, mas eu não sabia se eram pelas palavras ou pelos beijos. Minhas mãos percorriam suas costas e sua nuca.
- Quero te pedir uma coisa. – eu disse com a voz baixa enquanto acariciava seu belo rosto.
- Qualquer coisa. – ele respondeu me encarando de volta com o brilho violeta tão característico, tão pessoal.
- Quero que faça amor comigo.
Ele inclinou a cabeça e continuou a me observar. O violeta eram chamas dançantes em seus olhos. Ele esticou um braço e enroscou a mão quente em meu cabelo, na altura da nuca, e deu um leve puxão que me fez tremer. Ele deu um passo a frente, seus olhos semicerrados, sua boca carnuda entreaberta.
- E como você quer que eu faça? – a voz rouca saiu de seu peito.
Eu já nem pensava direito. Ele estava tão lindo, tão sedutor e me apertava o cabelo de um jeito que me embaralhou completamente a mente.
- Como você quiser... – eu respondi num sussurro. Meu corpo já estava pronto pra ele, sempre estava preparado para Daniel, sempre querendo Daniel.
Ele pressionou seu corpo excitado contra o meu e eu soltei um grunhido de antecipação. As duas mãos dele se embolaram em meu cabelo e ele levantou minha cabeça, expondo o pescoço. Com o nariz ele percorreu lentamente o espaço entre minha clavícula e meu queixo, subindo e descendo, suave, úmido, com sua respiração em minha pele. Suas mãos restringiam minha aproximação, de forma que era ele quem comandava. Nem mesmo minhas unhas cravadas nas costas dele o fizeram parar com a tortura.
- Então eu escolho fazer amor com você bem devagar, bem profundo... – ele dizia no meu ouvido com uma voz grossa e apaixonada – até você enlouquecer de tanto prazer.
Eu soltei um novo grunhido, alto e desejoso e fiz toda a força que podia para apertá-lo mais contra mim, mas ele nem se moveu, ainda continuava a descer e subir com o nariz por meu pescoço. Céus, a gente nem tinha começado e eu já estava louca por ele.
Daniel se moveu tão rápido que eu nem vi como, mas quando dei por mim ele estava me abraçando por trás e as mãos envolviam minha cintura fortemente, mas meus braços estavam presos em seu abraço. Ele andou na direção da escada e eu sentia seu corpo musculoso me empurrando, se moldando a mim. Ele beijava meu pescoço e a cada passo e sussurrava coisas eróticas em meu ouvido. Eu estava tão desesperada por me soltar para agarrá-lo que me debatia em seus braços, mas ele manteve facilmente o controle sobre meu corpo.
Quando chegamos às escadas, ele elevou meu peso por sobre os degraus e eu percebi que estávamos flutuando até o andar de cima. Senti meus pés tocarem o segundo piso e com isso, Daniel me virou pra ele. Seu rosto era o misto perfeito de tesão e adoração e eu fiquei ainda mais excitada ao vê-lo me querendo tanto. Ele me arrastou para a cama do quarto principal e me deitou sobre ela, mas quando eu pensei estar livre, ele segurou meus braços acima da cabeça e me prendeu ali com apenas uma de suas mãos.
- Daniel Grigori reza pra eu não me soltar, porque se eu o fizer, você será um anjo morto.
Ele riu alto com minha ameaça ou com meu tom desesperado. Eu queria parar de ser torturada daquele jeito, quer dizer, não queria, mas queria torturar ele também, não era justo.
- Então vamos ver se você vai ter forçar pra isso depois que eu acabar com você... – ele soltou roucamente em meus ouvidos logo antes de deixar sua mão livre descer pelo meu corpo. Eu o encarei maliciosa e sorri ante sua promessa e o que veio depois foi simplesmente o céu.
...
Contra a tecnologia, não há recursos. Esta é uma frase que eu pessoalmente gosto de adotar. Quando se é um anjo caído você tem a oportunidade de passar por eras, conhecer tudo o que a mente humana é capaz de inventar e desenvolver. No Paraíso, é tudo muito simples e rudimentar, mas aqui na Terra, tudo é artificial. É difícil se acostumar, mas depois que se pega o jeito, você percebe as vantagens de certos brinquedos.
Eu só precisei de um chip, apenas um chip quase que microscópico e a oportunidade perfeita. Conhecendo Daniel como eu conheço, eu sabia que ele tinha uma estratégia de fuga e que ela seria posta em prática quanto todos menos esperassem. É claro que eu não poderia segui-lo, ninguém poderia, ele é astuto e poderoso demais pra deixar-se seguir, mas vislumbrei a oportunidade, e a agarrei. Foi preciso apenas um descuido entre as vigias que fazíamos no quarto de Cameron. Enquanto Daniel estava com aquela mosca morta cuidando do babaca moribundo, eu tive minha chance e a agarrei. Coloquei o chip em uma mochila, bem no fundo, uma que eu vi Arriane cuidadosamente vigiar. Eu não sabia como nem por que, mas meus instintos me disseram que essa mochila estava sendo preparada para a fuga e no momento em que os três estavam lá dentro, eu coloquei o chip nela.
A vingança é um prato que se come frio. Essa é outra de minhas frases favoritas. Esse prato, entretanto, eu fazia questão de comer, nem que fosse gelado. Já fazia muito tempo que eu estava esperando por isso e a hora tinha chegado, definitivamente. Eu esperaria alguns dias, até eu perceber que eles se assentaram em um lugar, que provavelmente seria impossível de localizar, e depois disso eu faria o que há muito eu desejo. Destruir Lucinda era tudo no que eu pensava. Não me importa o preço que tive que pagar, vê-la morta pra sempre valia muito mais que minha alma ou meu sangue angelical.


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Notas finais do capítulo

Chegando o final... o que será q vai acontecer????

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