Gláucio não era um dos grifinorios mais sortudos, percebera assim que pegou a galeão furado. Seus colegas de turma, Wendy Hudson, Billy Pleace, Suzana Rubens, James O’Donnel e Miranda Miller estavam jogando o jogo do desafio, e aquele que pegava o galeão furado dentro da caixa lotada de galeões falsos receberia um desafio dos demais. Gláucio tinha acabado de entrar no jogo, e tinha sido o único a pegar o tal galeão, portanto tinha que ser um desafio empolgante.

James sussurrou algo no ouvido de Billy, que olhou maroto para Gláucio, Wendy que estava próximo dos meninos, mostrava-se perturbada com o que eles diziam, ao contrario de Suzana e Miranda que davam sorrisinhos. Certamente o moreno se arrependeria por ter entrado na brincadeira.

Quando, por fim, eles terminaram de tramar - os dois garotos olharam para meninas em busca de aprovação. Suzana e Miranda assentiram no ato, Wendy apenas mordeu o lábio inferior lançando um olhar preocupado para Gláucio. A garota já estava devendo para ele, tinha sido a culpa dela do garoto chegar atrasado na aula da professora Selene no mês passado, e então fazer com que a casa perdesse 10 pontos. E também tinha sido ela, quem, sem querer, quebrara o vaso de flores da professora McGonagall, a diretora da grifinoria, e por alguma razão a culpa cairá sobre o moreno. Contudo aquela era a primeira vez que os demais alunos do primeiro ano conversavam realmente com ela, e ir contra ao desafio certamente forçaria a idéia de que tinha dela. Uma garota chata. Então desviando o olhar de Gláucio ela concordou.

Billy praticamente pulou em cima de Gláucio, levantando-se em seguida e ajudando o moreno a fazer o mesmo.

O salão comunal estava deserto, excluindo eles. Alunos do segundo e terceiro preferiam ir dormir, a ficarem no salão comunal, e devido á isso que aqueles alunos resolveram usufruir da “solidão” para fazer tal jogo. O que fez com que também a idéia de desafio fosse mais complicado que o outro havia imaginado.

-Escolhemos como desafio de você ir espiar o baile. – comunicou Billy.

Então Gláucio sentiu uma vibração entre seus dedos, ele já conhecia aquilo, era a magia que envolvia o galeão furado – um truque adicional que as gemealidades Weasley proporcionava – e aquela magia caso não fosse feito o desafio e confirmado por aquele quem a ordenou – no caso Billy – tingiria o rosto do desafiador de amarelo, qual desapareceria somente cinco dias depois.  E Gláucio não queria seu rosto todo amarelo por cinco dias, como também não estava afim de sair dali e ir espiar o baile. Mas definitivamente sair dali era o melhor a se fazer.

Num suspiro contrariado ele fez que sim com a cabeça. Tirando de todos um grito de ‘viva’, até mesmo de Wendy, apesar que tímido e culposo.

Billy e James guiaram Gláucio até a escadaria próxima á entrada do salão comunal da Grifinória, e ali deixaram que o colega de casa seguisse sozinho. O moreno por um longo caminho, somente ouviu os roncos dos habitantes dos quadros, e seus próprios passos. Mas quando chegou ao segundo andar algo o chamou atenção. Primeiro foi uma pálida luz, vindo certamente de algum lampião, não parecia a magia Lumus, como já vira diversas vezes, o que queria dizer que era Filch. Depois, quando desviou do corredor que estava sendo iluminado, ouviu passos apressados, como alternativa para escapar ele se  enviou numa sala aberta e deserta naquele andar, escondendo-se em baixo de uma das mesas.

Os passos cessaram em frente a porta daquela sala, Gláucio por uma fração de segundo – a mais terrível até aquele dia – pensou que a pessoa entraria ali, e ao iluminar a sala certamente o encontraria. Porém para seu alivio os passos voltaram a preencher o silencio, e foi morrendo conforme se afastava daquele local. Mesmo depois que o silenciou instalou-se, o moreno ficou parado debaixo da mesa, respirando devagar, com medo de que ao respirar normalmente pudesse causar som suficiente para fazer quem quer que fosse retornar.

 Mais calmo e convencido que a pessoa já tinha ido, ele saiu de baixo da mesa e seguiu para porta, e depois de verificar os dois lados do corredor ele se retirou. Pelo som dos passos Gláucio concluiu que pessoa seguiu para o lado oposto daquele que o grifinorio precisava ir, então corajoso ele voltou para seu caminho, para assim que virou o corredor deu de cara com um homem velho, de olhar maldoso e que exibia em seu rosto rugoso um sorriso cruel, deixando amostra dente amarelados e podre.

-Finalmente peguei um malandrinho querendo espiar o baile.

A mão ossuda do homem agarrou firme o braço de Gláucio, começando a arrastá-lo pelos corredores escuros, o homem, talvez para consegui surpreender os alunos, não havia nenhuma iluminação em mãos, e caso Gláucio estivesse numa situação diferente certamente se questionaria quem então passara anteriormente por ali?

O Sr. Wood tinha sido um dos professores que recebera a missão de tomar conta da saída para os terrenos do lado leste de Hogwarts, cuidando para que os alunos mais assanhados não ficassem á vontade nos lugares escuros que aquele ponto do terreno poderia proporcionar. Portanto a cada vinte minutos o professor rondava aquele local, sempre levando para dentro dois ou três casais , na maioria do sexto e sétimo ano.

Foi num dos momentos que saiu que um de seus alunos veio lhe saudar. Um que não deveria estar ali, ao menos é claro que alguma garota do quarto anos em diante o tivesse convidado, o que ele achava pouco provável.

O garoto tinha no rosto aquela sua costumeira expressão seria, estava com as mãos para trás, e estava afastado da linha de proteção feita com a fita de cetim que o Sr. Witter utilizara para impedir a entrada dos alunos proibidos, o que fortalecia a certeza que ninguém o havia convidado.

-Boa noite. – cumprimentou o professor

-Espero não estar atrapalhando o senhor.

-Bem, estava dando uma saída para verificar os terrenos. – disse o professor passando pela fita, como se essa nem existisse. – Mas caso não demore, pode dizer o que quer.

-Gostaria na verdade de perguntar se o senhor conseguiu verificar aquela questão que lhe levantei mais cedo.

Sr. Wood o olhou confuso por alguns segundo, para em seguida lembrar-se da visita do aluno ao seu escritório, perguntando sobre como abrir um livro que falava sobre a ordem de fogo. Como naquele momento Sr. Wood achara aquilo estranho, apenas um tipo de livro sobre aquele assunto poderia ser classificado proibido, um que ele tinha certeza que um aluno do primeiro não teria acesso. Porém ele realizou uma rápida pesquisa após a visita do aluno, por simples curiosidade, e  descobrira uma coisa. Uma que ele não tinha certeza que queria dividir com aquele aluno.

O garoto o olhava num misto de ansiedade e ternura, o mesmo tipo de olhar que ele tinha quando foi procurá-lo mais cedo. Sr. Wood olhou em volta, a professora Lindsay Dean tinha acabado de sair e o que estivesse acontecendo lá fora ela cuidava, olhando em direção ao salão a banda que o Diretor havia conseguido estava tocando um do seu sucesso e estava fazendo os alunos enlouquecerem na pista de dança... Voltou-se para o garoto, este ainda mais ansioso que antes; o professor suspirou, esperava estar fazendo a coisa certa.

-Pela pesquisa que fiz um livro desses, qual não se abre diante de nenhum feitiço, ou na força, somente se abrirá com duas coisas, pelas mãos daquele que o fechou pela ultima vez ou tornando-se o novo dono dele.

O garoto pareceu desapontado com a novidade, certamente nenhuma das duas formas poderia ajudá-lo, o que deixou o professor mais alerto.

-Por que o interesse neste assunto?

O garoto mirou o professor com aquele olhar repleto de facilidade de enganar as pessoas, mesmo experiente.

-Curiosidade, estava ajudando alguns colegas a fazerem uma tarefa deste assunto, imagino que foi o senhor mesmo quem deu a tarefa. Bem me interessei pelo assunto e vi num dos livros que estava lendo sobre o tal livro “proibido”, então a curiosidade somente aumentou.  Como aumentou agora em ouvir a resposta do senhor, estou imaginando como um livro poderia aceitar outra pessoa como seu dono;

Sr. Wood não teve tempo nem em responder, ou negar em responder, ou mesmo questionar mais sobre aquela curiosidade do aluno, Sr. Fich, um dos mais antigos funcionários de Hogwarts, nem mesmo a senhora McGonagal e Hagrid, eram tão antigos assim. E por isso sempre vê-lo nos corredores de Hogwarts era uma experiência assustadora. E lá estava ele assustando mais uma vez as pessoas, segurando o braço de um dos alunos curiosos (como um corvinal que o Sr. Wood pegara no inicio do baile).

Sr. Wood suspirou ao ver a cena, era um grifinorio dessa vez, este parecia bastante agitado no braço de Filch, e provavelmente com medo do que poderia acontecer com ele, Wood mesmo estava com medo. Lembrava das vezes que fugia do dormitório da grifinoria para encontrar certa garota da corvinal, até que certa vez Filch o pegou... Aquela experiência não tinha sido agradável. Pedindo licença para o sonserino, Wood foi salvar o grifinorio...

Ami e Loy estavam deslumbradas com o baile, o primeiro da vida delas. Mesmo tendo que agüentar garotos como Rupert e Joshua, que não sabiam dançar e que não falavam de outra coisa senão quadribol – aquele baile estava sendo divertido. Ambas haviam deixado os garotos sentados num dos cantos, os deixando discutir quem era o melhor apanhador de Hogwarts – pelo pouco que ouviram as duas puderam concluir que nem Henrique e nem Caroline estavam entre as preferências deles – mesmo que a garota mencionava fosse lufana  - o que demonstrava que eles realmente não entendiam do assunto.

Mas aquilo pouco importava para as duas, principalmente estando naquele lugar;  e como não tinham acompanhantes resolveram dançarem uma com a outra. A banda contrata pelo diretor estava tocando algo mais agitado, o que facilitava o entrosamento das duas, contudo mal tinham começado a se divertirem a música terminou.

Sr. Witter, ao lado da esposa, subiu ao palco. Num piscar de olhos a banda de instrumentos clássicos sumiu dali, sendo substituída por outros instrumentos mais modernos. Com um pigarrear Sr. Witter começou a falar, com sua voz ampliada magicamente, chamando atenção de todos do baile.

-Quando decidi realizar este baile, festejando o Hallowen,  queria que este marcasse a vida escolar de todos, inicialmente achei que o baile em si já seria suficiente para isso, visto que foram  poucos bailes que aconteceram ao longo da historia de Hogwarts. Entretanto eu realmente queria que esse baile ficasse na história da instituição, portando tenho a honra de apresentar para vocês – SIMAS, LEONEL, ALICIA E DENNIS. THE STUPID WIZARD.

Antes mesmo do diretor gritar o nome da banda, enquanto dizia o nome de cada integrante e este subia ao palco pela entrada do fundo, todos os alunos já estavam gritando histericamente. Ami e loy se entreolharam felizes, a tal banda anunciada era no momento a mais famosa no mundo bruxo, aparecera dois anos depois da grande batalha com integrantes que participaram desta e que conviveram ao lado de Harry Potter. Dennis, o vocalista, era o mais novo. Fotos deste sempre eram encontrados em cadernos das garotas, e em seu malões e armários, incluindo de Ami e Loy. Provavelmente o único ex-grifinorio que ocuparia o coração das duas. As garotas, como todas as outras, correram para perto do palco quando a música da banda preencheu o grande salão.

As duas se sentiam realizadas e espertas, pois elas haviam dito para todos que algo importantíssimo aconteceria no baile, e o que mais poderia ser importante do que aquilo?

O sonserino percebeu que não conseguiria informações do professor de DCAT, não além daquelas que recebera, e agora que o Filch estava patrulhando, era melhor evitar sua a proximidade do salão. Portanto assim que Wood se afastou e foi para junto de Filch, e antes que este o visse, o garoto saiu dali.

Aproveitando que o zelador estaria ocupado por algum tempo, ele correu em direção a biblioteca. Como o professor não queria lhe passar a informação, ele teria que procurar por ela...

A música da banda The Stupid Wizard tocava no ultimo volume, certamente ampliada magicamente, o som chegava somente até a fita de cetim, afinal quando eles estavam ainda na escada nada era ouvido. Eles olharam em volta, não havia professores ao redor, e do pouco que podiam ver do salão, os alunos mais velhos dançavam loucamente ao som da música, alguns estava sentados em cadeiras interagindo com outros alunos. Outros saiam e passavam conversando em sussurros por eles, sem nem ligarem para os dois sonserinos que não deveriam estar fora do salão comunal.

Troy tirou a fita de cetim que havia encontrado, a olhou por algum segundo, era igual aquela que as tais finas linhas azuladas passavam numa velocidade impressionante. Para verificar se sua teoria estava certa ele pegou a fita e a encostou na outra, no primeiro momento nada aconteceu, e Troy achou que a qualquer momento seu pai despontaria pela porta do salão e o questionaria o que estava fazendo ali; mas então as finas linhas azuladas foram diminuindo o ritmo, para logo não mexerem mais e enfim sumirem, como que absorvidas pela fita de cetim, como água pela esponja.  Ele olhou para a irmã, que como ele, estava assustada e empolgada com aquilo. E antes que qualquer um deles falasse algo, ou que algum adulto aparecesse, Troy passou por baixo da fita, o contrario que havia acontecido com o Corvinal, qual ele assistira somente para verificar ; ele não foi jogado para trás e tampouco um grito ensurdecedor invadiu o ambiente; tudo continuou da mesma forma.

Encorajada pelo irmão, Anne também atravessou. Nada aconteceu. Sorrindo um para o outro os dois seguiram cautelosos para perto do salão, mas assim que colocaram seus pés dentro deste uma fumaça negra sobrevoou sobre suas cabeças e entrou no salão. Troy em primeira instancia achou que aquele era outro feitiço para impedir a entrada dos alunos proibidos, mas logo tirou a idéia da cabeça ao ver os olhares assustados dos professores, e principalmente depois que aquela fumaça ganhou novos “amigos”, que sobrevoavam   a todos , fazendo até que alguns desmaiassem. Então o sonserino percebeu, de alguma forma Hogwarts estava sendo atacada.