Ao chegarem na estação se depararam com o já habitual reencontro emocionante entre alunos e familiares. Era doloroso para Lily assistir tudo aquilo e não fazer parte daquele sentimento emocionado. A distância fora uma medida de proteção aos pais e à irmã, mesmo que a mesma não fizesse questão, todos os nascidos trouxas estavam tomando tais atitudes, graças à notícia que foi estampa da primeira página do Profeta Diário à alguns meses.

A ruiva e seus mais novos companheiros de verão, descarregaram os malões do trem. Remo e James tentaram ajudá-la, enquanto Sirius mandava flertes de despedidas para algumas de suas adimiradoras e Pedro se atrapalha com seus próprios pertences.

- Ah, esse gato então é seu? – Perguntou Black de forma arrogante, ainda piscando para um pequeno grupo de meninas risonhas.

- Sim, por que? – Lily olhou confusa para Xinsy, seu mascote que sempre fora um felino exemplar, perante a outros animais destrutivos e visivelmente carnívoros.

- Vocês até se parecem! – Riu o menino, mostrando seu sorriso excessivamente branco.

- Como assim? – Ela acariciou furtivamente seu gato nos braços.

- Esse animal atacou à mim, ao Remo e o Pedro diversas vezes... Você devia controlar essa coisa... – O garoto criticou mostrando-lhe duas cicatrizes em suas mãos.

- Certamente você tentou algo contra ele! Xinsy não é de atacar ninguém, é bem calmo na verdade. Aposto que você iria lançar alguma azaração – Ela denunciou, levemente irritada com a ídeia de alguém fazendo algum mal à seu bicho de estimação.

- O que?! Atacar? Azarar? Meu tempo é muito precioso para gastar com esse animal fétido – Sirius definitivamente tinha recentimentos com o gato no colo de Lily, ele deixou claro ao olhar que lançou à bola de pelos brancos.

- É Black, seu tempo realmente é muito valioso... Apanhar de gentinha é seu esporte favorito! – Riu Lúcio Malfoy, que passou ao lado do garoto, carregando suas bagagens e caminhando para um grupo, cada dia maior, de meninos. Entre eles, estava Régulo, o irmão mais novo de Sirius e Severo, que evitava a todo custo o olhar perfurante da amiga.

- Se com o termo gentinha, você se refere à Evans. Então eu sugiro trocar o tom – Potter, Remo e Sirius encaravam ameaçadoramente o emaranhado de meninos sonserinos que se formava do outro lado da estação.

- Não se importe com o que ele diz, você tem muito mais valor que ele – sussurrou Pedro, que fincou os pés ao lado da ruiva. Com tal proximidade, Xinsy notavelmente se extressou, felizmente Lily o aquietou firmando os braços em volta de seu tronco.

- Não nos faça rir Black! Vocês não são nada, nunca foram, nem nunca vão ser, apenas tenham bom senso de parar de defender certas pessoas, caso contrário, vão aprender na pele a hierarquia do mundo bruxo! E a ruiva sangue-ruim vai ser a primeira da fila! – Com tais dizeres de Malfoy seu grupo de amigos riu audivelmente, chamando a atenção do público local.

Remo segurou James, enquanto o menino partia para a agressão física. Infelizmente ele se esquecera de Sirius, que sem nenhum impedimento curzou a distância entre seu punho e o rosto nojento de Lúcio.

- Esse soco eu aprendi com ela! Gostou? Te garanto que seu nariz não vai voltar ao normal! – Ele cuspiu tais palavras no garoto loiro curvado com o rosto sangrando.

- Meu p-pai vai saber disso! – Malfoy gaguejou, se retirando em meio aos risos contidos e ameaças explícitas de seus colegas de casa.

Os monitores chegaram, mas foi tudo rápido o bastante para deixá-los sem prova contra Sirius. As meninas que ainda não tinham ido embora da estação, o lançaram olhares apaixonados, que foram brevemente retribuidos pelo mesmo.

Lily não gostava de confusão, muito menos de brigas. Contudo era inevitável sentir um orgulho curioso sobre a atitude de Black, que reproduzira o soco que recebera dela, no terceiro ano, perfeitamente. James também pareceu contente com a atitude do amigo.

- Obrigado por fazer o que eu não pude! – Ele olhou magoado Remo.

- Amigos defendem uns aos outros... – Black disse abraçando o garoto de óculos. Por cima do ombro de James ele encarou a ruiva, e soube que aqueles dizeres eram para ela, que apenas sorriu agradecida.

Felizmente o Sr. e a Sra. Potter logo chegaram para buscá-los. E presenciar aquele encontro intensificou a saudade de casa, e de abraços tão calorosos como os que James recebia da mãe. Os marotos também pareciam filhos do casal, que os abraçava com quase tanto empenho quanto os que tinham dado ao filho.

Lily se viu em uma situação constrangedora, e esperou que os anfitriões não estivessem tão surpresos quanto ela. A garota encarou o chão dando privacidade ao grupo que confraternizava a sua frente, e desejando no fundo de sua alma que um buraco se abrisse sobre seus pés e que ela pudesse se esconder ali para o resto de sua vida.

- Quem é essa? – Perguntou a Sra. Potter, cujo os olhos e os cabelos eram de um negro brilhante. Lily levantou os olhos, corando com o olhar inquisidor da bruxa. Amaldiçoando mentalmente Remo e James por não avisarem nem mesmo os donos da casa de sua estadia, ela se apresentou : “Me chamo Lily Evans, estudo na Grifinória com os meninos.”

- Lily? Finalmente a conhecemos! – Perante a sua apresentação contida e envergonhada, a mulher alta à sua frente transformou sua expressão confusa em um olhar afetuoso e de repentino conhecimento. – James só fala de você, em todas as cartas, verões, natais, em todos os anos! – Ela sorriu simpática e surpreendentemente abraçou a menina ruiva.

Lily sentiu o sangue subir com pressão para seu rosto e pode notar a já familiar sensação de bochechas em brasa, que a alertava da coloração excessivamente avermelhada que seu rosto provavelmente tomara. O Sr. Potter se aproximou das duas almas femininas abraçadas no meio dos malões, e apertou energicamente as mãos da jovem garota.

- A foto que você carrega não faz jus à beleza dela, meu filho! – Sorriu o homem de meia idade, que assustadoramente reproduzia o mesmo sorriso charmoso do filho. Foi curioso notar, que provavelmente aquele bruxo adulto, quando jovem teria sido uma cópia de James. E a garota ousar imaginar se o amigo iria ter aquela aparência quando chegasse aquela idade, caso tivesse, ele seria um bélissimo homem.

- Hm... Foto? – perguntou a menina quando se soltou dos abraços e saudações do casal. Xinsy, ainda em seu colo, irritou-se com todo aquele contado demasiado.

- James tem uma foto sua, acredito que tenha tirado escondido, ele a leva para todo lugar! – Explicou a Sra. Potter, olhando amorosamente para o filho com o rosto em cor de rubi.