Demon Life escrita por Mirytie


Capítulo 2
Capítulo 2 - As turmas nocturnas


Notas iniciais do capítulo

Tentando melhorar
Enjoy ^^



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Angel tinha sido salva pela mãe que sentira a sua energia a emanar em demasia. Mas esse não era o problema, naquele momento.

Nas turmas nocturnas, eles já sabiam da morte do lobisomem, chamado Gil tal como sabiam que tinha sido um demónio a fazê-lo.

- O acordo foi quebrado.

Na turma dos anjos caídos, Íon estava levantado para que todos pudessem olhar para ele. Íon era o neto de Yuan, aquele que um dia matara todos os demónios puro-sangue.

No entanto, Íon era diferente do avô. Ele queria paz e faria de tudo para que isso acontecesse. Com as asas negras dobradas e escondidas por uma gabardina, que Íon usava sempre, ele não gostava de dar nas vistas.

- Teremos problemas com os demónios, outra vez? - perguntou um dos subordinados de Íon.

- Não vamos começar uma guerra sem ter a certeza. - disse Íon - Se acontecer mais alguma coisa, veremos o que fazer.

- Será que a maldição de Sylur vai, finalmente cair sobre nós?

À menção do nome do antigo mestre dos demónios puro-sangue, a turma entrou em alvoroço, até uma rapariga de cabelos loiros se levantar.

Amitiel era uma arcanja no mais puro dos sentidos. Do céu, ela tinha assistido a guerras e a mortes de inocentes, sem sequer mover um dedo. Finalmente, quando tentara travar a guerra entre demónios puro-sangue e anjos caídos, há sessenta e seis anos atrás, tinha sido expulsa do céu.

- Pode já ter passado meio século, mas os demónios ainda estão confusos com os termos do acordo. - disse Amitiel, docemente - Talvez, o demónio que fez isto, estivesse a morrer.

- Deviamos ir falar com a turma dos demónios. - sugeriu Íon - Talvez eles saibam de alguma coisa.

- Eu vou contigo. - disse Amitiel, juntando-se a Íon quando ele saiu da sala.

Se aquilo se tornasse um problema, Íon iria reunir uma equipa de vampiros e encontrar o demónio problemático.

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Lisa estava a dar aulas quando Íon e Amitiel entraram. Ela já sabia que aquilo ia acontecer, desde o dia que Angel nascera.

- Algum problema, Íon? - perguntou Lisa quando Íon se aproximou.

- Viemos falar sobre o tal accidente. - respondeu Íon.

Lisa afastou-se mas não saiu da sala. Queria estar presente, se precisasse de proteger a filha apesar de saber que, se Amitiel estivesse lá, nada de muito mau aconteceria.

- Então, algum de vocês sabe o que aconteceu? - perguntou Íon, tomando o lugar da professora - Quem é que matou o lobisomem?

- Ninguém vai ser magoado. - prometeu Amitiel - Nós só queremos falar.

- Só falar? - uma rapariga com o cabelo encaracolado levantou-se - Tal como "só falaram" há sessenta e seis anos atrás?

- Problemas, Tyria? - perguntou Íon, habituado às queixas daquela rapariga - Só estámos a tentar resolver isto.

Um rapaz magricela, com o cabelo branco penteado de lado e uns óculos grossos a tapar quase metade da cara, levantou-se e sorriu desajeitadamente. Aquele era Fill, o futuro mestre dos demónios, filho de Airo, o actual mestre.

- Aqui não sabemos de nada. - balbuciou Fill - Talvez possa pedir ao meu pai para falar com o congresso dos demónios.

- Agradecia, Fill. - disse Íon, deixando a sala, seguido de Amitiel.

O congresso dos demónios era formado pelos representantes de cada país e liderado por Airo, o mestre. Cada espécie tinha um congresso próprio. Íon, apesar de ser novo, era o mestre do congresso dos anjos caídos, por ordem do avô.

Só havia um mestre mais novo que Íon. O actual mestre dos vampiros tinha ficado orfão há dez anos atrás, pelas mãos dos humanos. Íon sabia que só o pacto impedia-o de exterminar os mostais

Depois de passar pela turma dos lobisomens e sair sem nada, Íon dirigiu-se ao jardim da escola, sabendo que era lá que os vampiros se reuniam depois das aulas.

Íon aproximou-se do grupo e olhou para o rapaz que se destinguia  no meio do grupo negro.

- Então, Brian. - começou Íon - Sabes de alguma coisa?

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Brian descendia de uma linhagem de vampiros puro-sangue e, por isso, a sua pele, normalmente sensível a raios solares, era suficientemente forte para aguentar um dia solarengo de primavera, se ele tivesse alguns cuidados.

Infelizmente, por causa dos humanos, essa linhagem acabaria com ele. E, graças ao pacto, acabaria sem vingança.

- Ora, Íon. Desconfias que matei um lobisomem? - perguntou Brian com um sorriso maléfico.

- Não, Brian. Nós sabemos que foi um demónio. - respondeu Íon - Só queremos saber se tens conhecimento de alguma coisa.

Brian tinha uma ideia bem clara do que tinha acontecido, mas não diría nada. Angel era um projecto só dele. Se ela tinha matado um metedísso de um lobisomem, era porque ele tinha merecido.

- Porque é que achas que eu saberia dalguma coisa? - perguntou Brian, fingindo-se de ignorante.

- Tu és o único que frequenta a turma durante o dia e o lobisomem morreu no fim da tarde. - explicou Íon - De certeza que não viste nada de suspeito?

- Não. Népia. - finalizou Brian, afastando-se.

Íon suspirou e começou a dirigir-se para a escola.

- Sabes que ele está a mentir, não sabes? - perguntou Amitiel, seguindo-o - Porque é que não disseste nada?

- Não quero começar uma guerra com os vampiros, Amitiel. - respodeu Íon, parando repentinamente para apontar para o céu - Já está a amanhecer e está na hora de ir para casa. Mas amanhã, vou convocar o conselho supremo.

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O conselho supremo só tinha-se juntado duas ou três vezes desde o príncipio dos tempos.

Os mestres de cada espécie juntavam-se e discutiam problemas que podiam acabar com a sua existência. Da última vez, Sylur ainda estava presente mas agora, era Íon que tomava a palavra.

- Há alguém a quebrar o pacto. - começou Íon, olhando para os três mestres à sua frente.

- Foi só para isso que nos chamas-te aqui, Íon? - perguntou Zaru, o mestre dos lobisomens - Quantas vitímas são?

- Só uma, senhor. - respondeu Íon, com respeito - Mas foi um demónio que matou.

- Sim, o meu filho falou-me sobre isto. - comentou Airo - Diz-me a verdade, Íon. Se, em vez de um demónio, fosse um vampiro a matar alguém, estaríamos aqui hoje?

- Não sei, senhor. - confessou Íon - Mas temos que ter em conta a maldição de Sylur.

- Ah, bem me parecia. - disse Airo - Tens os pensamentos do teu avô, meu rapaz. Não podem continuar a desconfiar de nós por causa dos erros dos puro-sangue. Já passaram mais de cinquenta anos e a criança não foi encontrada.

- Mas, se reuníssemos alguns vampiros e...

- Nem pensar. - negou Brian interrompendo Íon - Só por causa de um lobisomem?

Zaru levantou-se, encarando Brian - Se fosse um vampiro, já não pensavas assim, criança!

Airo levantou-se também, para parar com a discussão. - E que tal se eu convocasse todos os demónios desta área? Levavamos alguns lobisomens e vampiros à reunião e víamos que era o culpado.

- Tch! Como queira. - disse Brian pondo os pés em cima da mesa - Mas eu só faço isto se os lobisomens não forem à reunião.

- Entendido. - concordou Airo antes de Zaru ter tempo de falar - Amanhã à noite estarão todos reunidos no salão da escola.

Depois de se despedirem, Íon saiu da sala surpreendendo-se ao ver Airo à sua espera. - Caminha comigo, rapaz.

Devagar, entre as sombras das paredes que os escondiam da luz do sol, eles caminharam em silêncio até chegarem à porta do convento abandonado.

- Íon, meu rapaz, eu estou a ficar demasiado velho para isto, e tu sabes. - disse Airo olhando para o sol - Nós, criaturas das trevas, nunca fomos destinadas a andar no mundo da superficíe mas aqui estámos nós.

- Obrigado por me ter ajudado com a reunião. - agradeceu Íon, curvando-se um pouco.

- No fim, Zaru só se vai contentar com a morte do demónio que fez isto. E, por muito que ame o meu povo, desta vez, não posso protegê-lo. - Airo suspirou, cansado daquilo tudo - Sylur sabia o que fazia ao lançar aquela multidão. Se não tivessemos procurado a criança com intenções assassinas, talvez ela pudesse tomar o meu lugar, agora.

- Mas, senhor...

- Oh, Íon, sabes bem que o meu filho não vai aguentar um dia como mestre. - disse Airo - Ele conhece as regras mas não sabe dirigir o mundo negro...e um demónio puro-sangue manteria todos na linha. - Airo olhou para Íon - Tu, meu filho, podes ser melhor que o teu avô mas, numa guerra, morrerias no primeiro dia.

Íon observou Airo a sair para a luz do meio-dia. As palavras daquele homem surpreendiam-no sempre.

Pondo as lapelas para cima, Íon saiu e foi directamente para a escola, sabendo que não lhe valeria de nada, tentar dormir agora.

__________________

Brian chegou à cantina a correr e sentou-se ao lado de Angel, que desta vez tinha Carole à sua frente.

- Eh, só estás a chegar agora? - perguntou Carole, conhecendo Brian de vista - Achas que vale a pena estares aqui? Só tens mais uma aula depois do almoço.

- Na verdade, só vim ver a Angel. - disse Brian, cansado por correr ao sol - Tive uma reunião de familia e só acabou agora.

- Ummm...que romântico. - comentou Carole - Não dizes nada, Angel?

Angel suspirou. No dia anterior tinha sido rude e...o dia tinha corrido, simplesmente, mal.

- Acho que é simpatico teres vindo para ver se eu estava bem. - disse Angel - Ontem estava com fome e a comida da cantina é horrível.

- Imagino. - disse Brian. Para ele era como comer areia.

- Mas eu tenho que ir. - Angle empurrou a cadeira para se levantar - Ainda tenho que ir a casa antes de voltar para a última aula.

Brian ficou a vê-la a ir, fechando os olhos quando o aroma dela o rodeou. Ela cheirava a morte e a ódio. Oh, Sylur sabia mesmo o que estava a fazer quando a criou.

A sorrir, Brian levantou-se, perguntando-se qual seria o sabor do sangue dela.

Já tinha provado lobisomens, demónios, humanos e, por momentos, até um anjo caído. Mas, um puro-sangue? Só o cheiro dela incitava-o a morder.

Tentando conter-se, Brian ferrou a mão, sentindo o sangue escorrer, enquanto ela desaparecia por entre a multidão.

Ela iria ser dele.

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Íon bocejava e entrava na escola com as mãos atrás da cabeça, mas o bocejo ficou a meio quando viu Angel a sair.

Antes que ela tivesse tempo de passar por ele, Íon agarrou-lhe o pulso até obter a sua atenção.

- O que é que estás aqui a fazer? - perguntou Íon - As aulas só começam às dez.

- O quê? - perguntou Angel, confusa - Sim, é às dez para a turma nocturna, mas o meu hórario é durante o dia.

- Espera, tu não és um demónio? - perguntou Íon, tentando perceber.

- Demónio? Demónios não existem. - ao ouvir aquela resposta, Íon largou imediatamente o braço de Angel - Estás bem?

- Sim. - respondeu ele - Podes ir. Desculpa se te fiz perder tempo.

Angel sorriu e começou a correr. Tinha a certeza que aquele rapaz era uma criatura da noite, mas a mãe tinha-lhe pedido para não mostrar a ninguém que era um demónio e "ninguém" também se referia a ele.

Íon ficou parado no mesmo sitío durante um bocado. Havia algo de errado com aquela rapariga. Não tinha a presença de um humano normal.

Devia investigar?


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Notas finais do capítulo

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