Demon Life escrita por Mirytie


Capítulo 1
Capítulo 1 - Como tudo começou


Notas iniciais do capítulo

Pessoal,
Aí vai uma história minha. Eu sou de Portugal, por isso se a escrita for um bocadinho diferente, é normal.



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Demónios puro-sangue sempre tinham sido odiados, mesmo dentro da sua própria espécie. Eles eram violentos e odiavam outros tipos de criaturas, como vampiros ou lobisomens.

Há sessenta e seis anos atrás, quando um acordo entre a comunidade negra tinha sido aceite, dizendo que era proibído caçar ou matar outras criaturas para satisfação própria ou começar uma luta sem propósitos justificáveis, os demónios puro-sangue protestaram e ameaçaram começar uma guerra se o acordo não fosse revogado.

Contra tal força, mesmo que todos se juntassem, não iriam conseguir derrotá-los. A única ajuda que eles podiam pedir podia virar-se contra eles num piscar de olhos.

Anjos caídos.

Os anjos caídos eram anjos que tinham sido expulsos do céu e perdido as asas. Eles eram os únicos que podiam ter esperança de enfrentar os puro-sangue e sobreviver para contar a história.

Na altura, eles nunca aceitariam se não fosse pelo seu lider: Yuan. Yuna era um descendente directo do primeiro anjo caído e tinha as asas negras para o provar.

Para ele, não importava quem era. Ele adorava matar e assim, tinha começado uma guerra.

Anjos caídos e demónios puro-sangue tinham sido mortos às dezenas mas, no fim, Yuan tinha ganho, enfrentando o líder dos puro-sangue, frente a frente.

No leito da sua morte, o líder dos puro-sangue, chamado Sylur, lançou uma maldição sobre as criaturas negras.

- Daqui a cinquenta anos, numa noite de lua vermelha, um bebé puro sangue irá nascer. Terá tal poder que nem o vosso exercito será um problema. - disse Sylur - Essa criança será a vossa destruição e a tua campa, Yuan.

Mas, cinquenta anos tinham passado e, mesmo depois de terem procurado a criança na noite de lua vermelha, não havia sinais dela.

Convencidos de que tinha sido só uma partida do velho Sylur, para os assustar, as criaturas negras deixaram de procurar e, vivendo na pacifíca normalidade, passariam-se dez anos.

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- Então, mas como é que o Yuan iria distinguir uma criança puro-sangue, de um demónio normal?

A rapariga que tinha perguntado isso chamava-se Angel Limmes. Tinha cabelos brancos a fluir até ao meio das costas, olhos verdes e a constituição saudável de uma adolescente de dezasseis anos.

A mulher que se aproximou de Angel era a mãe dela. Apesar de já ter mais anos, parecia quase tão jovem quanto a filha. Ela chamava-se Lisa.

- Bem, Angel. Apesar de escondermos a nossa forma primitiva com peles humanas, temos sempre o cabelo branco que nos denúncia. - explicou Lisa - Mas os demónios puro-sangue também tinham olhos vermelhos que não conseguiam disfarçar.

-Então, o Sylur só estava a fazer "bluff"? - perguntou Angel.

- Nunca se vai saber. - disse Lisa pondo uma tulípa fresca à frente da filha - Agora come, se não vais chegar atrasada à escola.

Angel olhou para a flor com uma cara desconfiada. - Estou de dieta, agora?

- Angel, só vou às compras logo à noite. - disse Lisa - Sabes bem que as nossas lojas só abrem a partir das oito.

Angel revirou os olhos, enquanto pegava na tulípa e esta começava a murchar e as pétalas escureciam, até caírem.

Demónios alimentavam-se de energia vital que sugavam de criaturas vivas. Infelizmente, depois do acordo feito há sessenta e seis anos atrás, eles só se podiam alimentar de plantas e animais velhos.

Depois de pousar a flor desfeita, Angel levantou-se, endireitou a saia preta com pregas do uniforme, pegou na mochila e dirigiu-se até à porta, olhando para a mãe, uma última vez.

- Mãe, eu sou um demónio, não sou? - quando Lisa anuiu com a cabeça, Angel continuou - Então porque é que não ando na turma nocturna, com os outros demónios?

- Angel, nós já falamos sobre isto. - disse Lisa cruzando os braços - A turma nocturna não ensina mais nada a não ser mentiras e falsidades. Se estiveres na turma diurna vais aprender coisas muito mais valiosas.

- Lá por seres professora da turma nocturna, não quer dizer que possas decidir o que são falsidades, mãe. - disse Angel - Estás a dizer que andas a ensinar mentiras?

- Angel, vai para a escola. - pediu Lisa - E nada de poderes..

- Não tenho lanche?

- Come na cantina, hoje. - vendo a filha abrir a porta sem reclamar mais, Lisa repetiu - Nada de poderes, Angel.

Depois de ver a filha sair, Lisa suspirou  e sentou-se à mesa.

Aquela era a maior mentira que alguma vez contara a Angel, desde que ela tinha nascido mas não podia deixá-la ir para a turma nocturna. Não, enquanto houvesse vampiros que pudessem cheirar um puro-sangue. Não, enquanto o neto de Yuan frequentasse a turma.

Angel tinha um poder enorme como Lisa nunca tinha visto antes mas, apesar de ter conseguido esconder os olhos vermelhos da filha, Lisa tinha tido sorte por não haver vampiros com Yuan no dia da caça, há dezasseis anos atrás.

Angel era sua filha, não uma criação de uma maldição e Lisa ia protegê-la, nem que fosse a última coisa que fizesse.

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Era o primeiro dia de aulas para Angel. Tal como para os humanos, para os vampiros, lobisomens e anjos caídos.

A diferença era que as criaturas negras estavam a dormir àquela hora, enquanto Angel se arrastava até à escola para ter aulas com comida para demónios.

Desde que se lembrava, Angel sempre frequentara escolas para humanos e, quando era pequena, não passava um dia sem dar problemas à mãe por não conseguir controlar os seus poderes.

Acabava sempre por partir alguma coisa sem sequer se mexer ou destruir uma parede apenas por se encostar ela.

Angel entrou na sala e sentou-se a um canto.

Tencionava começar o décimo ano sem dar qualquer tipo de trabalho ao pai ou à mãe. Eles eram a sua única familia e as únicas pessoas que ela realmente amava.

Ela olhou em volta, vendo os humanos a conversarem, tentando desesperadamente, socializar.

Angel tinha estudado aquelas criaturas a fundo, depois de passar mais de cinco anos com elas. Elas matavam animais para se alimentarem, mas culpavam as criaturas nocturnas por matar.

Mas que raio era aquele acordo de não matar humanos? Para que é que servia?

Se Angel se levantasse e mostrasse a sua verdadeira forma, estaria condenada mesmo antes de poder explicar que só se alimentava de plantas e animais práticamente mortos.

O que é que tinha mudado com aquele acordo?

Cansada e com fome, Angel deitou a cabeça na mesa. Havia demónios a morrer à fome, todos os dias porque não sabiam a quantidade de energia que tinham que ingerir para sobreviver.

Antes, a escolha limitava-se a um ou dois humanos. Mas os humanos eram a maior fonte de energia vital, daquele mundo, sem contar com os anjos caídos.

Angel nunca tinha provado um humano mas, tal como os vampiros que nunca tinham sugado sangue directamente do pescoço, ela sabia que eles eram deliciosos. Angel senti-o sempre que se aproximava de uma daquelas criaturas patéticas.

- Eu chamo-me Carole Smith. - disse uma rapariga de sorriso ofuscante, sentando-se ao lado de Angel - E tu?

Angel olhou para a humana com olhos castanhos e cabelo preto. - Eu chamo-me Angel Limmes.

- Oh, Angel? Que nome lindo! - comentou Carole, pegando numa madeixa do cabelo prateado dela - O teu cabelo é giro e a cor é espantosa. Pintaste?

- Sim. - respondeu Angel endireitando-se, ao ver a professora entrar.

Angel não queria ter nada a ver com aqueles adolescentes irritantes mas, sempre que eles lhe dirigiam a palavra, ela acabava por sorrir.

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Quando saiu da sala para ir almoçar, Angel estava ainda mais cansada e muito mais esfomeada. Ignorando tudo isso, ela sentou-se e olhou para o prato com arroz e galinha morta.

Aquele tipo de comida sabia-lhe a lama.

"Já provaste lama para saberes se a comida sabe mesmo a isso?" diria a sua mãe, se estivesse ali. Mas ela sabia, simplesmente.

- Eu sei que a comida da escola não é boa, mas a cozinheira esforça-se.

Angel olhou para cima vendo um rapaz loiro sentar-se à sua frente, com um tabuleiro igual ao seu. No entanto, o uniforme dizia-lhe que ele era do décimo primeiro.

- Porque é que estás aqui, a comer sozinha? - perguntou ele começando a comer.

Porque tinha despistado a Carole, pensou Angel. Mas nunca o diria em voz alta.

- É o primeiro dia de aulas e eu sou nova nesta escola. - explicou Angel - Não é normal que eu ainda não tenha a minha própria manada?

Ele ficou a olhar para ela durante algum tempo, mas não aguentou muito tempo sem rir, surpreendendo-a. Conseguia sentir a energia dele a envolvê-la mesmo sem tocar-lhe. Era imensa e quente.

Se queres comê-lo, só tens que esticar a mão. Angel olhou em volta para ver de onde tinha vindo a voz, até perceber que tinha vindo da sua própria cabeça.

- Hei, tu chamas-te Angel, não é? Andamos a mesma escola desde o quinto ano, sabias? - disse o rapaz, sem se importar com o silêncio dela - Eu chamo-me Brian.

Vá lá. continuou a voz na cabeça dela. Niguém vai saber o que aconteceu.

- Eu tenho que ir! - gritou Angel, deixando cair a cadeira ao levantar-se.

- Está bem...? - Brian olhou para o tabuleiro que ela tinha deixado para trás e murmurou - És uma rapariga estranha, Angel.

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- E é assim, a cadeia alimentar. - finalizou a professora, apontando para a pirâmide que tinha desenhado no quadro - Perceberam, meninos? Muito bem, quando acabarem de anotar, podem sair.

Carole deu uma espreitadela ao caderno de Angel e começou-se a rir antes de conseguir evitá-lo.

- Tens cá uma imaginação, Angel. - murmurou Carole depois de pedir desculpa à professora - Demónios dominam a cadeia alimentar? Hei, estás bem?

Angel estava com uma mão na cabeça e a outra a amarrotar uma das folhas do caderno.

- Eu estou bem. - respondeu Angel, sabendo que era mentira - É só uma dor de cabeça.

- Tens alguma coisa no olho? - perguntou Carole, espreitando - Estás com a Íris vermelha.

Oh, Deus! Estava a acontecer outra vez.

- Já anotei tudo, professora. - disse Angel levantando-se rapidamente - Até amanhã!

Ela começou a correr, deixando tudo para trás, surpreendendo toda a gente da sala.

- Aquela rapariga sempre foi assim. - disse um antigo colega de Angel.

__________________

Gil andava naquela escola há dois anos e, apesar de frequentar a turma nocturna, ele adorava chegar mais cedo para ver aquelas criaturazinhas frágeis a sair.

No entanto, nunca pensara ver tal coisa naquele dia por isso, ao ver um demónio a sair a correr da turma diúrna, os seus pés mexeram-se sozinhos e seguiram-na.

Quando a viu virar para um beco sem saída, Gil abrandou o passo e espreitou, achando-a deitada no chão.

- O qu... - Gil saiu do seu esconderijo e ajoelhou-se ao lado de Angel - Ouve, estás bem?

A ofegar, Angel sentou-se com a ajuda de Gil. Docemente ela passou-lhe a mão pela cara e abriu os olhos deixando escapar algumas lágrimas.

- Desculpa. - murmurou ela, começando a sugar-lhe a energia vital.

A última coisa que Gil viu, foram os olhos vermelhos.


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Notas finais do capítulo

Isto demorou BASTANTE tempo _ _"
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