Batendo nas Portas do Inferno escrita por KAlexander


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Em relação aos próximos capítulos este é relativamente curto. Afinal, é apenas o prólogo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/126999/chapter/1

Tédio. O simples e puro tédio. Corroendo, penetrando, deformando, enlouquecendo... entediando... Como a putrefação que se segue aos vermes que adentram as criptas asquerosas, tão asquerosas quanto eles próprios. Entretanto, a cripta é você. Neste caso, especificamente, sou eu. E isto, deixar-me entediado, não é algo que se possa considerar fácil. Não, não senhor. Por quê? Bem, imagine se apenas por uma semana, você pudesse acordar pela manhã e pensar: para onde vou hoje? Quem sabe o frio congelante de Murmansk? Ou talvez uma das ilhas cálidas do Caribe? Ou até mesmo a bela e aconchegante Itália...

Divertido, não? Digamos que esta é a minha rotina, a minha vida, por assim dizer. Eu tenho muito, realmente muito tempo livre. E não pense que estou sendo arrogante ou pretensioso. De jeito nenhum. Adoro minha vida, acredite; sempre que cogito algo que poderia ser modificado nela, volto atrás imediatamente. Estou plena e inteiramente satisfeito com o que o destino reservou para minha humilde alma.

Era nisto em que eu acreditava até algum tempo atrás... Como encontrei o culpado de minha pequena revelação da verdade universal? Simples. Eu estava sentado em minha poltrona preferida, observando o fogo que consumia as toras na lareira, em minha casa de campo no interior da Inglaterra; a neve caía tranqüila, pintando a paisagem de branco através das janelas. Foi quando notei que estava completamente só. Nem mesmo os empregados estavam lá para me proporcionar uma simplória e tosca companhia. Eu estava só... Há mais de cinqüenta anos.

Eu era o culpado! Tão isolado em minha própria masmorra sem portas que havia me esquecido completamente do mundo, de que havia um universo funcionando sem mim. Eu não me importava com os outros. Eles haviam se tornado vegetais pelos quais eu passava todos os dias. Tudo havia se tornado tão comum que eu me esquecera de que tantos outros talvez estivessem pensando o mesmo que eu. Como disse, faz mal para a mente, o tédio. As pessoas são capazes de coisas absurdas quando estão entediadas. Neste quesito não me considero muito diferente.

E é neste momento em que nossa história se inicia, meus queridos. Por favor, não tenham opiniões ou até mesmo questionamentos precipitados sobre o que absorverão a partir do momento em que os abraçar com minha história. Alguém como eu não deve ser julgado com base nos nobres e inquestionáveis princípios e costumes ocidentais. Não desejo amor ou ódio. Apenas quero que leiam a última página e pensem: isto foi real... ele viveu... ele sentiu... ele pôde ter estado aqui...

Ele amou...

Piegas? Talvez, mas não para mim. Eu amo...  sim, e como amo! Contudo este não é mais um doce conto de amor, em que os belos sentimentos que vivem os apaixonados se tornam a resposta para uma redenção final.

Se é o que esperam, creio que deveriam parar nesta mesma página. Isto é tudo o que não lhes posso oferecer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Batendo nas Portas do Inferno" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.