Quando o Sol se Pôr... escrita por Anny Andrade


Capítulo 5
Capítulo 5: Buscando entender a vida.




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Luna entrou no apartamento vermelha e ofegante e deu de cara com uma Gina chorando com os olhos vermelhos e inchados. E com uma Hermione tentando consolar a amiga.

            - O que houve? – Gina perguntou com a voz de choro e fungando.

            - Nada. Por quê? – Luna disse imaginando se elas teriam escutado o que acabará de acontecer no corredor.

            - Aonde foi com o Draco? – Hermione olhava desconfiada.

            - Com o Draco? – Luna parecia nervosa.

            - Claro! A Gina disse que vocês estavam juntos, mas você não entrou com ela. – Hermione falou estranhando o comportamento da amiga. Luna era estranha, mas não tanto como estava.

            - É! – Luna falou buscando o que diria. – Verdade, quase me esqueci. Ele foi buscar uma coisa na casa dele e pediu minha ajuda.

            - E você ajudou? – Gina e Mione não conseguiam acreditar.

            - Sim. Eu não gosto dele, mas somos amigos. Não poderia negar uma ajuda. – Luna falou displicentemente, ela era boa em mentiras, deveria tentar mais vezes. – Ele deu um presente para a gente. – Luna mostrou o quadro cheio de borboletas.

            - Ta tudo bem? – Hermione perguntou sem entender nada. Cada as brigas? Os xingamentos?

            - Sim. – Luna falou. Lembrou do beijo, da intensidade do beijo. – Tudo ótimo! – A loira sorriu. Hermione a encarava analisando-a. Alguma coisa havia acontecido. – E a Gina?

            - Eu odeio a minha vida! Quero morrer. – Gina falou enfiando a cabeça na almofada e voltando a chorar.

            - Já conversamos sobre isso. Nada de morrer! – Hermione disse triste.

            - Tudo isso por causa do ridículo do Dino? Ele é tosco, Gina. – Luna falou se sentando ao lado da amiga.

            - Não é só isso. – Gina tinha os olhos borrados de tantas lágrimas.

            - Então o que é? Confia na gente. – Hermione falou apoiando Gina.

            - É tudo gente. – Gina falou triste. – Eu tento ser forte, tento ser moderna, tento ser quem não sou.

            - Mas você é forte, moderna. Joga futebol. Ama moda. Você é Gina Weasley. – Hermione disse sorrindo.

            - E o que é ser Gina Weasley? – Gina falou triste. – Eu sou chata, mimada, feia, burra. E nunca encontro alguém que goste de mim de verdade. Eu sou fraca. – Gina chorava.

            - Não é nada disso. – Hermione a abraçou.

            - Você tem alguém que gosta de você. Aqui pertinho. – Luna disse. – O Harry sempre gostou de você.

            - Ele disse que gosta de mim como amiga. Afinal eu sou irmã do melhor amigo dele. E que ele queria me ajudar por isso. – Gina parecia aborrecida. – O Dino me traiu justamente com aquela idiota loira, que o burro do meu irmão escolheu como namorada. O Harry me diz que sou uma garota mimada e que gosta de mim como um irmão. – Gina chorava mais. – Devo ser um fiasco, para meninos fazerem isso comigo.

            - Gina o Dino é um idiota. Não o conheço bem, mas ele foi um nojento. – Hermione disse. – Merece alguém melhor. E o Harry estava nervoso. Ele gosta de você.

            - Como gosta da Luna, do Ron, do Draco, de você. Gosta de mim como um “Brother”. – Gina falou irritada. – Ele não percebe que não quero ser um Brother?

            - Meninos são burros. – Hermione falou.

            - E tarados, e tapados, e infelizes. – Luna completou.

            - E não vivemos sem eles. – Hermione falou fazendo Gina dar um sorriso. – Esquece ele Gina. São todos iguais. Até aparecer um que de tão igual vai acabar sendo diferente. – Hermione abraçou a ruiva. E Luna fez o mesmo.

            - Não sei o que seria de mim sem você. – Gina falou finalmente sorrindo.

            - Dramática... – Hermione riu.

            - Amo vocês. Minhas melhores amigas. – Gina falou voltando a lacrimejar. Elas se abraçaram novamente.

            - Então... Hora de tomar banho, dormir, e esquecer essa noite. Esquecer Dino, Harry. TUDO. – Hermione sugeriu.

            - Nem pensar. Banho? Sim. Dormir? Sim, também. Esquecer Dino? Depois de me vingar, talvez. – E o Harry? Ele vai ver quem é a irmão do melhor amigo dele. – Gina parecia possuída de tanta confiança.

            - Tenho medo de você. – Hermione falou rindo.

            - Eles precisam ter. Não você. – Gina riu.

            - Você é louca, ruiva. – Luna olhava com admiração.

            - Obrigada! Mas hora de dormir. – Gina foi para o quarto, gesto seguido por Luna e Mione.

            Isso se alguma dela conseguisse dormir. Eram tantos pensamentos, sentimentos, lembranças. Era só o começo de uma história que o destino traçava a cada dia. Sempre com a esperança da alma, do gosto, dos beijos e o desejo de simplesmente viver a vida.

            Harry e Rony conversavam quando Draco entrou meio abobalhado.

            - Harry você sabe que a Gina sempre foi meio dramática. Depois que ela descansar vai voltar a falar com você. – Rony dizia.

            - Você não entendeu. Eu que não quero falar cm ela. – Harry disse enquanto tomava água. – Cansei dessas meninas loucas. Vou arrumar amigas normais. Namoradas normais. – Harry se trancou no quarto.

            - O que aconteceu? – Draco perguntou sem entender.

            - Nem eu sei, eles brigaram. Vou dormir para ver se me livro do resto do álcool do meu sangue. – Rony falou se retirando.

            - Eu vou ficar aqui, lembrando do meu beijão com a Luna. – Draco se jogou no sofá sorrindo.

            - Bom Dia! – Gina apareceu na porta de seu quarto.

            - Boa tarde né? Já passa das 14h. Não acredito que acordei agora. Vocês estão me levando para o mau caminho. – Hermione falou em meio a um bocejo.

            - Para o caminho do bem, isso sim! – Gina sentou a mesa ao lado de Hermione. – Cadê a Luna?

            - Não acordou. E ela normalmente é a primeira a se levantar. – Hermione disse olhando em direção do quarto de porta amarela. – E você? Como está se sentindo? – Hermione sorriu.

            - Nada mal. – Gina respondeu. – Estou triste pelo que o Dino fez, e pelo que o Ron passou. Mas eu supero. Na verdade não gostava muito do Dino mesmo. – Gina parecia menos animada do que de costume, mas bem. – E como meu irmão reagiu a tudo?

            - Eh... – Hermione não precisou se esforçar para se lembrar daquilo que havia acontecido nas ultimas horas. Àquelas horas jamais sairiam de sua mente, quem sabe até mesmo de seu coração. – Ele ficou mal, parecia mais em choque. Na verdade não conversamos muito sobre isso. Acho que ele esperava que a Lilá fosse mais fiel. E nós demos um selinho. – A Ultima frase foi rápida e resultou em bochechas vermelhas.

            - O que? – Gina engasgou-se com o suco que tomava. – Repete isso! Please!

            - Eh... - Hermione parecia uma pimenta malagueta de tão vermelha que estava. – Demos um selinho.

            - E você fica escondendo isso? – Gina gritou. – Vai ser minha cunhadinha? – Ela brincou.

            - Gina! – Hermione sorriu constrangida. – Foi um selinho por acaso. Não era para ter acontecido.

            - Fala sério! Era para ter acontecido há um mês, quando você chegou aqui. Até demorou demais. Você e o Ron juntos? Que demais! – Gina ria.

            - Gina não estamos juntos. Talvez ele nem se lembre. Afinal ainda estava meio bêbado. – Hermione falou meio triste.

            - Claro que ele vai lembrar. – Gina disse sorrindo. – Ainda bem que a sua noite valeu à pena.

            - Ah... Não somente por isso... Mas pelo fato de também ter feito novos amigos. Matt e Liz disseram que sempre avisaram quando tocarem novamente. Isso foi muito bom... – Hermione falou sorrindo.

            - Eu quero esquecer essa noite! Esquecer Dino Thomaz. Esquecer Lilá Brown. Esquecer Harry Potter! – Gina disse confiante e raivosa ao mesmo tempo. – E me lembrar do Nando. O Guitarrista da banda dos seus amigos. Ele foi simpático e é solteiro. – Gina sorria. Mione tinha medo daquele sorriso da ruiva. Era muito animado para a situação.

            - Você não existe! – Hermione falou e as duas riram.

            - Ai Meu DEUS! Ai Meu DEUS! Ai Meu DEUS! Como vou sair do quarto? – Luna dizia sozinha enquanto andava de um lado para outro. – Como vou encarar o Draco depois daquele beijo? E que beijo! – Luna se abanou. – Foco Luna. Foco. – Ela sorria ao lembrar-se do beijo. – Devia ter me controlado. Mas ele é tão lindo, e sedutor. Não! Ele é um safado, sem vergonha. – Luna sentou-se na cama. – Como eu vou olhar na cara dele? Posso fingir que não aconteceu nada. É isso! Não aconteceu nada. Não aconteceu nada. – Luna falava, mas parecia perceber que aquilo era uma furada. – NADA!

            - Boa tarde!

            - Fala sério! Cadê o nosso apartamento? – Rony dizia olhando para o lugar todo arrumado.

            - Caralho! Quem chamou a faxineira antes do dia? – Harry estava sonolento, com os olhos inchados, sem camisa e com o cabelo despenteado.

            - Ninguém chamou nada. Eu arrumei! – Draco disse confiante. Ele era o único bem disposto. Animado. Os cabelos molhados, camiseta regata e short.

            - Draco Malfoy não sabe nem lavar um copo. Como ele arrumaria um apartamento? – Harry falou surpreso. Não estava entendendo nada.

            - Acordei com um excelente humor. Fiz café, suco, busquei pães e fiz torradas também. Está tudo na cozinha. – Draco falou ignorando as caras de Ron e Harry.

            - Quem você pegou? – Rony disse.

            - Ninguém. – Draco respondeu receoso. O porquê dele querer esconder seu beijo com Luna era obvio. Ele queria guardar aquele momento tão esperado e tão mágico somente para ele. Era um momento dos dois. Merecia ficar gravado em sua memória, e não nas palavras.

            - Claro que pegou! Você só fica assim animado quando consegue algo. E olha que dessa maneira é a primeira. – Harry falou sério.

            - Eu peguei uma menina na boate. – Draco falou. – Satisfeitos?

            - Quem é ela? – Harry perguntou. – Não seria a Luna... Ela nunca te dá confiança. Mas quem seria capaz de trazer tanto bom humor assim sem ser a loira?

            - Não interessa! – Draco queria bater em Harry. Ele ainda iria conquistar Luna.

            - Claro que interessa. Fala o nome! – Rony disse animando-se.

            - Eh... – Draco pensava. – Luisa. – O loiro era horrível para nomes. Nunca conseguia escolher nomes legais quando jogava “stop”.

            - Legal!- Harry e Ron deram jóias.

            - Eh! – Draco respondeu pensando em como os amigos eram idiotas.

            - E a LUNA beija bem? – Rony perguntou.

            - Perfeitamente bem. Um beijo ardente, ansioso, cheio de significados. Ela puxou meus cabelos enquanto a segurava pela cintura... – Draco falava animado, feliz, empolgado ao se lembrar do beijo. De repente parou. – O que?

            - Só podia ser a Luna para te deixar assim... Transformado. Transtornado. – Harry ria.

            - Como souberam? – Draco não queria ter contado.

            - Você nunca ficou assim. Acordou cedo, arrumou o apartamento, fez torradas, suco, café. – Rony falava com a cara de alguém que não acreditava que um beijo fizesse aquilo. – Só podia ser ela. E ai como foi? – Rony ria como Harry.

            - Ótimo. Até ela me bater e me xingar. – Draco falou se jogando no sofá com cara de confuso.

            - Mulheres... – Os três falaram ao mesmo tempo.

            - Eu e a Mione demos um selinho. – Rony falou calmamente, enquanto pensava que deveria ter dado um beijo melhor, menos confuso, menos rápido.

            - Que? – Harry e  Draco pareciam assustados e sem acreditar.

            - É. Mas foi sem querer, acidentalmente. Ela ia me beijar no rosto e eu virei. E aconteceu. – Rony falou enquanto coçava a cabeça se lembrando do gosto de melância e morango que ficaram em seus lábios depois do selinho rápido. – Não sei se ela gostou. Afinal eu ainda estava meio alcoolizado.

            - Draco beija a Luna. Você a Mione. E eu apenas brigo com uma garota mimada e grossa? Isso que eu chamo de INJUSTIÇA! – Harry falou pensando em como gostaria que a noite dele tivesse sido tão boa quanto à dos amigos. Pensando por que  Gina era tão chata, mandona, e ao mesmo tempo tão linda, e perfeita. Ele deveria ter tido mais coragem e tê-la agarrado. – Vou me trocar. Sair para correr. E Pensar. – Harry se retirou carrancudo.

            - O que ele tem? – Draco perguntou confuso. Não entendendo nada.

            - FP! – Rony respondeu.

            - O que?

            - Frescuras de Potter! – Rony respondeu rindo e Draco o acompanhou.

            A campanhinha tocou alta e apressadamente.

            - Gina! Eu acho que tem alguma coisa com a Luna. – Mione disse enquanto ainda olhava a porta do quarto da loira ainda fechada.

            - O que será que aconteceu? – Gina perguntou.

            - Droga! Como eu me deixei envolver por aquele loiro idiota? – Luna estava deitada na cada olhando para todas as borboletas coladas e penduradas no teto. – Ainda bem que bati nele no final. Droga! Por que eu bati nele? – Luna falou confusa, perdida. – Acho que fiquei louca. Estou falando sozinha mais uma vez. DROGA! – Luna suspirou. Ela iria enlouquecer. Estava confusa, com vontade de chorar, não entendia tudo que sentia. Queria apenas saber o que era certo e o que não era.

            - Luna está tudo bem?  - A voz de Hermione estava abafada pela porta.

            - Não... – Luna abriu a porta, com os olhos lacrimejantes. – Quero um abraço.

            - O que aconteceu? – Gina perguntou assustada.

            - Nada... Só quero ter certeza que não estou sozinha! – Luna falou com as lágrimas escorrendo por suas bochechas agora  vermelhas. Ela trazia um meio sorriso que dizia entre aspas que ela sabia está sendo infantil, mas que no momento ela precisava ser.

            - Luna! Você nunca vai estar sozinha. Nós estamos aqui. – Hermione disse sorrindo e a abraçando.

            - Isso mesmo... Sempre juntas como prometemos há anos atrás! – Gina também sorria e envolveu Luna e Mione em um abraço enorme.

            - Amo vocês! – Luna disse sorrindo.

            - Nós também te amamos. – Gina e Mione responderam juntas.

            - Então... Agora vem comer com a gente, que a Mione contou que beijou meu irmão. – Gina falava feliz.

            - O que? – Luna disse enquanto enxugava o resquício de lágrimas dos olhos e esbanjando um sorriso.

            - Não foi um beijo. Foi um selinho acidental. Ele virou o rosto na hora errada. Foi menos de um segundo. – Hermione falava irritando-se. Mas ninguém parecia querer ouvi-la.

            - Um beijo! Eu sabia! Eu sabia! SABIA! . – Luna falava sorrindo, já tinha se recuperado da explosão de sentimentos que tinha sofrido há poucos segundos.

            - Eu também sabia... Afinal aquelas brigas idiotas. E ela falando dele no primeiro dia. Que ele era charmoso, bonito, interessante... Tão obvio. – Gina falou concordando com Luna.

            - Eles formam um casal tão bonito né? – Luna falava sonhadoramente. Talvez já imaginasse os amigos na cerimônia de casamento.

            - Não existe casal! Aquilo foi um acidente. – Hermione dizia aborrecida. Ela não queria se iludir e as amigas não estavam ajudando em nada.

            - Mione! Você é sempre tão chata. – Gina disse rindo.

            - Sou realista, Gina. Realista! – Mione falou séria.

            - Fugir da realidade às vezes é bom. -  Luna disse e sorria, ela se lembrava do beijo que tinha dado em Draco, aquilo tinha sido realmente irreal.

            - Sei... – Hermione respondeu pensativa. Na realidade ela rezava para que pelo menos daquela vez as amigas estivessem certas e ela errada.

            A campanhinha tocou alta e apressadamente.

            - Que inferno! Estou indo. – Draco gritou aborrecido.

            - Quem será o retardado que toca a campanhinha assim? – Harry já sairá do quarto pronto para correr.

            - Rony. É para você. – Draco falou sem emoção.

            - Quem é? A Mione? – Rony parecia ansioso e esperançoso.

            - Uon-Uon! – Uma voz estridente soou pelo ambiente. Rony foi até a porta aborrecido não deixando a garota entrar.

            - O que quer Lilá? – Ele estava cansado daquele apelido idiota.

            - Amor! – Lilá tinha os olhos vermelhos e se jogou no pescoço de Rony.

            - Uma ova! – Rony se afastou. – O que quer?

            - Me perdoa Uon-Uon! Eu estava fora de mim. Aquele Dino me agarrou, eu juro que não fiz nada. Eu te amo. – Lilá falava enquanto Rony parecia capaz de fechar a porta na cara dela.

            - Meninas. Vou sair para pensar um pouco na vida. – Hermione avisou Luna e Gina que assistiam o canal de séries da TV.

            - Ótimo! Trás sorvete? – Luna falou pidona.

            - De chocolate! – Gina exclamou.

            - Vou pensar no caso de vocês! – Hermione riu. – Até mais. E por favor, não coloquem fogo no apartamento. – Ela saiu sorridente, mas a cena que seus olhos miraram fez seu sorriso se apagar lentamente, e talvez para sempre.

            - Uon-Uon, você é perfeito. – Lilá falou se jogando em cima do ruivo e lhe tascando um beijo.

            Rony ficou paralisado, seus olhos se encontraram com os de Hermione. Ele pensou ter visto algo diferente no olhar, parecia desprezo, talvez raiva. Ele não sabia o que fazer.

            Hermione forçou um sorriso, na realidade ela queria gritar, chorar e bater em Rony e principalmente em Lilá. Ela apenas segurou as lágrimas, sorriu e acenou a cabeça o mais meigamente possível. Deu as costas e desceu as escadas o mais rápido possível.

            Rony não conseguia acreditar naquilo. Ele empurrou Lilá para longe. Ela sorria esperando ter resolvido tudo.

            - Me faz um favor? – Rony falou.

            - Claro Uon-Uon! – Ela sorria.

            - Pare de estragar minha vida. – Rony falou sério. Ele se controlava para não fazer nada agressivo.

            - Mas Uon-Uon... – Lilá começou a falar enquanto se aproximava sedutoramente.

            - Mas nada. – Rony disse a segurando pelos braços. – Acabou! Deveria ter acabado antes, na verdade nem deveria ter começado. Fui um frouxo para terminar antes. Mas já que você tomou coragem de beijar outro idiota. Eu agora tomei coragem de por um fim nesse patético erro. Um fim nesse relacionamento sem sentido. – Rony tinha as orelhas vermelhas de raiva.

            - Uon-Uon. – Lilá exclamou horrorizada.

            - E para com esse apelido idiota! Meu nome é Rony. R.O.N.Y. Rony! – O ruivo olhou em volta. – E quer saber? Preciso resolver outro assunto muito mais importante.

            - Você vai voltar a ser meu namorado. – Gritou Lilá, mas Rony já não escutava. Ele desceu as escadas correndo. Ele precisava encontrar Hermione, conversar com ela. Explicar aquele beijo idiota. Ele precisava beijá-la, não um selinho, e sim um beijo de verdade. Quando chegou a rua infelizmente não encontrou nem Hermione nem o carro da garota.  

            - BLOODY HELL! – Rony exclamou. Voltou para dentro do prédio imaginando onde Hermione estaria.

            Era nitidamente visível que algo de errado acontecia com uma menina de cabelos cheios e rosto olhado que estava sentada em uma das mesas mais afastadas de toda a lanchonete. Gotas copiosas escorriam em sua face deixando a pele branca cada vez mais marcada de vermelho. O copo de Milk-Shake de chocolate permanecia intocável e ela já estava ali a vários minutos. Quem tivesse o mínimo de sensibilidade perceberia que naqueles olhos, naquelas lágrimas havia um coração clamando por ajuda. Era amor tentando escapar com as lágrimas, mas o coração parecia prendê-lo cada vez mais forte, fazendo com que a dor se tornasse mais intensa.

            Hermione não gostaria de se sentir daquela maneira. Não queria sentir aquilo. Finalmente ela descobrirá o que era o tal amor das poesias, das melodias. E agora tinha certeza de que não estava preparada para descobrir o verdadeiro sentido da palavra amar. Isso se algum dia os humanos possam está realmente preparados para um sentimento de tamanha intensidade. Era uma mistura de emoções. Medos. Tristezas. Hermione sentia como se não pudesse parar de chorar e a cada vez que limpava os olhos parecia que mais lágrimas jorravam. Ela queria que aquilo não estivesse acontecendo. Pensou que amar era ruim, mas suas reações lhe mostrava que na realidade não acreditava naquilo.

            Hermione não conseguia segurar aquilo dentro dela, e ela precisava. Todos já a olhavam com pena, deveriam pensar que ela era louca ou coisa do tipo. Ela só conseguia se  perguntar em como tinha se apaixonado tão rápido e tão intensamente. Ele teve esperanças de ter o Rony. Ela conseguiu imaginá-lo em um cavalo branco tentando resgatá-la. Resgatar do que? Resgatá-la dela mesma, de sua própria vida. Resgatar dos medos e das inseguranças. Agora sempre que fechava os olhos via o ruivo beijando Lilá novamente, mesmo depois de tudo que ela tinha feito com ele. Hermione sentiu raiva, dor.

            Sentia amor pela primeira vez na vida. E pela primeira vez não sabia o que fazer. 

            - Quem foi o “bofe” que te deixou nesse estado? – Um rapaz muitíssimo bonito que usava um avental com o slogan da lanchonete sentou-se a frente de Hermione fazendo com que ela erguesse os olhos confusa. O rapaz parecia ser quase da mesma altura de Hermione, cabelos com luzes, os olhos azuis claríssimos, um sorriso harmonioso, que transmitia tranqüilidade.

            - Desculpe? – Hermione tinha a voz rouca e embargada.

            - Quem foi o garoto que te fez isso? – O rapaz perguntou como se fosse obvio que ela estava chorando por culpa de alguém do sexo masculino.

            - Como é que? – Hermione tentou entender.

            - Como sei? Bom... Meninas sentam-se nessa mesa com um copo de Milk – Shake de chocolate e não tomam só quando estão sofrendo de amor. Quando elas choram o tempo todo é outro sinal de que só pode ser mal do coração.  Meninas como você, só sofrem assim de amor quando o garoto vale à pena. – O rapaz tinha um jeito diferente, ele parecia realmente entender daquilo que dizia. Parecia entender de amor, de dor de amor.

            - Desculpe, mas nem ao menos te conheço. – Hermione falou confusa, pensando em como ele poderia saber de tudo aquilo.

            - Flavinho! – O rapaz olhou para Hermione. – Sim eu tenho um lindo nome. Graças a Deus meus pais não escolheram Guto, ou Ricardo. Imagine um gay chamado de Guto ou de Ricardão. Seria horrível. – Ele riu abertamente fazendo Hermione esboçar um pequeno sorriso.

            - Hermione. – Ela respondeu.

            - Não teve a mesma sorte que eu né? – Flavinho disse se referindo ao nome da menina. – Que nome é esse, GATA?

            - Saiba que meu nome está presente na obra do fabuloso Shakespeare. – Hermione falou dignamente enquanto tentava enxugar os olhos.

            - O que mostra que até mesmo um gênio pode se enganar na escolha de um nome. – Flavinho brincou e conseguiu roubar outro breve sorriso de Hermione. – Agora me conta quem foi o “Bofe” que  te fez sofrer assim?

            - Eu nem te conheço... Como posso contar uma coisa dessas? – Hermione murmurou.

            - Achei que já tínhamos resolvido isso. Enfim... Sou o Flavio, Flavinho. Trabalho aqui. Sou de virgem e nada de piadinhas sobre isso. Amo a Lady Gaga. E tenho um namorado que toca bateria e é lindo. E você é Hermione...  Ele fez uma pausa para que ela continuasse.

            - Amo livros, chocolate, assistir o sol se pondo, ver as estrelas, de vento me despenteando e de cheiro de chuva, vou começar a estudar Letras na faculdade dentro de poucas semanas, preciso de um emprego, tenho amigas lindas. E me apaixonei pela a primeira vez. – Hermione se lembrou do selinho com Rony, de todos os sentimentos que brincaram dentro dela, depois se lembrou do ruivo e a loira em um beijo de verdade e não em apenas um selinho. Hermione sentiu novamente as lágrimas escapando de seus olhos.

            - Entendi... Você é a típica menina perfeita... – Flavinho brincou. Hermione olhou de um jeito assustador. – Brincadeira... Agora me conta o que houve para chorar tanto.

            Hermione não sabia o motivo, mas decidiu contar tudo que estava engasgado em sua garganta. E foi o que fez, desabafou sem se ponderar, sem se importar. Flavinho transmitia a ela uma paz, e a cada palavra que soltava era como se estivesse se acalmando.

            - Sou uma boba. Mas ele é tão lindo, ruivo com olhos verdes azulados. E tem aquelas sardinhas pelo rosto. E ele é engraçado, atrapalhado, diferente de tudo que sonhei, de tudo que pensei, que procurei. Ele é incrivelmente diferente, especial. E um idiota, burro, retardado! – Hermione chorou mais uma vez. Era impossível lembrar-se de Rony e Lilá e segurar as lagrimas. – Acho que queria que ele fosse um príncipe encantado, mas ele é apenas um garoto de 18 anos e muitos hormônios.

            - Errado... – Flavinho disse sorrindo.

            - O que?

            - Não enxerga? – Flavinho ainda sorria. – Você é a princesa, esse ruivo o príncipe, e a loira a bruxa. E agora você tem mais uma fada madrinha. – Flavinho apontou para si. – E sou YO. Coberto de purpurina. – Ele continuava sorrindo, acabou fazendo Hermione o acompanhar.

            - Obrigada! – Mione sorria e se sentia um pouco mais calma. – Falar sobre isso foi bom.

            - Flor! Agora você tem um amigo. Sempre... E se está procurando um emprego veio ao lugar certo. Estamos precisando de alguém aqui. – Flavinho sorriu.

            Rony sabia que Hermione devia está achando ele um burro. Um idiota. Ele queria conversar com ela. Contar que foi um engano Que ele e Lilá não tinham mais nada. Que ele havia terminado. Que na realidade ele queria ficar com ela. Com Hermione. Mas a garota havia sumido Ele ia de meia em meia hora bater no apartamento 17, e enchia a irmã de perguntas que ela não sabia responder.

            Cansado de ficar parado ele resolveu andar um pouco. Depois de algumas quadras viu uma loja de jóias. Não que ele fosse milionário para ver algo e comprar. Mas aquilo era diferente. Na vitrine entre muitos colares, entre muito brilho tinha uma estrela prata com pedras laranja, da cor do por do sol.

            - Ela gosta de estrelas, e de pôr do sol. – Rony falou sorrindo.

            Sem nem mesmo pensar ele entrou na loja e pediu o colar com a estrela para a atendente. Passou o cartão que os pais tinham dado para emergências, para necessidades.

            - Mas afinal isso é necessário! – Ron disse ao passar o cartão.

            Era isso. Ele queria dar uma estrela real para Mione. Algo que pudesse ter um significado e que fosse importante. Mas antes ele precisaria encontrá-la.

            Depois de horas de lágrimas, de conversa com Flavio. Mione voltou pra o prédio e quando entrou no apartamento foi bombardeada por perguntas. 

            - Onde você estava? – Gina falou pulando no pescoço da amiga. – Fiquei preocupada.

            - Em uma lanchonete. Por que tanta preocupação? – Mione falou assustada com a reação da ruiva e de Luna que também pulou em seu pescoço quando Gina saiu.

            - Sabe quantas vezes ligamos para o seu celular? O que aconteceu? Ronald veio te procurar mil vezes. O que ele fez? – Gina disse muito parecida com uma mãe neurótica.

            - Precisava ficar sozinha. – Hermione respondeu segurando as lágrimas que queriam voltar a cair.

            - O que aconteceu Mione? – Luna perguntou com aquele jeito de amiga que sabe que tudo está errado.

            - Eu vi... Ron e Lilá... Se beijando. – Hermione falou com um nó na garganta.

            - O que? Aquele tapado! Como beijou aquela nojenta novamente? – Gina falou irritada. – Vou bater nele! – Ela se virou em direção da porta.

            - Não Gina... Eles são namorados... Eu que estou chorando a toa. – Hermione falou triste.

            - À toa? Vocês se beijaram... – Gina falou, mas voltou para perto da amiga.

            - Foi um acidente, eu nem deveria está me importando, obviamente ele nem se lembra do que aconteceu. Esqueçam isso também. – Mione falou esboçando um sorriso forçado. Gina e Luna se entreolharam sem saber o que dizer.

            Depois de uns minutos de silêncio, Mione voltou a falar.

            - Consegui um emprego. – Mione falou de repente surpreendendo as meninas. – Fiz um amigo. E vamos a uma lanchonete hoje, então se arrumem. Falei para o Harry e ele vai também. Provavelmente chamará os outros meninos, o Draco... E... – Hermione se dirigiu para o quarto.

            - O que deu nela? Uma hora está chorando na outra fala que vamos a uma lanchonete. – Gina disse confusa.

            - Gina! Vamos comer BATATAS. BATATAS. Eu já disse que AMO BATATAS? BATATAS FRITAS! EBA! – Luna saiu saltitante para o quarto.

            - Eu moro com duas loucas. Como não percebi isso antes? Corro riscos constantes de ser assassinada enquanto durmo. – Gina falou séria e pensou um pouco. – Mas que também amo batatas. – E foi se arrumar.

            Depois de ter o presente de Hermione embrulhado e seguro em suas mãos Rony se encaminhou de volta para o prédio na esperança de finalmente conseguir falar com ela. Esperava encontrá-la. Precisava encontrá-la.

            - Até que fim apareceu! – Harry disse enquanto colocava os tênis. – Vamos a uma lanchonete. A Mione que chamou.

            - A Mione? Então ela apareceu? Preciso falar com ela. – Rony iria dar meia volta.

            - Esquece. Ela já deve ter saído. Ficamos de nos encontrar lá. Acho que ela vai trabalhar lá e por isso quer apresentar para gente. – Harry disse entusiasmado. – Tá tudo bem Ron? Você esta estranho o dia todo.

            - Eu só preciso falar com a Mione. Como ela parecia?

            - Na verdade mesmo com a boa noticia do emprego ela não parecia nada animada, esboçou um breve sorriso e tinha os olhos vermelhos. O que você fez? – Harry perguntou entendendo tudo.

            - Nada. Harry eu resolvo isso. – Rony respondeu enquanto pensava que ele nem deveria ter atendido Lilá, tudo estava errado. Pensando que ele sempre faz tudo errado. – Vou me arrumar.

            - Deixo o endereço aqui. Eu e o Draco vamos assim que aquela bicha loira parar de mexer no cabelo dos cachinhos dourados. – Harry falou impaciente.

            - Eu ouvi isso, Potter! – Draco berrou. – E não fui bem eu que ficou 1h escolhendo um tênis quando todos que você possui são iguais. – Retrucou.

            - Certo... Eu vou com a moto... Mas deixa o endereço ai na mesa. – Rony falou ignorando os amigos.

            - Não vai demorar muito, ou a Mione pode sumir. – Harry tentou brincar.

            - Harry, algumas pessoas tem o dom para piadas e ironias, algumas não. E você pertence ao segundo grupo. – Rony respondeu e foi para seu quarto.

            - Essas pessoas não sabem brincar! – Harry disse se levantando. – Anda logo princesa ou eu pego seu carro e te largo aqui.

            - Potter! Fique longe do meu carro quando eu não estiver junto. E eu preciso ficar perfeito para Luna, vai que ela me agarra e me pede em namoro. – Draco respondeu e parecia acreditar no que dizia.

            - Coitado... Vive Sonhando. – Harry riu.

            Hermione tentava parecer animada, mas era inevitável perceber que ago a perturbava. Ela passou a viagem do prédio até a lanchonete respondendo as questões de Luna e Gina apenas com “és” e “huns”, ou balançando a cabeça afirmativamente. SUS pensamentos vagavam entre ela e Ron vendo as estrelas e ele dando uma para ela, entre o selinho que eles deram na porta do apartamento, e por fim no beijo que ele dava em Lilá. E parecia que as lágrimas jamais secariam, ela estava constantemente com vontade de chorar. Tomou uma decisão.

            - É exatamente isso que eu vou fazer. – Hermione declarou decidida.

            - O que? – Luna e Gina perguntaram confusas.

            - Nada. – Hermione respondeu ainda com seus pensamentos.

            Quando chegaram a lanchonete, Hermione rapidamente apresentou Flavinho para as amigas. E alguém seria capaz de duvidar que se dariam bem instantaneamente. Loucos atraem loucos, e obviamente Luna e Gina iriam adorar Flavio, ele era a versão masculina de Gina com um ar de Luna. Mione começava a perceber que só tinha amigos assim. Estranhos!

            - Meu Deus! Esses cabelos são magníficos! – Flavinho falou para Gina. – Tentei pintar o meu uma vez. Não deu certo. Você tem sorte. E obviamente sabe que os ruivos são seres sedutores por natureza, né? – Flavinho ia falando e era possível ver Gina se inflando de alto estima.

            - Sério? Sempre achei que eu atraia as pessoas... Mas normalmente são meninos idiotas. – Gina respondeu.

            - Mas é que todos eles são idiotas... Mas como viver sem? – Flavio riu. – Seu cabelo é perfeito... Precisa me dar a receita. – Ele sorriu e se virou para Luna. – E esses olhos? Olhos que parecem ver a alma das pessoas. Penetrantes! Gosto de olhos assim. Infelizmente nem com a melhor lente seria possível o mesmo efeito. Eu já tentei e não funcionou. – Flavinho acabava de conquistar Luna e Gina. – Amigas LINDAS!

            - Obrigada! – Luna e Gina responderam juntas com sorrisos enormes.

            - Mesa só para vocês por enquanto? Afinal saiu daqui a poucos segundos e o Dan vem me encontrar aqui. – Flavinho falou.

            - Não... Nossos amigos vão chegar logo. – Gina respondeu.

            - Ótimo... Fiquem a vontade. – Flavinho disse sorrindo. – Vou terminar de fazer minhas tarefas e quando terminar me junto a vocês. – Ele se dirigiu para dentro da cozinha da lanchonete.

            - O adorei! – Gina exclamou.

            - Tão espontâneo! – Luna falou sorridente.

            - Ele é legal! – Mione respondeu. – Aquela mesa é boa né? – Apontou e as duas concordaram seguindo a amiga.

            Draco e Harry chegaram pouco tempo depois e as meninas já estavam conversando outras coisas e Luna comia batatas. Mas no minuto que eles passaram pela porta Luna se escondeu atrás do cardápio. E Gina sorriu, mas somente Draco correspondeu.

            Ao perceber a ausência de Rony, instintamente Hermione pensou que o ruivo provavelmente estaria se divertindo com a namorada. Automaticamente fechou a cara com raiva.

            - Oi Meninas! – Draco falou se sentando em frente à Luna.

            - Oi. – Mione e Gina responderam esboçando sorrisos.

            - Oi Luna! – Draco insistiu ao perceber que a loira não havia respondido

            - Oi Draco. – Ela permanecia atrás do cardápio. E sua voz transpassava constrangimento. Diferente da expressão radiante presente no rosto de Draco.

            - Muitas opções Luna? – Harry perguntou analisando o cardápio também.

            - Sim... Mas as batatas são as melhores. – A voz da loira saiu meio abafada.

            - Oi Harry! – Hermione expressou um sorriso. Ele era o amigo com quem ela precisava falar. Com quem ela queria falar.

            - Você está bem? Não parece muito animada! – Harry falou prestando atenção em Mione.

            - Estou bem... – Hermione respondeu, mas seu olhar dizia “conversamos outra hora”.

            - Certo. – Harry sorriu mostrando que tinha entendido o recado.

            Gina olhava para o moreno que simplesmente ignorava a ruiva. Harry estava levando a sério a história de nunca mais falar com ela.

            Ele simplesmente iria fazer como a garota queria. Ele havia tentado ajudar e agora simplesmente iria ignorar já que ela não queria ajuda.

            Gina continuava olhando para o garoto. Ela não podia acreditar que ela havia levando tão a sério aquela discussão.

            - Gata! Seus amigos chegaram! Que bom! – Flavio se aproximava sem avental. – Meu turno acabou.

            - Que bom! Meninos esse é o Flavinho. E Esses são Draco e Harry. – Hermione sorriu.

            Harry e Draco se olharam estranhamente. Fazendo Flavio erguer uma das sobrancelhas.

            - Sim. Sou gay. Tudo bem com vocês?

            - Não foi isso. – Harry começou a se explicar.

            - Foi sim! Dificilmente uma garota aceitaria o “gata” de um heterossexual. -  Draco falou sério. – tentei isso com a Luna, ela sempre me chamou de idiota e me bateu.

            - Draco. Faz um favor? – Gina falou.

            - Claro.

            - Cala a Boca. – A ruiva ria.

            - Até você Gina? Até você... Ninguém gosta de mim.

            - Estou acostumado com olhares indagadores. Fiquem tranqüilos. – Flavio sentou-se ao lado de Luna. A loira continuava escondida atrás do cardápio.

            - E o ruivo? Onde está? – Flavinho perguntou fazendo Mione ficar vermelha.

            - O ruivo seria o Ron? – Gina perguntou.

            - Então é esse o nome?

            - Sim... – Hermione disse entre os dentes.

            - Ele estava se arrumando. Vai vim com a moto. – Draco falou tentando ver Luna por de trás do papel.

            - E ainda tem moto. Legal! – Flavinho disse fazendo Gina e Harry rir. Eles trocaram olhares e Harry desviou fechando a cara.

            - Vou um pouco lá fora. Ver se o “cenoura” está chegando. – Harry disse tentando não passar mais tempo olhando para a Gina sem falar com ela.

            Gina ficou olhando ele se afastar e parar em frente da lanchonete olhando para o nada. Ela parecia incomodada, não queria aquela situação. Havia passado a vida mandando o garoto não falar com ela, mas não esperava que dessa vez ele ouvisse.

            - Já volto! – A ruiva disse se levantando e arrumando a saia rodada que usava.

            - Aonde vai? – Mione perguntou sem entender. 

            - Já volto. – Gina falou novamente e se caminhou para fora do lugar.

            - E então... – Flavio tentou começar uma conversa.

            - Esses são meus amigos loucos! – Hermione exclamou.

            - Boa hora de conhecer o chefe? – Flavinho perguntou.

            - Boa idéia. – Hermione disse sem emoção.

            Quando Hermione e Flavinho se levantaram indo para o interior da lanchonete o silêncio pairou sobre a mesa. Luna simplesmente gostaria de sumir. Ficar ali com Draco, sozinhos era a ultima coisa que ela queria. Mesmo que seu coração dissesse o contrario e que seus lábios clamassem pelo sabor do loiro.

            Luna se levantou sem dizer uma palavra e seguiu para o banheiro.

            - Droga! E eu ainda tinha esperanças de não precisar passar pela mesma coisa de sempre. – Draco suspirou. – Preciso falar com ela. Por que essa loira precisa ser assim? Tão difícil! –Ele se levantou e seguiu os passos de Luna.

            Harry estava encostado ao lado dos três degraus na entrada da lanchonete. Olhava para a rua movimentada. Gina parou ao lado dele ficando em silêncio. Mas ela não era boa naquilo, ela gostava de falar, algumas vezes gritar. Mas detestava silêncio.

            - Como consegue? – Gina exclamou irritada. – Harry continuou em silêncio. – Harry? – Gina chamou o nome do garoto com tristeza na voz. – Fala comigo. – Ela pediu.

            Como ele poderia continuar ignorando a ruiva. Ela falava do jeito que ela mais gostava, de um jeito meigo, de um jeito que fazia com que o coração dele parasse de bater e ao mesmo tempo em que sua respiração aumentasse. Ele jamais conseguiria deixá-la falando sozinha.

            - Achei que você não queria mais falar comigo. – Harry tentou usar seu tom mais frio.

            - Como você pode acreditar em mim? – Gina falou tentando ser mais sensível possível. – Quantas vezes já não pedi a mesma coisa? – Ela sorria. – Vamos ver... Primeiro foi quando tentou me ajudar no dia que o Ron estragou minha festa de 10 anos acidentalmente. Depois quando eu estava apaixonada por Miguel e você dizia que ele era idiota. Quando você namorou com a Cho, e sabia que eu nunca gostei dela. Fora as outras tantas vezes. Mas o que acontecia? – Gina perguntou sorrindo e parando de frente ao moreno. Ele esboçou um sorriso, respirou fundo e respondeu.

            - Eu ignorei e te ajudei do mesmo jeito. – Harry falou olhado nos olhos azuis de Gina.

            - Isso mesmo! – Ela sorriu. – E por quê?

            - Porque eu sou um chato, burro e idiota? – Harry perguntou, lembrando que Gina tinha falado isso.

            - Não. – Gina falou e passou a mão no rosto do garoto. – Porque você é Harry Potter. Meu herói de plantão. – Gina disse sorrindo e abraçando Harry fortemente. Harry sorriu e a abraçou de volta. Sentiu o perfume floral que emanava de Gina, era quase como um entorpecente, fazia com que qualquer duvida desaparecesse. Era mágico e intenso. Gostaria que fosse eterno.

            - Gina... – Harry falou se afastando.

            - Me perdoa Harry. Eu sei que fui estúpida, grossa. Mas estava irritada e magoada. Sei que você queria me ajudar, mas naquele momento fui burra demais para perceber. – Gina falou rápido. – Desculpa! Sei que você quer meu bem. Afinal somos amigos desde época que conheceu o Ron. – Gina o abraçou novamente. – Desculpa!

            - Eu sempre desculpo. Sei que você é uma pimenta. Já me acostumei. – Harry falou dando de ombros. Como poderia negar. Seu coração clamava para ficar perto dela. Sempre. Mesmo que apenas como amigos.

            - Te adoro. – Gina murmurou e beijou a bochecha do garoto.

            Luna enrolou o máximo que pode no banheiro, ela esperava que quando voltasse para a mesa, os amigos estivessem lá, ficar sozinha com Draco estava totalmente fora de questão.

            A não ser pelo fato de que ao abrir a porta do banheiro encontrou o loiro encostado de frente para ela. Ele tinha o cabelo despenteado propositalmente, a camiseta vermelha com gola em V e o sorriso brincando em seu rosto. Esse conjunto seria capaz de desconcertar qualquer ser humano do sexo feminino, nem mesmo Luna poderia resistir.

            - Luna. Acho que precisamos conversar... – Draco falou se desencostando da parede e indo na direção da loira.

            - Draco! Fique longe de mim. – Luna disse se afastando. – Não temos que conversar! Não aconteceu nada! – Ela falava afobada.

            - Como assim nada? E nosso beijo? Já esqueceu? – Draco voltava a se aproximar.

            - Longe! – Luna falou e no mesmo instante voltou para dentro do banheiro.

            - Luna sai daí! Só quero conversar. – Draco exclamou.

            - E eu não quero. Quando você for embora eu saiu.

            - Não vai sair mesmo? – Draco estava se cansando.

            - NÃO!

            - Tudo bem... Então eu entro! – O loiro disse seguro.

            - É um banheiro de meninas! Não pode entrar! – Luna exclamou.

            - Duvida? – Draco falou.

            - Duvido!

            -Você me conhece há quanto tempo? Acha que uma porta me impediria? – Draco perguntou rindo.

            - Draco. Não faz isso! – Luna disse confusa. Obviamente o loiro teria coragem de invadir o banheiro.

            - Então abre! Eu só quero conversar! – Draco falou sinceramente.

            Passou alguns segundos e Luna saiu do banheiro.

            - Então distancia! Fica ai e eu aqui. – A loira disse encostando-se à parede posta da de Draco. – Pode Falar.

            Rony estava pronto e em cima da moto que havia ganhado de uma tia um pouco chata, porém rica e que mesmo fingindo que não, o adorava. E o ruivo era realmente bom naquilo, diferentemente do carro que ele não sabia dirigir, na moto ele era perfeito em todos os sentidos. 

            Ele tinha um estilo próprio e único de se vestir. E essa foi à melhor parte de morar com amigos e não com a família, agora podia usar o que quisesse sem escutar piadinhas, ou fingir que adora as roupas que a senhora Weasley sempre fazia.

            O ruivo usava uma camiseta branca com um símbolo de interrogação de estampa, uma calça jeans, seu costumeiro all star e por cima da camiseta uma jaqueta. Nem precisava se preocupar com o cabelo, afinal o capacete bagunçaria tudo. Ele colocou o presente de Hermione no bolso interno da jaqueta e finalmente pode ir.

            Sabe quando as pessoas esperam muito por alguma coisa? Quando uma viajem está marcada, um filme que você adora vai estréia? Era exatamente assim que Rony se sentia. Tanto tempo esperando uma chance do destino, e a chance estava ali, ele precisava somente ser ele mesmo.

            Não demorou e ele chegou à lanchonete.

            - Posso saber o que significa isso?

            - Ah... É você? Gina exclamou ao ver o irmão. Ela saiu do abraço que dava em Harry e parou ao lado do moreno.

            - Não! É o Papai Noel!  - Rony respondeu. – O que era aquilo?

            - Um abraço. Acho!  - Gina falou pensativa. – O que acha que era Harry?

            - Bom... Durante minha vida toda acreditei que aquilo se chama abraço, mas talvez Rony saiba de algo que nós desconhecemos. – Harry falou imitando um ar de curiosidade.

            - Vocês são dois retardados. – Rony exclamou. – Não estavam brigados?

            - Mas não estamos mais! – Gina falou irritada. – E o que você tem haver com isso?

            - Sou seu irmão, Oras!

            - E? – Gina insistiu.

            - E preciso cuidar de você!

            - Quem disse? – Gina falou irritada.

            - Eu digo!

            - Acho que é melhor entrarmos... – Harry tentou falar.

            - Cala a Boca, Harry! – Gina e Rony gritaram juntos.

            - Não calo nada! Afinal por que estão brigando? – Harry falou olhando os ruivos que tinham o rosto vermelho.

            - Porque... – Gina falou.

            - Porque... – Rony tentou.

            - Porque vocês são dois implicantes. – Harry falou rindo e acabou fazendo Gina e Rony também rirem.

            - Às vezes queria entender o porquê de tanto ciúmes. – Gina falou sorrindo.

            - Só não quero que você sofra!

            - Obrigada Ron! Mas eu preciso aprender a sofrer para poder crescer. – Gina falou.

            - Quem disse isso?

            - A Mione! E ela quase sempre sabe de tudo!

            - E ela está aqui? – Rony perguntou sorrindo intensamente.

            - Lá dentro! – Gina disse revirando os olhos. Era nítido que o irmão estava apaixonado.

            Sem dizer uma única palavra Rony se encaminhou para a porta de vidro que era a entrada da lanchonete, e sem antes pensar parou de frente. Suas orelhas começaram a ficar vermelhas e ele passou a apertar a chave da moto com toda força possível. Seus olhos não poderiam acreditar naquilo que viam.

            Ele sentiu raiva, se sentiu mais uma vez traído, se sentiu como um lixo, como se não fosse nada. Um verme que todos ignoram.

            Hermione vinha de mão dadas com Flavinho e ela ria, a risada feliz, a risada que havia conquistado Rony. O jeito que jamais saia dos pensamentos do ruivo. Aquela risada que dava mais sentido ao mundo.

            Rony virou de costas e voltou a nadar em direção a moto.

            - O que houve? Não vai mais entrar? – Harry perguntou sem entender.

            - Não!

            - Mas você não queria conversar com a Mione? – Gina perguntou.

            - Ela parece está muito ocupada e se divertindo bastante! – Rony falou com raiva. – Te vejo em casa Harry. – Ele ligou a moto e colocou o capacete.

            - Rony! Espera! – Gina gritou, mas era tarde demais, a moto ganhou velocidade e se perdeu entre os carros que passavam por ali. – Aquele é o Flavinho. E ele é gay.

            - Gina! Esquece! – Harry pegou na mão da ruiva. – Depois eu explico tudo para ele.

            - Harry, por que ele e a Mione são tão teimosos? – Gina perguntou. – Duas antas.

            - Quando se trata de amor as pessoas ficam em duvidas e não sabem o que fazer. – Harry falou encarando a garota.

            - Como sabe? Sente isso? – Gina perguntou.

            - Todos os dias! – Harry olhava no fundo dos olhos azuis da ruiva. E eles estavam muito próximos.

            Flavinho segurava a mão de Mione, pois dava os parabéns pelo emprego conquistado e ao mesmo tempo tentava animar a garota que sempre que podia tinha os olhos cheios de lágrimas.

            - O ruivo deve ser tipo Johnny Depp para te deixar nesse estado.

            - Não quero falar dele! – Mione murmurou.

            - Ou será um Chapeleiro Maluco? – Flavinho insistiu.

            - É acho que essa opção é boa! – Hermione começou a rir, o primeiro sorriso de verdade desde o momento que viu Lilá e Rony.

            - Até que fim um sorriso! – Flavio bateu palma. – Onde estão seus amigos?

            - Só Deus sabe! – Hermione exclamou. – Como será ter amigos normais?

            - Um tédio! – Flavinho exclamou. – Tudo que é muito normal, não é real!

            - Eu sou perfeitamente normal.

            - Se fosse não estávamos tendo essa conversa! – Flavinho falou fazendo Mione rir.

            - Gina e Harry estão lá fora. Mas aonde se meteram Luna e Draco? – Hermione olhou ao redor. – Vou ver se ela está no banheiro.

            - Vamos Draco! Você queria conversar... Estou esperando. – Luna disse com os braços cruzados bem estilo Gina.

            - Parece a Gina assim! E eu tenho medo dela. Lembra quando ela bateu no Miguel porque ele estava zuando o Harry? – Draco falou rindo da lembrança.

            - A idéia era essa. Anos de amizade me ajudaram a incorporar a Gina em momentos críticos. – Luna disse jogando o cabelo para trás. –Estou ficando boa nisso.

            - Você é boa em tudo!

            - Draco! Por Favor! – Luna disse agora em seu tom de sempre.

            - Certo! Desculpa! Mas que não resisto. – Draco sorriu sedutoramente. – na verdade eu não consigo!

            - O que?

            - Não consigo ficar perto de você e não pirar. – Draco deu um passo. – E não consigo parar de pensar em você. – Outro passo. – E não consigo esquecer o gosto de menta que sua boa tem. – A distancia entre eles não existia mais. – Não consigo parar de me afogar em seus olhos, de me perder as ondas do seu cabelo. – Ele pegou uma mecha que estava sobre os olhos da loira. – Eu não consigo parar de me encantar com suas bochechas coradas, com seu sorriso sincero. – Draco alisou o rosto dela. Não consigo me afastar. Não consigo!

            - Draco... – Luna sussurrou com as mãos sobre o peito do garoto, para afastá-lo.

            - Luna... Eu simplesmente preciso de você! – P loiro disse segurando a mão de Luna e a colocando sobre o coração. – Está sentindo? – Perguntou e ela acenou afirmativamente com a cabeça. – Bom... Ele nunca foi tão acelerado assim.

            - Draco... Eu... – Luna gaguejou.

            - Luna! – Draco falou se aproximando para beijá-la.

            - Como posso saber que é verdade? – Luna disse desviando o rosto. – Sabe quantas vezes te vi fazendo joguinhos para conquistar meninas? Como vou saber que isso não passa de uma brincadeira? – Luna falou. – Não quer me magoar.

            - Com você tudo é diferente. Eu sou diferente! Sou o Draco de verdade e não o personagem que criei.  – Draco suspirou para ela.

            - Como posso ter certeza? Meu coração não é de vidro e se ele se quebrar não existe uma cola que o concerte! – Luna falou com a voz triste.

            - Mas... Você precisa se arriscar!

            - Draco... – Luna falou com a mão sobre o peito dele. Em seguida se aconchegou em um abraço. – Me desculpa! Mas não posso.

            - Eu vou te mostrar que o que falei é verdade e não um jogo. – Draco falou a apertando no abraço. 

            - Desculpa! Mas está tudo bem? – Hermione falou confusa. Se perguntando o que tinha perdido.

            - Sim Mione...  Só estávamos conversando. – Luna se afastou do abraço e sorriu. – Vamos comer batatas! – E saiu na frente dos amigos.

            - O que eu perdi? – Mione perguntou.

            - Tudo! Tudo Mione! – Draco falou e também sorria. Então vamos comer batatas né?

            - É... – Hermione respondeu confusa e voltou à mesa com Draco.

            Harry e Gina continuavam próximos, parados olhando no fundo dos olhos um do outro. As palavras desapareceram apenas o silencio dizia milhares de coisas, coisas que nem mesmo eles entendiam, coisas que a alma sente e não explica para o cérebro, coisas que o coração guarda a mil chaves e que um dia escapam para realizar os sonhos daqueles que sempre acreditaram que o impossível não existia.

            - Acho melhor entrarmos. Já que o Ron não vai voltar mesmo. – Gina falou sem tirar os olhos de Harry.

            - É acho que tem razão. – O moreno também não tirava os olhos de Gina.

            - É... – Gina ficou parada.

            - É... – Harry também não se moveu.

            Mas alguns minutos se passaram.

            - Vamos então? – Gina falou sorrindo.

            - Claro. Quase me esqueci. – Harry falou fazendo Gina corar e sorrir. Aquele momento foi o de longe o melhor da vida dela, nunca tinha percebido como era bom ficar simplesmente em silêncio quando tem Harry ao seu lado. E os dois entraram de volta na lanchonete.

            Estavam novamente todos juntos, ou quase, Rony não voltaria, ele não agüentava de tanta raiva e mais uma vez resolveu beber para resolver os problemas. O bar onde estava se encontrava no centro da cidade, e não tinha muitos clientes.

            Hermione não conseguia parar de se erguer na cadeira todas as vezes que a porta da lanchonete se abria. Não que ela precisasse olhar, pois tinha certeza que se Rony chegasse ela sentiria o perfume dele, o perfume que ela já tinha decorado, o perfume que era capaz de fazê-la se perder e não querer se encontrar. Mas depois de quase uma hora e trinta minutos Mione começava a se convencer que o ruivo não daria nem sinal de vida.

            - Droga! – Ela murmurou para si. – Por que tinha esperanças? – Hermione colocou a mão embaixo do queixo em um gesto de tédio e cansaço. Ela observava Luna conversando animada com Flavinho, tentando ignorar Draco. Mione poderia ter certeza que o loiro estava realmente apaixonado, e sentia que Luna escondia algo dela e de Gina.

            Hermione também olhava Gina e Harry, eles tinham feito as pazes e talvez estivessem prestes a pular da fase de amigos reconciliados para casal recém formado. Mas em sua mente só existia uma pergunta: “Por que ele não apareceu? Mesmo que trouxesse aquela namorada ridícula dele?”. Em outros momentos as perguntas viravam raiva e ofensas eram gritadas mesmo que ela continuasse em perfeito silêncio.

            Definitivamente ela precisa apenas vê-lo. Apenas sentir o perfume mesmo que de longe. Como poderia se afastar do primeiro e único amor de sua vida? Mione sorriu ao imaginar a palavra amor. Era estranho ela saber exatamente o que significava amar. Depois de tanto esperar e ninguém chegar ela percebeu. Percebeu que seria mais fácil vê-lo com Lilá, mas vê-lo, do que não tê-lo por perto.

            Hermione deduziu que o amor era realmente um sentimento complexo e confuso. Mas que quando ele chegava era impossível fugir, se esconder ou negá-lo.

            - Mione! O Rony não vai vim mais. – Gina disse quando pela milésima vez Hermione se erguia na cadeira para ver quem entrava no lugar.

            - Oras isso não tem nada haver. Quem disse que estou esperando seu irmão chegar? – Mione perguntou.

            - Está tentando enganar a quem? A mim ou a você? – Gina falou seria.

            - Mas por que ele não vem? – Mione falou por fim se dando por vencida.

            - Porque... – Gina começou a falar, mas Flavinho interrompeu.

            - Eles chegaram! – Flavinho apontou para a porta.

            - Não posso acreditar!- Mione exclamou.

            - Hermione! Você por aqui? E sem o ciumento? – Matt falou ao cumprimentar a garota.

            - Oi Matt. Tudo bem Liz? – Hermione falou sorrindo.

            - Ótima! E você flor? – Liz era muito simpática.

            - É... – Mione respondeu sem realmente pensar.

            - Como já se conhecem? – Flavinho perguntou assustado.

            - Fomos ao show deles ontem! – Draco respondeu enquanto olhava feio para o baterista.

            - Ótimo! Isso facilita as coisas... Bom... Esse é o Dan. – Flavio sorriu apresentando o namorado, que retribuiu o sorriso e acenou.

            - Oi Gente... E ai Luna tudo bem? – Dan perguntou para a loira.

            - Sim...  Não sabia que você era o Flavio... – Luna olhou para o novo amigo. – Dan falou de você a noite toda. – Luna sorriu. – Que fofo...

            Draco olhava pasmado. Sentiu ciúmes de Luna com um gay, ele só podia está realmente apaixonado. E estava explicado o que o baterista tinha e o loiro não. Dan tinha uma opção sexual diferente da de Draco e de Luna. O Loiro se sentiu aliviado, não tinha um concorrente, pelo menos não um baterista.

            - Que legal! – Draco exclamou satisfeito.

            A noite transcorreu harmoniosamente. Mione mais distraída do que de costume, mas ainda ali firme e forte. Ela queria que acabasse rápido. Depois de muito adeus, até logo, beijos nos rostos, e troca de telefones eles marcaram de sair outras milhões de vezes. E para alegria de Hermione finalmente puderam ir embora.

            Já passava das 3h da manhã quando o celular de Hermione tocava loucamente.

Quero estar nas coisas simples/Que penso com você/Ser teu, do pôr do sol/ até o dia amanhecer/E quando clarear/Sentir o beijo teu/Pra me lembrar da noite em que esse sonho aconteceu

            Hermione estava dormindo há tempos e acordou com o barulho alto ao seu lado. Ela reconheceu o toque, era único. Somente ele tinha esse toque. Ela escolheu com grande cuidado e pela primeira vez ele estava sendo tocado.

            - Estou sonhando ainda. – Mione virou para o lado e voltou a dormir.

            O barulho era insistente, e depois de alguns minutos ela resolveu se levantar para atender o idiota do ruivo que estava ligando.

            - Alô?

            - Hermione? – Uma voz desconhecida soou do outro lado da linha.

            - Sim...

            - Bom... Eu sou barman de um bar aqui do centro e talvez seu namorado precise de ajuda.

            - Eu não tenho namorado.

            - Como não? Ele falou seu nome durante a noite inteira. Mas agora precisa de ajuda, mal consegue se levantar. – O garçom falava rápido. – Fale com ele.

            - Alo? – Mione falou meio apreensiva.

            - Mi... Mi... Mir One? Mione? – Aquela voz era conhecida, mesmo que a pessoa estivesse falando enrolado e gaguejando.

            - Rony? – Mione falou preocupada.

            - Eh! Esse sou Eu! – Rony respondeu rindo.

            - Não acredito que bebeu de novo! – Mione exclamou com a voz triste.

            - Mir One? Onde você está? Não te vejo! – Rony perguntou e se podia imaginar ele a procurando pelo bar.

            - No telefone Rony. – Mione respondeu.

            - Ah... É mesmo. – Rony pegou o celular e o olhou voltando novamente a rir. – Tudo bem com você? Mir One? – Ele gritou fazendo Mione afastar o celular do ouvido.

            - Comigo Sim. O Problema é que com você não. – Mione disse.

            - Alô? Senhorita?

            - Pode falar.

            - Precisamos fechar, poderia vim buscar seu namorado? – A garçom pediu.

            - Não é meu namorado... Mas eu vou buscá-lo. Não o deixe sair, por favor! – Mione disse apavorada.

            - Certo.

            Rony ria descontroladamente e mal conseguia ficar sobre o banco onde estava sentado. Mione por sua vez se trocou extremamente rápido, pegou o carro e foi atrás do bar onde Rony estaria. Ela colocou uma camiseta onde caberia três dela, preta, uma calça de ginástica e os cabelos soltos e bagunçados, não tinha tempo de se arrumar. E ela estava desesperada.

            Depois de difíceis dez minutos para colocar Rony no carro e fazê-lo colocar o cinto, Mione conseguiu ir para o prédio o mais rápido que podia. Eram 5h da manhã quando ela conseguiu com muito esforço colocar o ruivo para dentro. Como poderia deixá-lo do lado de fora? No corredor? Sem escolha empurrou ele para dentro do seu apartamento.

            - Mir One! – Rony falou. – Você ta bonita.

            - Obrigada, Ron. Mas você está bêbado, não sabe o que está falando. – Mione disse revirando os olhos.

            - Um bêbado bonito né? – Rony perguntou e riu.

            - Quieto! Vai acordar Luna e Gina. – Mione cobriu a boca do ruivo que dava mais risadas, porém essas abafadas pela mão de Hermione. - Vem comigo. – Rony continuava rindo. – Eu ainda te mato Rony. – Hermione exclamou.

            - Aonde vai me levar? – Rony perguntou.

            - Você precisa lavar o rosto.

            Mione abriu a porta de seu quarto e levou Rony até seu banheiro, abriu a torneira da banheira. Colocou Rony ajoelhado de frente para a banheira e se ajoelhou ao lado do ruivo.

            - Quanta água! Vamos nadar? – Rony falou animado, juntando as mãos como se fosse mergulhar.

            - Não! Vamos lavar seu rosto. – Mione falou pacientemente. Ela empurrou lentamente a cabeça de Rony um pouco mais para frente onde deixou a água cair sobre os cabelos laranja dele.

            Os cabelos estavam grudados no rosto do ruivo, os olhos verdes azulados ligeiramente vermelhos, quando Rony ergueu a cabeça mirou Hermione.

            - Sabia que você tem pintinhas roxas e amarelas nos olhos? – Rony perguntou sorrindo.

            - Ah... Rony... – Hermione sorriu, afastou os cabelos molhados do ruivo para deixar seu rosto dele livre. Ela colocou a mão levemente na bochecha dele e o acariciou.

            - Mione... Sua camiseta é legal! – Ele falou ainda a mirando.

            - Obrigada...

            - Hermione? – Rony falou se aproximando dela.

            - Oi? – Mione falou olhando Rony de perto.

            - Posso te falar uma coisa? – Rony ainda falava enrolado.

            - Fala Rony... – Hermione disse enquanto não conseguia desviar o olhar do ruivo. Ela pensava que finalmente Rony tomaria uma atitude.

            - Sabe... Eu... – Rony falou.

            - Você?

            - Eu estou com muita fome. – Rony falou.

            - Ah... Claro! Vamos para a cozinha. – Hermione disse meio decepcionada, porém sorriu. Era realmente a cara de Rony fazer isso.

            - Eba! – Rony exclamou sorrindo como nunca.

            - Rony! Sabia que você não existe? – Hermione disse se levantando e ajudando o ruivo a se levantar.

            Na cozinha Mione fazia os sanduíches enquanto Rony continuava rindo até mesmo do vento. Por um momento ele apenas ficou olhando Hermione, em silêncio e com ternura.

            - O que foi? – Mione perguntou ao perceber que Rony a olhava.

            - Nada... Só que você está realmente bonita. – Rony disse sinceramente. Hermione riu.

            - Rony... Eu estou com uma camiseta do Nirvana da época que meu pai era jovem, estou com uma calça que a ultima vez que usei foi há um ano e o meu cabelo além de está bagunçado também está molhado. – Hermione falou constrangida pegando um lassinho para amarrar os cachos. – Você só pode está muito bêbado.

            - Não! Eu gosto do seu jeito assim. Você fica linda com o cabelo solto. E eu sou fã do Nirvana. – Rony exclamou sorrindo.

            - Rony o que eu faço com você? – Hermione sorriu. Naquele momento não existiam nem Lilá, nem medo. Só existiam Rony e Hermione.

            - Me faz muitos sanduíches! – Rony exclamou dando vivas e fazendo Mione voltar a sorrir.

            Depois de alguns minutos e muitas gargalhadas de Rony e broncas de Mione, ela conseguiu terminar não poucos sanduíches, mas vários. Exatamente como o ruivo queria. Afinal depois de tudo até ela mesma estava com fome.

            Hermione era boa naquilo. Boa com lanches, na verdade trabalhar na lanchonete até fazia sentido. Pegou todos os sanduíches e colocou em cima da mesa, pegou uma jarra de suco e dois copos. Sentou-se em frente a Rony.

            -  No cardápio de hoje temos sanduíche de presunto com tomates e mussarela esquentado de uma maneira que só a cheff sabe fazer. E para beber, um excelente suco de uva, industrializado. – Hermione falou rindo. Afinal ela já estava cansada de ser sempre tão chata e mal humorada. Ela acabará de sair sozinha de madrugada, acabará de resgatar um ruivo bêbado de um bar desconhecido e também acabará de colocar o mesmo ruivo para dentro do apartamento, sendo que todos estavam dormindo. Ela merecia uma folga, merecia sorrir, se divertir, pelo menos uma vez na vida. Ela só não queria pensar na reação de Rosa caso soubesse que a filha fez tudo isso.

            - Hum... É melhor sandchecom. – Rony falou com a boca cheia espirrando comida pela mesa.

            - Desculpa... Mas não entendi. – Hermione falou rindo. Mesmo falando de boca cheia ele continuava sendo encantador. Se até mesmo bêbado ele continuava sendo sedutor, uma mania grosseira não mudaria o fato de ela achar ele perfeito.

            - É o melhor sanduíche que eu já comi. – Rony falou depois de engolir.

            - Acredito... Ainda mais você tendo uma mãe que cozinha mal como a senhora Weasley. – Hermione falou sarcasticamente.

            - Ela não sabe fazer sanduíches. Sempre faz de carne, e eu odeio sanduíche de carne. – Rony fez careta. – Mas você tinha que ser perfeita até quando cozinha? – Rony falou pegando outro sanduíche. Mione ficou apenas quieta. Perfeita? Ela? A única reação foi sorrir. – Acho que estou melhor.

            - Está... Nem me chamou mais de Mir One! -

            Rony olhou surpreso. Engoliu o sanduíche e tomou suco.

            - Que namorada? – Rony perguntou parecendo não entender do que Mione falava.

            - Como assim que namorada? Quantas namoradas têm? Além daquela loira que ama rosa? – Mione gritou.

            - Não precisa gritar oK? – Rony também gritou.

            - Não me diga o que fazer! – Hermione levantou.

            - Não fique louca então! – Rony também se levantou – Perguntei “Que Namorada” porque terminei com a Lilá. Não tenho mais namorada. – Rony ainda gritava.

            - Não tem? Terminou? Mas... – Hermione não sabia daquilo. Ela abaixou o tom.

            - É terminei! – Rony não fez a mesma coisa, ele continuava gritando. – Quando me viu com ela de manhã eu estava acabando com tudo! – Rony era bom em gritos.

            - Por que bebeu então? – Hermione voltou a falar alto só para não perder o controle da situação, mas algo dentro dela gritava: “Ele terminou com ela. Agarre-o Hermione! Agarre!”

            - Bebi por sua culpa! – Rony falou.

            - Minha? Culpa? Afinal o que eu tenho haver com isso?

            - TUDO! – Rony andou até o lado que Hermione estava agora nada os separava. Nada além do espaço vazio.

            - Não entendo. Não tenho nada haver com isso. – Mione replicou. Odiava que as pessoas a culpassem.

            - Vi você com seu namoradinho! E fiquei irritado. Como pode me beijar e ter namorado? – Rony gritou.

            - Não tenho namorado! Não sei do que está falando. – Hermione realmente não entendia.

            - Te vi de mãos dadas com ele lá naquela lanchonete. – Rony falou e estava vermelhíssimo.

            - Mãos dadas? – Hermione pensou. Lembrou-se, obviamente Rony a viu com Flavinho. – Você não entendeu nada! O Flavinho...

            - Então esse é o nome dele? Por que não me contou que namorava? – Rony disse.

            - Porque ele não é meu namorado! Por sinal ele é gay! Gay Rony. Sabe o que significa ser Gay? – Hermione gritou. Quem o ruivo pensava que era para acusá-la assim? – E mesmo que fosse meu namorado qual o problema? Pior você que diz ter terminado com Lilá e estava aos beijos com ela! – Hermione estava à beira das lágrimas.

            - Ela me agarrou! Ele é realmente gay? – Rony perguntou se aproximando de Hermione.

            - Sim... – Ela respondeu em voz baixa.

            Na porta da cozinha Gina e Luna olhavam a cena assustadas, elas estavam ali desde o começo.

            - Vamos Luna... Ou vamos estragar o momento. – Gina puxou Luna para o corredor deixando Mione e Rony sozinhos.

            - Me perdoa por ter gritado! – Rony abraçou Mione, ela afirmou que perdoaria com a cabeça.

            - Tudo bem...

            - Mione... – Rony ergueu o rosto de Mione, retirou uma mecha da frente dos olhos dela e se aproximou mais, e mais, e mais. Tocaram os lábios de uma maneira intensa, mais ou mesmo tempo calma. Hermione passou os braços em volta do pescoço de Rony e ele a segurou pela cintura. Suas línguas brincavam no mesmo compasso. O coração acelerado faltava ar. Separaram-se, sem na realidade se separar. Apenas afastaram os lábios enquanto se miravam com ternura.

            - Mione... Mione... – Hermione pensou de quem seria aquela voz chata que estava atrapalhando seu momento tão perfeito com Rony. – MIONE!

            De repente a cena se desfez, Hermione estava sentada de mau jeito no sofá, livro aberto na mão, cobertor no chão e em sua frente Luna.

            - Droga! – Hermione falou olhando em volta.

            - O que o Rony faz no seu quarto? E por que está dormindo aqui? – Luna falou olhando Mione.

            A morena tinha o rosto desapontado.

            - Tudo um sonho! Um sonho! – Mione exclamou fechando o livro com raiva. Aos poucos se lembrou do que tinha acontecido. Era realmente tinha ido buscar Rony no bar, também tinha ajudado ele a lavar o rosto, e também tinha feito sanduíches. Mas sem conseguir servi-los para ele, pois o menino pegou no sono e o pior em sua cama. Obrigando ela a se trocar na sala e a dormir lá mesmo.

            - Luna! Você não acreditaria em tudo que aconteceu! – Hermione exclamou cansada.

            - Mione? Sabia que o Rony está roncando no seu quarto? – Gina falou entrando na cozinha.

            - Eu sei Gina. Mas eu preciso de um café para poder contar tudo. Um café bem forte! – Hermione disse se levantando do sofá e indo para a coisinha. – Mas como adiantamento... Eu só queria entender essa vida. Um sonho. – Exclamou. – Sonho! E parecia tão real! – Ela continuou falando sozinha.

            - O que será que aconteceu? – Luna falou.

            - Não sei, mas estou louca para saber! – Gina olhou para Luna. Vamos logo! – Ela arrastou a loira em direção da cozinha.

            Fim do Capítulo 5. 


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