Demétria ficou doente em casa por duas semanas. Nick ia vê-la todos os dias depois da aula, mais isso de nada adiantava, a garota ficava sempre do mesmo jeito calada fitando um ponto aleatório da parede perdida nos próprios pensamentos.

O médico que a estava atendendo em casa disse para David e Selena que ela poderia voltar às atividades normais, pois já estava melhor, porém nem ele entendia o porquê de a garota estar se comportando assim.

Era domingo, no dia seguinte Demétria voltaria à escola. Ela estava sentada no último degrau das escadas, quando alguém se aproximou.

Um garoto de cabelos loiros e olhos azuis sentou-se ao lado dela.

-Então, pronta para voltar à escola? – Ele perguntou tentando anima - lá.

Ela o olhou como se estivesse tentando entender o porquê dele estar ali.

Ela suspirou e então pela primeira vez depois daquelas duas semanas disse alguma coisa.

-Escuta – Ela não soava tão ‘’feroz’’ quanto a duas semanas atrás – Não é porque aconteceu aquilo lá na praia que eu vou passar a gostar de você.

-Eu nunca disse que queria que você gostasse de mim.

Ela o olhou confusa.

-O que veio fazer aqui?

-Ver você.

-Por que...

-Porque mesmo sem te conhecer direito e já tendo levado um monte de foras seus eu me preocupei em saber se você estava bem. – Ele deu um meio sorriso.

-Então acho que já pode ir embora.

Ele revirou os olhos. Não conseguia entender como alguém podia ser daquele jeito.

E como ela podia não gostar dele? Todos gostavam dele.

Apesar de estar inconformado achou melhor ir embora mesmo, ele ainda tinha muito tempo pra descobrir porque ela era assim.

Na segunda pela manhã, Demétria se levantou, tomou um banho, colocou uma calça vermelha, uma blusa preta e seus tênis converse já bem surrados e esperou na sala até que a cunhada acordasse.

Selena se levantou e ia em direção a cozinha, pensou que Demétria já teria saído para a escola, afinal preferia ir sozinha. Para sua surpresa a garota estava sentada no sofá, com a mochila jeans jogada a seu lado.

-Será que... – Demétria hesitou – Será que você pode me levar?

Selena ficou confusa por um momento, nunca achou que ouviria uma coisa daquela vinda de Demétria.

-Ér, claro.

Selena trocou-se rapidamente e pegou as chaves do carro. No caminho não conseguindo evitar a curiosidade ela perguntou.

-Então, porque me pediu pra levar você?

A garota não disse nada, Selena já até tinha perdido as esperanças de uma resposta quando Demétria começou a falar.

-Eu não... Eu só não queria ir sozinha, achei que... – Ele gaguejava e falava vagarosamente repetindo o inicio das frases – Achei que ter companhia seria melhor.

Um pequeno e súbito instinto materno invadiu Selena naquele momento.

-Insegura? – Ela perguntou.

Demétria assentiu vagarosamente mal acreditando que estava conversando com Selena.

-Ei, vai ficar tudo bem, não se preocupe. – Ela passou as mãos pelos longos cabelos castanhos da garota.

Selena estacionou o carro em frente a escola de Demétria, enquanto descia do carro sob os olhares curiosos dos alunos, a garota virou-se para trás e sussurrou.

-Obrigada.

Selena ficou feliz de ouvir aquilo, ela deu um largo sorriso para si mesma e depois ligou o carro e voltou para casa.

Enquanto adentrava os portões Nicholas foi ao encontro de Demétria.

-Que bom ver você de novo – Ele disse um pouco inseguro com medo de não ter nenhuma resposta.

-É te ver de novo também.

Ela deu um largo sorriso e o abraçou.

Ele não tinha como negar como gostava de sentir o corpo dela perto do dele.

Quando se soltaram do abraço Demétria perguntou.

-Será que a partir de agora eu posso chamar você de ‘’Nick’’?

-UAU, essas duas semanas te mudaram muito. É claro que pode.

-Ei – Ela disse sorrindo – Se quiser você pode me chamar de Demi.

-Alguém mais te chama assim?

-Só minha melhor amiga de NY.

-Então tá Demi.

Os dois riram.

Na hora do intervalo Demétria e Nicholas estavam conversando quando Sterling se aproximou dos dois.

-Estou vendo que você já esta bem melhor.

-Olha, porque você insiste nisso? EU NÃO GOSTO DE VOCÊ!

-Sterling, por favor – Nicholas disse.

-Okay, Okay. – Mais eu não desisto fácil, em pouco tempo você vai estar doida pra ser minha amiga.

De uma mesa do refeitório Taylor observava o namorado falando com a Demétria - novata idiota – Lovato.

Assim que Sterling saiu de perto de Nicholas e Demétria ela se dirigiu até lá com suas amigas que nunca desgrudavam dela.

-Novata – Ela disse – Precisamos conversar.

Demétria não tinha a mínima vontade de falar com aquelas garotas, mais antes que pudesse responder um ‘’não’’ sentiu o braço sendo apertado pela tal da Taylor foi arrastada até o corredor.

-Fique longe do MEU Sterling.

-O que? Pirou garota?

-Eu não sei o que você fez, mas ele tem falado muito de você ultimamente, vou te avisar uma única vez, fique longe dele e você sofre menos, Okay?

-Eu não estou interessada no SEU Sterling! Eu quero mais é que ele se exploda junto com vocês.

Demétria virou as costas e saiu andando. Voltou para o refeitório e puxou Nicholas pelo braço até o jardim da escola, onde eles ficaram até o fim do intervalo.

Depois da aula Nicholas acompanhou Demétria até em casa. Ela entrou e encontrou Selena na cozinha preparando o almoço.

Ela se virou ouvindo o barulho dos passos da garota e deu um largo sorriso.

-Que bom que já chegou!

Depois de tudo o que havia acontecido, apesar de no fundo querer continuar com sua completa indiferença com a cunhada ela sabia que não conseguiria, seria estranho tratá-la bem mais ela iria tentar.

-Ér, oi.

-Então como foi a escola?

Demétria não estava acostumada a ser perguntada sobre como fora seu dia.

-Normal. – Ela puxou uma cadeira e sentou-se.

O silencio permaneceu por alguns minutos, até que Demétria o quebrou.

-Obrigada... Por... Me levar hoje.

-Não foi nada. – Sabe, eu tive uma idéia, e se eu e você saíssemos sei lá, pra fazer compras?

-Selena, não me leve a mal, mais esses programinhas tipo amiguinhas não são muito a minha praia.

O sorriso de Selena diminuiu um pouco.

-Eu vou para o quarto.

-Não vai almoçar?

-Não estou com fome.

Selena ficou pensando como poderia se aproximar mais da garota. Ela era tão diferente das outras.

Ela se lembrou de quando era mais nova, entre 14 e 15 anos. Adorava organizar festas do pijama com as amigas, sair para fazer compras, conversar, ficar acordada a noite toda, ver filmes para ver quem eram os atores mais bonitos, era isso que ela esperava fazer quando Demétria chegasse, mais a garota era completamente diferente, gostava de ficar sozinha trancada no quarto e só tinha um amigo.

Mais ela tinha esperanças de encontrar algo que pudessem fazer juntas.

Na casa de Nicholas, o garoto estava deitado no sofá jogando pra cima uma bola de futebol americano.

Ele ouviu a mãe chamar.

-Nick vem almoçar.

-Não to com fome! – Ele gritou de volta.

Estava completamente perdido em pensamentos que se resumiam a uma coisa: Demétria Devonne Lovato.

Ele não parava de pensar um segundo se quer nela. Tinha sorte de ser seu único amigo. Tudo bem era um pensamento egoísta, mais ele não podia se culpar por ela ter entrado tão inteiramente em sua vida.

Ele apenas estava começando a ficar preocupado com o fato de Sterling estar querendo tanto se aproximar dela. Ele tinha medo que assim como ela Sterling se apaixonasse por aquela garota, que ele queria só pra ele.

Demétria estava deitada no quarto, olhou para o canto onde agora não havia mais o violão e só um vazio.

Ficou pensando em coisas aleatórias, palavras soltas em sua cabeça, por algum motivo algumas delas acabaram rimando então ela pegou uma caneta e um papel e começou a anotar as palavras que vinhas em sua cabeça.

Agora mesmo que quisesse não tinha mais o violão para tocar as notas que ela achava que combinariam. Na verdade ela não queria pegar tão cedo em um violão.

Pensou em um ritmo que combinava com as palavras e a capela começou a cantar.

Até que não estava ruim. Guardou a letra da música em baixo do travesseiro e deitou-se novamente, acabou pegando no sono.

Dessa vez não foram os pesadelos que invadiram sua mente durante o sono, mais sim o lindo sonho de uma lembrança, muito antiga.

‘’ A garotinha de cabelos castanhos médios corria pelo gramado do central park, ela usava um vestido de seda cor-de-rosa e trazia um imenso sorriso no rosto.

A figura de um garoto um pouco mais velho, de cabelos pretos corria atrás dela, estavam brincando.

Um homem alto de cabelos pretos estava sentado sobre uma toalha de piquenique junto com uma mulher de longos cabelos castanhos ondulados e enormes olhos da mesma cor.

Os dois riam felizes, ao verem as crianças brincando. O homem se levantou e pegou a garotinha no colo, a levantando alto, bem acima de sua cabeça. Então ele disse:

-Vamos praticar um pouquinho princesa?                    

A menina sorriu sem os dentes da frente.

-Claro!

Os dois sentaram-se sobre a toalha estendida no gramado e começaram a tocar notas no violão. A voz fina de criança, porém muito bonita e afinada da garota cantava.

You tucked me in
Turned out the light
Kept me safe
And sound at night
Little girls depend on things like that

Brushed my teeth
And combed my hair
Had to drive me everywhere
You were always there when I looked back

You had to do it all alone
Bank a live
And make a home
Must've been as hard as it could be

And when I couldn't sleep at night
Scary things wouldn't turn out right
You would to hold my hand
And sing to me

Caterpillar in the tree
How you wonder who you'll be?
Can't go far but you
Can always dream

Wish you may and wish you might
Don't worry, hold on tight
I Promise you
There will come a day
Butterfly fly away
Butterfly fly away (Butterfly fly away)

Butterfly fly away
Got your wings, now you can't stay
Take those dreams and make them all come true

Butterfly fly away
You've been waiting for this day
All alone you know just what to do

Butterfly,
Butterfly,
Butterfly,
Butterfly fly away

Ela errava em algumas partes por não saber falar corretamente, mais o homem, a mulher e o garoto ouviam como se fosse a coisa mais linda do mundo.’’

Enquanto dormia, o sonho proporcionou a Demétria um lindo sorriso involuntario, fazia tanto tempo que ela não sonhava com algo tão bom.