“-  Então... ela gosta do Senhor Raven... “

“ – Ele.. não esqueceu a Selith... “

 Após Aisha ter presenciado a tal cena, suas pernas ainda tremiam. Seu estômago estava completamente embrulhado, e ela parecia suar frio.

 Ela entendera que Raven ainda não havia esquecido Selith, mas, o mais doloroso, fora saber que todo esse tempo, ele passara a impressão de que estava bem, e que havia se recuperado de casos passados. Ele a via como uma criança? Por isso desabafara com Rena, e nunca comentara nada com ela sobre isso? Bem, qualquer que seja a resposta, ela sentiu que não poderia ficar mais ali.

 A menina repentinamente sentiu o mundo desabar, e colocando o braço em frente aos olhos, sentiu suas belas mangas brancas serem umedecidas por suas lágrimas quentes. Ela saiu correndo. Não se importou de ouvirem seus passos ou não, só queria ficar longe dali.

  A maga corria o mais rápido que podia sempre sentindo o vento bater contra seu rosto, deixando pequenas lágrimas para trás.

 Correra tanto, que nem percebera quando passou por Chung.

  Enquanto Aisha presenciava o desabafo de Raven, Chung havia feito uma reflexão consigo mesmo. Não odiava Raven por Aisha amá-lo, tão pouco odiava a garota em si, por não retribuir os sentimentos que ele nutria por ela. Na verdade, odiar ambos era uma tarefa impossível para Chung. Amava Aisha, e passara a admirar Raven ainda mais, por ser capaz de fazer algo que ele não conseguiu: atrair a atenção da maga.

 Enfim, havia tomado uma decisão importante, porém, ao ver a menina correr, teria de tomar outra decisão tão importante ainda. Falar com ela? Deixá-la ir?

 Ele na verdade não teve muita escolha, sua mente automaticamente mandou os comandos para ele correr atrás. Ele sabia que quando chegasse perto dela, provavelmente iria corar ao perceber que não tinha nada para falar, e iria vê-la chorar sem poder fazer nada, mas... ele não podia simplesmente ignorá-la.

 Pouco menos de 3 segundos depois, o garoto vai atrás dela, e grita por seu nome uma vez. Ele acreditou que ela não fosse parar, mas, ela de fato parou. Não virou para trás e ficou de cabeça baixa. Ele não percebeu, mas havia pego a mão dela.

 Criou-se um silêncio mórbido entre os dois. A única coisa que podia ser ouvida era o choro das cigarras, e o som do vento da noite, sempre solitário.

  - Oquê eu vou fazer?! Porquê fiz isso?! Chung idiota! Idiota! idiota! Idiota! – Chung pensava consigo mesmo. Enquanto mantinha uma feição congelada, e um pouco corada, sempre segurando a mão de Aisha, seu pensamento o culpava por ser impulsivo desse jeito. Um “ mini Chung “  chorava e reclamava em seu consciente, enquanto mexia as orelhas de Pikachu freneticamente.

- Eu tenho que falar algo...!  - Chung voltou a si, fazendo a imagem do “  Mini Chung “ sumir. – Eu tenho que falar algo... ! – o coração de Chung estava extremamente acelerado, e aos poucos ele voltava a corar.

 O rapaz chegou a levantar seus lábios para pronunciar uma palavra, mas, ao fazer tal movimento, Aisha toma a primeira palavra.

- Humm... bonita as estrelas... – a garota comentou com a voz trêmula e baixa, ainda de costas para Chung.

- Eh... hum.. sim...  – ele entende que o comentário repentino era para talvez, tentar esconder que ela estivesse chorando. Nisso ele percebe que ainda estava segurando a mão direita da garota, e rapidamente a solta, muito nervoso, sentindo seus braços e mãos adormecerem. Logo depois de um tempo, ele decide continuar o diálogo. – você gosta de olhar as estrelas?

- Uhum... são muito bonitas... mas, as acho um pouco pequenas daqui... o céu deveria ter estrelas maiores – sua voz foi levemente alternando o tom para algo mais natural. Ela provavelmente estava se acalmando.

 Chung estava um pouco pasmo por ela ter parado de chorar tão rapidamente. Apesar de não saber o motivo da tristeza da garota, sabia que quando alguém ficava triste, demorava um pouco mais a melhorar... ou será que isso era apenas ele?

- Chung... – ela começou falando o nome do garoto, e virando um pouco o rosto para trás.

- ah.. s-sim?! – ele pergunta, corando –

- Ehe..... não é nada – ela termina de virar seu rosto, deixando-a cara a cara com o menino. Apesar de estar com  o rosto um pouco vermelho ainda, e com algumas marcas de lágrimas pelo rosto, a menina dá um sorriso.

 Aquele foi, para Chung, o sorriso mais belo que ela já dera, pois foi para ele.

Ele ficou em silêncio, intacto. Alguns segundos depois, Aisha despede-se, acenando  levemente com a mão direita.

- Boa noite.... Aisha. – ele diz, após ela já ter ido embora.

 A noite passa tranqüila. A menina demora um pouco para dormir, mas, logo depois consegue acalmar-se. Oquê ela não sabia, era que talvez sua manhã fosse um pouco mais agitada.

Hmm... – ainda sentada na cama, ela percebe uma carta embaixo de sua barraca. Aparentemente, tinha sido posta ali por alguém de fora.

 A garota pegou com a mão esquerda, e analisando o papel liso e branco, achou estranho. Quando foi retirar um selo azul, estranhamente familiar para ela, a voz de Rena pronuncia uma frase que ecoa por seus ouvidos.

- Chungzinho foi embora. – a elfa falava com a mão esquerda apoiando seu rosto, de olhos fechado e com feição de pesar.

- Eh....? – as pupilas de Aisha se dilatam.

- EEEHHHH?! Ah, cara, logo agora que agente tinha feito amizade. -  Elsword estava aparentemente chateado.

- Ele deve ter enjoado do jogo de cartas, ou de nós três jogando pedras no lago. – Raven debochava, mas estava no fundo bastante sentido. Tinha se acostumado com o garoto, e com os jogos de carta que Elsword os obrigava a jogar. Em outras palavras: Tinham se tornado amigos.

- Que pena... um garoto tão educado. – Eve também lamentara. – Diferentemente do meu cavaleiro. – ela diz a última frase rapidamente, dando um olhar indiscreto para Els.

- E...ve.... – Elsword ficara bravo por Eve tratá-lo como guarda-costas de novo.

- Mas, Rena, ele não deixou nenhuma carta? – Raven perguntou, interessado.

- Deixou sim. Além de se despedir, e agradecer infinitas vezes por tudo oquê fizemos para ajudá-lo, ele diz que se quisermos saber mais, é só perguntarmos para a Aisha.

- AAH DROGA! Essa preguiçosa ainda está dormindo! – Elsword retruca, mas no fundo, talvez soubesse do que se tratava.

- .... comigo? – a garota, ainda dentro da barraca, acha estranho, e então, direciona seu olhar para a carta novamente. Ela reconhece o selo dos Seiker.- Eh? Porquê para mim?! – Ela pergunta para si mesma, enquanto abre a carta.

        Querida Aisha

Quero que saiba que, aprendi muito com todos. Principalmente com você.

Não estou indo embora por nada. Preciso me tornar um guerreiro melhor, e também, uma pessoa melhor.Na verdade, minha fraqueza está sendo mostrada nesta carta mesmo, afinal, se eu fosse um homem de verdade, falaria á você pessoalmente, coisa que agora, eu infelizmente não conseguiria. Peço desculpas se alguma vez te aborreci, perguntando algo que talvez não me interessasse, ou talvez por ficar te olhando durante muito tempo. Me desculpe, eu realmente sinto muito. A verdade, é que eu realmente gosto MUITO de você, e é por isso que vou ir embora.

 Entendo o fato de você não gostar tanto de mim, ou preferir outra pessoa, e não a culpo por isso, porquê talvez, mesmo depois de eu voltar do meu treinamento, eu provavelmente vou continuar não sendo muito alto, muito maduro, e ainda vou continuar usando uma armadura chamativa. Mas, minha meta, não é conseguir um beijo seu, ou coisa do tipo. Sei bem que isso está muito longe da minha realidade, é como um sonho intocável. Mas sei que você pode me oferecer um abraço e um “Bem-vindo de volta! “ quando nos encontrarmos novamente. Até lá, peço que por favor me espere, e lembre de mim como um bom amigo, que gostou de você um pouco mais do quê devia.... ok, MUITO mais do quê devia.

                                                                             Com amor, Chung Seiker.

Aisha estava chocada e totalmente tocada também. Fora a carta mais linda que já lera. Expressava o sentimento do garoto de forma que ela talvez nunca entendesse.

  Aisha estava prestes a derramar uma lágrima, até ler a última frase da carta:

P.S: Ás 20:00, vá até aquela colina ao lado do lago. É um pedido meu, ok?

Oquê será que era? Será que ele queria se encontrar uma última vez com ela?

 Aisha passou com essa dúvida o dia inteiro. Passou o dia inteiro desviando dos outros também, para evitar perguntas que ela não soubesse responder.Quando começou a anoitecer, Aisha  pôs ma roupa quente, e levando a carta colada ao seu peito, correu até a colina.

- Hmm... já vai ser 20:00.. oquê será quer me mostrar? – Aisha estava com uma feição um pouco preocupada, e estava bastante nervosa.

Um pouco longe dali, no meio de algumas árvores um garoto de cabelos loiros, segurando um revólver junto de sua arma principal, fitava o céu.

 Ele olha para o revólver, que dali em diante usaria no caminho que havia escolhido, e então, abaixa-o, levantando a grande arma de metal para cima, e gritando:

- ... Shooting Star! – ao pronunciar as palavras, vários mísseis saem dali.

Os mísseis começam a percorrer todo o céu, de forma que era impossível não vê-los. Apesar de ser uma difícil habilidade, Chung deu o melhor de si para fazer algo por alguém. Ele deu as estrelas grandes que Aisha queria.

- Eeeh..?! que.. lindo! – Aisha via aquelas luzes no céu, movimentando-se, e brilhando, como de fato, várias estrelas grandes. – obrigada.... Chung. – Ela agradecia, enquanto olhava o espetáculo aos poucos se desfazer no céu.

Enquanto isso, do outro lado, Chung também assistia a sua obra prima se terminar.

- Aisha.. eu sei que você vai me esperar.... – Ele sorria abertamente, com os olhos brilhando, enquanto dava as costas, e seguia seu caminho,  para voltar alguém melhor. Alguém que talvez um dia, Aisha pudesse gostar.

“ Estrelas por sorrisos. Nada mais justo para mim.”