Mutação Oculta escrita por Athenaie


Capítulo 4
Capítulo 4




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A noite estava mais quente que as ultimas noites em que fui ao Fangtasia. Tal como combinado, eram 23:00 quando estacionei o carro perto do bar. A saída ocorreu-me se não seria a última vez que o conduzia e eu que trabalhei tanto para o comprar.
O bar não estava aberto ao público e bati à porta. Ninguém atendeu. Bati outra vez e uma mulher da limpeza abriu-me a porta. Após explicar-lhe o que queria deixou-me entrar. Parecia apressada para sair dali, provavelmente antes da chegada dos vampiros.
Nos últimos tempos muitos humanos trabalhavam para os vampiros mas não conheci nenhum que estivesse contente. O medo estava sempre presente.
O bar estava deserto. Caminhei até ao centro enquanto pensava se me devia sentar, se devia ir bater à porta do escritório, se parecia muito mal ir roubar uma garrafa de vodka e emborca-la de uma só vez quando ele apareceu.
A velocidade é um dos dons dos vampiros. Movem-se tão rápido que para o olho humano, ora não estão lá, ora já estão em frente a nós.
Apesar de o Eric ser o homem….vampiro mais irritante que conheci, não pude deixar de ficar impressionada com a beleza dele. Tudo nele faz lembrar uma estátua dum escultor antigo.
Se tivesse que descrever o Eric numa palavra seria ‘’Impressionante’’ ou……’’Sexo’’!
 - Gosto de pontualidade! – Disse
 - Olá para ti também! Estás bom?
 - Estou sempre bom, eu não me constipo, sabias? – Disse ele com um sorriso.
Pois, sabia mas é costume perguntar isso às pessoas quando as vemos.
Resolvi mudar de assunto e enfrentar o boi pelos cornos ou o vampiro pelos dentes.
 - Bom, como fazemos isto? – Sem ter muito bem a certeza se queria saber a resposta
 - Senta-te!
Pareço um cão. Só me falta ladrar e fingir de morta.
Ele sentou-se ao meu lado e explicou-me o que iria acontecer.
Após beber sangue sentir-me-ia mais corajosa (ou outras coisas também como loucura permanente). Para os habituados na droga seria visível que eu estava sob o efeito da droga, sendo que não desconfiariam da minha aproximação. Estaria já demasiado viciada e não queria passar um minuto que fosse fora do efeito alucinogéneo que o sangue provoca. Deu-me a morada do sítio onde estava a Catarina que ficava num bairro de má fama nos arredores, conhecido pelo tráfico de droga. Teria que arranjar forma de entrar na casa e sair de lá com a Catarina antes das 2 da manhã. Após essa hora não haveria nada a fazer.
Resolvi não pensar mais no assunto. Era tarde para mudar de ideias e não ia deixar que um ‘’acidente’’ roubasse a vida da minha amiga.
 - Vamos a isso! – Disse-lhe
 Ele olhou-me outra vez da mesma forma. Os olhos brilhantes de excitação. Poderosos. Era quase como se me comesse só com o olhar.
Havia decididamente ente algo diferente da forma como ele olhava para mim agora. Na generalidade ele passava pelos humanos como quem passa por objectos. Coisas sem interesse, que nos desviamos porque nem lhe queremos tocar. Desinteressantes, monótonos. Agora parecia que podia ver a adrenalina a correr-lhe no sangue e a minha corria de certeza. O meu coração disparou e eu tentei controlar-me. Os vampiros ouvem muito bem e eu não gostaria que ele percebesse que me conseguia afectar. Não sei se consegui disfarçar muito bem. Acho que não.
Sem me dizer mais nada, levou o próprio pulso à boca e….mordeu-se. O sangue jorrou de imediato das duas feridas profundas que as suas presas provocaram.
Levou o pulso à minha boca e disse: Bebe!
Pensei que ia vomitar. Não é uma gotinha ou duas? Tenho que beber o sangue dele a jorrar daquela forma do corpo dele? Não sou capaz….
 - Bebe antes que sare e eu tenha que abrir outra vez!
Respirei fundo, o mais que os pulmões aguentavam – o que não era muito porque como fumadora, já respirei melhor – e peguei-lhe no pulso com as duas mãos, uma de cada lado das feridas e coloquei a minha boca no sangue que ainda jorrava abundantemente. Fechei os olhos e comecei a engolir. O sangue era doce e espesso. Não era mau de o beber, desde que não pensasse que era sangue. O Eric pareceu suspirar de prazer…..seria? Não me posso desconcentrar ou acabo por vomitar e continuei a ingerir o que podia. Ele rodeou-me o corpo, ficando eu de costas para ele com o pulso na minha frente. Senti o corpo frio e duro encostado ao meu e a forma como ele me abraçava. Desconcentrei-me e ele disse com uma voz lânguida: Bebe.
Voltei a beber e ele rugiu de prazer e apertou-me com força contra ele. A minha cabeça girava. O sangue, o vómito iminente, o corpo dele, senti um calor no meu corpo que subia (ou descia sei lá), quando ele rugiu de prazer pela segunda vez tive a certeza que o meu corpo queria o dele. Queria senti-lo encostado a mim, queria beija-lo, arranha-lo, queria senti-lo dentro de mim….e ele afastou o pulso da minha boca.
 - Chega – disse - O meu sangue é muito forte e não podes beber mais.
Era como se o meu cérebro estivesse branco e ainda a fazer reboot.
 - Hã??? Era a única coisa que me ocorria.
Ele recostou-se no sofá e fechou os olhos. Perguntei-lhe:
 - Estás mal? – Sei lá, foi burrice mas eu nunca fui próxima de vampiros, para mim ele até podia estar fraco pela perda de sangue.
 - Estou óptimo!! – Disse ele com um ar triunfante.
E foi aí que eu percebi. Os vampiros têm prazer físico de ter alguém a beber o seu sangue. Foi como se ele tivesse feito sexo comigo. E de uma certa forma fez. Houve um líquido dele que entrou no meu corpo. Quis irritar-me com ele. Senti-me enganada. Ele sabia bem o que ia sentir durante o processo.
Mas ….Estaria a ser hipócrita. Eu que desmaiava ao primeiro sinal de sangue desejei-o, enquanto bebia o sangue dele. Desejei-o com todas as minhas forças, com todas as minhas células e vou irritar-me com ele porque ele tirou prazer físico disso??
Resolvi não pensar mais no assunto e tentar acalmar-me. Dentro de segundos iria começar a sentir os efeitos do sangue e não sabia o que esperar.
 - O que quiseste dizer com o ‘’o meu sangue é muito forte’’?
 Ele abriu os olhos e eu achei que estava a ver coisas já do efeito da droga, mas os olhos dele não me pareceram cheios de ódio. Pareciam calmos e meigos??
 - Quanto mais idade, mais forte é o nosso sangue e os efeitos podem ser imprevisíveis.
 - Que idade tens?
 - Deixei de contar após o primeiro milénio.
 - Desculpa??? – Estava parva – Tens mais de mil anos???
 - Sim, tenho!
 - Uauuu! Essa não esperava. Tens que me contar isso com pormenores.
 - Outro dia. Hoje temos trabalho para fazer.

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