“Algumas coisas valem a pena esperar...
Mesmo que você tenha que esperar para sempre.”

             Eu observava Matt a uma certa distância. Estávamos dando uma pausa em mais uma reunião. West estava do meu lado – voltamos a nos falar fazem 3 dias –, conversando comigo enquanto Feliciano estava com o irmão. Eu não estou no meu melhor humor, então estou mais afastado dos outros.

             Hoje faz uma semana desde a festa. E desde aquela noite, não troco uma palavra sequer com Matt. Não consigo. Ele ainda parece surpreso com o que aconteceu, anda me evitando e não quero forçar nada. Roderich vive me falando que certas coisas levam tempo até que amadureçam. Pela primeira vez eu segui um conselho do aristocrata afeminado e resolvi esperar.

             – Não consigo te entender. – Meu irmão me falou, fazendo meus pensamentos voltassem ao normal um pouco. – Você gosta do Matthew. Levante-se e vá falar com ele.

             – Não, West, e não vou te explicar o motivo pela milésima vez. – Revirei os olhos. Irmãos mais novos são tão repetitivos...

             – Olha, você já pensou se esse amadurecimento nunca vir e você ficar esperando para sempre? – Dramático, Feliciano está influenciando West – Se você ficar esperando até que ele dê o próximo passo, uma coisa que ambos sabemos que não vai acontecer? E o pior é que se ele está interessado em você, Gilbert, mas uma parede o impede de demonstrar. E se o mister Awesome não fizer nada, ele vai pensar que você não está interessado, vai partir pra outra e você ficará a ver navios.

             – Falou Ludwig, a voz da razão. Poupe-me. – Ele não estava ligando para meus xingamentos. Desde que soube de Matthew, passou a ser mais compreensível comigo. Odeio que ele se preocupe comigo. Eu sou o irmão mais velho, eu quem deve ficar preocupado com ele!

             – Posso não conhecer os sentimentos dele, Gilbert, mas conheço muito bem você para saber que essa espera está te matando por dentro. Você está sofrendo, e qualquer um que te conheça sabe disso. Antonio, eu, Elizaveta, Roderich... Até mesmo Francis!

             – É claro que Francis percebeu, West. Aliás, ele deve saber o motivo tão bem quanto eu e Matt – Falei o nome dele num tom mais baixo – Arthur e Alfred também já devem saber o que eu fiz... Droga, do jeito que Alfred é fofoqueiro, o resto do mundo já deve saber e...

             – Você realmente acha que Matthew contaria do beijo para alguém? Ele é tímido demais para contar. Além do mais, – West se pôs de pé e eu levantei a cabeça encarando-o – se ele tivesse contado, Arthur estaria começando uma Terceira Guerra Mundial agora, e não brigando com Francis – Eu voltei a abaixar a cabeça e West riu – Recomponha-se, seu prussiano safado, você já conquistou as terras canadenses. Só falta a sua pessoa parar de esperar e proclamar aquela terra como propriedade sua – Eu o olhei e ri. Como meu irmão podia ser tão idiota?

             Ele deu um tapinha em minhas costas e saiu andando na direção de Feliciano. Seguindo-o com os olhos, acabei desviando ao ver Matt. Alguns segundos depois ele olhou para mim. Sua expressão foi de surpresa por alguns segundos, mas sorriu – ainda que levemente – e voltou a atenção para a conversa animada que tinha com Alfred.

             West estava completamente errado. Eu não teria que esperar Matt para sempre. Eu havia acabado de perceber de que avançamos mais um passo – agora era minha vez de avançar.