“Beijo; um truque encantador desenhado pela natureza
para quando as palavras se tornam desnecessárias”

Foi tudo rápido demais. Em alguns segundos, nossos lábios estavam unidos. Ele manteve os olhos abertos por alguns segundos, surpreso. Os meus estavam semicerrados, e só os fechei completamente quando ele também fechou os olhos.

 Não sei o que deu em mim, eu só sei que estava adorando e não queria parar. Soltei seu queixo e o abracei pela cintura enquanto ele pousava as mãos no meu ombro. O beijo se intensificou e ele deu passagem para a minha língua. Pela primeira vez em anos eu quis que o tempo congelasse.

Sua boca era doce. Não como mel ou chocolate, como alguns apaixonados idiotas costumam falar. Ainda não sei definir à qual tipo de doce ele se comparava. Ah, e sua boca também era quente, diferente de sua pele naquela noite. Parecíamos estar em completa sintonia, era como se já tivéssemos nos beijado antes. Não parecia ser apenas a primeira vez.

Suas mãos deslizaram pelo meu ombro até chegar a minha nuca. Apertei ainda mais o abraço, querendo senti-lo ainda mais perto. Poderia continuar daquele jeito por um bom tempo, não me incomodaria. Pode soar meio idiota, mas eu ouvia pequenos sinos no fundo. Acho que estou ficando idiota.

Apenas separamos nossos rostos quando ficamos sem ar. O dei mais alguns beijos demorados – apenas um encostar dos lábios – e então paramos. Nossos rostos ainda estavam próximos quando abrimos nossos olhos. Matt estava assustado. Percebi que havia se colocado na ponta dos pés para ficar da mesma altura que eu. Seu rosto estava completamente vermelho e ofegava – respirava pela boca, como se tivesse corrido uma maratona. Seus olhos azul-escuros me encaravam como se não soubesse o que fazer. Confesso que eu, naquele momento, também não sabia o que fazer. Não consegui achar uma palavra para falar pela primeira vez em toda minha vida.

– Preciso ir embora. Até mais, Gilbert – Ele sussurrou ao se soltar de mim e saiu correndo.

Merda, eu acabei de perceber o que fiz. Eu beijei um dos únicos amigos que tive em anos. E o pior de tudo é que o meu coração não normalizou as batidas até agora. Droga. Isso não pode estar acontecendo.

Sentei-me num banco vazio e passei a mão no rosto.

– Não acredito – Suspirei. Odeio falar ou pensar sobre meus sentimentos – Acho que estou apaixonado.

Fechei os olhos com força e dei um soco no banco. Vai ficar roxo amanhã, mas foda-se minha mão. Ainda sentia com clareza os lábios dele, suas mãos em meu ombro, seu cheiro, seu gosto... É, ele tinha gosto doce. Um gosto de...

– Maple syrup – Dou uma risada. Apóio meus cotovelos no joelho e fico olhando a mão que socou o banco. Começava a pegar cor.

Mas tudo o que eu queria naquele momento era outro beijo daquele garoto.