“Às vezes, alguém pode dizer uma coisa tão pequena e significativa
que consegue se encaixar bem no espaço vazio em seu coração.”

            Gilbert estava chateado – aliás, isso era óbvio. Não era todo dia que jogavam na sua cara que ele não era mais uma nação (sim, tocaram na ferida). Ludwig devia controlar mais suas palavras com o irmão, mesmo em brigas.

            A primeira coisa que o prussiano fez foi dar um soco na boca do irmão. Depois, saiu da casa extremamente irritado. Ouviu alguns xingamentos de Roderich e também ouviu Elizaveta dizer alguma frase com “panela” e “cabeça” no meio, o que o incentivou ainda mais a sair. Pegou o primeiro casaco e cachecol que viu – o outono na América era um porre de frio – e saiu, batendo a porta com força e ouvindo mais xingamentos.

            Colocou o casaco e se enrolou no cachecol – se não fosse pelos olhos vermelhos e o cabelo um pouco mais claro, poderia até dizer que ele estava parecendo com o Ivan.

            Odiava brigar sério com Ludwig. Era raro, mas quando acontecia, um dos dois saía machucado, literalmente falando. E todos sempre ficavam do lado do alemão. E isso deixava Gilbert revoltado.

            “Idiotas”, Gilbo pensou enquanto atravessava a rua e entrava num parque. Adorava árvores, elas o relaxavam. Começou a andar por uma trilha que ficava perto do lago. Olhava para o lago como uma criança que lembrava do último verão. Qual fora a última vez que parou para contemplar algo tão bonito? Não se lembrava.

            Depois de alguns minutos de caminhada, viu uma pessoa sentada na grama, braços apoiados nos joelhos e cabelos loiros. “O que ele está fazendo aqui?”, Gilbert se perguntou e foi até Matt.

            – Virou budista e resolveu meditar em contato com os 4 elementos? – Matt olhou para cima e riu com o comentário do prussiano.

            – Gilbert! Senta aí – Ele se sentou e começaram a conversar sobre qualquer coisa. Era fácil conversar com Matt e vice-versa. E foi nessa facilidade que Matthew descobriu que Gilbert estava chateado, da briga com o irmão e o que ele havia dito.

            – Ludwig parece com Feliciano, às vezes. Não controla o que sai da boca... – Gilbert bufou, revirando os olhos. Odiava falar de seus sentimentos, não estava acostumado à tal coisa, principalmente quando nem conhecia a pessoa direito. Mas, bem, Matt parecia confiável.

            – Talvez não ser um país seja a sua melhor qualidade – O prussiano olhou para Matt com uma interrogação na testa. Talvez tivesse puxado a loucura do irmão – Pense comigo, Gilbert. A Prússia se tornou parte da Alemanha, então você não é mais uma nação. Você é mais humano que seu irmão se for olhar para esse lado. Mais humano que qualquer outra nação.

            Olhou para o canadense e viu que ele tinha razão. Talvez Gilbert realmente fosse mais humano que o irmão. A única certeza dele no momento era que Matt poderia ser um grande amigo.