“No amor e na guerra vale tudo.”

            Eu e Matt estamos juntos. Incrível, não? Faz algum tempo desde a última vez que tive um relacionamento sério com alguém. Tentamos manter em segredo no início, mas digamos que não deu muito certo. Alguém novo descobria a cada dia que passava.

           A primeira pessoa que descobriu que estávamos juntos foi Francis. Não preciso dizer que as piadinhas foram inevitáveis, mas ele jurou manter segredo. Então foi Alfred. Ele, como de se esperar, também fez inúmeras piadinhas, o que era inevitável vindo dele. Depois foi Elizaveta. Ela gritou muito, só faltou sangrar pelo nariz, igual acontece nos mangás que Kiku vive dando para ela (aquela garota tem um arsenal pornográfico homossexual no quarto dela).

           Mas de todos, a reação mais inesperada foi a de Arthur. Pela primeira vez em toda minha vida, o inglês me surpreendeu.

           Depois de várias conversas com Matt, decidimos contar para Arthur quando completasse um mês. E quando completou, lá estávamos reunidos eu, Matthew, Francis e Alfred na sala de Arthur. Ele não gosta de mim, não que eu ligue, mas Matt tem um grande carinho e respeito por ele, então tenho que conseguir a aprovação do “papai”...

           Ou a “mamãe”. Tenho quase certeza de que Francis é o “pai” da história.

           – O que você queria me falar, Matt? – Arthur se acomodou no sofá. Eu me sentia no meio de um filme de máfia: Francis estava sentado em um dos braços do sofá, fingindo ler uma revista (de cabeça pra baixo), segurando uma risada. E Alfred estava no braço do outro sofá, jogando alguma coisa no celular. Aliás, fingindo jogar. Eles não me enganam mais.

           – Bem, Arthur, eu... – Ele me olhou, começando a ficar vermelho – O Gilbert tem algo para falar com você.

           Isso, passe a bola para mim. Agora é hora de marcar ponto.

           – Então fale, Gilbert. – O tom de voz dele não era bom. Não é que eu tenha antipatia ou medo por ele, simplesmente terei que criar respeito... Apenas porque Matt pediu.

           – Eu e Matt queremos falar com você que estamos namorando e... – Nada como jogar a bomba logo de cara. Eu segurei na mão de Matt e Arthur pareceu já saber disso, não ficou impressionado – E Matt quer saber se há algum problema nisso. – Sim, o Matt quer saber, só fiz isso porque ele me pediu de uma forma que não tive como recusar.

           – Desde quando você estava saindo com ele? – Arthur perguntou para Matt, me ignorando completamente.

           – Bem, Iggy, nós não... Bem, não saímos, nós...

           – Oh não, você vai me falar que está grávido dele?! – Francis e Alfred não agüentaram mais, soltaram a risada.

           – EU TE DISSE, ALFRED! VOCÊ ME DEVE 10 EUROS, MON CHER – Alfred limpou uma lágrima que descia pelo canto do olho e passou o dinheiro para Francis, deixando Arthur levemente irritado.

           – Cara, não acredito nisso. Tenho que tomar uma Coca-Cola para esquecer dessa – O americano se levantou, indo para a cozinha.

           – Bonne chance, Gilbert, mon ami! – Francis riu e seguiu Alfred até a cozinha.

           – Eu não estou grávido do Gilbert, Inglaterra – Matt respondeu, um pouco envergonhado.

           – MAS USOU PROTEÇÃO, MON PETIT? – Francis gritou da cozinha, e conseguimos ouvir Alfred rir.

           – Francis! – Eu e Matt gritamos em coro.

           – Está tudo bem. – Arthur falou, se levantando e indo em direção à cozinha – Mas faça alguma coisa de errado, Gilbert Weillschmidt, e não hesitarei em começar uma guerra contra a Alemanha – Eu ri. Ele só poderia estar brincando comigo.

           – E eu não hesitarei em lutar até o fim.

           Bem, ganhei a batalha contra a Inglaterra. Mas não a guerra, é. Old Fritz, me proteja de toda magia negra que Arthur me mandar, amém.