Os dias passavam como antes, mas com uma sutil diferença: Hermione não usava mais coque, deixando seus cabelos um pouco mais livres. E isso arrancava sorrisos de Draco Malfoy. Mas naquele dia Draco não sorriu. Seu rosto estava fechado e seu humor, péssimo.

Hermione percebeu que havia algo de errado com seu chefe e se questionava a todo momento o que estava acontecendo. No final da tarde, Draco saiu mais cedo que o costume, Hermione pode ir para sua casa mais cedo e enquanto relaxava em seu banho se lembrou da conversa que teve com ele durante a tarde.

“Ela tinha levado alguns documentos para ele e o encontrou observando a vista de sua janela:

_Sente-se, Granger.

_Quer alguma coisa, senhor? – perguntou.

_Só conversar um pouco.

Ela assentiu e sentou-se. Ele caminhou até a porta e a fechou, depois sentou-se em sua cadeira, ficando de costas para ela.

_Você tem alguém especial, Granger?

_Como assim?

_Alguém que você ame.

_Ah, bem, não. – ‘que conversa estranha’, ela pensou.

_É uma pena e ao mesmo tempo é bom.

_O que quer dizer, senhor?

_É uma pena que não tenha alguém que ame, não sabe então o que é ficar feliz ao ouvir um simples “bom dia”. E é bom porque também nunca sofreu, Hermione. Bem, deixe me sozinho agora.

Ela levantou-se quieta, mas sua mente fervilhava de perguntas.”

Ainda agora não conseguia entender o que se passou, qual o sentido daquela conversa. Talvez nem mesmo Draco soubesse. De repente, Hermione desperta com o seu telefone tocando. Levantou-se rapidamente e ainda molhada caminhou até a sala do pequeno apartamento. A voz que ouviu arrepiou-lhe os cabelos: era Draco Malfoy.

_Alô, Granger?

_Sim, senhor Malfoy.

_Preciso de você. Pode vi me buscar nesse endereço? – ele lhe diz então o endereço.

_Sim, claro. Estou indo. – e desligou.

Pegou uma roupa qualquer, o casaco e desceu correndo as escadas, chegando a rua, acenou para o táxi e seguiu para o endereço. Para sua surpresa, era o endereço de um bar e antes mesmo de descer do táxi, viu Draco Malfoy sentado na calçada. Pediu que o táxi esperasse e foi em direção ao loiro.

_Senhor Malfoy? – disse tocando-lhe o ombro de leve.

_Granger... – disse ele olhando em seus olhos. – Essa roupa ficou bem em você.

Ela corou, mas manteve-se firme:

_Vamos, senhor, o táxi está esperando.

Ele se levantou com dificuldade e ela então percebeu o que estava acontecendo: Draco estava bêbado. Segurou-o pelo braço e o ajudou a entrar no táxi. Foram em silêncio até o apartamento dele.

_Granger, você pode subir comigo um pouco?

Ela assentiu e o ajudou.

No apartamento, ele foi em direção ao bar e serviu-se de mais uma bebida. Mas antes que colocasse o copo na boca, Hermione lhe deu um tapa na cara.

_Olhe seu estado, Malfoy. Não acredito que ainda queira beber mais. Já bebeu o suficiente por hoje!

_ O que você sabe sobre mim, Granger? Não sabe nada! Se bebo ou não é problema meu.

_Não senhor, é problema meu também a partir do momento em que você me liga e pede ajuda.

_Eu não fiz isso. – retrucou ele.

_Fez sim e por isso estou aqui. É melhor ir se deitar e dormir.

Ele sentou-se no sofá e a olhou. Respirou fundo e tentou levantar-se, mas tropeçou e ia caindo quando Hermione o segurou. Estavam próximos agora, podiam sentir a respiração um do outro. Sem que esperasse, Draco a segurou forte, beijando-a. No começo ela resistiu, mas depois correspondeu ao beijo. Com leveza, ele a deitou no sofá, seus beijos desceram pelo pescoço dela e encontraram a resistência do casaco. Com delicadeza, ele tirou o casaco dela e encontrou apenas o tecido do vestido. Recomeçou a beijá-la, afastando as alças do vestido com as mãos.

Hermione não tinha mais noção do que fazia, deixava-se dominar por aquele homem de um jeito que nunca experimentara antes. Seus beijos pareciam queimar sua pele e a cada carícia que recebi, soltava um longo e demorado suspiro. Não ficou surpresa quando se percebeu quase nua naquele sofá, tendo Draco em cima de si a beijando. Nem se alarmou quando foi pega no colo e levada para o quarto. Era o que ansiava desde aquela noite em que o beijou dormindo. E como naquela noite não queria pensar no amanhã, só no agora.

Draco despertou e acariciou os cabelos castanhos que estavam espalhados sobre seu peito. Hermione mexeu-se levemente, murmurando alguma coisa que não entendeu. Deixou então que ela dormisse um pouco mais, afinal era sábado e podiam ficar na cama até mais tarde. Esse pensamento o surpreendeu e se deu conta da realidade: estava em sua cama, com sua secretária nua dormindo em seus braços. Ele se lembrava de tudo o que havia acontecido, mas nem por isso a surpresa foi menor. Ele estava bêbado, por isso teve a coragem de beijá-la, mas esperava algum tapa ou rejeição. Porém, ela havia correspondido e mais do que isso, se entregara a ele. Porque ela fizera isso? Sentia-se atraída por ele ou só queria uma chance de promoção? Não, ela não seria uma mulher capaz disso, seria?

Cuidadosamente levantou-se e foi ao banheiro tomar um banho. Assim que desligou o chuveiro, ouviu um barulho no quarto, enrolou-se em uma toalha e ao sair encontrou a cama vazia. Foi a sala e a viu recolhendo seu casaco pronta para sair dali.

_Pretende sair como uma ladra de novo?

Hermione assustou-se e ao se virar deparou-se com Draco encostado na parede, com os braços cruzados sobre o peito nu.

_Eu só quis evitar uma situação constrangedora para ambos.

_Não acho que seja uma situação constrangedora, Hermione. Somos duas pessoas adultas e acredito que desimpedidas, não?

_Mas, sou sua secretária e você é meu chefe.

_Lá na redação isso é verdade. Mas acho que aqui somos apenas um homem e uma mulher que sentem-se atraídos sexualmente, não?

Ela não soube o que dizer. Como ele não achava aquela situação estranha?

_Ou será que não se sente atraída por mim e só fez sexo comigo para ganhar uma promoção? – ele foi direto e incisivo.

_Quem pensa que eu sou, Malfoy? Não preciso fazer esse tipo de coisa para me dar bem no trabalho.

_Então não vejo problema algum. – disse ele se aproximando. – E acho que podíamos aproveitar enquanto ainda somos apenas homem e mulher, e não chefe e secretária. – ele a abraçou e beijou novamente. – O que me diz? – sorriu sedutor.

Ela não resistiu. Deixou que as coisas que estavam em sua mão caíssem no chão e agarrou-se ao pescoço daquele homem. Um dia não faria mal, não é mesmo?

Desde que havia se recuperado de seu vício, Draco não passava tanto tempo recluso em sua casa. Mas esta vez ele tinha bons motivos para se ausentar da sociedade: havia uma mulher em sua companhia, não uma mulher comum, uma mulher que o conquistara. Porém, por mais que estivesse contente com isso, ele tinha receio de que não durasse muito, principalmente porque não sabia se conseguiria dividir com ela seus mais profundos segredos.

Hermione sentia-se nas nuvens. Cansou de dizer a si mesma que era apenas mais um sonho e que na segunda feira tudo voltaria ao normal. E seria melhor mesmo que voltasse, afinal, o que as pessoas diriam se soubesse que dormiu com seu chefe? Já não bastava agüentar toda aquela pressão por causa de sua aparência, se tivesse mais alguma coisa geradora de fofocas com certeza não levantaria pela manhã. Em toda sua vida seu maior medo era o de ser alvo de fofocas e isso a havia levado a se tornar um fantasma em meio a seus iguais. Foi assim na escola, no colégio, na faculdade. Considerava horrível as pessoas comentarem sobre a vida das outras, sendo hipócritas em julgar os erros dos outros sem olhar para os seus e temia que um dia isso acontecesse consigo. Não era um medo fácil de definir, mas era bem real. Por isso manter certo distanciamento daquela situação lhe permitia ser feliz, mas sem se preocupar com a infelicidade que viria no outro dia.

Assim, com ambos tentando se envolver e ao mesmo tempo se afastar, eles passaram o fim de semana e a fria segunda feira chegou.