Ontem ficamos conversando até tarde e eu e Jake acabamos adormecendo no sofá. Acordei sentindo o corpo pesado, já era dia, passou tudo muito rápido, e o cansaço ainda me dominava.  Ainda estava de olhos fechados, me perguntando se devia me levantar ou não.

- Você não precisa se levantar se quiser... Pode dormir novamente. - ouvi uma voz familiar, papai.

            Estiquei-me antes de abrir os olhos, e quando dei por mim toda a família me cercava. Olhavam-me atentos.

- O que foi? - perguntei sem entender.

- Só estamos de olho em você, cuidando de sua segurança. - respondeu Tia Rose.

- Não vou sair daqui para lugar algum... Eu estava dormindo e não sou sonâmbula. - disse enquanto sentava-me no sofá.

Isso não é um tanto psicótico? Quer dizer não vou sair daqui voando.

- É, mas foi enquanto nós pensávamos que você dormia é que você simplesmente sumiu. - comentou papai.  

- Isso não irá se repetir. - comentei, olhei para o lado vazio do sofá.

- Ele foi preparar algo para você. - respondeu papai.

- Você já acordou mocinha? - perguntou Jake brincalhão.

- Não imbecil ela está dormindo de olhos abertos. - comentou tia Rose sarcasticamente.

            Jake revirou os olhos, antes de falar novamente.

- Você prefere tomar seu café aqui? Ou na sala de jantar, ou melhor, sala de tomar café? - ele sorriu.

            Café? Fiz uma careta.

            Jake percebeu meu desagrado.

            - É bom ser humano as vezes sabia? E eu não queria tomar o café sozinho e eu fiz um monte de coisas e... – Jake comentou chateado. Ele era um chantagista de mão cheia. Respirei fundo.

- Vamos tomar o café seu bebê chorão na sala de tomar café. - levantei-me e simultaneamente todos os demais também se levantaram. Respirei fundo e continuei meu caminho.

            Chegando a “sala de tomar café” havia uma mesa cheia de guloseimas e vaso com lírios brancos no centro da mesa. Parecia uma grande recepção para um batalhão.

- Lírios! - exclamei radiante. - Minhas flores favoritas!

- Eu recolhi algumas no jardim para você, e como eu sei que são suas favoritas... - Jake deu nos ombros, sorrindo enquanto afastava uma cadeira para que eu me sentasse.

- Obrigada mesmo Jake são lindas. - eu disse enquanto admirava as flores, depois olhei-o cheia de ternura.

- “É o amor... Que mexe com a minha cabeça e me deixa assim...” – tio Emm começou essa música que até era desconhecida para mim.

- Credo Emmett que cafona! – tia Alice disse fazendo uma careta.

- Mas o amor é cafona, e ela está inundando este lugar, chega me a me dar náusea. – tio Emm comentou.

- Lindas mesmo as flores, mas não tão deliciosas como essas panquecas... Tome. - Jake serviu-me uma porção “generosa” de panquecas com mel. Fiz uma careta. Ele percebeu claro.

- Ora Ness, você nem provou, panquecas são a minha especialidade sabia? - Jake disse enquanto colocava quase uma panqueca inteira na boca. Cortei um pequeno pedaço e o coloquei rapidamente na boca, tentei degustar o pequeno pedaço, mas não me agradou em nada o sabor. Jake olhava-me com expectativa, não queria magoá-lo. Tive a ligeira impressão de ver papai revirando os olhos.

- Uma delícia Jake! - disse forçando um sorriso, enquanto engolia outro pedaço da panqueca.

            Jake deu um sorriso daqueles que mostram todos os dentes.

            - Está vendo? Sabia que ia gostar.

            - Ei cara você já sabe que ela curte panquecas, faça todo dia com certeza ela iria amar. – tio Emm comentou.

            - Você hoje está impossível hein tio Emm?! Vou enfiar essas panquecas na sua goela abaixo se continuar com essas piadinhas. – olhei-o fuzilando.

            - Minha sobrinha não tem um pingo de senso de humor e ainda é uma pessoa agressiva, trágico. – tio Emm resmungou.

O café foi interrompido quando ouvi uma música familiar tocar, meu telefone. Papai já segurava o telefone em mãos.

- É a sua amiga humana Lily. Você não precisa falar com ela se quiser. - papai dizia enquanto girava o celular nas mãos e ele tocava freneticamente.

            Eu me sentiria bem em falar com alguém diferente... Sai da bolha.

- Você pensando assim parece até uma pessoa alienada... Isolada do mundo, ninguém está te prendendo aqui... - retrucou papai.

            O olhei estreitando os olhos enquanto pensava: “Então por que será que ninguém larga do meu pé nem de um cômodo para o outro dentro da minha própria casa? Por que questionam se eu devo ou não falar com uma pessoa diferente? Isso é psicótico é sério”.

            Papai suspirou e entregou-me o telefone.

            Foi bom falar com a Lily foi positivo, ela se preocupou com a minha ausência na escola quis saber os motivos, eu conforme o combinado estava doente e os demais estavam acampando. Ela me falou sobre como o Mathew andou perseguindo-a a procura de notícias sobre mim e falou também de um Baile de Máscaras que haverá dentro de uma semana. Nunca fui em um baile assim e me deu uma vontade muito grande de ir, mas pelo olhar do papai deu a entender que esse assunto seria resolvido com muita discussão.

A falsa sensação de calma dos Cullen desmoronou ali neste instante, todos pareciam prontos para qualquer emboscada.

E é claro que com toda essa vigilância constante em cima de mim, eu e Jake ficávamos recuados, ele nem tanto, mas ficar aos beijos e abraços na frente de tios, tias, avós, pai e mãe, não pega bem. Tentamos por várias vezes dar uma escapadinha, mas sempre tinha alguém para nos infernizar. Uma ou duas vezes tia Alice nos flagrou em uma cena um tanto desconfortável no meu quarto.

- Filha, estamos fazendo isso porque te amamos. – papai sempre me dizia isso quando eu fazia minhas queixas mentais.

Os dias passaram depressa, nem percebi o quão próximo estava o dia do Baile, como todos devem imaginar após muitos gritos, chantagem emocional e uma forcinha da mamãe o papai cedeu ao meu desejo de ir ao Baile, mas claro todos iriam também. Apesar de todo o ambiente tenso com toda aquela história do Alec, todos pareceram se animar com o baile, especialmente tia Alice, ela analisava cada detalhe das roupas. O Alec desapareceu não o vi mais, o silêncio dele era instigante e dava medo, talvez ele até já tenha voltado a Volterra... E agora com o baile próximo todas as garotas praticamente tinham seu par. Lily estava super entusiasmada, pois iria com o Austin, o garoto engraçado do caixa de supermercados, eu acho que Lily tem uma quedinha por ele. É claro que a Caroline Bones não perderia a oportunidade de provocar, na saída no estacionamento lá estava ela cercando Jake. Porque ele não manda logo um chute na fuça dela?

- Porque isso seria extremamente rude, grosseiro ela é uma dama, por mais abominável que ela seja, sem contar que isso nos baniria da cidade por muitos anos. - papai respondeu rindo.

- Com certeza ela deve estar aproveitando a oportunidade de convidá-lo para o baile... - comentei azeda.

            Papai ficou calado.

- E você não irá ficar aqui para bisbilhotar conversa alheia não é? Vamos... - ele segurou meu ombro guiando-me para seu carro.

Em casa eu estava agitada andava de um lado para o outro, mantendo meu olhar na porta da entrada. Jacob aquele sem noção eu enforcaria ele quando botasse os pés nesta casa.

- O seu ciúme chega a ser psicótico Nessie, se acalme. – papai disse após meia hora observando-me inquieta.

- É filha, você já imaginou se eu tivesse ciúme do seu pai? Teria de enforca-lo diariamente. – mamãe riu.

- Não fale como se você fosse a pessoa mais segura do mundo. Lembra daquela vez que eu te falei da Tanya e todas aquelas mulheres? Você quase teve um ataque. – tia Rose comentou.

- Isso, bom... Não importa... – mamãe sacudiu os ombros fingindo estar desinteressada.

- Eu duvido que se tivesse alguém como aquela loira nojento atrás do papai você já não teria tido um troço mamãe. – eu voltei meu olhar para a porta, mas nenhum sinal.

- Ela é mesmo uma pessoa difícil... Mas confie no seu taco, ora Nessie ele ama você! Não deixe esse ciúme infantil dominar você. – mamãe disse.

Um outro som diferente do que vinha do aparelho de som vinha da minha mochila, quando vi era meu celular era Mathew ligando.

- Ah... alô? - atendi apreensiva, pobre Mathew saímos uma vez e depois mal o encarava no corredor, os guardas costas me impediam de qualquer aproximação com ele, sem contar no ciúme do meu namorado lobinho. A única pessoa com quem eu mantinha contato era com Lilly.

- Olá Renesmee! - Mathew disse aliviado. - Há quanto tempo...

- Verdade... Te devo uma boa desculpa... Mas não há como eu explicar... - eu disse lentamente tentando não falar nada além do necessário.

- Por que não? Me explica, acho que seria capaz de entender. - pressionou Mathew.

            Fiquei em silêncio. Seria estranho como ele seria capaz de entender: aí sabe Mathew um vampiro de um clã poderoso está planejando se vingar de algo que nem eu mesma sei explicar. E agora para minha segurança tenho minha família me vigiando aonde quer que eu vá. Tirando-me toda a privacidade. Sem contar meu namorado lobisomem que tem um desejo enorme de arrancar sua cabeça fora. Agora as coisas ficaram claras para você?

- Alô?! Alguém ai? - ouvi Mathew dizer.

- Desculpe, me distrai... Bom Mathew, as coisas não são tão fácies quanto parecem... É muito complicado, não posso te explicar, de verdade. - disse por fim.

- E o baile? Você vai? - Mathew perguntou.

- Vou... Eu e os meus irmãos também... Meu primo também... - comentei.

- Pode parecer um pouco em cima da hora, mas você gostaria de ir ao baile comigo? Quer dizer eu pensei isso... Porque... Seus irmãos estarão em pares... E o seu primo irá com a Caroline... Então eu pensei... - disse Mathew rapidamente.

Epa.

- Como é Jacob irá ao baile com a Caroline? – perguntei histérica.

- Bom... Eu ouvi os dois conversarem depois da aula hoje... Ouvi algo sobre baile, e depois ela subiu na moto dele e eles foram para algum lugar. - Mathew comentou.

            Fiquei imaginando a cena Jacob e Caroline juntinhos na moto. Senti algo revirar-se no estômago. Eu sinceramente achei que ele iria me convidar para o baile... O que estava se passando pela cabeça desse ser? Pois ele vai ver só. Ele iria com ela? Ótimo.

- E então Renesmee? - perguntou Mathew.

- E então o que? - perguntei distraída.

- Você quer ir... ao baile? Comigo? - perguntou Mathew parecendo cético, creio que ele não tinha muitas esperanças que eu dissesse sim. Eu mudaria isso e a partir de agora.

- Vamos sim, eu adoraria ir ao baile com você! - disse rapidamente.

- Maravilha, nos vemos amanhã na escola então. - ele disse.

- Com certeza! - disse sorrindo. Desliguei o telefone e todos na sala me olhavam preocupados.

- Você tem certeza disso Nessie, eu conheço o Jake, ele não iria com outra pessoa. – mamãe argumentou.

- Isso pode ser intriga da oposição. – papai comentou pensativo.

- Mas... Mesmo que seja, eu não converso com o Mathew porque ele se morde em ciúmes, por que ele tem o direito de conversar com a Caroline por ai? E ainda andar de moto com ela por ai? – perguntei azeda.

- Pergunte para ele. Ele acabou de chegar. – papai disse agora de pé. – Eu odeio brigas de casal, vamos Bella. – papai puxou mamãe para a cozinha.

- Seus cínicos vocês ouvirão dentro de um raio bem extenso de quilômetros eu é que não perco por nada, quero ver de camarote. – tio Emm agora estava sentado e tinha uma expressão no rosto semelhante a de uma criança que ia assistir ao seu desenho favorito.

Revirei meus olhos para ele. Jake chegou e assim que viu deu um sorriso amplo, mas o sorriso logo se desfez quando ele viu a minha expressão.

- Por que você demorou tanto? – perguntei.

- Ah... Bom aquela garota chata sabe... Ela estava sem o carro hoje e me pediu uma carona. – Jacob respondeu com uma simplicidade que fez a minha raiva subir mais um pouco.

- Ora não me diga... – comentei fingindo surpresa. – E ela aproveitou a situação para convidar você para ir ao baile com você, vamos ver se eu adivinhei.

- Acertou sim... Como soube? – Jacob agora estava intrigado.

Não era mentira do Mathew, e ele ainda me diz isso com a cara mais lavada do mundo?

- Sabendo, e por falar em baile, a propósito eu irei ao baile com Mathew Carter. – comentei distraída.

- VOCÊ O QUÊ? – disse Jacob um pouco alto demais.

- Não precisa gritar ninguém aqui é surdo, e você ouviu perfeitamente bem. Eu irei com Mathew Carter ao baile. – eu disse enquanto me virava de costas para Jacob indo em direção do quarto. Senti alguns passos me seguirem. – E nem pense em me seguir Jacob Black!

- Nessie você está entendendo tudo errado. – ouvi Jake dizer.

Ignorei seu comentário e me tranquei no quarto. E de lá ouvia o que rolava lá em baixo perfeitamente.

- Cara... – Jacob comentou assombrado. – Mas o que foi isso?

- Mulheres meu caro... Se eu contasse a você as vezes que a Rose já brigou comigo sem eu saber o real motivo, passaríamos o resto do dia... – tio Emm suspirou.

- Eu sinceramente estou tentando buscar na memória o que eu fiz de errado. – Jacob disse.

- Não pense muito ou queimará seus neurônios, que já não são muitos. – tio Emm respondeu com simplicidade.

Após alguns instantes de silêncio, Jacob se manifestou.

- Como é? – Jacob disse agora em um tom de quem não estava para brincadeira.