Amante Conquistado escrita por leel


Capítulo 6
Capítulo 6




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Vishous estava simplesmente furioso. Toda a boa impressão que tivera da humana evaporara no momento em que percebera que ela tentara incendiar o quarto e depois, quando o nocauteara. Nunca uma fêmea fora capaz de tamanha ousadia.

E nunca ninguém, não importava se macho ou fêmea, saíra ileso de atrevimentos assim. O que o impedia de ir à forra com ela era o fato de ser colega de Butch, e de aparentemente ele ter muito respeito pela ex-colega – o que era perceptível pela maneira como ele postou-se à sua frente, como que para defendê-la.

E Vishous também não era tolo. Se o restante da Irmandade não determinasse a eliminação de Alysia, ele não contrariaria essa decisão. Wrath estava cada dia menos inclinado a permitir mortes de humanos. E pela conversa rápida que tiveram no andar de cima, logo após o incidente no quarto, não seria dessa vez que ele quebraria sua regra.

O que não significava que a humana sairia totalmente imune do acontecido.

Wrath não deixou V. terminar quando ele anunciou a “conversinha” com Alysia.

“Calma, Vishous. Deixe que eu falo com ela”.

Alysia ficou na expectativa de algo terrível. Ali estavam quatro homens armados, imensos e de cara feia, prontos para comunicar algo para a refém que ela era. Não que ela temesse cara feia. Mas havia todo o resto. E para completar, Butch meio que se colocara à sua frente, pensando talvez em defendê-la, o que significava que ela tinha razão em ter juízo e algum temor na cabeça.

O maior deles, de óculos escuros e longos cabelos negros parecia ser o líder. Por sua postura era evidente o quanto ele estava contrariado. Ouviu-o respirar profundamente antes de se adiantar.

“Lamento profundamente que não tivéssemos tempo para explicar as circunstâncias sob as quais foi trazida para cá. Creio que possamos começar novamente da maneira mais apropriada”.Apresentou-se e depois apontou os homens a seu lado.  “Sou Wrath e esses são meus irmãos, Phury, Rhage e Vishous. Soube que foi colega de Butch, quando ele ainda era policial”.

“Sim, e... prazer. Meu nome é Alysia”.Prazer uma ova. Mas pelo menos conseguia disfarçar e ser educada, pensou.

“Alysia, soube também que sofreu um desmaio no beco em que meus Irmãos estavam”.Wrath fez uma pequena pausa, enquanto estudava a expressão expectante da mulher. “Gostaria de esclarecer que deixá-la em um hospital colocaria sua vida em perigo”.

Alysia olhou para ele como quem não entendia nada, assim como Butch. Ao lado de Wrath, Rhage fez um sinal para o tira que dizia ‘deixe-o falar’.

O Rei Cego continuou.

“Apesar de não poder lhe dar nenhuma explicação mais detalhada agora, e só para que saiba que não temos a intenção de lhe ferir, preciso contar-lhe que somos uma família de imigrantes. E que, por algum motivo que não cabe dizer agora, não nos querem aqui”.

Wrath odiava contar meias-verdades. Mas não podia simplesmente dizer à humana sobre a verdadeira natureza deles. Talvez ainda houvesse uma chance de ela sair dali e diminuir os prejuízos que a descoberta dela sobre sua raça poderia causar. Talvez.

“Lutamos para nos defender, e essa é a razão de ter encontrado alguns de nós no beco. O fato é que, por correr o risco de ter sido vista conosco, nossos inimigos talvez possam vir atrás de você. E não queremos isso”.

“Isso é crime de ódio racial. Nunca pensou em comunicar isso à polícia?” Alysia respondeu, cruzando os braços.

Deus, a mulher era dura na queda.

“Sabe melhor do que ninguém, Alysia, que nem sempre a polícia pode nos ajudar”.

Imigrantes, pois sim.  Ainda acho que são um bando de mafiosos, Alysia pensava enquanto escutava o líder deles. Mas se era mesmo daquele jeito, estava na mão deles. Decidiu continuar ouvindo.

“De todo modo”, Wrath prosseguiu, “comunico-lhe que de agora em diante será nossa hóspede, enquanto não pudermos garantir sua segurança fora daqui”.

A policial não pode conter uma exclamação indignada.

“Hóspede? É assim que vocês tratam os seus hóspedes? Trancando-os em quartos escuros e deixando guarda-costas como esse grandão aí, ó!” Falou, apontando um dedo acusador para Vishous, “dando a entender que seremos mortos a qualquer momento?”.

Vishous soltou um suspiro, exasperado.

“E como reação, você tenta incendiar o quarto?”.

Wrath tomou novamente a palavra.

“Creio que foi um mal-entendido. No entanto, vou deixar bem claro que não tolerarei incidentes como o de hoje. Colocou a segurança de todos que vivem aqui em perigo, Alysia. Isso é inadmissível”.

“Mas vocês não me deixaram outra escolha!” Ela respondeu. “Só tentei me defender e salvar minha vida! Como poderia adivinhar as intenções de vocês? Foi uma atitude desesperada”.

Rhage esfregou o galo em sua testa.

“Ah, claro, foi o desespero que também fez você jogar o castiçal na minha cabeça, não foi?”.

 Butch reprimiu um risinho. Phury abaixou a cabeça para não rir também. Aquilo tinha sido uma baita de uma ousadia, mas tinha sido engraçado. Ora, se tinha.

“Basta!” Wrath interrompeu. “Não será mantida presa em lugar nenhum, Alysia. Mas dado o seu comportamento, só poderá circular dentro da mansão acompanhada. E seu guardião aqui dentro será Vishous”.

Alysia mal podia acreditar no que ouvia. Iam colocar aquele leão de chácara tatuado para ser a babá dela ali dentro?

“Isso é um absur...”.

Um cutucão de Butch a impediu de terminar. Bufando, ela cruzou mais ainda os braços e abaixou a cabeça, olhando para os lados.

Aquilo era ridículo. Tinha a vontade de sair com uma metralhadora acertando tudo. Pra onde tinha ido o autocontrole dela? Ah, sim, talvez tivesse ficado naquele beco. E pela primeira vez depois daquele tempo todo, desejou jamais ter encontrado Butch outra vez.

 Wrath concluiu seu discurso.

“Bem, creio que é só por enquanto. Tentaremos colocá-la em segurança e permitir que volte a sua casa tão cedo quanto possível, Alysia. Espero que se sinta confortável. E volto a lembrá-la que não serei tão condescendente se fizer algo que coloque alguém em risco outra vez”.

“Meu senhor”, Vishous interveio. “Posso saber se está tudo bem se instalar nossa hóspede no Buraco. Poderei acompanhá-la mais de perto lá”.

O Rei Cego acenou a cabeça, concordando.

“Faça como achar melhor, V. Mas não tire mais os olhos dela. Peça a Fritz para instalar uma segunda cama no Buraco”.

Alysia chegou mais perto de Butch.

“Que história de buraco é essa?”.

“Por favor, Alysia, fique quieta”.

“Não vou deixar ninguém me levar para o buraco não!” Ela se exaltou.

Dessa vez Vishous perdeu a paciência.

“Já chega, fêmea abusada”.

Agora era Alysia quem era pega de surpresa. Com uma rapidez impressionante, Vishous chegou junto dela, agarrou-a, jogando-a por sobre os ombros e, antes que alguém pudesse reclamar, dirigiu-se para o túnel que ligava a casa principal ao Buraco.

***

“Alguém me acuda! Solte-me, seu brutamontes. SOLTE-ME!” Alysia gritava e se debatia, tentando livrar-se de seu cão de guarda. “Ponha-me no chão imediatamente!”.

“Terá de se esforçar mais, fêmea”.Vishous apertava-a com força, praticamente ignorando seus esforços para se soltar, enquanto caminhava pelo túnel.

“Exijo que me solte agora! Sou uma hóspede, esqueceu?”.

Vishous parou de repente e praticamente arremessou Alysia no chão.

“Pronto, soltei você. Satisfeita agora?”.

Alysia levantou-se enquanto esfregava o traseiro dolorido. Mas a dor maior tinha sido em seu orgulho. Olhava torto para o vampiro enquanto se recompunha.

“Grosseirão”.

“Você ainda não viu nada”.V. avançou para ela e prensou-a contra a parede, segurando os punhos de Alysia de cada lado da cabeça. “Pensa que esqueci o chute que você me deu lá em cima? Ou o castiçal que jogou em meu irmão? Wrath foi educado demais para lhe dar uma punição. Eu não terei a mesma paciência”.

Vishous apertava seu corpo contra o de Alysia, tentando intimidá-la.  Olhava diretamente em seus olhos, e exibia uma fúria cuidadosamente calculada, embora estivesse explodindo por dentro. “Ninguém nunca desrespeita meus Irmãos, nem a mim, e sai impune. Não será diferente com você”.

Alysia sustentava o olhar. Parte porque os olhos diamantinos de Vishous impediam que ela olhasse para qualquer outra coisa – e havia muito ali para chamar a atenção dela. Parte porque a descarga de adrenalina eliminara todo o medo que podia sentir. De algum modo, a coragem que ela tinha quando atuava como policial voltara com toda a força, e ela já não media o tamanho ou a violência de seu oponente. Fosse como fosse, ela iria enfrentar.

Ainda que saísse perdendo.

E o corpo rígido e poderoso de Vishous mostrava que ela iria sair perdendo.

“Vai fazer o que comigo, bonitão? Vai me bater?”.

V. não pode conter um sorriso.

“Acredite, fêmea, isso é o que eu faço de melhor”.

“Não tenho medo de espancadores de mulheres como você. Venha. Irei enfrentá-lo. Aposto que toda essa sua violência é apenas fachada”.

Vishous espremeu ainda mais seu corpo contra o dela, prensando-a junto à parede.

“Nunca bati em uma mulher. Não contra a vontade dela. E acredite em mim, humana. Posso fazê-la implorar”.

“Você é bom fazendo ameaças”.

“Sou bom em mais coisas do que pode imaginar”.

“Vishous? Está tudo bem?” Era voz de Phury, vindo do começo do corredor.

Ele e Butch carregavam as partes de uma cama desmontada.

“Pegue leve aí, cara”.Butch disse, ao chegar mais perto.

Vishous soltou Alysia.

“Estávamos apenas delimitando o território”, o vampiro respondeu com um sorriso cruel, ao mesmo tempo em que afundava o gorro dos Sox na cabeça.

Alysia esfregava os pulsos, bufando de ódio.

“Está tudo bem mesmo?” Butch perguntou, aproximando-se.

“Estará se você me mantiver longe desse psicopata”.

“Não se preocupe com isso. Ele só está com raiva”.Butch não tinha tanta certeza, mas precisava acalmar as coisas. “No fundo, ele é um cara legal”.

Alysia fuzilou o tira com o olhar.

Mal sabia ela quantas coisas Vishous tinha a esconder.


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