Amante Conquistado escrita por leel


Capítulo 10
Capítulo 10




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Alysia voltou ao vestíbulo depois de terminada a arrumação daquela bagunça em que a primeira refeição se transformou. Era difícil ficar perto daqueles caras sem que algo bizarro acontecesse. Bom, pelo menos ela comera alguns bolinhos enquanto ajudava os outros a limpar tudo.
Esperava que Wrath não estivesse de fato danado com eles. Principalmente com ela. Não devia ser nada bom vê-lo bravo de verdade. E ah, droga. Teria de dar um jeito em seu casaco de novo.
Soltou um suspiro, sem saber para onde ir. Não podia circular sem Vishous dentro daquela mansão e ele ainda estava dentro da sala de jantar, rindo com seus amigos. Que turma eles formavam. Lembrando de como aquela guerra toda começara, ela pensou em Rhage. Ela jogara um castiçal pesado em sua cabeça. E ela não vira marca nenhuma na testa dele. Como podia ser isso?
Seus pensamentos voltaram para Vishous. Talvez devesse chamá-lo? Hum, melhor não. O cara não parecia o tipo que aceitava ordens de qualquer um, e ele podia entender aquilo como uma ordem.
Além do mais, precisava de suas roupas. E de sua bolsa, que estava desaparecida desde a noite anterior.
Como se seus pensamentos tivessem sido lidos, o mordomo entrou no vestíbulo, carregando uma sacola de viagem e acompanhada de uma moça.
Espere aí. Ela não tinha prestado atenção.
Aquela não era Beth Randall, a jornalista? Alysia sempre a via no departamento, mas raramente conversara com ela.
Sinceramente, havia conhecidos seus demais metidos com aqueles “imigrantes”.
“Olá, Alysia. Não tive tempo de falar com você ontem. Ainda se lembra de mim?” Beth disse, com um sorriso.
“Claro, Beth. Sempre estava no Departamento”.Alysia respondeu. “Não vou negar que estou surpresa de vê-la aqui. Já é a segunda pessoa que conheço que se juntou à família de Wrath”.
Beth concordou com a cabeça.
“De fato, se alguém me dissesse qual seria meu futuro há algum tempo, acharia loucura. Mas olhando para trás, penso que nem desconfiamos do que há nesse mundo e que é possível”.
“Butch me disse a mesma coisa ontem”. Alysia respondeu.
“Pode apostar: ele tem razão. Espero que esteja se sentindo mais à vontade. Wrath quer que você seja muito bem tratada”.
Alysia teve vontade de pedir a Beth para definir bem tratada, mas de fato ninguém a estava tratando mal, não depois de Wrath ter sido bem claro quanto a isso. Então, não podia reclamar.
“Estou bem”.Ela garantiu. Depois acrescentou, com um sorriso gaiato. “Não me diga que você e Wrath...”.
Os olhos de Beth se iluminaram.
“Sim! Desde julho passado. Nunca estive tão feliz. Ouça, Alysia, preciso falar com Vishous. Depois podemos organizar as roupas que mandamos trazer de sua casa. Se lhe faltar algo, posso emprestar alguma peça para você. Ah, Wrath pediu que lhe entregasse isso”.
 Beth estendeu-lhe a bolsa. “Com aquela confusão de ontem, não pudemos lhe devolver”.
Finalmente, sua bolsa! Alysia pegou-a como se reencontrasse uma amiga querida.
Beth não pode deixar de rir.
“Carregamos a vida na bolsa, não é? Sei como se sente. Agora, com licença. Logo venho ficar com você”.E entrou na sala de jantar.
Alysia pensou que Beth tinha razão. Mulheres sempre carregam a vida na bolsa. Não surpreendeu que sua pistola não estivesse lá. Com a confusão no beco, não sabia se alguém tinha recolhido a arma, e mesmo que o fizesse, nunca permitiriam que a portasse lá dentro. Ainda assim, remexeu na bolsa até chegar a um fundo falso acolchoado. Bem no canto, muito difícil de puxar, estava um zíper. Meteu a mão no acolchoado. Tinha certeza de que revistaram sua bolsa, mas esperava que não tivesse encontrado o que ela chamava de ‘último suspiro’.
Respirou aliviada quando constatou que não haviam encontrado. Puxando com cuidado, recuperou sua Beretta Minx calibre 22.
Não estava totalmente desprotegida.
***
Wrath andava com as mãos para trás, pensativo, enquanto esperava por Vishous. Não conseguia deixar de pensar no caso de Alysia, em como ela tinha ido parar no meio deles, e todas as coisas estranhas que aconteciam com ela quando se sentia ameaçada.
Como explicar tais coisas em um humano? Seria tão mais fácil se ela fosse um deles…
V. entrou no escritório, interrompendo suas reflexões.
“Meu senhor”.
“Vejo que está se dando melhor com a humana”, Wrath falou.
“Bom, acho que não estamos mais tentando matar um ao outro”.
“Isso é bom. Quero que isso se resolva o mais rápido possível”.
“Eu também. Quanto mais tempo ela passar aqui, maior o risco de descobrir sobre nós”.
“E você sabe o que pode acontecer se ela descobrir, não sabe?”.
Vishous respirou fundo. Claro que sabia.
E sentiu um calafrio pensando nisso.
Wrath prosseguiu.
“Consegui falar apenas com uma das Escolhidas. Já esperava por isso, mas ela levará meu pedido à Virgem Escriba. Rezo para que ela me responda logo, para o nosso bem e o de Alysia”.
Vishous esfregou o cavanhaque, pensativo.
“Se ela fosse uma de nós, poderia pesquisar nas Crônicas para saber porque todos esses fenômenos acontecem com ela. As descargas magnéticas, a força incomum. Não custa olhar de novo. Quem sabe encontre alguma coisa”.
“Faça isso. E me avise se encontrar algo”.
Vishous acenou com a cabeça, concordando.
“Devo voltar ao vestíbulo agora. Antes que Alysia faça alguma outra coisa”.
O Rei soltou uma risadinha.
“Acho que não. Beth está com ela. Devem estar tendo uma dessas conversas que as fêmeas sempre tem”.
“Se a vida fosse descomplicada assim…”.
“Seria muito bom. Diga a Beth para subir aqui. Quero levá-la ao passeio que interrompi ontem”.
***
Quando Vishous voltou ao Buraco, encontrou Beth e Alysia conversando e rindo animadamente, como se fossem velhas amigas. A Rainha era mesmo encantadora. Não houvesse quem não gostasse dela.
“Podíamos ir fazer compras juntas enquanto estiver aqui, Alysia. Ou fazer uma ‘noite das meninas’. Acho que você vai gostar de conhecer Mary melhor e a Bella também. Precisamos nos distrair um pouco”. ouviu Beth dizer enquanto saíam do quarto. 
“Tenho certeza de que vamos rir muito”. a detetive respondeu.
Que maravilha, Vishous pensava. Seu território agora era invadido por conversas e risos femininos. Mas isso não era de todo ruim. Enchia o ambiente de alegria.
Era ele mesmo quem estava pensando nisso?
“Minha rainha, Wrath a espera na casa principal”.
“Obrigada, Vishous. Tenham uma boa noite, vocês dois.”
A sós outra vez. Que diabos V. poderia fazer aquela noite? De jeito nenhum ele ficaria trancado em casa. Por outro lado, não poderia deixar Alysia sozinha.
Uma ideiazinha sinistra pipocou na mente ardilosa do vampiro. Como não pensou nisso antes?
Observou que Alysia tinha trocado de roupa. Se ontem ela estava feminina, hoje parecia mais com a detetive que era: Calças jeans um pouco mais confortáveis, um casaco de couro marrom. Rabo de cavalo. Ainda assim, estava adorável.
“Querendo copiar o modelito, grandalhão?” Alysia provocou.
Vishous apertou os olhos. Não ia cair na dela.
“Já tenho minhas próprias roupas de couro.”
“A-hã.” Alysia olhou de cima a baixo. “Sabe o que isso me lembra? Uma certa banda dos anos 70.”
“Se ousar dizer qual é, não respondo por mim.”
Alysia gargalhou.
“Não mesmo.”
“Que bom que está pronta, fêmea. Vamos dar uma volta esta noite.”
“Lá fora? É permitido?”
“Mais longe que isso. E ninguém disse que não podia. Pegue suas coisas.”
Ao sair, Alysia ficou encantada com o pátio do complexo. Até parou de pensar por que raios Vishous chamara Beth de “Rainha”. Será que aquilo era uma espécie de seita? Teriam trazido essas crenças estranhas do país de onde imigraram?
Bom, não importava. Era bom sentir ar fresco enchendo seus pulmões outra vez. Alysia adorava ficar ao ar livre.
“Olhe só para este lugar! É imenso. E lindo.”
“É segura. É tudo que basta. Não me ligo nessa coisa de arquitetura.” V. respondeu.
Rhage e Mary estavam no pátio também, preparando-se para sair no GTO.
“Noite de folga hoje?” V. perguntou.
“As coisas estão devagar. Os redutores estão meio desorganizados. Talvez Phury e Z. saiam para dar uma olhada depois.” Rhage respondeu. “Ei! Aonde você vai levar seu bichinho de estimação?”
“Não gostei da piadinha, Rhage.”
“Tudo bem, tudo bem. Retiro o que disse.” O guerreiro riu. “Mas você pode sair com ela da mansão?”
“Wrath me disse pra ficar de olho nela e para não deixá-la sozinha dentro da Mansão. Não me disse que não podia sair. Preciso de ar.”
“Você é quem sabe, cara. Só tome cuidado, falou?”
“Sempre.”
V. e Alysia entraram na Escalade.
“Aonde vamos?” A detetive quis saber.
“Vai descobrir quando chegarmos lá.”
Vishous tratou de colocar Eminem no último volume. Aquilo era o terror de Alysia. Ela odiava som alto.
E rap.
Deu um longo suspiro enquanto tentava abrir os vidros.
“Nada de vidros abertos.” Vishous disparou.
“Vou ficar aqui dentro com esse som alto e ainda sem abrir os vidros?”
“Este é o meu carro.”
“É, mas os ouvidos são meus.”
Vishous arrancou com a Escalade. Ia numa velocidade tão alta que Alysia sentia-se numa perseguição policial.
Seu cão de guarda balançava a cabeça ao som da música. E ela queria abrir as portas e sair correndo.
“De jeito nenhum você vai sair.”
Silêncio.
“Não vai responder?”
Alysia olhou torto e tirou as mãos da trava do carro. Encostou a cabeça no vidro e olhava para fora. Como se pudesse ver alguma coisa. Ela se perguntava como é queele enxergava naquela escuridão.
E torcia para acordar logo e perceber que tudo não passara de um pesadelo.
Depois de algum tempo, percebeu que estavam na cidade. Também, com aquela velocidade toda...
Vishous diminuiu o volume e a marcha do veículo.
Os vidros foram abaixados até a metade.
“Não acha que sua família irá sentir sua falta?” Ele perguntou de repente.
Alysia espantou-se com a pergunta.
“Sou filha única. Minha mãe me abandonou logo ao nascer e meu pai nunca se casou de novo. Ele também não tinha irmãos e meus avós morreram cedo. Há anos estou sozinha no mundo.”
“Então temos algo em comum. Minha mãe também me abandonou. Sempre fui só.”
“Quem diria, hein?”
“Não posso dizer que não sei como é não ter ninguém.”
“E seus amigos? Não são sua família?”
“São mais do que isso, na verdade. São meus Irmãos, embora não o sejam de sangue.”
“Está mais acompanhado do que eu. Devia sentir-se feliz.”
Aquela frase tinha uma nota de tristeza. Por um instante, Vishous sentiu-se um ingrato. Se esse fosse todo o problema dele, talvez não fosse tão amargo.
“Não tem medo que eu fuja?” Alysia interrompeu seus pensamentos.
“Sabe que será pior se fizer isso. Além do mais, não vamos circular na rua e não vou tirar os olhos de você.”
Chegaram ao Zero Sum. Alysia conhecia o lugar. Sabia das histórias sobre ele. Tudo o que rolava lá dentro, e como a polícia nunca conseguia por as mãos no dono do lugar.
“Está louco de me trazer aqui, não está? Esqueceu que sou da polícia?”
Vishous estacou e olhou nos olhos dela, daquele jeito que a fazia sentir-se nua.
“Seria muito idiota da sua parte se abrisse o bico, mesmo depois de ser sair de férias à força. E já percebi que você é tudo, menos idiota, fêmea. E não banque a certinha. Viemos aqui para nos divertir, não para consertar o mundo. Vamos.”
Foram para a porta, onde uma longa fila esperava sua vez. Bastaram algumas palavras de Vishous com o segurança para que fossem postos lá dentro, diretamente na área VIP.
Será que a gente dele andava metida no negócio?
Depois de acomodados em uma mesa que dava para uma pequena pista de dança, uma garçonete com muito pouca roupa aproximou-se deles. Colocou uma garrafa de Grey Goose e um copo na frente dele.
“Bom vê-lo por aqui, Vishous.”
“Andei ocupado”, V. respondeu, sério.
A garçonete só faltava jogar os peitos imensos na cara dele.
“E você, o que vai querer?” Perguntou, dirigindo-se a Alysia.
“Qualquer coisa que não tenha álcool.”
A garçonete lançou um olhar incrédulo para a detetive, mas acenou, concordando. Foi para o balcão, após dar uma piscadela para Vishous e saiu, rebolante.
Mas que abusada, Alysia pensou. Pelo jeito que a garçonete se insinuara, Vishous deveria pegar dez entre dez mulheres naquela boate.
Pare de pensar assim, Alysia. Você não tem nada com isso.
Ela estava ficando tonta com a música alta, e com pensamentos intrometidos sobre V. e a garçonete. Pediu licença e foi ao banheiro.
Assim que saiu, o vampiro chamou a garçonete novamente. Cochichou algo ao ouvido dela, que deu uma risadinha.
A noite ia ficar muito, muito divertida.
***
Depois de lavar o rosto, Alysia voltou à mesa. Mas que droga. Onde ela tinha ido parar? E o que aquele cão de guarda estava planejando? Era melhor ficar esperta.
Ao sentar-se, reparou que havia uma taça sobre a mesa.
“Seu drinque sem álcool chegou.” V. falou.
Alysia olhava para o copo, desconfiada. Pegou. Cheirou. Não parecia ter nada demais. Provou. Hum, era bom. Doce. Frutado. Tomou mais um gole.
Vishous, de braços cruzados, olhava o ambiente. Parecia estar reparando em tudo. Será que ele nunca relaxava?
Outra mulher rebolante aproximou-se da mesa. Essa era loira, de cabelos cortados pelo queixo. Não era peituda, mas tinha um traseiro que... Santo Deus.
“Olá, V. Senti sua falta por aqui.”
“Hoje não estou livre.” Ele respondeu.
A tanajura lançou um olhar de desdém para Alysia.
“Bom, se ficar desocupado, sabe onde me encontrar, bonitão.” E passou a mão pelo ombro dele ao sair por trás da mesa deles.
O sangue de Alysia subiu. Mas que falta de respeito! Com ciúmes, ela? Imagine. Mas podiam ao menos reparar que havia alguém com ele, não podiam?
Tomou o drinque de uma vez só e bateu o copo na mesa.
Vishous segurou-se para não rir. Aquela era uma prostituta e dizia a mesma coisa para todos os machos ali dentro. Mas se Alysia não sabia disso, não era ele quem iria contar.
“Quero outro desses.” Ela disse.
“Pra já”, ele devolveu, e chamou a garçonete.
Três drinques e mais duas garotas oferecidas rebolantes depois, Alysia decidiu que era hora de largar Vishous sozinho e divertir-se. Estava muito quente ali dentro. Não havia ar condicionado?
Arrancou o casaco e jogou no colo de V. Revelou uma blusa linda de cetim púrpura, toda decotada.
“Cuide disso pra mim. Vou dançar. Está tocando a minha música preferida.”
Vishous estava meio de queixo caído com a roupa que estava por baixo do casaco de Alysia. O que era aquilo? Ela soltou o rabo de cavalo e saiu toda animada para a pista de dança.
O vampiro estava doido para vê-la dar vexame na frente de todos. Seria sua pequena vingança por ter levado um chute dela diante de toda a Irmandade. Por isso mandara colocar no drinque dela uma bebida doce, mas bem forte. Pelo jeito, já fizera o efeito esperado.  
Alysia dançava sensualmente, jogando o cabelo de um lado para o outro e agitando os braços conforme o ritmo da música. De vez em quando, olhava para Vishous, punha a mão no cabelo e caprichava mais na dança.
O tiro saiu pela culatra. Em vez de dar vexame, Alysia fez todos pararem para vê-la dançar. Ela estava se acabando enquanto as músicas se sucediam. Não demorou para que outros homens na área VIP começassem a ficar de olho. Um deles se aproximou para dançar com ela.
Foi o que bastou. A palavra surgiu como um imperativo na mente de Vishous.
Minha.
Ele nem parou para pensar que ela não era dele coisa nenhuma. Sentiu uma urgência de ir até lá e jogar o macho que ousava se aproximar de Alysia do outro lado da boate.
Ela e o macho sacolejavam de um lado para o outro, a uma pequena distância entre si. Estavam quase ensaiando uma coreografia e todos em volta tentavam imitar. Vishous chegou perto e resolveu acabar com a festa, agarrando o intruso pela lapela.
“Fora daqui.”, rosnou.
“Ei, a garota é minha.”, o macho respondeu.
“Não. A garota é MINHA. E qual parte de ‘fora daqui’ você NÃO ENTENDEU?” V. gritou, trazendo o macho assustado para junto de si.
Soltou o cara, que saiu correndo por entre a multidão espantada.
“Que história é essa de atrapalhar a minha dança?” Alysia berrou.
“A diversão acabou, fêmea. Vamos embora agora mesmo.”
“Você vai. Eu não vou a lugar nenhum.”
Vishous arrastou a mulher pelo cotovelo.
“Ah, nós vamos sim.” Pegou o casaco e a bolsa dela. “E não me faça colocá-la nos ombros de novo.”
O vampiro levou uma Alysia revoltada para fora do Zero Sum.
***
Já na Escalade, de volta para a Mansão, Vishous estava bufando de ódio. Além de não provocar vexame nenhum – e não conseguir vingar-se – Alysia ainda tinha se tornado o sucesso da noite.
E agora estava cantando no carro como a bêbada enlouquecida que era.
“U-hu! A gente precisa fazer isso mais vezes, cão de guarda.”
“Cão de guarda? Que apelido é esse?”
“Ooops... Acho que pensei alto.” Alysia disse, entre soluços ébrios. “Hum... não estou legal.”
E começou a rir logo em seguida.
“Mas você é meu cão de guarda sim. Não sai do meu pé.”
Colocou os pés no painel da Escalade.
“Pode ir tirando suas patinhas daí, fêmea.”
“Você é um chato.” Ela respondeu. E cruzou os braços amuada, encostando na janela.
Vishous começou a rir. Ora, ela até que estava engraçada, alta daquele jeito.
Quando olhou para ela, reparou que ela o encarava.
“Você tem dentes pontudos.”
“Você está bêbada.”
“Estou bêbada, mas não sou burra. Deixe eu ver isso.” E avançou para Vishous com o carro em movimento.
Por sorte eles estavam em uma estrada no meio do nada. V. freou o carro antes que ele perdesse o controle.
“Você ficou maluca?”
“Deixe eu ver esses dentes!” Ela já estava em cima dele, tentando alcançar a boca com as mãos.
Nunca V. estivera numa situação assim. Geralmente era ele quem subjugava as fêmeas. Mas nenhuma delas estava interessada em examinar suas presas. Agarrou os pulsos de Alysia, tentando evitar que ela fizesse um exame dentário ali mesmo.
“Você é um maldito vampiro. É sim!”
“Alysia, pare com isso.” V. devolveu, segurando-a com firmeza.
Alysia teve outra crise de riso. Ajeitou o corpo contra o dele, tentando prendê-lo com as pernas.
Ah, merda. Aquilo não ia acabar bem, Vishous pensou. Tentava dominá-la, pensando num jeito de reverter a situação.
Alysia se atrapalhou com o volante e despencou a cabeça sobre o ombro de V.
“Um vampiro... mas sabe que, pra um vampiro, você cheira muito bem?”
Começou a aspirar o perfume dele, e o contato do rosto de Alysia contra o pescoço de Vishous provocou nele um arrepio.
E uma ereção poderosa. Soltou os pulsos dela, correndo as mãos por suas costas, apertando-a contra si.
Mas não podia deixar aquilo acontecer. Não daquele jeito. Não dentro de um carro, com Alysia de porre.
Aliás, aquilo não podia acontecer de jeito nenhum.
Antes que pudesse tirar a mulher de cima dele, ela começou a lamber seu pescoço. Diabos. Aquilo era bom demais. Pôs a mão no rosto dela, tentando afastá-la, mas ela o mordeu antes que conseguisse.
“Ai! Perdeu o juízo?”
Alysia afastou-se, o olhar divertido.
“Imaginei como seria se eu fosse uma vampira e pudesse morder você.”
“Mas você não imaginou. Você me mordeu!”
“Uhum. E seu gosto é bem bom.”
O olhar dele parou no dela um instante enquanto segurava seu rosto entre as mãos. Ele podia beijá-la ali mesmo. Não tinha o costume de beijar suas parceiras, mas era aquilo que iria fazer. Depois mostraria a ela uma coisinha ou duas sobre quem dominava ali.
Levou um choque de realidade. Não podia tomá-la. Ela era de outro mundo. Prendê-la no mundo dele podia acabar mal para ambos. E mesmo que pudesse tê-la… Queria fazer isso com ela consciente. Porque ela pedisse e não porque estava bêbada.
De todo modo, nunca no mundo ela iria desejá-lo, se soubesse o que era, o que fazia. De jeito nenhum.
Alysia tinha as mãos apoiadas nele, o corpo roçando no seu. Vishous sentia o desejo arder, e uma vontade de acabar logo com aquilo e marcá-la como sua.
Onde estava com a cabeça?
Num gesto firme, recolocou-a no banco do passageiro.
“Fomos longe demais, Alysia. Conversamos quando esse porre passar.”
Tonta, ela deixou-se cair no banco.
“Você sempre estraga as coisas assim?”
“Estraga-prazeres é meu nome do meio.”

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