Normal escrita por EmyBS


Capítulo 21
EU VOU TE ODIAR PELA MINHA VIDA INTEIRA


Notas iniciais do capítulo

Como sou MUITO bondosa, decidi postar mais um capítulo hoje... Aproveitem minha bondade... Beijinhos...



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Eu corri o máximo que podia tentando me afastar da casa, quando esse inferno astral ia acabar, alguém estava querendo me matar de alguma maneira. As lágrimas corriam pela minha face e eu tentava buscar no ar o cheiro do meu pai. Da ultima vez ele tinha ido parar no outro continente, aonde eu estava com a cabeça para tentar colocar esse dois no mesmo lugar, eu achei que ela tivesse mudado nesses últimos anos comigo, que tivesse deixado de lado, que tivesse perdoado, Mary realmente parecia ter mudado com os pensamentos que tinha de Filipe.

Parei ao sentir o cheiro do meu pai mais forte, ele estava próximo. Olhei para cima e escalei a arvore rapidamente com toda a agilidade que tínhamos. Era um cedro alto de galhos fortes e logo eu estava sentada em um desses galhos com o rapaz mais lindo que eu conhecia na minha frente, eu amava demais meu pai.

- Você não deveria ter vindo. – Filipe continuava a encarar a escuridão da noite.

- Você precisa de mim. – também encarei a escuridão.

- Ela precisa mais.

- Ela não me quer. – bufei olhando para Filipe agora.

- Claro que quer, tenho certeza que ela te ama. – Filipe encontrou o meu olhar.

- Não esqueça que eu leio os pensamentos dela. – minha voz era seca.

- Ela tem medo apenas isso. – Filipe suspirou pesadamente inconformado.

- Ótimo! Ela casa com um vampiro e tem medo? – eu balançava a cabeça e me joguei no tronco da árvore era agradável lá em cima.

- Ela demorou muito para descobrir e na juventude se deixou levar pelo fascínio. O seu nascimento a deixou instável, ela era muito nova ainda. – Filipe me olhava com ternura.

- Eu sou a culpada afinal? – mais lagrimas caíram pelos meus olhos e Filipe esticou o braço para secá-las.

- Não. Você é muito importante para mim. – ele ainda acariciava meu rosto com as costas da sua mão.

- Vampire Killer. Eu sou uma assassina também no final das contas ela está certa. – fechei os olhos com força.

- Isso é passado. – Filipe fechou o punho chegando mais perto de mim. - Você tem força e coragem, você agüentou muito mais que muitos vampiros resistiriam.

- Você vai voltar? – abri meus olhos para encontrar os dele na minha frente.

- É preciso. – Filipe continuou a me olhar.

- Você ainda tem esperanças? – perguntei voltando ao assunto que me consumia.

- Enquanto ela viver eu tenho esperanças! – a voz dele era firme.

- Você não é um assassino! – eu sussurrei.

- Você mais do que ninguém sabe que eu sou um assassino. – ele sorriu desgostoso.

- Não, você, Josh, Vick, nenhum de vocês é um assassino para mim. – balancei a cabeça tentando apagar as memórias.

- Nós matamos Sammy, não é por prazer ou para apenas saciar a sede, mas matamos. – ele me olhou sério.

- Eu também sou uma assassi... – Filipe tampou minha boca antes de me deixar terminar.

- Você nunca se alimentou de sangue humano, você pode ter matado, mas nunca se alimentou do sangue, nem quando era bebê... – ele sorriu lembrando-se das vezes que eu cuspi o sangue que ele tentou me dar.

- Eu quase perdi o controle esse ano. – olhei para o lado insegura.

- Quase, mas não perdeu. Você é forte! – Filipe beijou a minha mão.

- Vocês tomam sangue humano e conseguem manter o controle.

- Séculos de prática. - ele riu sem graça.

- Você vai voltar comigo? – apesar de tudo eu começava a me preocupar com Mary.

- Sim. Eu não devia ter saído daquele jeito. – ele balançou a cabeça irritado.

Voltamos de mãos dadas cada um nos seus próprios pensamentos, eu não fazia idéia de como ia encontrar a festa, tinha sido um pequeno escândalo bem ao estilo McDowell, eu teria que me desculpar imensamente com os Cullen por toda essa confusão.

Quando chegamos perto percebi que a maioria das pessoas ainda circulava pelo local, não tendo desistido após o nosso drama familiar. Vi meu amigo predileto antes da entrada nos esperando.

- Vocês estão bem? – Josh colocou as mãos em nossos ombros.

- Na medida do possível sim. – eu sorri.

- Como ela está? – Filipe tinha voltado a sua voz triste.

- Mais calma! – Josh tentou tranqüilizá-lo.

Entramos na casa e a musica ainda tocava e no mesmo canto sentada no sofá estava minha mãe com Vick ao seu lado conversando. Era estranho que depois de ter nos chamado de monstro ela estivesse ainda na casa e conversando com Vick. Ela me viu e correu para me abraçar.

- Queria me desculpe! – " Meu amor, me perdoe, me perdoe, me perdoe " – Eu te amo tanto! Desculpe-me!

- " Eu te disse " – Filipe sorriu para mim se afastando.

- Mãe... – Mary encarou meus olhos.

- " Eu nunca vou me perdoar! Nunca! Eu te amo! Não sei como consigo ser tão cega! Me perdoe!" – Mary gritava em pensamentos e eu me mantinha parada com os braços na lateral do meu corpo enquanto ela me abraçava desesperadamente.

- Talvez você esteja certa, talvez eu seja um...

- Não! Não! Querida não! Desculpe-me! Eu sei que tentei o aborto! Eu sei que você ouviu toda a minha insegurança, meus medos, minhas frustrações. Desculpe-me querida! - ela acariciava meu rosto - Como eu podia saber que você conhecia meus pensamentos mais escuros, meus tormentos, minhas duvidas! Perdoe-me querida! Eu te amo querida! Eu te amo tanto! - eu desisti de lutar e abracei aquela teimosa quase a quebrando ao meio. No final ela era minha mãe e nada mudaria isso.

- Eu também te amo mamãe! - eu a soltei sorrindo os olhos de Mary vermelhos de tanto chorar.

- Filipe... - Mary se virou para meu pai que estava de costas olhando pela janela. - Filipe... - eu sabia que ele tinha escutado, mas ainda estava muito magoado. Mary fez menção de abraçá-lo enquanto falava - Me desc... - Filipe se virou para ela com um dedo tampando sua boca impedindo-a de continuar.

- Não se desculpe! Eu sei que você agüentou muito mais que qualquer humano teria suportado! - Filipe acariciava o rosto de Mary que fechou os olhos suspirando.

- Eu deveria... - Mary tentou novamente falar, mas ele a impediu.

- Eu matei - Mary tremeu levemente e ele a abraçou - Você viu o que não deveria ter visto, você nunca deveria ter visto aquilo Mary, no fundo você foi muito mais resignada do que eu imaginei.

- Eu te expulsei de casa! Expulsei minha filha! - Filipe acariciava o cabelo dela puxando-a para mais perto ainda.

- O que você fez foi natural Mary, você era nova, teve sua vida toda mudada por minha causa, tinha uma filha que não entendia, seus pais morreram, você me viu em serviço, existiam vampiros nos perseguindo... Foi mais seguro assim... Por mais que doa... - Ele segurou o queixo dele fazendo-a encará-lo.

- Eu te odiei... - a voz de Mary falhava.

- Eu sei. - incrivelmente Filipe sorria para ela que retribuiu o sorriso.

- Eu vou te odiar pela minha vida inteira. - Mary parecia mais confiante e enlaçou o pescoço de Filipe.

- Definitivamente eu sei. - Filipe puxou Mary para mais perto ainda seu nariz roçando no dela.

- Eu te odeio seu vampiro assassino e arrogante de uma figa - e agarrando os cabelos de Filipe, Mary o beijou.

Certo. Eu não estava pronta para isso. Meus pais estavam se beijando no meio da minha quase estragada festa de aniversário. Eu estava em choque e Josh apareceu no meu lado com um sorriso de orelha a orelha.

- O que é isso? - Eu perguntei incrédula.

- Ahhh... Sua mãe sempre odiou seu pai... - Josh parecia mais aliviado do meu lado.

- Sabe... Mary é um pouco lenta para entender as coisas... - Ele falava baixo para ela não ouvir.

- O que você quer dizer com isso? - Eu nunca tinha ouvido sobre o inicio do relacionamento dos meus pais.

- Ela achava que Filipe tinha alguma doença rara.

- Doença? - encarei Josh sem acreditar.

- Exatamente! - Josh manteve os olhos fixos nos meus.

- E quando ela descobriu? - tentei desviar o olhar, mas não consegui.

- Você deveria saber, você disse que já tinha consciência. - Josh piscou para mim e voltou a olhar para meus pais se beijando no outro lado da sala.

- Aquela conversa? Quando ela tentou me matar? Eu já existia quando ela descobriu? - eu estava totalmente incoerente.

- Ela tentou abortar e não conseguiu, ela tinha 18 anos e o pai dela iria querer matá-la. Ela ficou tão nervosa que tivemos que tira-la no início da gestação. Foi horrível! Filipe parecia que ia ter um troço a qualquer momento, ele queria as duas. Você tem sorte em ter sobrevivido aquela loucura. Você cabia na palma das nossas mãos de tão pequena.

Eu engoli seco ouvindo Josh me contar uma parte do meu nascimento que eu nunca imaginei realmente. Eu lembrava vagamente da conversa, lembrava de Mary ter ficado muito nervosa e deu ter sentido muita dor. Ela começara a ter contrações e estava me machucando. Ela teria me abortado de alguma maneira se Filipe e Josh não tivessem me tirado de lá. Eu só nunca tinha imaginado que ela tinha descoberto sobre a real identidade do meu pai naquele momento. Mas conhecendo Mary como eu conhecia isso era uma coisa bem normal. Ela nunca prestava atenção nesses detalhes.

- Eu não tenho mais idade para isso! - a voz rouca de Mary me chamou a atenção.

- Você quer parar com isso? Eu sou muito mais velho que você! - Filipe acariciava o rosto de Mary que tentava inutilmente esconder no peito de Filipe.

- Você é irritante! - ela sorriu olhando-o nos olhos.

- Eu sei. - mas eu não prestei mais atenção neles.

Eu não prestei mais atenção em nada, pois nesse instante Alice correu para a porta de entrada e abraçou Jasper que acabava de chegar. Ao seu lado com uma expressão vazia para mim estava Vincent. Meu coração disparou descontrolado só de olhar para ele, minha respiração ficou ofegante e não me dei conta dos meus pés até estar em frente a ele olhando-o nos olhos dourados cheios de duvidas e desejos. Eu não me importei com mais nada, eu precisava conversar com ele. Eu precisava estar com ele. Puxei Vincent pela mão e o levei de volta para a saída. O que tínhamos para conversar não era para ninguém ouvir. Era um assunto meu, dele e da floresta.

- Mas será que essa menina não consegue ficar parada? - eu ainda ouvi Alice reclamar antes de sair em disparada, mas ela estava certa, eu não conseguia ficar parada.

Minha vida tinha virado uma tempestade em alto mar no momento em que coloquei os pés em Forks e pela primeira vez em muitos anos ela parecia que ia se encaminhar para uma calmaria eterna. Pela primeira vez na minha vida as coisas pareciam que estavam realmente se acertando e não apenas dando um jeito para seguir em frente. Pela primeira vez tudo parecia que ia dar certo no fim das contas e eu tinha Vincent ao meu lado. Agora só faltava colocarmos as cartas na mesa. Ele iria me escutar e ia escutar muito.


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