15 de Fevereiro de 2017, Walrus City, Narkóvia. 20:12

As horas se passaram. William amarrou um pedaço de pano em seu braço, mas já estava todo manchado de sangue. De um momento à outra a dor aumentava e diminuía, William tinha que arranjar outro abrigo já que um supermercado era muito chamativo, qualquer soldado inimigo poderia entrar ali à qualquer momento.

E assim, William saía do supermercado, correndo e se escondendo atrás de ruínas e carros destruídos, tentava não ser percebido. Minutos depois, a dor aumentava e não conseguia achar um abrigo melhor, ouviu o som de um veículo pesado se aproximando, tinha que se esconder e rápido. Ele saiu correndo em direção à uma casa qualquer naquela rua, era uma casa de madeira cinza, com uma varanda e janelas com detalhes em branco, a porta estava fechada e alguns vidros da janela estavam quebrados, não teria escolha, tinha que se esconder ali.

William chutou a porta, já estava violada e por isso foi fácil entrar. Fechou a porta, a dor em seu braço aumentou muito e sua visão parecia estar cega com a dor, parou por um momento para se recuperar da dor, ao se virar viu um revólver apontado para a sua face.

- Quem é você? - Perguntou aquela voz feminina em tom de bravura e medo.

- M-meu nome é William McKnight... Eu... Não estou bem...

Após dizer isso, William caiu no chão, já estava inconsciente pelas coisas que lhe aconteceram, seu melhor amigo morreu lentamente e seus colegas foram aniquilados, além da dor em seu braço.

A mulher acompanhou a direção do revólver até o homem cair no chão. Vendo que o estranho estava inconsciente, abaixou o revólver e puxou o desconhecido até o sofá da sala, assim ela o jogou ali.

16 de Fevereiro de 2017, Hann Island, Narkóvia. 14:54

Gabriel estava quieto sentado no sofá, ouvindo suas músicas de rock. Algumas pessoas o achavam anti social, mas a verdade é que Gabriel era tímido, incapaz de fazer amizades ou se comunicar com as pessoas, seus melhores amigos vieram falar com ele, passava uma imagem de pensativo, concentrado, quieto e na maioria das vezes, triste. De repente, Gabriel sente um peso caindo no sofá, como se alguém sentasse ao seu lado, pensou ser Heberth, mas ficou surpreso quando abriu os olhos.

- Posso saber que música você está ouvindo? - Perguntou Rosie.

- Oh... Rosie? Tá, claro...

Gabriel pressionou algo no cubo de vidro e a música passou-se à tocar no computador portátil na mesa, tocava-se Gimme All Your Lovin' da banda de rock ZZ Top.

- De quando é essa música?

- Hum... 1983.

- Nossa... Es...

- Esta é uma música velha, mas desde os anos oitenta não fazem mais músicas que prestem...

- Não é verdade, gosto de Poets of The Fall. - Protestou ela.

- Também gosto, bem, só algumas bandas se salvam...

- É... Nisso eu concordo... Por que você é sempre quieto assim? - Perguntou ela.

- Não sei explicar... É complicado, eu...

- Você é tímido. – Ela o completou.

- Yeah... Basicamente, sim...

- Eu posso te ajudar com alguma coisa... Eu...

- Rosie... Não me leve à mal, por favor, mas... A última vez que alguém tentou me ajudar assim, quem sofreu ainda mais fui eu... Me perdoe...

Rosie estava atenta, percebeu que o passado de Gabriel além de misterioso também era triste, pelo menos para ele.

- Tudo bem. Eu entendo...

O alerta da base começou à tocar, da caixa de som a voz do comandante da base gritava: " Todos os pilotos compareçam à sala de briefings agora!"

- Vamos lá... - Disse Gabriel, saindo pela porta do quarto.

Minutos depois, os pilotos já estavam todos naquela sala esperando as instruções, no momento em que o comandante chegou, todos ficaram em silêncio.

- Muito bem, senhoras e senhores. Recebemos novas imagens de satélite hoje de manhã. O inimigo está usando uma estrada para deslocar suas tropas para o sul, achamos que estão se concentrando em algum ponto dessas montanhas litorâneas para invadir a cidade de Yrys. Esquadrão Odin, vocês garantirão a superioridade aérea e escoltarão os bombardeiros até o alvo. O Porta-Aviões NNS Victor Salverioch e seu esquadrão, Sea Eagle, ajudará vocês nesta missão, eles irão destruir todas as baterias anti-aéreas ou S.A.M.s¹ que ameaçarem os objetivos desta missão. Perguntas?

Todos ficaram em silêncio por um momento, alguns sussurravam algo com seus colegas, até que o capitão Gannon levantou seu braço.

- Capitão Gannon... - Disse Roark Rafferty, comandante da base.

- Senhor comandante... Onde está o resto da frota naval do nosso país? - Disparou Henry.

O silêncio tomou conta da sala por alguns segundos, Roark ficou cabisbaixo, abriu sua boca para tentar falar, mas logo a fechou novamente. Levantou a cabeça e respondeu a pergunta.

- Dois navios da frota foram destruídos, toda a frota conseguiu fugir para o norte da nossa ilha, as ilhas Eres foram tomadas pelos invasores da Borávia.

Eres é um conjunto de ilhas perto da Borávia, concentrava toda a frota do Ártico da Marinha da Narkóvia, mas agora tinha sido tomado pela Marinha da Borávia, a boa notícia era que a maior parte da frota escapara do ataque e estava agora pronta para a guerra. Rapidamente, todos os territórios da Narkóvia estavam sendo invadidos pelo inimigo e todos ali sabiam que em algum momento, Hann Island também poderia ser atacada.

O silêncio reinava naquela sala até a estrondosa voz de Roark voltar à perguntar.

- Mais perguntas?

- Eu tenho, senhor comandante. - Disse Heberth.

- Diga, senhor Thaylor...

- Senhor, qual será a quantidade de aeronaves inimigas no local?

- Bem, aproximadamente terá entre cinco à dez aeronaves, que decolarão assim que formos detectados no radar, primeiramente o esquadrão Sea Eagle voará em baixa altitude para dificultar o rastreamento no radar, assim que as baterias anti aéreas forem destruídas, os TU-22Ms, os TU-160s e vocês irão entrar logo em seguida.- Respondeu Roark, dando ênfase à "vocês" se referindo ao esquadrão em geral.

- Senhor comandante, qual a probabilidade desta missão ter sucesso? - Perguntou Henry.

- As chances de sucesso são de setenta por cento, por tanto, vamos trabalhar pra que isso aumente. Vocês partirão daqui à duas horas.

- Senhor, só mais uma pergunta... Quando Rafael será resgatado? - Perguntou Rosie.

- Não temos previsão para isso agora, tentaremos resgatá-lo quando for possível. Dispensados!

Todos os pilotos se levantaram de suas cadeiras e caminharam até a porta, com seus cadernos e lápis. Gabriel, Heberth e Rosie andavam lado a lado naquele corredor, Henry continuara na sala de briefings, não se sabia o por que.

- Acho que não vão resgatar Rafael. - Disse Gabriel.

- Por que não? - Perguntou Heberth.

- Não ouviu o que o comandante disse? Eles parecem não estar nem aí pro Rafael... - Respondeu Rosie.

- Yeah... Espero que nosso amigo esteja bem... - Disse Gabriel, todos se entreolharam, e continuaram sua caminhada pelo corredor.