In My Head escrita por IsabelNery


Capítulo 2
Isabelle: Ativada


Notas iniciais do capítulo

Sei que o cap. anterior foi confuso, alguns também seram. Mas, logo vocês vão entender.



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P.O.V. Isabelle

ISSO. NÃO. É. JUSTO! Aquela peste vai conhecer o inferno ainda hoje! Vocês devem estar me achando maluca, mas vou me explicar. Tudo começou há quatro horas...

Estava voltando do colégio, e graças ao meu querido professor de ciências, peguei detenção. Com isso, perdi o ônibus e tive que voltar andando. Resultado geral: Eram quase 3 da tarde, não havia almoçado, o calor estava infernal pelas ruas de São Paulo, e tinha uma advertência por chamar meu professor de “Besta”. Sabe a famosa frase "Isso não pode piorar?" Pois é, ela funcionou outra vez.

Quando avistei minha casa, meu estômago não parava de roncar, devo ter tocado a campainha umas 30 vezes, até alguma alma bondosa abrir. Disparei até o balcão da cozinha e me servi, praticamente devorando a comida. Já estava feliz, mas passou quando tentei ir para a sala, minha irmãzinha, ou como eu a chamo: A Peste estava no meio do caminho. O que ela fez?

— Fala logo. - Disse

— O que Belle? – Fez carinha de santinha

— O que você aprontou dessa vez? Qual foi meu pertence sorteado para ser quebrado hoje? Fale logo, idiota! – Um dia essa menina vai me matar.

— Não grite comigo! – Apontou um dedo na minha cara.

— Então deixe de ser Besta, e responda minha pergunta

— Que se dane – Se jogou no sofá e ligou a TV.

Bufei de raiva e subi a escada. Fui até o corredor, e me dirigi à última porta. Meu Quarto. Entrei e bati a porta com força, estava normal: Algumas roupas sujas pelo chão, minha cobra de estimação (Just) parecia bem, meu computador estava inteiro e o iPhone também. Meus livros estavam intactos, meu piano eletrônico estava bem. Sentei na cama e trouxe meu notebook para o colo. Mas, quando apertei o botão para ligar, quem disse que ele ligou?

Visualmente ele estava bem, o coloquei de cabeça para baixo, peguei a caixa de ferramentas vermelha do meu pai e tirei uma chave de fenda. Retirei os parafusos, e comecei a desmontar meu notebook. Normal, nada diferente. Coloquei as peças no lugar e o “fechei”. Desisti e coloquei para carregar. Escolhi uma blusa qualquer, um short jeans. Saí do meu refúgio e corri para a penúltima porta, o banheiro. Apesar do que eu pensava, um banho quente não me deixou mais calma, somente me distraiu da realidade por um período de tempo.

Penteava meus cabelos castanhos escuros, quase pretos, olhando para as sardas abaixo dos meus olhos. Estava na paz, porém ela geralmente tende a durar muito pouco. A peste começou a bater na porta do banheiro, berrando:

— Belle sai daí! Seu namorado está aqui! – Provavelmente, Charlie tinha chegado para me ajudar a não ficar em recuperação em ciências.

— Ele não é meu namorado! – Disse saindo do banheiro. Charlie e eu somos melhores amigos desde a primeira série, quando dois meninos o estavam espancando e xingando por ele ser nerd, e eu simplesmente o defendi, mas quando um dos grandalhões foi tentar me bater, dei um chute bem forte no meio de suas pernas e corri, Charlie me imitou. Desde então tem sido assim, todos que tentam bater em Charlie acabam na enfermaria. Mas, infelizmente, por ser amiga dele, também sou zombada. Voltando a realidade, prendi meu cabelo em um rabo-de-cavalo, e desci as escadas. Lá estava meu amigo, com seus olhos castanhos, e seu cabelo de um loiro escuro bem grande, com uma franja de arrepiar, usava uma camiseta pólo verde, e bermuda marrom claro.

— Hey Bells, detenção outra vez? Por que não entrou no chat? Esperei por meia hora e vim correndo. – falou bem rápido, atropelando as palavras.

— Oi, não entrei porque meu computador não quer ligar. – Podia jurar que a cortina da sala tinha se mexido levemente, mas provavelmente foi só o vento.

— Placa de vídeo? – Começou o questionamento, ele era muito mais hacker que eu.

— Normal, eu o desmontei, tudo estava normal. Você quer ver? – Mexeu de novo.

— Uhum.

— Vai subindo, eu já chego, ok?- ele subiu a escadaria, e eu andei até a cortina. Olhei por trás, nada. Mas, quando me virei senti uma dor localizada no meu couro cabeludo, como se um fio de cabelo sendo arrancado da minha cabeça. Coloquei a mão no local e virei. Ninguém, nada, apenas o vento. Eu devo estar imaginando coisas.

Onde estaria a peste nessas horas? Subi a escada e no último degrau, parei. Olhei fixamente para a porta do meu inferno pessoal, dei de ombros e entrei. Era um pouco menor que o meu e, obviamente, era o orgulho de arrumação da mamãe. Deu vontade de vomitar com tanto branco e rosa. Eu tocava piano, ela tocava flauta. Tem coisa mais brega que flauta? Piano não é como violão ou guitarra, mas pode-se tocar qualquer música moderna. A porta se abriu, tomei um susto, mas era Charlie.

— Tava te procurando, achei o problema. – Fomos para o meu quarto, eu me sentei na cama, ele do meu lado com o notebook nas mãos. – É o seguinte, eu o desmontei, sua memória foi trocada, e a nova está com um vírus, coloquei um HD para melhorar, mas não tenho como recuperar os dados.

— Aquela peste vai me pagar!- Provavelmente estava com a face completamente vermelha, ele me segurou pelos braços. Era assim, ele era o calmo, e eu a estressada.

— Calma, antes de você entrar no quarto dela, eu mesmo troquei as memórias. – Dei um abraço apertado nele.

— Valeu! – Nesse momento a peste aparece do lado do guarda-roupa, com uma câmera nas mãos.

— Você não fez isso!- Ela exclamou com Charlie. Eu e ele bufamos ao mesmo tempo. – Vocês não têm ideia de como foi difícil, paguei trinta reais para destruírem seu computador e queimarem seus livros, e esse besta do seu namorado conserta tudo bem rápido.

— Queimarem o quê?- Falei bem devagar, Charlie tentou me segurar. Desta vez fui mais rápida, segurei a peste de dez anos pelo braço, com minhas unhas perfurando lentamente sua pele. – Responda. – Apertei mais forte, ela quase gritou – Me solta! Foram só dois. – Apertei bem forte, mas depois soltei. Ela saiu correndo, e esqueceu a câmera.

Charlie e eu nos encarávamos e olhamos para a câmera. Peguei-a, não tinha fotos, apenas vídeos. O mais recente era de vinte e cinco minutos atrás. Apertei o play, somente mostrava meu amigo olhando dentro das gavetas, procurando algo, provavelmente outra memória. Desliguei a câmera, e Charlie já estava sentado no tapete com dois cadernos, o livro de ciências, e um lápis.

— Chega de enrolação, depois você revida. Vai querer bombar em ciências ou não? - Encarou-me seriamente. Sentei do seu lado, ele sempre fora um bom professor, depois de mais ou menos uma hora, batem na porta. Era minha mãe com um telefone nas mãos:

— Charlie, é sua mãe no telefone, vai ficar pra jantar?

— Sim, senhora. – Minha mãe voltou a sorrir para ele, e me deu uma bela encarada, depois saiu.

— Chega de ciências – Disse, meu cérebro não conseguia aprender mais que isso por um dia.

— Tudo bem. Fazemos o que agora? – Fechou o livro, e o jogou para o lado. Levantou-se e me ajudou, sentamos na cama.

— Sei lá, o que você quer fazer? – Perguntei, esperando algo que tivesse a ver com música. Em vez disso.

— Isso – Deitou-me em minha cama, e começou a mordiscar e lamber meu lóbulo direito. Eu ia pedir para parar, quando ele me beijou, nem tive tempo de protestar ele invadiu minha boca com sua língua. Meu deus, eu estava beijando meu melhor amigo, não posso negar que ele era bom nisso. Nós precisamos de ar e ele parou. Quando tentou falar algo, eu lhe dei uma forte tapa no rosto.

— Ai! Bells o que foi? Parecia que você estava gostando. – Deu um sorrisinho malicioso

— Pirou? Cheirou cocaína? Você é meu melhor amigo, vai acreditar no que minha irmã diz? Saí daqui agora!! – Eu sei que fui rude, mas ele mereceu. Ele acabou em 10 segundos o que eu levei anos para construir. Tentei me sentar, mas seus braços estavam me segurando, ele estava literalmente em cima de mim. Por que eu tranquei a porta quando minha mãe saiu? Me beijou novamente, dessa vez como se fosse uma necessidade indispensável, sem parar de primeira explorou minha boca, e depois de algum tempo tive uma ideia. Retribuí o beijo e ele se empolgou, seus braços soltaram os meus e ele começou a mexer no meu cabelo. Prendi os braços dele com minhas mãos e saí de baixo dele. Olhei para ele, nenhum de nós estava feliz. Ele não conseguiu o que queria e eu, eu perdi meu único amigo. Soltei seus braços. Levou algum tempo para que alguém se mexesse, era somente eu o olhando, ele me olhando.

Minha mãe bateu na porta, avisando que o jantar estava pronto. Eu ainda estava fora de mim, mas agi normalmente. O jantar foi calmo, ele se sentou na minha frente, mal comi, ele também. Meu pai falava do trabalho, minha mãe reclamava por ele não dar tanta atenção as filhas, minha irmã chamava a atenção deles, eu e Charlie apenas nos encarávamos. Quando terminamos minha mãe disse:

— Belle, seja educada e acompanhe seu amigo até a casa dele. – Charlie sorriu, eram apenas dois quarteirões, mas eles seriam longos até demais. Quando saímos da minha casa ele fez questão de segurar minha mão por todo o caminho.

— Desculpe, eu queria muito isso. Quando estiver preparada é só avisar. – Como é? Eu era a chata da situação?

— Charlie eu gosto muito de você, mas como amigo. Nada mais – suspirei, não estava preparada para essa conversa com ele, ainda.

— Posso pedir só mais uma coisa? – Faltavam somente uns metros

— Não vou casar com você – Ele riu

— Não é isso, eu só queria mais um beijo – Dar ou não dar? O que eu poderia perder? Antes que eu pudesse responder ele me invadiu minha boca pela terceira vez naquela noite, acabou quando eu não tinha mais ar, deu-me um abraço e entrou. Voltei pelas ruas andando lentamente, o que eu faria amanhã? Mal sabia eu que esse amanhã tardaria bastante a chegar. Quando cheguei em casa, a peste disse para meu pai que EU tinha: Quebrado seu computador, queimado seus livros e ficado em recuperação em ciências. Como castigo por tudo que não fiz, fiquei um mês sem TV, dei meu computador obrigada a minha irmã, esconderam meus livros, e levaram meu celular. Com disse antes: ISSO NÃO É JUSTO! Aquela peste vai conhecer o inferno ainda hoje. Ela não conheceu o inferno, nem hoje, nem amanhã. Fui para o meu quarto derrotada. No meio do caminho, ouço:

— Tudo isso por ter entrado no meu quarto, você mereceu – Me segurei para não dar o merecido tapa na cara, em vez disso, voltei para o meu quarto, fechei os olhos, não sei quando dormi, mas não demorou.

Quando acordei, permaneci de olhos fechados, minha cama havia diminuído, e estava muito frio. O que era estranho, pois estávamos no verão e eu não lembrava de ter ligado o ar condicionado antes de dormir. Viro de lado e abro os olhos, um par de olhos verdes me encarava de perto, nunca tinha visto este menino, ele parecia não saber onde estava também. Percebi que tudo era cinza, olhei ao redor e não havia portas nem janelas, eu estava perdida.


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Notas finais do capítulo

Piorou? Melhorou?



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