To Let The World Be escrita por americangods


Capítulo 5
Capítulo 2.1 - Sentiu minha falta?




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Capítulo 2.1 - Sentiu minha falta?

“Papa!”

Já era a quinta ou sexta vez que ela repetia a mesma palavra enquanto delirava. Provavelmente estava sonhando, ou tendo alguma alucinação. Uma mão delicada, a contragosto, acariciou seus cabelos. Octopus não sentiu nada, estava ocupada demais com seus pesadelos.

Aqueles eram os efeitos de sua ciência agindo no SOP. E isso não agradava nem um pouco Naomi Hunter. Foi por isso que foi seqüestrada. Para trabalhar em uma forma de invadir e manipular o sistema que era capaz de controlar todas as ações e soldados no mundo.

Ela sabia onde isso ia acabar, e não teve a dignidade de recusar o trabalho. Mas não era hora de se preocupar com isso, haviam coisas mais importantes no momento. Por exemplo, se manter equilibrada dentro do veículo, rezar para que Snake conseguisse salvar a todos eles e tomar conta da ex-Beauty and the Beast. Assim ela esperava. Por mais que estivesse tentando consolá-la da melhor forma possível, sentia um medo inexplicável de acariciar e ter sobre suas pernas aquele belo rostinho meigo de Octopus.

Provavelmente porque leu sobre ela. Sabe da historia de sua vida, como foi forçada a matar seus familiares e amigos, os seus problemas mentais e psicológicos e o seu transtorno de estresse pós-traumático.

Tudo bem, até que dava para sentir alguma pena dela. Mas foi só lembrar o que Octopus fez com os rebeldes sul-americanos que o medo voltou a prevalecer. Foi só lembrar de como Octopus a ameaçou, torturou e brincou enquanto trabalhava naquele laboratório antes de Snake resgatá-la.

“Como pode... você ser aquela pessoa cruel e violenta...” Naquele momento Hunter desejou do fundo do coração que Snake estivesse certo. Que a besta tenha ido embora, e no lugar, ficado apenas a bela.

“NÃO!” A ultima palavra antes de desmaiar também foi a primeira que ela falou ao acordar. A mesma intensidade de antes, mas agora sem a barulhenta hélice para abafar o grito.

Naomi chegou a sentir os ouvidos doerem. Levou um susto tanto por isso quanto pela garota se levantar subitamente, aparentando uma nova crise de espasmos. Se manteve erguida, contrariando a tese anterior, ainda que com certa dificuldade para manter-se ereta.

A loira, usando as duas mãos para se apoiar na parede do veículo oposta a até então não-noticiada companhia. Ou companhias. Achou que tinha imaginado aquele macaquinho cinza antes de desmaiar, mas estranhamente o pequeno animal estava na sua frente, com seus longos e magros braços estendendo uma lata de refrigerante avermelhada.

Aquilo só podia significar duas coisas: ou ainda estava delirando, ou então o mundo acabara de se tornar um lugar muito louco, mais ainda do que ela esperava.

“É melhor aceitar. Você precisa de açúcar no sangue” Octopus voltou a atenção para a fonte daquelas palavras. Era Naomi Hunter. A mesma mulher que ela teve de manter em cativeiro durante meses, que ameaçou e brincou maldosamente durante esse mesmo período. Tratou de esquecer o passado por enquanto. Se a cientista estava ali, então quer dizer que sua missão com Snake foi bem sucedida. Exceto por...

“Cadê o Snake??” A loira perguntou preocupada tentando não imaginar o pior.

“Ali em cima” Naomi olhou para o teto e cruzou as pernas tentando demonstrar a maior calma possível perante aquela mulher que até o começo do dia tinha sido uma ameaça.

A jovem sentiu um peso sair de seu coração. Ainda se apoiando na parede sentou no lance de bancos opostos aos que a morena estava. Sentiu alguma coisa gelada cutucar seu braço direito.

Era o macaquinho cinza, e como antes, oferecendo uma lata de refrigerante para ela. Lembrou das palavras de Naomi e resolveu aceita-la. Abriu a lata e a levou a boca. Manteve-a assim até tomar o que presumiu ser pouco menos da metade do conteúdo.

Levantou as duas pernas e as apoiou no banco, tentando se equilibrar com os calcanhares na beirada da superfície de couro. Em seguida envolveu os braços sobre os membros inferiores e ficou olhando para o macaco, que parecia estar se divertindo ao tentar agradá-la. No momento era melhor evitar trocar olhares ou palavras com Naomi Hunter.

As duas se mantiveram em silêncio, ouvindo os sons da batalha vindos de fora do carro. Mas a ansiedade tomava conta da morena e da loira. Preocupações com o estado do veículo, com suas vidas, e acima de tudo: com Solid Snake lá fora, lutando com sabe-se o que para protegê-las.

O agente estava velho, seu corpo chegando ao limite, mas ele parecia ignorar completamente sua condição. Sua vontade de lutar, seja lá por qual fosse o motivo dele, era maior e mais forte que as limitações de seu corpo. Naomi e Octopus não podiam deixar de sentir admiração, respeito e até encantamento pelo velho homem.

“SNAKE! Tem mais um blindado vindo. E a estrada está cheia de Geckos!!” Uma terceira voz gritou. Só podia ser o motorista.

As duas moças não o viam, havia apenas uma porta de metal fechada separando a área em que estavam e a frente do carro, onde o dono da voz estava. O som veio através dos alto-falantes no veículo, permitindo que tanto elas quanto Snake lá fora pudesse escutar. Naomi resolveu olhar pela janela atrás de si. Por medo, tinha evitado de faze-lo durante todo o percurso, mas agora a curiosidade era maior.

Havia um blindado semelhante ao que estavam muito próximo, manobrando e encostando violentamente no seu na tentativa de derruba-lo. Por sorte o motorista parecia bem habilidoso, além do próprio veículo ser forte o bastante para agüentar as investidas.

Mas o que deixou o seu rosto pálido foi ver o que havia mais para frente. Eram muitos Geckos, com certeza mais de dez. Todos eles corriam em uma velocidade impressionante a frente deles, e seus torsos, virados para trás, distribuíam milhares de tiros em seu carro. E consequentemente em Snake.

Naomi levou as duas mãos à boca, impedindo que Gritos, gemidos, palavras, o que fossem pudessem sair. Virou-se, e horrorizada encarou o chão. Com certeza o veículo não ia agüentar muito tempo. E nem Snake.

“Snake, use algum explosivo neles, ou não vamos ter como passar” Era a voz do motorista novamente.

Só saiu do transe momentâneo quando viu Octopus se movendo de um lado para o outro do veículo procurando por algo. Revirava cada gaveta e armário, e apesar dos diversos armamentos presentes neles, nenhum parecia ser útil para a situação. Virou para Naomi, e quando ia começar a falar alguma coisa, provavelmente para dizer que precisavam ajudar Snake, viu um armário que ainda se mantinha fechado. Ela não procurara ali.

Abriu com feracidade, batendo as portas cada uma em um lado. Parecia um milagre. Bem na sua frente estava um RPG-7, um lança-mísseis, e algumas cargas de munição. Não pensou duas vezes e pôs todos eles em suas mãos – obviamente com dificuldade extra para segurar o lançador – e começou a subir a escada para a escotilha.

Abriu a portinhola circular e ignorou a ardência que o Sol provou em seus olhos claros. Conseguindo subir na superfície do blindado, se esforçou para não ser jogada para os lados. Logo na sua frente estava a silhueta de Solid Snake, ocupado o bastante operando a metralhadora para noticiar sua presença.

Apoiou o lançador nos ombros e se preparou para atirar. Quando um pequeno pontinho vermelho apareceu na interface da arma, indicando que havia travado em um alvo, ela se preparou para puxar o gatilho.

Uma força desconhecida a levou ao chão. Ainda deitada, virou a cabeça para ver o causador. Deu de cara com dois soldados inimigos que de alguma forma conseguiram se prender no veículo e subir. Estranhamente nenhum deles carregava alguma arma, apenas agiam de uma forma que ela pode descrever como bizarra.

Um deles se jogou em cima dela, que de barriga para o blindado, se encontrava totalmente incapaz de reagir. O inimigo sequer tinha um estilo de luta ou um padrão de comportamento. Apenas agia como um animal irracional qualquer. Pronunciava algumas coisas incompreensíveis e babava por trás do capuz.

Ela quase acharia isso nojento se não estivesse se preocupando com sua vida quando o humano inimigo se atrelou a ela e começou a apertar o seu pescoço. Octopus começou a gemer e gritar, o bastante para chamar a atenção de Snake.

Sem relutar, o herói lendário tirou a arma do coldre e girou o braço violentamente, até que o cano da arma ficasse de encontro com a testa do agressor. Atirou. A bala atravessou a pele, crânio e cérebro, saindo pela nuca dele acompanhada de uma nuvem de sangue.

Apontou para o outro inimigo e fez o mesmo, mas sem esperar para encostar a arma. Não foi preciso, o efeito foi quase o mesmo. Os dois corpos caíram para fora do blindado, sendo atropelados em seguida pelo veículo inimigo.

Laughing Octopus sabia que não era hora de agradecimentos, ainda que quisesse se jogar nos braços de seu salvador. Resolveu esquecer por enquanto, ele teria sua recompensa depois. Quase sorriu maldosamente com esse pensamento. Apoiando os pés em algumas barras de metal, botou o RPG nos ombros e disparou sentada na superfície do veículo.

O tiro fez uma pequena acrobacia no ar e acertou na frente do blindado inimigo. Pronto, aquilo cuidaria dele. Pegou outra munição e recarregou o lançador. Virou para frente na mesma direção que Solid Snake atirava e procurou por outro alvo. O Gecko que estava mais próximo já estava sendo alvejado por Snake e a metralhadora do APC. Mirou no que estava ao lado desse.

Esperou novamente o sinal da interface da arma e atirou. Outra acrobacia no ar, acompanhada de uma fumaça branca indicando sua trajetória que logo se dissipou e o segundo tiro acertou seu alvo. A explosão apenas confirmou isso.

Snake sorriu com o sucesso do tiro da garota e logo em seguida derrubou outro Gecko com a metralhadora. Restavam apenas dois agora. Girou a metralhadora para o que estava mais próximo do veículo e começou a atirar. O outro era de Octopus.


A jovem não perdeu tempo, repetiu o processo para recarregar a munição e travou a mira no robô que sobrou para ela. Esperou o pequeno barulhinho que o lançador fazia ao travar um alvo. Estava começando a gostar daquele som. Nem fez questão de olhar para o ponto vermelho da interface.

Ouviu, e apertou o gatilho. O míssil fez uma curva imitando um arco e atingiu a área das duas pernas do Gecko. A explosão mandou cada uma para um lado, e o tronco dele caiu no meio da estrada. Por sorte o motorista conseguiu desviar. Sem nenhum inimigo em vista, resolveu fazer o que pretendia desde que subiu ali. Se jogou em Solid Snake e o abraçou com força.

“Sentiu minha falta?” E deu um sorriso safado. Para Octopus, ele merecia isso, senão mais.

“Já acordou?” Respondeu, aceitando a brincadeira – ou provocação dela – mas não retribuiu o abraço.

Octopus percebeu que o olhar de Snake estava voltado para outra direção que não o seu sorriso malicioso ou seus olhos azuis. É bom que seja algo bem interessante, senhor cobra. Ela pensou, rindo consigo mesma.

Ainda abraçada com seu herói, viu que já estavam entrando na pequena cidade. As construções surgiam e sumiam rapidamente pelos lados enquanto o veículo se aventurava pela cidade. Resolveu livrar Snake de sua demonstração de afeto, mas logo em seguida segurou o braço dele e abriu a escotilha. Os dois logo desceram para dentro do blindado. 

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Notas do autor:
Talvez demore pra upar os próximos dois capítulos pq os próximos dias vão ser corridos, mas eles já estão prontos e falta só a revisão.

Ah, read & review ^^


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