To Let The World Be escrita por americangods


Capítulo 3
Capítulo 1.1 - Quem sabe depois...




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Capítulo 1.1 - Quem sabe depois...

Deram sorte e encontraram alguns rochedos para tomar como cobertura, e mais sorte ainda pelos dois mercenários avistados por Snake anteriormente estarem lado a lado conversando. A jovem empunhou a arma e centralizou o soldado inimigo na lente do seu objeto de ataque.

Conferiu o laser, desligado. Silenciador, fixo e pronto para abafar o tiro. Mirar na cabeça, certo. Tudo pronto, só faltava o sinal do agente para atirar. Olhou para ele. Empunhava a pistola com uma naturalidade que ela nunca viu. A respiração parecia cronometrada.

Não havia lente ou laser algum na arma dele, apenas uma pequena elevação pontiaguda que servia como mira da arma. Claro que havia como customiza-la e inserir algum apetrecho que melhorasse a precisão, mas o lendário herói não deveria precisar dessas coisas, pensou a moça.

“No três. Um... dois...” Ele sussurrou para Octopus. Não precisou chegar no último número. Como se já tivessem feito isso diversas vezes, atiraram juntos, com um intervalo de tempo quase imperceptível.

O primeiro a ser alvejado foi o alvo escolhido pela moça, e numa fração de segundos depois, o outro recebeu o impacto do tiro. Certamente Snake esperou que ela atirasse primeiro para diminuir as chances de um dos dois inimigos escaparem vivos. Laughing Octopus percebeu isso e não fez questão nenhuma de reclamar.

Se deixassem para ela o segundo tiro muito provavelmente a investida não seria tão bem sucedida. Se bem que ainda era cedo para considerar aquilo como um sucesso. Ambos os tiros foram certeiros na cabeça, mas estranhamente o mercenário atingido por ela tombou fazendo mais barulho do que devia.

Um último espasmo antes de morrer fez com que o encapuzado levasse o dedo ao gatilho e caísse no chão atirando. Os tiros passaram muito longe do velho e da moça, mas com certeza isso chamaria a atenção do resto das forças hostis.

“Desculpa...” Foi a única coisa que ela podia falar no momento.

“Quando quiser eliminar um inimigo e evitar esse tipo de reação, imagine um triângulo entre os olhos e o nariz do alvo. Atire no centro desse triangulo e pronto. Evita-se a grande confusão que vamos ter agora” Snake tentou parecer o mais didático possível ao explicar a uma assassina como matar alguém, e fez questão de adicionar um bom sarcasmo em sua voz.

“Oh, perdão. É que estou acostumada a estripar e decapitar minhas vítimas. Sabe como é...” Ela respondeu irritada mas se sentia na obrigação de compreender totalmente a hostilidade do outro. Mas lhe chamou a atenção a forma como o velho se reportou a ela. Pareceu estranhamente compreensível.

“Estamos em uma posição boa, vamos aguardar aqui. Apesar do desastre que foi o seu tiro, pelo menos o palhaço rodou enquanto caia. Eles não vão saber de onde vieram os tiros.”


A jovem decidiu deixar as provocações de lado e assentiu. Voltou a aproximar o seu olho direito da mira da arma. Sem ficar exatamente estática, movimentava aos poucos os braços, fazendo com que sua visão percorresse a maior área possível. Esqueceu Solid por alguns momentos, mas supôs que ele fazia o mesmo.

Em menos de um minuto algumas FROGS apareceram, cinco delas, exibindo toda a sua agilidade com acrobacias e pulos incomuns e longos. Logo chegaram aos dois corpos, e como previsto não conseguiram identificar de onde vieram os tiros. Como mandava o procedimento, se dividiram, ficando uma no centro perto dos dois mortos e as outras quatro seguiram cada uma um lado.

Octopus sentiu o coração bater mais rápido. Tudo bem, ela ainda estava com um herói lendário ao seu lado, que conseguira dias antes acabar com um esquadrão de quase trinta daquelas mercenárias, além de ter conseguido derrotar ela mesma, Laughing Octopus há pouco tempo atrás.

Mas não era pelo companheiro que ela temia, mas sim por si mesma. Dessa vez não havia armadura alguma para protege-la, não possuía os quatro tentáculos para atacar ou se defender. Contava apenas com sua metralhadora para isso. E talvez com a boa vontade de Solid Snake. Se ela não o atrasasse.

“Você acha que consegue lutar contra elas?” Snake perguntou baixinho, aproveitando que a FROG que se aproximava deles ainda estava consideravelmente longe.

A loirinha não disse nada. Sabia qual era a resposta, mas mesmo assim teimou em se atormentar em busca de outra solução qualquer. Não havia outra alternativa senão ataca-las. Tinha certeza que podia eliminar uma, mas seria impossível faze-lo com apenas um tiro, não havia mais o elemento surpresa ao seu lado para surpreender as inimigas.

Atirar em uma significaria chamar a atenção das outras. Quem sabe, com os 99 tiros que ainda lhe restava, pudesse alvejar mais uma, mas não podia garantir mais de uma morte. Snake com certeza daria conta das outras, dessa vez não havia nenhuma escondida para surpreende-lo, ele tinha noção de onde cada uma delas estava. Provavelmente não precisaria de nada além do pente que estava na sua Operator.

Mas ela não era nenhuma heroína lendária. Não podia contar com uma mira perfeita ou com reflexos e agilidade sobre-humana. Se estivesse com a sua armadura, a situação seria diferente. Eu seria diferente... Protegida por aqueles tentáculos, ela não seria nada além de uma máquina de matar sem humanidade alguma.

Pelo menos no estado em que estava, nua, ou melhor, apenas com aquele jumpsuit colado ao corpo, podia morrer com dignidade, como uma pessoa. Pronta para responder que deviam atacar, e seja lá o que Deus quisesse, abriu a boca:

“Estou pron-”

“Vamos nos esconder” Snake cortou a frase dela. “A OctoCamo em nossas roupas vai nos ajudar. Esperamos elas saírem e depois seguimos” Disse olhando para a jovem surpresa.

Mal teve tempo de digerir as palavras de Solid Snake e sentiu uma das mãos dele em seus ombros empurrando-a com alguma força para o chão. Ela deixou seu corpo cair no chão, produzindo uma série de barulhos do gramado se amassando, mas nada que chamasse a atenção das inimigas.

O homem se deitou ao lado dela, mas antes que se permitissem ficar o mais relaxados possível, estendeu algo para ela com a mão. Octopus logo entendeu o que ele queria. Era a sua máscara – que possuía as mesmas propriedades do resto da roupa – que Snake pegou depois de derrotá-la.

Antes de esconder o rosto com o disfarce, corou ao pensar que Snake fez isso por se preocupar com a sua segurança. Já coberta, resolveu retribuir a generosidade, do seu jeito, claro. Pôs um braço em volta do peito do agente e apoiou a cabeça sobre o braço dele.

Para terminar, entrelaçou suas pernas com a dele. Respirou fundo e fechou os olhos enquanto sentiu um pequeno formigamento por todo o seu corpo. A camuflagem da roupa estava agindo naquele momento, adquirindo as texturas e o esverdeado do gramado em que ambos deitavam.

Os dois ficaram praticamente imóveis, com o movimento mais brusco sendo a respiração lenta e profunda de ambos. A mercenária se aproximou de onde estavam e começou a vasculhar a área. Em nenhum momento desconfiou da presença da jovem e Snake, praticamente invisíveis em meio à vegetação.

Chegou a pisar perto deles, com apenas alguns centímetros os separando de algum contato. Por pouco mais de um minuto ficou ali, olhando de um lado para o outro, até que pulou repentinamente para o local dos dois mortos. Ali se reuniu com as outras FROGS e pouco depois sumiram, deixando os corpos para trás.

Snake contou mentalmente até dez e abriu os olhos, foi cumprimentado por alguma coisa esverdeada vindo de encontro ao seu rosto. Ele logo percebeu que era Octopus com a máscara que ele a entregou. Sentiu uma pressão sobre seus lábios que durou por alguns segundos, até que a garota se afastasse e a claridade do Sol viesse novamente a cegar seus olhos. 

“Gostou?”

“O que?” Ele perguntou sem entender.

“Do meu beijo” Ela tirou a máscara e mostrou aquele sorriso que já estava virando sua marca registrada. “Podemos tentar sem a máscara, agora”

Seu bom senso sugeriu que tratasse logo de afastar-se da garota e evitar a situação que vinha a seguir. Não havia tempo para isso. Mas ele, sempre tão frio, objetivo e racional, resolveu chutar o bom senso para escanteio e aceitar a provocação de Octopus.

Vendo que não havia resistência, a garota não tardou a se atrever novamente, e acariciando os cabelos grisalhos do agente, foi aproximando seus lábios com os dele. Parou antes que se encostassem e deu uma risada.

“Quem sabe depois...” E começou a se afastar, mas não antes de dar um rápido beijo na bandana azul sobre a testa dele.

“É, quem sabe depois” Snake disse enquanto empurrava a garota pelos ombros para o lado.

Ela se deixou levantar pela força do agente e girou levemente para o lado, caindo de costas para o chão bem ao lado dele. Apoiou a cabeça sobre os braços e esperou que ele levantasse. Assim fazendo, Snake voltou a olhar pelos rochedos para checar a área esquecendo momentaneamente da garota deitada no chão. Ao considerar as condições perfeitas para que pudessem voltar a agir, pôs-se a andar. Parou quando viu Laughing Octopus deitada no chão, sorrindo para ele.

A loira estendeu a mão para ele, esperando que Snake a ajudasse a se levantar. A contragosto, foi isso que ele fez. Estando os dois prontos e armados, caminharam para detrás dos rochedos onde as FROGS estavam até poucos instantes. Em passadas mais rápidas que antes, seguiram em direção ao heliporto.

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Notas do autor: Capítulo 1.1?
Tá, desculpem, é que não me entra na cabeça fazer um capítulo com apenas 4 páginas, maaas...
Se é para facilitar a leitura ^^


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