Eu sempre acreditei que o fato de eu ser deficiente visual era mais um impencílio do grande azar que carrego,já que minha mãe nunca me deu amor,carinho e tudo mais que uma criança precisa,sim ela era mãe solteira,e eu apenas o resultado indesejável de uma de suas noites enlouquentes com qualquer homem que lhe pagasse bem. Tantas noites tive de passar em claro,escutando-a gritar de prazer no quarto ao lado,era simplesmente desprezível seus atos.

Comecei a trabalhar cedo,com os meus doze anos já estava ganhando meu pequeno salário,que infelizmente era roubado pela megera que havia me colocado ao mundo,mas em meio à toda desgraça que eu vivia acabei conhecendo uma garotinha,que me mostrou que o mundo guardava coisas boas também,mas era preciso saber enxergá-las com o coração.

A menina me ensinou o outro lado das situações que eu acreditava ser puro azar,alguns exemplos são como o fato deu ter nascido deficiente visual eu não seria obrigado a encarar os tantos rostos desconhecidos que entravam e saíam de minha casa e muito menos o rosto daquela que se intitula mãe,que apesar de eu achar ter sido um resultado indesejável a mulher optou por não abortar,e que graças à tudo isso pude conhecê-la.

O tempo se passou,éramos grandes e melhores amigos,e até que comecei a sentir sensações que mais para frente aprendi ser o amor,no entanto num dia ao entardecer,quando eu estava prestes à lhe falar os meus sentimentos a garota que agora havia se tornado uma mulher me avisou de que estava noiva e de que em breve se casaria,no momento eu não soube o que dizer,sentia o meu coração em pedaços,eu simplesmente estava arrasado,mas apenas lhe desejei felicidades e aquela foi a última vez que a vi,a exatamente um ano atrás. Talvez toda essa história de sorte fosse apenas uma ilusão...E pensar que o meu azar tinha acabado...