Sakura's POV

E o tempo passou. Não digo horas, ou dias, mas semanas. Ino e eu estávamos realmente amigas, e Sasuke, com o tempo, se mostrava menos... grosso, por assim dizer. Agora nem liga mais que eu o chame de Sasuke-kun.

E foi por ele estar mais amigável que eu resolvi, um dia tomar coragem.

Estávamos assentados em uma mesa do café da manhã, e conversamos sobre várias coisas, até eu tocar no assunto.

- Hmm... Sasuke-kun?

- O que foi?

- Como... como foi que você veio parar aqui? Aqui no orfanato?

Ele respirou fundo.

- Não gosto muito de falar sobre isso.

- Ah, claro. A gente entende, né Ino-chan?

- Claro!

- Não, não entendem. Não tem a ver com lembranças amargas ou qualquer ouro tipo de coisa que vocês estejam pensando. É que se eu pensar nisso, vou pensar nele, isso vai me irritar, e vocês não querem me ver irritado querem?

- Nele quem, Sasuke-kun? - perguntei.

- Uchicha Itachi. Meu irmão mais velho.

Vi os punhos de Sasuke se fecharem sobre a mesa.

- Ah, tudo bem.

Eu me recostei na cadeira como quem entende que o assunto está encerrado, e pronto. Mas Sasuke finalmente pareceu disposto a conversar.

- Foi ele o responsável. Ele. Uchicha Itachi.

Nós, Ino e eu, apenas nos calamos enquanto ele falava.

Foi um dia que pelo menos me parecia como qualquer outro, no começo. Itachi realmente parecia o tipo de irmão mais velho que qualquer um gostaria de ter. Mas não eu.

Nunca tinha tempo pra mim. Era sempre: "Irmaozão, pode me ajudar com a lição de casa?" e ele dizia "Agora não, talvez mais tarde." e me dava um peteleco na cabeça e saía sabe-se Deus pra onde.

Até o dia em que ele me deixou na escola, nada de anormal até aí. Eu tinha um trabalho de escola pra fazer, então fiquei na escola até tarde para pesquisar melhor na biblioteca. Não que não tivéssemos livros bastante em casa, mas estar na escola sempre dá um ânimo a mais, sabe?

Eu cheguei em casa tão tarde que já estava escuro. Eu sabia que meus pais iriam me matar, então entrei preparado no condomínio fechado de minha família.

Estava tudo tão quieto, silencioso. Eu cheguei gritando "mamãe, papai" mas ninguém respondeu.

Meu coração deu um salto. Eu me lembrei de eu mesma fazendo isso, chamando pelos meus pais, sem obter resposta. Sasuke continuou.

Eu entrei em casa e os vi. Deitados no chão. Mas não estavam dormindo, eles não exalavam... vida. E lentamente eu fui tomando consciência do que tinha ocorrido. Papai, morto. Mamãe, morta. Eu procurei pelo meu irmão. Será que ele também... Não, eu não podia pensar nisso.

Saí correndo de casa, e foi aí que eu o achei. Achei o mei irmão, de pé, no meio da rua, olhando a Lua.

- Irmaozão? Irmaozão, o que aconteceu? Papai e mamãe...

- Eu sei. Todos, Sasuke. Todos eles.

- Todo mundo? Titio, titia, vovô...

- Sim Sasuke, todos eles.

- Po- por quê? Quem?

- Eu. Porque eu quis.

- Itachi-niichan!

- Sasuke, corra. Corra, agarre-se à sua vida e viva miseravelmente, sonhe em se vingar, e um dia, venha atrás de mim. Venha para se vingar.

- Itachi-niichan...

- Vou contar até 5, Sasuke. Se ainda estiver aqui, terá o mesmo fim que papai e mamãe. Um... dois...

- ... e eu saí correndo. Fui encontrado por uma freira que me trouxe para cá, e meu irmão está desaparecido. E fim. Foi assim que eu vim parar aqui.

- Sa-Sasuke-kun...

Eu estava chocada. Praticamente o mesmo que aconteceu comigo, mas pior, afinal, foi o irmão dele.

- Ah Sasuke-kun!

Percebi que eu estava em lágrimas. Me levantei correndo e dei um grande abraço nele.

- Ai, que saco! Pare de me abraçar Sakura!

Um passado difícil. Sem dúvidas.

Continua...